Wrong Love escrita por Mera Mortal


Capítulo 8
Capítulo 8 - Decisões Precipitadas:


Notas iniciais do capítulo

HEY GUYS! Como puderam notar esta fic teve uma recomendação maravilhosamente, divinamente escrita por ''One Secret''. Queria dedicar este capítulo a você. Sério, eu fiquei imensamente feliz quando li sua recomendação. Eu fiz a constrangedora dancinha de ''mexendo-a-travessa-de-bolo-imaginária'' que basicamente consiste em mexer os ombros e as pernas no sentido horário sem mover os pés. Como eu disse, foi super constrangedor mas enfim. Estou muito animada com os reviews e só não os respondo porque estou com falhas técnicas nesse quesito. Espero que apreciem o capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516858/chapter/8

Capítulo 8 – Decisões precipitadas:

Clary abriu e fechou a boca diversas vezes sem saber o que dizer. Igualmente Jace se encontrava estático. Jocelyn andou um passo para trás, as mãos cobrindo a boca, os olhos arregalados como se tivesse presenciado a cena de um crime.

Quando Jocelyn resolveu falar, apontou um dedo acusatório para o garoto.

— Quando seu pai decidiu te mandar para Londres, eu fui contra. Insisti para ele que você era apenas um garotinho e precisava da família para apoiá-lo. E anos depois, dez anos depois, eu fiquei imensamente feliz em ver o homem que você se tornou. Mas isso? – Ela abriu os braços e em seguida os abaixou – Isso é errado Jonathan! Vocês foram criados por cinco anos como irmãos. Este fato não muda nada para você Clary? – Ela se dirigiu agora para a filha.

Clary tentou falar. Sua voz presa na garganta.

— Mãe – Ela olhou para baixo não suportando o olhar de dor de sua progenitora.

— Deus meu! Irmãos. Vocês deveriam sentir vergonha do que fizeram...

Jace pronunciou pela primeira vez. Seu tom suave e cuidadoso.

— Jocelyn. Eu e Clary fomos criados por cinco anos juntos apenas tivemos a infeliz coincidência de você e meu pai acharem que devemos nos considerar como parentes do mesmo sangue.

Ela balançou a cabeça. E disse resignada.

— Você acha que gosta dela. Mas isto é diferente. E Clarissa como uma garota sensível fingiu corresponder seus sentimentos para não frustrá-lo.

Jace aparentou ter levado um soco no estômago.

— Ela é uma garota sim, mas não é tão perversa a esse ponto. Quanto a mim, tenho plenas convicções sobre o que sinto por Clary – Ele a encarou agora – Não é? Eu duvido que não mude nada em você cada vez que nos beijamos. Eu duvido que você não sente o que eu sinto. O mundo desaparece sob nossos pés e resta apenas nós.

Palavras flutuavam na mente de Clary. Sentimentos. Amor. Decepção. Fingimento. A pele dela mais pálida do que nunca. Ela não tinha certeza que amava Jace mas o olhar de sua mãe sobre ela fazia seu coração doer. Se admitisse pelo menos em parte seus verdadeiros sentimentos Jocelyn jamais a olharia novamente. Medo e dor entrelaçando-se no íntimo de Clary. Jace e Jocelyn encarando-a, ambos em expectativa. Ela não podia magoar sua mãe mesmo que isso custasse sua própria felicidade. Com voz baixa e olhando para os próprios pés Clary falou.

— Jace sabe ser convincente quando quer. Você tem razão mamãe. Não queria decepcioná-lo.

Nesse momento ela encarou seus olhos dourados. Parecia que o brilho tinha se esvaído das íris de Jace. Dor estampada em seu rosto. Sua postura se enrijeceu visivelmente. A máscara de indiferença rapidamente reconstituída como uma armadura. Ela não suportava olhar para ele. O coração dela se dividindo em pequenos fragmentos.

— Desculpe Jocelyn, não quis em nenhum momento aproveitar-me de sua filha. Fui tolo em pensar que ela correspondia. Não ficaria surpreso se você me odiasse.

Jocelyn parecia mais calma mas suas mãos ainda se inquietavam sobre seus cabelos vermelhos.

— Tudo bem, enganos acontecem. Nunca te odiarei Jace.

Ele assentiu e murmurou ‘’com licença’’ antes de sair do próprio quarto.

Jocelyn caminhou com ela até o corredor parando em frente a porta do quarto.

— O coração prega peças às vezes – E alisando a bochecha da filha ela entrou e fechou a porta.

Clary moveu-se sob seus pés com dificuldade até o quarto de Jace. A porta branca fechada. Seu coração parecia torcer-se várias vezes. Ele iria entender. Ele iria entender. Repetia para si mentalmente.

