A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 11
Eu mostro como se faz


Notas iniciais do capítulo

Voltei anjinhos meus >< sentiram falta da A.G.G.D?Bem nesse capítulo Gabs ressurge das sombras . kkk Estou ansiosa para saber o que vocês vão pensar desse capítulo . Então não deixem de comentar okay ?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516873/chapter/11

 

Assim como eu praticamente todas as garotas no ginásio viraram a cabeça para o ver passar.

O caminho dele até nossa professora de educação de física foi regado de cochichos e sorrisinhos idiotas. Não que eu estivesse em posição de criticar, já que só conseguia o encarar atônica.

Uma onda de frustração tomou conta de mim. Por que ninguém me disse? Eu tinha o direito de saber certo? Alguém (quem sabe meus pais) deveria ter dito:”Ei Suzanne sabe aquele menino ...o que tem covinhas e olhos verdes cristalinos ? Sim... o que te deixa desconfortável . Enfim ele vai estudar na mesma escola que você “ .

Desviando o olhar dele, me concentrei na bola de basquete que eu estava segurando. Quicando 

ela no chão algumas vezes, tentei acertar a cesta. Errando linda e miseravelmente.

 Do outro lado da quadra Gabriel continuava conversando com a professora – mas eu podia sentir os olhos dele em mim. O que era enervante. Eu provavelmente me sentiria melhor se não estivesse usando meu moletom mais velho... Talvez se alguém tivesse me avisado.

Quem sabe eu até passasse um gloss. Não por ele, e sim por mim... O frio ressaca muito os lábios... Sabe como é... Com o inverno chegando!

Tentei acertar a cesta mais três vezes antes do comentário de uma garota sobre a minha inabilidade nos esportes me fazer parar.

— Você não está fazendo certo – uma voz macia sussurrou. Eu olhei para o lado, certificando-me que ele não tinha ouvido o que a minha colega de classe tinha dito. Felizmente não. Eu teria ficado mortificada se ele tivesse ouvido, embora ele tivesse visto por si mesmo que eu não mandava bem nos esportes.

Se você quer saber não foi realmente um sorriso. Para ser um sorriso de verdade é preciso mostrar todo o dente, certo?

Ele se afastou de mim e pegou a bola no chão.

— Tente de novo – Gabriel disse.

Olhei para ele.

Tinha como ser mais injusto? Talvez se ele fosse perneta e não tivesse nenhum dente na frente ele não tivesse nenhum efeito sobre mim. Mas claro ele tinha que ter mais de 1, 84 de altura, os olhos mais incríveis que eu já vi e claro um sorriso de cafajeste corando o pacote e além do mais ele tinha que estar usando a maldita jaqueta de couro (a mesma que eu usei para fugir do meu pai) e uma Levi´s surrada que se ajustava perfeitamente ao corpo.

— O que você está fazendo aqui? – perguntei.

— O que parece que eu estou fazendo? – respondeu me dando um sorriso torto.

— Me atormentando como sempre?

— Bom saber que também sentiu saudades.

— Não banque o idiota – ataquei.

— Idiota? – ele ergueu a sobrancelha. - Eu só tentei ajudar.

— Bem, obrigada pela ajuda, mas eu não preciso de você para saber que eu não consigo acertar a cesta.

— É por que você não está fazendo certo.

— Não me diga – murmurei irritada. - Por que não volta a fazer o que estava fazendo?

— Achei algo melhor para fazer – comentou me dando uma piscadela.

Suguei uma respiração. Ele estava mesmo flertando comigo? Não deixe ele entrar debaixo da sua pele Suzanne .

Você sabe como isso vai terminar. Não vai ser bom.

— Se eu jogar a porcaria da bola você me deixa em paz?- pedi.

— Como se você realmente quisesse isso – ele sorriu torto me alcançando a bola.

Nossos dedos se tocaram brevemente, ele se afastou primeiro e enfiou as mãos no jeans.

— Você se acha demais – rolei os olhos olhando para qualquer lugar.

Suspirei, e me preparei para arremessar a bola. Quando eu o fiz, eu errei mais uma vez.

Gabriel riu, mas camuflou com uma tosse forçada.

— Deixe eu te mostrar como se faz-disse se posicionando atrás de mim.

Meu coração deu uma batida errática quando senti a respiração dele na minha orelha.

— Ajeite as pernas – fiz como ele mandou. _ Agora o quadril - disse colocando uma mão de cada lado meu. _ Relaxe as mãos – murmurou agora com as mãos sobre a minha.  - Agora jogue a bola.

Joguei a bola dessa vez acertando a cesta.

Olhei para ele sem acreditar.

Gabriel deu de ombro desconfortável e ao mesmo tempo cheio de si. Algo que até o momento eu nem achei ser possível.

— Você não é tão ruim como pensa - comentou no exato momento que o sinal tocou.

***

       Giovana estava me contando animada sobre o encontro as escondidas com Miguel no laboratório de biologia, por pouco os dois não foram pegos enquanto davam uns amassos. Apesar de eu querer prestar a atenção minha mente lutava para se concentrar nela, na explicação do professor e no fato de ter que arrumar um emprego o quanto antes.              

 _ Você me ouviu? – Giovana perguntou.

— Aham – anotei alguns dados do quadro no caderno. – você acabou de dizer que Miguel beija bem.

— Sim, mas... – ela suspirou. - Você não quer saber disso não é?

