A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 18
Camarão , cozinha....e alguns beijos.


Notas iniciais do capítulo

>< espero que gostem , e comentem



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Passei boa parte da noite pensando em uma boa desculpa para não ir ao almoço na casa de você bem sabe quem. Infelizmente não encontrei tive nenhum plano brilhante para tanto. E honestamente quando Beca me disse, ontem a noite no nosso intervalo do Adams que o único jeito de não ir era fingir estar doente, eu ri na cara dela, menos de 24 horas depois e a ideia já não parecia tão ridícula.

— É isso ou almoçar com o inimigo – eu disse a mim mesma enquanto me inclinava sobre o abajur, aquecendo o termômetro na lâmpada. - Afinal por mais que queira negar você não age no meu juízo perfeito perto dele.

Quando achei que o termômetro estava quente o suficiente o coloquei debaixo do braço.

Minha mãe venho checar minha temperatura instantes depois.

—Qual o problema?-falei quando ela olhou de mim para o termômetro por duas vezes.

—Talvez você deva me explicar – disse. - A única com 43 graus de febre é você.

Cerrei os olhos. Obrigada por isso Beca! Argh! Eu sabia que a ideia era horrível.

— Algum motivo para usar esse velho truque Suzanne? – perguntou se sentando ao meu lado na cama.

Não respondi.

Ela sorriu._Talvez  um certo Galetinho?

Mamãe e minha vó chamavam Gabriel de Galetinho na maior parte das vezes que se referiam a ele. Vovó foi convidada para o almoço, mas não iria por não estar se sentindo muito disposta.

—Mãe, isso outra vez não.

—Por que não?Eu sou sua mãe é meu dever te envergonhar. - Não é a toa que ela é filha da vovó. Se é que isso faz sentido.

— Posso, por favor, ficar em casa? – desconversei gemendo em frustração.

— Não.

Grunhi. -Por quê?

— Por que eu não posso ficar no mesmo lugar que o Gabriel- falei, o que a fez erguer uma sobrancelha. Suspirei._Ok, bem... Eu não quero.

Ela sorriu novamente, e se levantou da cama.

— Quero você pronta em 30 minutos, – antes que eu pudesse argumentar, ela acrescentou - ou então eu vou ter que explicar os motivos de não querer ir para o seu pai.

30 minutos mais tarde eu estava pronta.

Sequei meu cabelo molhado do banho com o secador, fazendo um trato comigo mesma de não ficar sozinha no mesmo lugar com Gabriel. O dia estava realmente bonito e até um pouco quente, por tanto eu escolhi um vestido de manga comprida preto na altura do joelho, meia-calça e botinha da mesma cor e um Cardigans de lã azul. Passei um pouco de rímel, e um pouco de gloss.

Eu me senti diferente, quando me olhei no espelho,eu ainda era a mesma garota de olhos marrons, cabelo preto e pele morena... Apenas havia algo mais.

—Você está linda- minha mãe elogiou.

Sorri agradecida._Obrigada. Você também.

A casa do Phil ficava em um bairro de classe média chamado Jardim das Flores.

Peguei meu celular do bolso do cardigans e digitei uma mensagem para a Beca- minha colega de trabalho:

Seu plano não era tão infalível.

E logo em seguida uma para kat dizendo que tínhamos muito para conversar.

Foi Phil que abriu a porta, vestindo uma roupa casual – jeans e moletom – não consegui decidir se eu estava decepcionada, ou aliviada. Ele deu um daqueles abraços estranhos de homem (de um braço só) no meu pai e sorriu para minha mãe e eu – com o doce jeito paternal que ele sempre me tratou.

— Gabs está na cozinha, será que pode chamá-lo? – Gabs? -Sim, é só que eu – fiz um trato comigo mesma de não ficar sozinha com ele NUNCA MAIS – não sei onde fica a cozinha.

— É só seguir pelo corredor.

— Tá.

