A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 14
Conhecendo minha avó


Notas iniciais do capítulo

Oii anjinhos meus voltei . Obrigado pelos comentarios tão perfeitos de vocês .



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—Você é um maldito babaca - eu disse parando de caminhar.

Gabriel sacudiu a cabeça rindo de mim.

— E você parece uma velha rabugenta – ele apontou.

— Isso não é engraçado – explodi._ Você me tratou mal e nem se deu ao trabalho de pedir desculpas. - Eu menti para o Phil, e ele sempre foi tão gentil comigo desde o momento que nos vimos que eu ainda sentia uma pontada de culpa. Tudo por causa dele.

— Me desculpe – ele disse tentando ficar com uma expressão séria.

Quando o último período acabou eu pretendia ir direito para casa da minha, mas infelizmente esbarrei em Gabriel -  quando eu o vi eu só tinha a intenção de dizer para nunca mais envolver em mentiras, ou qualquer coisa que sequer o envolvesse , porém ele é tão irritante que me irritou sem nem precisar abrir a boca .

Cruzei os braços. Sim, eu sei que estava sendo ridícula parada no meio da rua feito uma criança mimada. Mas quem se importa?

— Você não parece nem um pouco arrependido. Ninguém nunca te ensinou com tratar uma garota?

Ele franziu os lábios, e deu de ombros.

— Devo ter faltado a essa aula. Foi mal.

— Não sei por que ainda me dou ao trabalho de conversar com você. – Bem na verdade eu sabia, mas eu estava longe de admitir.

— Eu posso listar alguns motivos – disse com um sorriso de canto de boca.

Virei os olhos.

— Você é insuportável.

— Você já disse isso.

Voltei a andar.

— Não é engraçado, Gabriel!

—Eu não entendo o porquê de você estar tão brava comigo.

— Por que em um momento você é quente e no outro é frio. Você consegue ser mais inconstante que eu ás vezes e confie em mim isso é uma grande coisa.

— Eu não sou assim.

— Sim, você é. Primeiro você me beija – murmurei me recusando a sentir vergonha - e então finge que não me conhece durante duas semanas, só para me tratar mal e depois me pedir para mentir, e aparentemente eu sou digna para enganar o Phil, mas não sou digna de saber o motivo pelo qual precisei mentir. Sim, faz realmente todo sentido.

Deixei de fora a parte que eu me senti um lixo quando o vi com uma garota no dia seguinte dele na escola e assim sucessivamente. Deixei de fora que mesmo se passando duas semanas eu ainda podia sentir o beijo e o perfume amadeirado dele. E o fato de ser perseguida por um garoto de cabelos negros, um par de olhos esmeraldas e um sorriso cafajeste até mesmo quando escrevo.

 Ele suspirou, eu acompanhei seu suspiro com um próprio.

— Eu só não quero te envolver na minha confusão – disse e seus olhos perderam toda a diversão, ficando sérios.

Por um segundo desejei estar envolvida. Sim, eu provavelmente bati com a cabeça com força em algum lugar enquanto dormia.

— Lá vem você dando desculpa. - Por que ele não dizia as malditas palavras Estava obvio que ele não confiava em mim, e eu entendia isso em certo ponto, eu também não iria contar coisas pessoais para qualquer um, mas... Doeu um pouco mesmo assim.

Parei de andar novamente, mas dessa vez porque estava na porta da casa da vovó.

— Vai embora – pedi. - Já fiz o que você queria agora... Só me deixe em paz.

Quando ele não se mexeu, tentei lhe dar um empurrão, mas acabei enrolando meus pés no capacho de entrada e porventura bati com a cabeça na porta. Toquei no que logo seria um galo enorme e por algum motivo a expressão do Gabriel me fez rir (melhor dizendo me fez gargalhar histericamente). Meu riso se desfez quando notei a maçaneta girando.

Vovó abriu um largo sorriso quando me viu, notando em seguida o sujeito ao meu lado.