Suspirei pensando em contar sobre toda a situação do dinheiro (ou a falta dele), mas acabei desistindo eu não queria que ela se preocupasse. Nós não éramos ricos, apesar de eu estudar em um colégio bom como o Drummond de Andrade, mas já estivemos em situações melhores. A falta de dinheiro talvez explicasse a tensão que meus pais tem se encontrado nos últimos tempos. No último período eu ajudaria a professora Sofia no teatro, e como ela tinha avisado que o clube estava bagunçado com sorte eu esqueceria tudo por algum tempo.

— Claro que quero- eu sorri tentando não parecer forçada. – Como foi que vocês conseguiram fugir mesmo?

                                                                       ***

 Quando a professora Sofia me disse que o teatro estava bagunçado, eu inocentemente presumi que fossem “uma ou duas” coisinhas espalhadas, não todos os figurinos e papéis jogados em todo e em qualquer lugar.

— É por causa da nova peça – explicou vendo minha expressão.

— E justo hoje ninguém quis quebrar alguma regra da escola?- ironizei.

— Na verdade teve uma briga.

Torci o nariz – não sou particularmente a maior fã de violência, mas se isso ajudaria com a bagunça, eu abriria uma exceção.

— E onde estão os envolvidos?

— Um está na enfermaria o outro na diretoria - respondeu procurando alguma coisa na bolsa. -Você viu uma pasta vermelha?

— Não. - Eu girei o pescoço olhando ao redor. - Por quê?

— Era a pasta dos roteiros eu preciso dela agora para revisar algumas coisas. Acho que ficou no carro – suspirou ela. - Se importa se eu for até lá pegar?

Encolhi os ombros.

— Não. Tudo bem.

— Perfeito e se não for pedir muito pode levar as caixas de fantasias para o deposito?

Eu contive um gemido. O deposito ficava em uma sala no fim do corredor do segundo andar. Eu também não era fã de altura e escadas.

— Claro.

Meus pulmões reclamaram nos primeiros cinco degraus , embora não tenha sido tão difícil como eu achei que seria . Tentando economizar tempo empilhei três caixas ao invés de uma na segunda viagem. Porém mal consegui dar três passos antes de esbarrar em uma montanha.

— Ai – exclamei quando bati o chão.

— Você está bem?

A montanha falava.

 Sentei ereta sem nenhum animo para levantar.

— Você realmente perguntou isso? – cruzei os braços sobre o peito sacudindo a cabeça._ Não está vendo que eu continuo no chão?

Eu quis pegar as palavras de volta, assim que elas saíram porque eu não tinha motivo para ser grossa quando ele estava gentil.

A montanha conhecida como Gabriel ofereceu sua mão. Eu recusei.

— Posso levantar sozinha.

Mas não o fiz.

— Você é sempre tão temperamental ou é um bônus para mim?

Temperamental.

—Eu não sou temperamental.

— Não. Claro que não - ele riu se inclinando e como se eu não pesasse nada me colocando de pé. Não que eu pesasse muito, mas às vezes eu exagerava nas sobremesas.

— Eu sou perfeitamente capaz de ficar de pé sozinha – objetei.

— Tendo em vista a primeira vez que te encontrei eu diria que não.

Esqueça o que eu mencionei sobre violência eu queria chutá-lo.

— O que? – gritei. Deus eu estava bancando a louca. E de alguma forma a culpa não era minha. - Não me olhe desse jeito.

— De que jeito? – Gabriel perguntou sorrindo.

Ah covinhas idiotas.

— Como se eu fosse louca!

— E por que eu olharia desse jeito? Só por que você está gritando comigo no meio de um corredor vazio?

Ok, eu admito que isso fosse verdade e até me calei... Por um ou cinco segundos, ou quase isso.

— Você é um maldito babaca arrogante – falei tentando bater meus punhos no peito dele. Infelizmente ele era mais rápido e mais forte que eu.

Ele estava tão perto, o corpo dele tão perto do meu. Eu podia sentir seu perfume amadeirado.

— Você deveria me afastar - murmurou afastando uma mexa de cabelo revolto do meu rosto. Os olhos dele mostravam tanta intensidade, estavam quase em brasas. Foi quando eu percebi. Se ele estava aqui, ele tinha sido o encrenqueiro. Obviamente quem levou o pior da briga foi o outro garoto, pois ele mal tinha um arranhão . Estava perfeito.

— Brigando no seu primeiro dia, hein? Que belo jeito de começar em uma nova escola.

Ele era encrenca. E sim, eu deveria afastá-lo, mas eu só consegui pensar em como seria ter os lábios dele sobre os meus.

— É um jeito de começar meu primeiro dia. É como entrar com o pé direito na casa nova.

Eu olhei para a capa dele enquanto ele falava.

Céus eu tinha que parar de ler e escrever tantos romances!

Minha boca se entreabriu esperando, ansiando. Ele rosnou alguma coisa antes de segurar minha cintura e me colocar contra a parede.

Soltei um grito surpresa quando ele me colocou sobre os pés dele, eu mal tive tempo de dizer algo antes de ter minha boca contra a dele. Eu não resisti, mesmo lembrando os boatos sobre o meu beijo. Sua língua explorava todos os centímetros da minha boca de maneira... Febril. Agarrei sua camiseta o trazendo para mais perto. Eu me sentia... Desejada e ele estava apenas me beijando. Eu nunca havia me sentindo assim com Renan.

Ouvimos vozes distantes e nos afastamos.

— Espero que esse seja mais um bônus reservado a mim – ele sussurrou arfando no meu ouvido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem ?