Apenas eu e você. escrita por Carina Everllark


Capítulo 3
Capítulo 2.


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal! Tudo bem com vocês? Esse capítulo está maior que o outro e é o último em que a Katniss e o Peeta tem 12 anos... :(
Enfim, espero que vocês gostem e POR FAVOR COMENTEM! Cliquem na opção "li até o final" (algo assim) e favoritem a história... Por favor... Obrigada meus lindos!
E deem uma passadinha na minha outra fic: http://fanfiction.com.br/historia/509400/I_hate_you_but_I_love_you/



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Acordo com o som de panelas se chocando na minha orelha.

– PEETA! – grito irritada em sua cara. – MAS QUE RAIO É ISSO? POR QUE ESTÁ BATENDO PANELAS NA MINHA CABEÇA?!

Ele apenas gargalha feito um louco e se joga no chão de tanto rir.

– EU VOU TE MATAR! – jogo um travesseiro em sua cabeça e corro atrás dele para bater nele. Ele corre para a sala e começamos uma guerra de almofadas. – TOMA ESSA! – grito ao acertar sua barriga com força. Ele apenas fica tentando revidar e rindo, rindo como se hoje fosse o melhor dia de sua vida. E seu sorriso me fez sorrir também, sua felicidade é contagiosa. Quando eu já estou rindo feito uma louca no chão ele pega uma almofada e joga em cima de minha cabeça. Saio correndo em sua direção com três almofadas prontas para serem ameaçadas.

Ele vai direto para a cozinha e abre a geladeira. Jogo uma almofada que pega em suas costas, e a outra na bunda, a outra na cabeça e assim que pisco sinto uma coisa gelada e mole aterrissar na minha cabeça. Ponho a mão na minha cabeça e sinto. UMA GELATINA! PEETA JOGOU UMA GELATINA NA MINHA CABEÇA!

– EU. NÃO. ACREDITO. QUE.VOCÊ.FEZ.ISSO! – grito correndo para a geladeira. – VOCÊ ESTÁ FERRADO MELLARK! – pego o ketchup e a mostarda na geladeira e começo a espirrar nele. Ele pega a almofada como defesa mas mesmo assim eu consigo sujar ele, até que bastante. Vejo ele correndo até a geladeira e encho as suas costas de ketchup. Ele pega um molho de nome “barbecue” e começa a jogar no meu cabelo. Corro até ele e jogo sua almofada para longe, e ficamos nessa guerra de molhos por uns dez minutos. Somos interrompidos pela campainha. Nos olhamos com medo. Quem será agora? Eles não sabem que todos que moram aqui estão “mortos”?

– Aqui é a polícia militar, abra a porta por favor, precisamos revistar sua casa. – dizem as vozes do outro lado da porta.

– E agora Peeta? – me desespero. - Não podem descobrir que estamos vivos e que somos órfãos!

– Vem. – ele sussurra e pega o meu braço me guiando para o andar de cima. Subimos para o seu quarto e nos escondemos em seu armário, agachados.

– Shhhhh.

Lá de baixo posso ouvir os policiais falando:

– Se não abrirem arrombaremos a porta! – eles gritam. Cerca de 5 minutos depois eles arrombam a porta. Ouço passos pesados subirem as escadas.

– Olhem em todos os cômodos. – um homem com uma voz grossa e autoritária fala. Olho para Peeta e vejo que ele está tão espantado quanto eu. Escuto alguém entrar no quarto de Peeta e remexer as coisas.

– Não há nada nem ninguém aqui! – uma voz diz perto de nós.

Um pouco de ketchup que tinha em minha mão escorreu para o chão do armário e eu sinto meu pé escorregando. Tento ao máximo me segurar e acabo desesperando-me. Então acontece. Meu pé escorrega e eu caio no chão fazendo um estrondo devido ao impacto de minha bunda com a madeira. Peeta me olha com uma cara de tipo “p*** que pariu Katniss!”.

Ouço passos voltando para o quarto e prendo até a minha respiração para não fazer barulho.

– Eu ouvi alguma coisa aqui... – a voz já é outra da que falava antes. Peeta na hora pega a chave do armário, que estava abaixo de um bolo de roupas e tranca a porta do armário. UFA! Ainda bem que ele pensa em tudo.

Cerca de dez minutos se passam e os policiais continuam a checar o quarto de Peeta. A fechadura do armário é empurrada para baixo e tanto eu como Peeta nos desesperamos. Mas, graças a ele, a porta não é aberta, pois Peeta a trancou.

– É pessoal, não tem ninguém na casa, vamos embora. – a voz autoritária fala e escutamos os passos descerem as escadas. Esperamos mais cinco minutos e saímos do armário. Respiro fundo ao sair, pois o ar já estava faltando lá dentro.

– Por pouco! – Peeta diz ofegante.

Voltamos para a cozinha, tomamos o café da manhã e fomos tomar um banho. Separados, logicamente! Depois, resolvemos ir ao mercado comprar o que faltava para o nosso viver em casa. Peeta pegou coisas para a casa, tipo papel higiênico, escovas de dentes e etc, e eu peguei a comida. Ao todo deu 389 reais. Nos olhamos assustados ao ver isso, afinal, nunca tínhamos feito compras então não sabíamos o preço das coisas. A mulher do caixa nos olhou assustada, talvez pela nossa idade, mas passou as comprar mesmo assim.

Depois, fomos ao shopping para comprar roupas. Eu não tinha nem uma simples calcinha para vestir, já que tudo tinha sido consumido pelas chamas. Eu acho que ainda não caiu a ficha para mim do que aconteceu. Não totalmente, pois eu não fiquei muito triste, não sei se porque Peeta me fez esquecer ou porque não caiu a ficha ainda. Acho que pelos dois. Comprei, pijamas, meias, calcinhas, moletons, roupas estilosas, roupas de verão, de frio, de outono, de primavera... E Peeta também aproveitou para fazer umas comprinhas para ele.

**

Já faz três semanas desde o acidente. Minha vida não vai nada bem. Parece que nos primeiros dias a ficha não tinha caído ainda. Eu estava feliz com Peeta, estava animada pois ele estava me animando. Mas agora, nada me anima, pois agora eu comecei a sentir falta dos meus pais, agora eu cai na real do que está acontecendo. Minha casa pegou fogo, meus pais morreram, ninguém da minha família sobreviveu, estou sozinha no mundo com Peeta. Se não fosse Peeta, não sei como viveria nesse mundo sozinha. Agradeço todos os dias por tê-lo comigo.

Nós resolvemos que iriamos voltar à escola, porém sem dar satisfações a ninguém e sem ficar de conversinha com minhas amigas. Eu só tinha duas amigas, Annie e Madge, e pelo jeito elas nem se importaram em saber se eu sobrevivi.

Quando eu cheguei na escola, todos olharam para mim e para Peeta assustados. Annie e Madge vieram correndo para me abraçar, elas choraram e tudo mais, porém eu apenas as abracei e disse oi. Não acho que daria certo manter o segredo entre mim e Peeta se eu me abrir pra quem quer que seja. O diretor Haymitch nos chamou em sua sala e ficou fazendo perguntas para nós. Peeta já tinha planejado as respostas antes de voltarmos à escola, e eram perfeitas. Ele caiu perfeitamente na história que estávamos vivendo com uma tia minha que não estava na casa no dia.

Em relação a minha sobrevivência e a de Peeta, tudo corre bem. Estamos sabendo administrar o dinheiro que achamos muito bem e ele aprendeu a cozinhar vários pratos. Ele até tentou me ensinar, mas só aprendi a fazer duas coisas: miojo e ovo frito.

Peeta tenta me animar todos os dias, ele comprou duas bicicletas para nós brincarmos, só que desde que cai a ficha para mim, eu não faço nada além de ir para a escola, voltar para casa e me enfiar no meu quarto. Minha vida é calma, porém minha mente me mata mais a cada dia. Sinto como se parte de mim estivesse indo embora a cada dia. E sinto que Peeta também está se retraindo para dentro de si mesmo, e eu gostaria de poder impedir isso, mas se nem de mim mesmo consigo cuidar, imagina dele.

– Katniss, quer brincar? – ele entra no meu quarto.

– Não, valeu Peet.

