Caliente escrita por shussan


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

say you'll see me again, even if is just in your wildest dreams



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– Bom dia, Sasuke! – eu dizia, colocando a bandeja cheia ao seu lado enquanto ele acordava. Eu ainda me assustava com o fato de ele acordar com o cabelo bagunçado, a cara amassada e ainda assim continuar perfeito. – Fiz seu café favorito, ovos pochet, suco de...

– Sete e meia! – ele fala, se levantando da cama na mesma hora e derrubando a bandeja no chão. – Por que você não me acordou?

– Eu... Você estava dormindo tão bonito... Eu não tive coragem.

– “Dormir bonito” não coloca comida na mesa, Sakura – ele responde, frio, entrando no banheiro e fechando a porta. Ele liga o chuveiro.

– Eu te atrapalhei com alguma coisa, amor? – perguntei, estalando os dedos nervosamente. Odeio quando Sasuke age assim. Ele é tão frio às vezes... Tenho até medo de falar alguma coisa errada e piorar ainda mais as coisas.

– Se você tivesse me acordado, nada disso estaria acontecendo! – ele grita do outro lado da porta.

– Mas... Hoje é um dia especial – respondo.

– Hoje era um dia especial – ele responde, colocando a cabeça para fora do banheiro e me encarando com suas ônix perfeitas -, e graças a você, terá que ser adiado. – Ele volta para dentro do banheiro. – A fusão das empresas Uchiha e Hatake seria algo lendário! E terá que ser remarcado para semana que vem. Muito obrigado, Sakura.

Caminho pelo quarto e levanto a bandeja do chão, pegando o pequeno bolo que eu tinha colocado ali, para uma comemoração só entre nós dois.

– Parabéns pelos cinco anos de casamento, Sakura – falo sozinha, fechando os olhos com força enquanto as lagrimas escorrem em completo silencio.

Abro os olhos com dificuldade, sentindo meus cílios molhados como se eu realmente tivesse chorado. Minha mão está mais fria que o normal, e quando eu a levanto, encontro dedos longos e finos e unhas que precisam de uma manicure, mas nem sinal de anel. Nada além de uma marca fina mais clara que o resto da minha pele.

Sorrio comigo mesma, me levantando e indo para o banheiro enquanto pensava em como eu me sentia mais leve sem aquele acessório desnecessário. Até o céu parecia mais azul naquela manhã.

Coloquei um vestido solto e sapatilhas douradas, e uma faixa vermelha no cabelo. Deixei o celular em cima da cama, só por precaução.

– Não, eu não vou fazer nada disso – Ino falava, sua voz aguda podia ser ouvida mesmo do andar de cima.

– Ah, não seja chata Ino, isso foi uma aposta – Naruto comentava, apontando para ela um garfo, provavelmente para mostrar que tinha razão.

– Tem razão – Hinata concorda. – Se nós tivéssemos perdido, você nos obrigaria a pagar, então como você perdeu, é obrigada a pagar. Simples. Direitos iguais.

– “Direitos iguais” não é um argumento valido quando está sendo usado para obrigar alguém a pagar dinheiro, tirar a roupa ou pagar uma aposta.

– Se você preferir tirar a roupa, fique à vontade – Naruto diz, dando de ombros enquanto bebe um gole de suco.

– Coisa que eu, pessoalmente, não gostaria de ver – Hinata se defende.

Tento não incomodar e caminho o mais silenciosamente que posso até a cozinha. Faço meu prato e como ali mesmo. Ou ninguém percebeu minha presença ou simplesmente preferiram continuar me deixando em meu lugar enquanto Ino está irritada.

– Seria tudo tão mais fácil se você fosse menos orgulhosa – Gaara fala, revirando os olhos.

– Seria tudo tão mais fácil se você cuidasse da sua vida – Ino responde, lançando para ele um olhar assustador. – Sabe, acho que essa conversa está longa demais. – Ela começa a juntar o resto de seu café da manhã no prato.

– Então você vai mesmo continuar com isso? Não vai admitir?

– Admitir para a Sakura que eu estava errada? É claro que não. Eu não estava errada. Talvez por ter achado que ela deveria me entender quando eu a interrompi enquanto ela dava em cima do Sasori, mas...