—  Suzanne – ela repreendeu _ você não disse que  iria trazer um amigo .

— Eu nem sabia que ele vinha – pensei alto demais.

Vovó franziu a testa.

— É que ..err...ele nem tinha intenção de ficar.

Gabriel ergueu uma sobrancelha

— Quer dizer – me apressei em explicar - não que ele queira agora.

Vovó sorriu. _ Pelo menos me apresente seu amigo.

Suspirei.

— Essa é minha avó Angeline e vovó esse é – a coisa é que quando ela descobrisse o nome dele, não iria querer que ele fosse embora de jeito nenhum - Gabriel – completei em um sussurro.

Como previsto o rosto dela se iluminou. Pensando bem ela estava um pouco pálida e com olheiras - algo estranho já que ela nunca teve dificuldade para dormir.

— Você quer entrar? – disse ela ignorando meu gemido de protesto. - Eu adoraria saber como vocês se tornaram amigos.

Gabriel franziu a testa como se estivesse ponderando, mas quando viu que eu acenava um pouco freneticamente demais com a cabeça para ele recusar o convite, acabou aceitando.

Eu olhei para trás perguntando-me se eles viriam atrás de mim se eu corresse tanto quanto possível para longe deles.

***

Aqui vão algumas dicas caso o garoto por quem você tem uma “quedinha’’ e digamos”... Teve uma troca de saliva conheça sua avó.

1-Não deixe isso acontecer em circunstância alguma, mas se acontecer pule para a alternativa 2.

2-Não pare de falar um único segundo assim eles não terão chance de interagir. Se isso falhar, leia a alternativa 3.

3-Mantenha o tópico da conversa longe das historias de quando você tinha 9 anos (...e então ela tinha 9 anos e era apaixonada por aquele anime). Se não der certo se agarre a alternativa 4 com afinco.

4-Se encolha e chore daqui para frente só vai piorar.

Em menos de 15 minutos de conversa Gabriel descobriu o motivo do meu apelido, e uma história vergonhosa sobre eu acreditar na fada do dente até os 12 anos, ouviu também pelo menos umas três vezes a seguinte frase: “querida fique quietinha um instante e deixe Gabriel falar(ao menos ela não o chamou de galetinho)” .

— Você não deveria ter aceitado o convite – sussurrei. Vovó tinha ido até a cozinha tirar do forno os biscoitos de chocolates que ele fez para mim, mas eu não queria contar com a sorte.

— Eu só queria ser educado – respondeu piscando para mim.

Dei uma cotovelada nas costelas dele.

— Mentiroso você nunca é educado, só está aqui para me atormentar.

— Quem sabe – ele meneou a cabeça para o lado sorrindo. - Ou talvez eu só queira passar um tempo com você.

Eu não sabia dizer se ele estava brincando ou não. Sempre que ele falava comigo, eu tinha essa sensação.

— O que os dois estão cochichando hein? – vovó disse surgindo da cozinha.  

— Um trabalho da escola – Gabriel disse.

Ela sorriu de um jeito que dizia claramente que não acreditava nele.

— Vocês se conheceram no jantar, certo Sukes?

Engoli.

— Aham – menti mordendo um biscoito (desde o momento em que eles haviam sido posto á minha frente, eu possivelmente havia comido quase uma fornada inteira sozinha).

Ela e mamãe me interrogaram a manhã inteira naquele sábado, então porque diabos ela estava voltando a esse assunto? Segundo depois tive minha resposta.

— Vocês agem de uma maneira estranha perto um do outro – ela observou sorrindo. - Como é que os jovens dizem hoje em dia?...Vocês estão ficando?

Quase cuspi o biscoito, Gabriel me deu um tapinha nas costas. Ele estava se divertindo, isso estava estampado nos olhos dele.

— Amigos – consegui dizer. - Apenas amigos.

Gabriel me deu um sorriso parcialmente inocente, parcialmente sedutor. O que fez com que o que havia acabado de dizer soasse como uma mentira deslavada.