Caminhei absorvendo cada detalhe da sala de estar, apenas por ser o lugar onde Gabriel fica diariamente. Os porta-retratos na parede que ele olha, um deles em particular chamou minha atenção, era o de um garoto com o cabelo desgrenhado pendurado nos ombros da mãe, que sorria amplamente revelando covinhas adoráveis assim como as do garoto. Outra coisa que chamou minha atenção foi o violão preto no sofá.

De início ele nem me notou, estava concentrado demais no que estava fazendo.

Meu estomago deu um giro mortal quando notei os músculos dele se flexionando através da camiseta, o babaca escolheu justamente esse momento para virar para trás e me encontrar (quase babando)perto do balcão.

— Oi - disse ele descendo os olhos pelo meu corpo todo, com um sorriso presunçoso.

— Oi – falei querendo me chutar porque eu realmente gostei do jeito que ele me inspecionou.

—Como está seu braço?-murmurou secando as mãos em um pano de prato.

— Não está doendo tanto agora. – Na verdade só doía um pouco, mas considerando que eu tinha sido quase atropelada, eu estava bem.

Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, ele já tinha levantado a manga do meu Cardigans e começado a analisar meu curativo.

— Isso vai te ensinar uma lição – ele disse.

—Hum?-balbuciei tentando não me afetar com o toque dele, o que foi meio difícil com ele tão perto.

Mantenha a droga do foco, Suzanne.

—Existem jeitos mais fácies de chamar minha atenção do que se jogando na frente da minha harley

Puxei meu braço de volta. - Você quase me mata e ainda coloca a culpa em mim?

Ele virou os olhos, mas sorriu quietamente.

— Você e seu pai estão bem né? – perguntei lembrando a nossa conversa na sexta-feira a noite.

—Na medida do possível – respondeu e então sorriu.  - Você vai me chantagear ou algo do tipo?

— Quem sabe – dei de ombros.

— Isso envolve algum tipo de coisa obscena?

Estreitei meus olhos, encarando-o boquiaberta.

— Pervertido.

Gabriel riu e enfiou as mãos pelo cabelo tirando-o da testa.

— Sua lista de insultos evoluiu. Veja só.

Ele cruzou os braços os braços – as mangas da camiseta estavam puxadas para cima – as letras A.W. Incitando minha atenção.

Mordi o lábio ignorando a provocação.

— Posso perguntar uma coisa?

Gabriel acenou de leve com a cabeça.

É agora ou nunca, pensei.

— O que significa A.W?

Ele piscou surpreso, obviamente não esperava essa pergunta.

Afundei os dentes no meu lábio.

Por favor, que não seja uma ex-namorada.

— É uma homenagem eu a fiz quando tinha 16 anos.

—Homenagem a quem?

Uma batida inteira se passou e eu brinquei com as minhas mãos perguntando-me se eu tinha ido longe demais.

— Minha mãe morreu quando eu tinha 14 anos... Acidente de carro... Motorista bêbado – explicou com amargura.

O encarei atordoada, a mãe dele? A mulher do porta-retratos? De algum jeito eu tinha subentendido que Phil era separado, eu nunca tinha imaginado que...

Eu simplesmente não pensei  apenas fiz.

— Sinto muito – murmurei o abraçando com força. - Realmente sinto.

Tudo no corpo dele ficou tenso, então eu o abracei com mais força como minha mãe costumava fazer quando eu tinha problemas na infância. Com o abraço dela tudo no mundo parecia bem. Eu esperava ter pelo menos parte desse efeito nele.

—Eu sei que sim, Formiguinha – disse circulando os braços ao meu redor.

— Vim ver o motivo de estar demo... -Phil se calou no meio da frase quando nos viu abraçados.

— Nós só estávamos er... - tentei explicar depois de me afastar.

— Não vi nada demais- Phil disse falhando em esconder um sorriso. De fato ele não tinha, mas seu sorriso conspiratório contava outra história. - Apenas dois amigos se abraçando.

 


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