Bateu com o punho serrado de forma apreensiva. Nenhuma resposta. Ela ergueu o braço novamente. Barulho sequer era ouvido do quarto do rapaz. Ela fez uma terceira tentativa, desta vez com a mão espalmada e com mais força produzindo um barulho maior na madeira.

Jace com seus cabelos loiros revoltos e olhos dourados apareceu em sua frente. Ela desceu a mão lentamente.

— Eu...

— Estou indo embora – Completou ele esbarrando pelo ombro dela enquanto saía do quarto arrastando uma mala com rodas pelo chão.

Uma lufada de ar sugada dos pulmões de Clary.

— O que?

— Estou indo embora – Repetiu ele descendo as escadas e levantando a mala para não riscar a madeira dos degraus.

— Para onde? – Ela o seguiu descendo atrapalhadamente os dois lances de escada.

— Casa do Alec. Não que isso te interesse.

— Me interessa sim Jace. E olha, o que eu disse...

Ele se virou para ela. Os dois parados à cinco passos da porta.

Seu sorriso habitual sarcástico. Seus olhos como barreiras de gelo.

— Não precisa mais fingir se preocupar comigo. Tenho quase certeza de que ninguém está escutando. Todos têm algo a fazer além de ficar dispostos observando seus atos de piedade e a boa moça entrar em ação.

Ele não entendia? Ele não percebia o medo de perder o afeto, a admiração e o amor de sua mãe estampados em seu rosto? Clary balançou a cabeça de modo negativo.

— Jace, eu não...

— Precisa mais lidar comigo. Ótimo para você eu suponho. Nos vemos no inferno, Fray.

— Jace! – Ela olhou para ele assustada.

— Mais alguma explicação heróica de como foi um suplício para você encostar em mim?

— Apenas pare. Pare com isso.

Ele a encarou como se fosse a última pessoa que queria ver na frente. Provavelmente era. Pensou ela.

— Parar com o que?

— Pare de fingir. Pare com este sarcasmo, eu sei que você se importa! Não entende que o que eu fiz foi para o nosso próprio bem?

Ele se aproximou dela e riu sem humor.

— Eu achei que você fosse diferente. Pensei que estava te protegendo de Sebastian, mas você é igual a ele. O procure e peça ‘’Como esmagar o coração de um idiota volume 1’’. Você e ele fazem isso maravilhosamente bem.

Quando ele bateu a porta Clary se encolheu.

— Eu sinto muito – Murmurou ela, mas Jace já tinha ido.

***

‘’Como esmagar o coração de um idiota’’? Parece um tanto melodramático se me permite dizer.

Clary revirou os olhos e mexeu na única batata frita que ainda estava em seu prato há duas horas.

— Eu pensei que pudesse me aconselhar. Não comentar as frases de efeito do Jace.

O homem à sua frente sorriu.

— Obrigada Magnus. De nada Clary.

Desistindo de falar sobre ele Clary sorriu e perguntou ao amigo.

— Bem, sabemos que minha vida amorosa anda um tanto conturbada mas e a sua?

Magnus tomou um gole do suco de limão. Ele dizia que refrigerantes lhe davam celulite além de ser algo ruim para a saúde.

— Acho que conturbada é um eufemismo para a sua situação. Eu usaria apocalíptica, catastrófica ou em estado deplorável talvez.

Ela pegou sua bolsa e levantou do banco.

— Okay, vou procurar alguém útil e realmente bondoso – Ela lembrou de Simon. Antes de serem namorados eles eram melhores amigos. Mas a memória dele fez o peito de Clary doer.

Magnus segurou seu braço e fez ela sentar-se novamente.

— Fique aí. Não há necessidade de ser teatral – Ele olhou para o sanduíche natural em suas mãos -Além do mais seria rude interromper meu lanche.

Clary colocou seu cotovelo sobre a mesa apoiando o rosto.

— E Alec?

— Bem, ele é um docinho. Extremamente adorável se quer minha sinceridade. Parece que veio com um defeito de fabricação. Mau gosto em roupas.

— Todos viemos – Disse Clary olhando para Gretel. A amiga e garçonete que ajudava Luke. Ela piscou para ela enquanto passava com copos vazios retirados das mesas.

— Desculpe?

— Todos viemos com um defeito de fabricação. Eu sou um caso a parte. Vim com o molde quebrado – Respondeu Clary de modo amargo.

Magnus a olhou. Ela admirava isso nele. Por mais terrível a situação em que Clary se encontrasse ele nunca a olhava com pena. Era como se ele tivesse visto tanta coisa que seus julgamentos eram imparciais em relação a tudo.

— Neste caso também é discutível o molde de Jace.

— Eu sei. Ele nunca foi fácil mas estar distante dele é como se meu coração estivesse repleto de agulhas. Eu nunca me senti assim com ninguém. Ou melhor, na ausência de alguém. Magnus, eu não sei o que fazer! – Ela colocou suas mãos no rosto. Ele as retirou delicadamente. Seu sorriso era confiante.

— Dê tempo ao tempo. Parece ridículo, disfuncional e clichê mas é tudo o que eu te digo Clary.

— E se ele me odiar para sempre?

— Então você realmente ferrou tudo.

Ela olhou para ele horrorizada.

Ele sorriu suavemente.

— Não leve as coisas tão à sério. Viva sua pacata e depressiva vida normalmente. Se ele te ama como está explícito que sim, ele irá te perdoar.

Clary deu uma breve risada.

Ela pegou na mão dele e apertou.

­— Eu não sei o que faria sem seus bizarros conselhos.

— Eles não são bizarros, são verdadeiros. Por isso se chamam conselhos. Caso contrário que amigo eu seria?

***

Uma semana se passara. Ele não tinha ido a escola para não ver ela. Seu nome, seus cabelos vermelhos, a pele branca e os olhos verdes ainda perturbavam a mente de Jace. Claro, o que ele queria? Nem anos seriam suficientes para esquecê-la quanto menos uma semana. A única coisa que fazia durante o dia era ver TV, jogar videogame e beber. Sim, Jonathan Wayland bebendo por causa de uma garota. Quem diria? Alec tinha feito diversas tentativas salientando como Jace estragaria seu fígado e queimaria neurônios, o que devido à bebida era irreversível mas ele apenas deu de ombros e disse:

— Todos reclamam que eu não tenho neurônios mesmo. A falta de alguns não irá interferir em nada.

Moletom e camiseta de manga curta tornaram-se uma espécie de uniforme para ele. Era novembro e nevava mas graças ao dinheiro de Robert e Maryse, Alec tinha um sistema caro e inovador de aquecimento na casa. O que permitia a Jace roupas confortáveis e simples. Ele escutava uma música de rock. Não qualquer música de rock mas ‘’Lay Down’’ quando a campainha tocou.

Jace não se mexeu. Os pés esticados no sofá, a cabeça apoiada na almofada, a garrafa de modo descuidado em sua mão.

O som irritante continuou.

— VÁ PARA O INFERNO! – Ele gritou sobre o som alto.

O dedo da pessoa insistente desta vez permaneceu na campainha sem intervalo.

Jace deslizou preguiçosamente do sofá, colocou a garrafa em uma mesa e andou descalço até a porta.

— É melhor que você tenha pelo menos uma faca para se defender... – Começou ele quando abriu a porta. A figura familiar sorriu docemente.

— Canivete suíço serve?

Jace amansou. Ele a abraçou brevemente e pegou a mala dela que estava no chão.

— Santo Deus, Izzy! O que você carrega nessa mala?

— O senhor Scott está descarregando mais.

Quando Jace arqueou uma sobrancelha Isabelle apontou para trás.

— O taxista duh!

— Esqueci sobre seus modos – Ele soou chato até para si mesmo. Mas Isabelle não tinha culpa de tê-lo pego em uma semana horrível.

Ela deu de ombros sutilmente.

— Não é como se eu devesse usá-los com você.

Ela entrou enquanto Jace ajudou o pobre homem a carregar o restante das malas até a soleira da porta. De repente o som foi cortado. Jace olhou para Isabelle de modo irritado. Ela devolveu o olhar mas de modo inocente.

— O que foi? Esta coisa estava me ensurdecendo!

Jace começou a falar com um olhar como se explicasse tudo.

— É Priestess. Do incrível álbum Hello Master você não pode ignorar isso...

— Não me importa que seja dos Pretzels...

— Priestess – Corrigiu Jace impaciente.

— Tanto faz – Ela fez um gesto com a mão – Mas você e Alec estão ignorando o fato de que a casa parece um bordel abandonado? – Izzy apontou para pratos e caixas vazias de pizza espalhados pela sala.

Jace se jogou no sofá e virou sua garrafa. Ele fez uma careta quando o líquido desceu queimando por sua garganta. Parecia envelhecido. Gosto duvidoso. Pensou.

— Bordel... – Ele refletiu sobre a palavra e riu – Você veio do século XIX ou o que?

Ela tirou rispidamente a garrafa da mão dele e escondeu atrás de si.

— Eu não vou deixar que meu irmão beba uma coisa estranha e se afunde em depressão.

Jace fez cara feia e disse enumerando nos dedos.

— Um: Eu não sou seu irmão. Dois: Não estou deprimido. Três: Vá se...