Nós estávamos tão malditamente perto que toda vez que um de nós se mexia, uma parte dos nossos corpos se tocavam. Não, eu não estava gostando nenhum um pouco disso.

— Apenas nos conhecendo, certo Formiguinha?

—Formiguinha?  - vovó interrogou. ?

Gabriel riu e levantou o braço para afastar o cabelo dos olhos. Seu cotovelo bateu de leve no meu ombro. Eu deslizei um pouco para o lado no sofá.

— Ela não para de comer biscoitos, isso me lembra uma formiga afoita por doces.

Meu celular tocou e eu não tive tempo de contestar o que ele tinha acabado de falar.

— Alô?-falei sem reconhecer o número.

— Oi- uma voz feminina respondeu._Eu me chamo Beca, trabalho no Adam´s .  – Adam’s foi uma das lanchonetes em que fui fazer uma entrevista/teste experimental a um par de dias atrás). - Você é a Suzanne?

— Sim. – Mordi meu lábio tentando conter minha animação.

Por favor, eu pedi silenciosamente.  Que seja uma boa noticia.

— Certo, eu  estou ligando para saber se continua interessada na vaga de garçonete.

— Claro... - gaguejei._ Continuo interessada.

Oh meu Deus! Oh meu Deus! 

—Ótimo. Você pode começar amanhã perto das 2 da tarde?

— Sim. Claro que sim – falei incapaz de conter qualquer coisa. - Está perfeito para mim.

— Vejo você amanhã.

— Até amanhã.

Desliguei o celular e anunciei praticamente saltitando pela sala:

— Consegui um emprego.

Gabriel foi o primeiro a me parabenizar me dando um abraço e um beijo na bochecha. Eu odiei como o meu corpo respondeu a ele, odiei como meu estomago se revirou de nervoso pela proximidade. Argh! Eu devia ter batido a cabeça com muita força.

Estranhamente depois disso as coisas pararam de ficar desconfortáveis. Eu estava tão feliz que não ligava se minha avó me envergonhasse ou se Gabriel ouvisse minhas histórias vergonhosas de infância. Eu estava feliz apesar de que minha mãe não estivesse presente com seus álbuns de bebê repleto de fotos minha nua.

Gabriel respondeu as perguntas da minha avó sobre a mudança com certa relutância, mas ainda assim com um sorriso.  As horas passaram e quando eu vi já estava de noite, e ele continuava ali do meu lado. Por fim eu me despedi da minha vovó, e deixei que Gabriel me acompanhasse até o ponto de ônibus. Ele esperou o ônibus comigo, mas nenhum de nós dois dissemos nada além de um tchau quando eu subi no ônibus.

***

— Mãe? Pai? – chamei quando cheguei em casa, mas só o silencio meu recebeu.

— Eu consegui um emprego – eu murmurei para ninguém em especial.

Acendi as luzes, e fui tomar banho. Eu queria esperar meus pais acordada para contar a novidade.

Tomei banho e sentei no sofá. Liguei a televisão, mas nenhum programa chamou minha atenção, então eu abri minha mochila e tirei o livro que eu estava lendo de dentro dela.

Em pouco tempo eu tinha devorado ele inteiro. O final foi tão impressionante que eu precisei ficar alguns minutos em silêncio absorvendo-o.

Era isso que eu queria transmitir, a quem lesse o que eu escrevia. Queria que as pessoas rissem, e chorassem assim como eu fazia quando eu lia um livro que eu gostava.

Perto da meia noite meus pais chegaram.  Eu estava dormindo no sofá, mas acordei com o barulho da porta abrindo.

— Por que está acordada filha? Já é tarde – minha mãe disse dando um beijo na minha testa.

Eu me alonguei e sorri para os meus pais.

— Queria contar uma novidade.

Minha mãe se sentou ao meu lado, e o meu pai ao lado dela.

— Eu posso dizer que pelo brilho em seus olhos que é uma coisa boa – minha mãe brincou.

Eu sorri.

— Consegui um emprego!


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