Ele faz uma cara de tristeza e saí, como todos os dias. Todos os dias, sem exceção de nenhum, ele vem me fazer essa pergunta: “quer brincar?” e eu sempre respondo negativo. Porém, teve um dia em que ele me escreveu a seguinte carta e passou-a por debaixo da porta do meu quarto.

Katniss, queria que soubesse que eu sou quero o teu bem. Eu tento brincar com você, te animar, te trazer de volta pro nosso mundo, só que você não reage. Você sempre diz não e isso parte meu coração. Eu também estou muito fraco, também estou machucado, mas como você me disse uma vez, nossos pais devem estar nos observando lá de cima e eles não gostariam de nos ver tristes. Então se você deixasse nós tentarmos ser felizes novamente, eu estarei a disposição. Desculpe te incomodar e tomar o seu tempo.

E naquele dia, eu fui brincar com ele. Só que, depois de passar a manhã e a tarde inteira brincando com ele, eu senti culpa, culpa por estar sendo feliz sem a presença dos meus pais. Sei que isso é errado, mas sinto como se eu fosse uma traidora por me permitir ser feliz sem eles. Eu só era feliz assim com Prim. E ela também se foi, e se ela achar que eu a traí?

O problema, é que a cada dia que eu rejeito Peeta, eu o afasto de mim, eu sinto isso. E tudo que eu menos quero é perder a única pessoa que me resta. A única pessoa que eu amo que ainda está viva. Que eu amo como amigo, lógico. E, acho que deixar Peeta feliz um dia não custa muito não é?

– Peeta? – entro em seu quarto e o encontro jogado na cama com a cabeça afogada no travesseiro.

– O-oi Katniss. – ele olha pra mim e eu vejo em seus olhos dor, tristeza... Isso me parte o coração. E o menino sorridente dos cabelos dourados que brincava comigo quando eu era menor? Cadê ele?

– Eu...Quero brincar hoje... – digo e vejo seu olhar se iluminar e o sorriso mais lindo se formar em seu rosto. Peeta tem o sorriso mais cativante e contagiante que eu já vi. Além de lindo ainda tem esse sorriso... Shhhh Katniss!

– Bicicleta? – ele pergunta quando estamos descendo a escada.

– Ótima ideia!

Vamos até o quintal e pegamos as bicicletas. A minha é um rosa claro com roxo e a de Peeta é azul e verde.

Saímos andando de bicicleta pela rua e apostando corrida de esquina à esquina.

– Aposto que ganho de você! – ele grita.

– Aposto que não! – e saímos correndo pela rua de bicicleta. E como sempre, Peeta me transportou para um mundo só nosso, um monde sem tristeza ou dor, um mundo somente de alegria.

No fim, quem sempre ganhava as corridas era eu, mas eu deixei ele ganhar algumas vezes só para ver aquele sorriso lindo estampado em sua cara.

– Me segue. – ele me disse e foi pedalando para uma rua que eu nunca tinha ido.

– Aonde vamos?

– Pra um lugar que você vai simplesmente amar. – ele respondeu e uma curiosidade louca cresceu dentro de mim.

– Falaaaaaaaa! Por favor Peet.

– Não, vai ter que esperar chegar! – ele disse e soltou uma gargalhada maravilhosa no ar.

Bufo e continuo seguindo-o. Ele para em uma esquina e eu estaciono minha bicicleta ao lado da sua.

– Vem cá. – ele coloca uma venda em meus olhos.

– Ah Peeta, não acredito que você tá fazendo isso comigo!

– Então acredite... Mas você vai gostar...

Andamos um pouco e então ele tira a venda dos meus olhos e diz:

– Thanaaaaam!

Estou em uma campina, lotada de flores, lotada de árvores, lotada de natureza, de pássaros, de verde...

– PEETA! AI COMO VOCÊ SABIA QUE EU AMO ISSO?

– Talvez porque brincávamos em florestas quando éramos pequenos, e você me disse...

– Awnnnnnnnnnnnnn! – corro e o abraço. Peeta sabe tudo para me fazer feliz...

Corro campina adentro. Há pássaros e borboletas por todo canto, e as borboletas pousam em Peeta a todo momento, como se ele fosse uma flor. Um lago se encontra no fim da campina, e em cima dele, há uma ponte de madeira feita com troncos de árvores. A ponte vai até o outro lado do lago e as árvores que seguram a ponte são ipês rosa e amarelo. O chão está lotado de flores que caíram dos ipês e dentes de leão. Há dentes de leão por todos os lugares.

A cada passo que dou tenho mais certeza que aqui é o paraíso. Não existe outra definição para este lugar sem ser paraíso. E conforme ando, percebo uma trilha no meio da floresta fechada. Entro na trilha e vou andando na frente, Peeta me segue cauteloso. Acho que ele tem um tanto de medo de florestas fechadas.

Andamos por cerca de meia hora e chegamos ao lugar mais lindo que já vi. Uma pequena, mas muito pequena, clareira com uma casa na árvore gigante. A árvore tem aparência de ser muito velha, seu tronco é grosso e cheio de camadas. De seus grandes troncos caem cipós no chão, fazendo uma sombra debaixo dela. E com o sol batendo nos cipós, o lugar fica iluminado, porém com sombra. Um aroma delicioso de rosas fica no ar o tempo todo e a árvore abriga muitos esquilos. Eles não parecem ser maus.

– Que.Lugar.Maravilhoso. – digo boquiaberta. Peeta só consegue olhar também boquiaberto para o lugar.

Subimos na casa da árvore e ficamos olhando o lugar. É simplesmente maravilhoso.

– Que tal se esse fosse o nosso lugar? – Peeta pergunta com os olhos brilhantes.

– Sim! Sim sim sim! – respondo.

Olho ao redor e vejo que tem duas cordas amarradas na árvore. Não. Não são somente cordas. São cordas que foram usadas para enforcar alguém, o nó está feito certinho para o pescoço de uma pessoa. Meu sorriso vai embora devagarinho ao ver a cena. Ando até o lugar e pego a corda. Minhas mãos se encaixam certinhas no nó, que é pequeno. Então eu tenho uma ideia.

Chamo Peeta para perto e ele me olha assustado ao ver-me pegando isso.

– K-Katniss o que você vai fazer com isso?

– Isso aqui. – digo e pulo da casa. Me seguro fortemente na corda e voo em volta da árvore. Meus cabelos voam desajeitadamente no ar e eu mexo minhas pernas de leve no ar. É a melhor sensação que já senti na vida. Sinto como se eu fosse realmente um pássaro, voando pelos ares.

Aterrisso na casa da árvore e Peeta me olha boquiaberto.

– Co-como você fez isso? – ele gagueja.

– Fácil. Vem cá. – digo e o puxo. Ele hesita ao vir, mas acaba cedendo. Pego seus braços e encaixo suas mãos na outra corda. Puxo a corda para baixo para ver se é firme. Confirmado.

– Isso... Agora segura bem forte. – digo e ele me obedece. Assim que vejo que ele está segurando direitinho eu o empurro.

– KATNISS O QUE VOCÊ... AI MEU DEUS ISSO É MARAVILHOSO! – ele grita. Me jogo também e voo do seu lado. O sorriso dele é tão feliz que eu me permito ser a pessoa mais feliz do mundo. Seus olhos brilham de felicidade como eu nunca vi na vida. Seu sorriso me faz sorrir. Seus cabelos desarrumados voam tanto quanto os meus. Ficamos “voando” um em volta do outro, girando a árvore. Eu vejo um ninho de passarinho no topo da árvore e começo a dar impulso. Uma hora consigo chegar até lá e os espanto. E não eram apenas pássaros, eram tordos.

Começo a cantar uma pequena melodia e eles me escutam. Os esquilos aparecem nos galhos das árvores e as borboletas começaram a voar em torno de Peeta e de mim. Quando acabo, os tordos começam a repetir a melodia. Me jogo novamente no ar, e Peeta, que não parou por um segundo, me segue.

Os tordos cantam, eu e Peeta “voamos” um em volta do outro e as borboletas voam em torno de nós. Os esquilos nos observam, como se estivéssemos dando um show e eles fossem a plateia. O sorriso de Peeta é o mais radiante que eu já vi e o meu também deve estar dos melhores. E eu senti algo novo dentro de mim. O sorriso e os olhos dele brilhando, agora... Algo se remexe dentro de mim. É como se não fosse somente minha boca que sorrisse...

Meu coração estava sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Ficou ruim? Me digaaam!