— Ora, você é meu irmão sim. Fomos criados no Instituto. Certamente Alec é mais amável mas você continua sendo meu irmão de coração. E obviamente você está deprimido. De coração partido se eu fosse arriscar – Interrompeu ela com uma expressão pesarosa.

Ele fez um gesto que Isabelle não tinha certeza do que era. Algo entre indiferença e irritação. Sentimentos contraditórios. Mas era Jace. Não era como se ele fosse como a maioria das pessoas. A fala dele começava a soar arrastada.

— Deixe-me mulher! Deixe-me consumir dos deploráveis efeitos da bebida! Deixe-me revelar minha faceta verdadeira e miserável ao mundo...

Ela bateu a mão na própria testa.

— Coração partido com certeza. Você fica falando bobagens quando está triste...

Ela tentou levantá-lo do sofá mas Jace apesar de ser pouca coisa mais alto que ela era mais musculoso sem dúvida. E ainda tinha o fato de que ele estava mole e rindo como uma criança.

— Bonita moça de cabelos vermelhos como o sangue ou como a singela rosa do jardim de seu pai...

— Pelo Anjo! O que fizeram com você, garotão?

Jace sorriu novamente e agora olhava para o teto.

— Sua beleza é indescritível tal como a de um anjo ou ser celestial...

Lentamente e com muito esforço Isabelle apoiou o corpo de Jace ao seu e subiu as escadas com ele.

O plano era levá-lo para um banho gelado para tirar a bebedeira mas Jace estava pesado demais e tropeçou assim que eles entraram no quarto.

— Venha Jace, venha. Vamos te colocar na cama.

Ela conseguiu jogá-lo na cama do quarto de hóspedes, que era claramente onde ele estava acomodado.

Ele murmurou algo como ‘’Mais Clary que a luz da estrela’’ e de repente parou de falar. Isabelle observou Jace com a boca levemente aberta e os olhos fechados. Ela fez um carinho em sua cabeça, com amor maternal ou de irmã mais velha, embora ela fosse alguns meses mais nova que Jace.

Suspirou e desceu as escadas. Gotas de suor caíam por seu rosto e encharcavam suas costas. Ela tirou o casaco e amarrou o cabelo.

Com algum esforço ela conseguiu levar as próprias malas para o segundo quarto de hóspedes da casa de Alec.

Quando tudo estava em seu devido lugar a campainha tocou.

Isabelle desceu as escadas e abriu a porta. Encontrou uma garota de um metro e meio, cabelos vermelhos, olhos verdes e pele branca. Ela tinha olhos claros! Isabelle sempre invejou este traço no irmão. Ela franziu a testa e olhou para o lado e sem certeza disse.

— Desculpe, acho que é um engano. Esta é a casa de Alec Lightwood?

Foi a vez de Isabelle franzir a testa. Ela tinha conversado com Alec há dois dias e tinha praticamente certeza de que ele disse namorado. Talvez a garota fosse perdidamente apaixonada por seu irmão de modo que nem a opção sexual dele a incomodava.

— Não. Quero dizer, não houve engano algum. Esta é a casa de Alec. Temporariamente minha também. Sou Isabelle – Ela sorriu e estendeu a mão. A menina a apertou delicadamente.

— Hm prazer, Jace está?

É claro! Como ela não tinha pensado nisso antes? Era bem mais provável que uma garota aparecesse na porta procurando por Jace do que por Alec. Izzy olhou para trás e resolveu. Jace não ficaria nada feliz se soubesse que uma garota tinha visto ele em uma das etapas da ressaca.

Ela segurou seu pescoço como se lembrasse do esforço de tê-lo carregado ao piso superior. Bem, ela certamente ainda sentia a dor por causa disso.

— Eu sinto muito. Ele está ocupado.

Izzy percebeu o olhar da garota indo para sua regata molhada de suor, sorriu e inocentemente explicou.

— Efeitos que Jace causa em mim.

O brilho do olhar esverdeado dela pareceu se apagar ou era impressão dela? Impossível, você assiste à muitas comédias românticas Isabelle.

— Ah, eu...eu volto outra hora – Bom, que ela parecia perdida isso parecia. Será que ela tinha nojo de suor ou algo do gênero? Oh, céus! Eu fui indelicada e não percebi? Devo estar tão cansada que fiz grosseria e nem sequer notei. Pensou Izzy alarmada. A menina se virou.

— Espera! Você não quer deixar recado?

Ela olhou para Izzy de um jeito esquisito. Como se estivesse muito triste. Em tom baixo ela respondeu. A morena teve que se esforçar para escutar a resposta.

— Não. Por favor não diga à Jace que vim aqui.

Isabelle assentiu sem saber o que dizer. Ela acenou enquanto a menina passava pelo portão mas ou a garota ignorou sua despedida ou não viu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Amaram? Odiaram? Beijos