– Não precisa admitir para ela – Naruto fala -, admita só para nós.

Percebo que eles estão tentando fazer com que eu saiba que Ino está arrependida e vá conversar com ela, estão tentando nos juntar outra vez. Sorrio para o meu próprio prato.

– Mas se ela admitir para nós, a Sakura-chan vai saber, então vai ser como se ela tivesse admitido para a Sakura-chan, não? – Hinata fala inocentemente. Naruto e Gaara bufam.

– Como assim a Sakura vai saber? – Ino pergunta, estreitando os olhos.

– É viagem da Hina – Gaara fala, se jogando no meio da mesa para pegar um pão. – Não tem como a Sakura saber. Pague sua aposta e admita. Anda.

– Eu acho que... – Ino parece pensar.

– Ah, claro que tem como a Sakura-chan saber – Hinata empurra Gaara de volta para sua cadeira e aponta para mim discretamente, mas sem coragem de me olhar. – Ela está bem ali.

Ino se vira para mim de repente, um olhar metade assustado, metade raivoso. Logo o susto vai embora e só fica a raiva. Ela pega o próprio prato e tudo que estava usando e se levanta.

– Com licença pessoal – ela fala com os que estão na mesa, em um tom de falsa educação. – Mas eu acho que esse oxigênio está um pouco toxico demais para mim. Hinata, o que acha de vir fazer umas comprinhas comigo? Preciso espairecer...

Ela joga os pratos de qualquer jeito perto de mim e sai da casa.

– Qual é a porcaria do seu problema, garota? – Gaara grita com a morena, batendo as duas mãos em cima da mesa e correndo atrás de Ino.

– M-mas não estávamos do lado da Ino-chan? – Hinata pergunta, girando os próprios dedos.

– Não Hina – Naruto se levanta e tira o resto dos pratos da mesa. – Estávamos tentando fazer com que as duas voltassem a ser amigas, e infelizmente você estragou tudo.

– M-mas eu não... Eu não quis... – Hina levanta o rosto sujo pelas lagrimas e me olha, desolada. – Me desculpe Sakura-chan, eu não tive a intenção, eu achei que para você ela diria, pensei que se ela soubesse, pensei...

– Não se preocupe com isso, Hina-chan – respondo, com um sorriso torto. Pego o prato de Ino e o meu e coloco na pia. – Você fez o que achou certo, só isso.

– Eu não acredito, eu estraguei tudo, eu fiz tudo errado de novo... – ela cobriu o rosto com as mãos e subiu as escadas correndo. Ouço o som de uma porta batendo e então Naruto coloca os outros pratos na pia.

Suspiro.

Eu sabia que ela tinha estragado tudo, mas não conseguia sentir raiva de Hinata. Ela era só uma criança aprisionada no corpo de uma mulher, parecia não ter muita noção do que estava fazendo, mas ainda assim, no fundo, era uma pessoa legal. Uma pessoa boba e inocente, mas legal. E vê-la chorar partiu meu coração.

– Não a culpe por isso – Naruto fala, se apoiando na pia enquanto eu estalo os dedos. – Ela tem uma noção um pouco distorcida sobre o que precisa ser feito, mas não faz por mal.

– Eu sei disso.

Ele me observa alguns instantes.

– Você está muito bonita.

– É, eu também sei disso – ele sorri.

– O que acha de sair comigo hoje? – o encaro durante alguns segundos. – Como amigos, é claro. Somos apenas amigos, lembra?

– E aonde meu amigo pretende me levar? – pergunto, sentindo um sorriso brincar no meu rosto.

– Não tenho certeza, ao cinema, ao parque, a um motel... Onde você prefere ir?

– Não sei, por que você não me surpreende?

Ele abre outro de seus sorrisos perfeitos e caminha até a porta, a abrindo para mim. Caminhamos até o carro e ele procura alguma coisa nos bolsos. O carro dele é uma picape velha com a pintura desgastada e vários amassados por todo lado. Ele abre a porta do carona para mim e enquanto eu entro, vai para o seu lugar no banco do motorista.

– Perdeu alguma coisa? – pergunto. Ele procura no chão, no painel e no porta-luvas, onde finalmente encontra o que estava procurando. – Uma gravata? Não sei por que, mas não consigo te imaginar de gravata.

Ele ri e desamassa o acessório.

– Eu não uso gravatas, essa é para você – ele estica a gravata azul escura com listras amarelas e pede para eu me virar.

– Você não vai amarrar essa coisa na minha cara – respondo, cruzando os braços.

– Mas você não disse para eu te surpreender? Como vai ser uma surpresa se você souber para onde estamos indo?

– E se você me sequestrar e me levar para o meio do nada? – estreito os olhos.

– Bem... Você vai ter que confiar em mim dessa vez.

O encarei durante alguns segundos. Aqueles olhos azuis eram os mais lindos que eu já tinha visto na minha vida, e ele parecia tão confiante, tão seguro de si. O jeito como ele olhava para mim, era como se ele prometesse sem palavras que não abusaria da minha confiança. Como se prometesse que iria cuidar de mim quando mais ninguém estivesse por perto.

Me virei e ele amarrou a gravata ao redor dos meus olhos, firme, mas sem me machucar. Toquei o pano no meu rosto, sem conseguir enxergar nada.

– Quantos dedos têm aqui? – ele perguntou, dando partida no carro. Procurei com as mãos onde poderia estar sua mão à minha frente, mas tudo que encontrei foi o coelhinho rosa pendurado no espelho retrovisor.

– Quatro? – chutei.

– Errou, não tem nenhum, porque eu estou dirigindo e seria irresponsabilidade minha tirar as mãos do volante para mostrar quaisquer dedos para você – ele respondeu, rindo.

– E desde quando você se importa em ser alguém responsável?

– Desde quando eu me importo em cuidar da pessoa que está comigo – um pequeno sorriso brota na minha boca.

– É muita audácia sua dizer isso, sendo que nos conhecemos tem menos de dois dias.

– Na verdade tem dois dias e meio – ele responde, rindo consigo mesmo. – Você nunca ouviu falar em amor à primeira vista?

– Paixão à primeira vista sim, amor não – respondo, descansando a mão no banco. Não conseguir ver nada é tão chato.

– Está insinuando que eu estou apaixonado por você? – ouço risadas e gritos do lado de fora e me viro na direção deles. – Ah, eu sabia que você estava vendo alguma coisa!

– Não e não, eu não estou insinuando nada e não estou vendo nada também. Você poderia só dizer para onde está me levando?

– Primeiro me diz quantos dedos tem aqui.

– Naruto, eu não estou brincando.

– Nem eu, quantos dedos tem aqui?

Começo a tatear à minha frente, procurando sua mão, mas encontro outra vez apenas o coelho cor-de-rosa. Ele ri da minha cara. Continuo procurando e finalmente encontro sua mão bem à minha frente.

– Dois dedos – digo.

– Errou de novo. Dois dedos e meio – ele corrige. – Um para cada dia que passamos juntos.

Sinto um calafrio subir pela minha espinha. Uma pedra para cada momento que passaremos juntos.

Balanço a cabeça. Naruto e Sasuke são pessoas diferentes, aprenda isso!

Naruto abre a mão e entrelaça seus dedos nos meus assim que o carro para. Sua mão é maior do que a minha e a cobre facilmente.

– Você é fria – ele diz, passando a ponta dos dedos na minha mão, deixando um rastro quente por ela. Sinto outro arrepio.

Sasuke me abraçou, suas mãos me segurando firmemente pela cintura. Mesmo através do tecido da roupa, conseguia sentir seus dedos frios ali, deixando marcas vermelhas que continuariam lá vários dias depois.

– Você é quente – ele disse.

Puxo minha mão de volta com cuidado. Ouço a porta do carro abrir e fechar. Logo depois a porta do meu lado abriu e mãos quentes me seguraram com cuidado, tanto cuidado que era como se eu fosse feita de porcelana e ele tivesse medo que eu pudesse quebrar.

Quando estou firme no chão, ele se coloca atrás de mim e começa a desfazer o nó.

– Eu só quero que você saiba que esse é um lugar muito especial para mim, então, por favor... Não ria – ele diz, tirando minha venda.


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Notas finais do capítulo

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