Caliente escrita por shussan


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

All you had to do was stay



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– Então Sasori… - pergunto, sem conseguir pronunciar a palavra.

– Sim, um garoto de programa – Ino respondeu, os braços cruzados e a voz sem emoção.

– Mas ele ficou corado quando pediu o meu telefone! – argumentei. – E se arrependeu de ter dado em cima de mim quando viu que eu era casada.

– É completamente impossível alguém não ver esse anel no seu dedo – Naruto respondeu, fixando os olhos no anel como se tivesse nele um alvo vermelho escrito ME VEJAM, ESTOU AQUI PARA PROVAR QUE ESSA PESSOA NÃO PODE TER RELACIONAMENTO NENHUM COM VOCÊ.

– Ou se arrepender de ter dado em cima de você – Gaara comentou, piscando para mim.

– Menos, Sabaku – Hinata avisa, observando Ino, que estalava os dedos.

– Então foi por isso que... – tento juntar as peças disso tudo. Levanto os olhos para Ino. – Por isso você me interrompeu naquela hora.

Ela sorriu e se levantou.

– Obrigada por ter confiado em mim – ela diz, limpando as mãos no próprio short. Me levanto também.

– Como eu iria saber? Para mim você só estava...

– Com ciúmes de você? – a voz dela estava repleta de raiva, repleta de mágoa. – Você acha mesmo que eu estava com ciúmes de você?

– Eu não disse isso, eu só achei que...

– Ah, achou que como você é a senhora-tenho-tudo-o-que-quero-aos-meus-pés, todos precisam sentir inveja de você, não é?

– Você está colocando palavras na minha boca, eu nunca...

– CALE A BOCA! – ela berra, e o silencio toma conta do lugar. Ela se aproxima de mim e toca no meu peito com a ponta de sua unha afiada. – Você acha mesmo que ainda temos nove anos de idade? Acha que estamos brigando por causa de um garoto idiota? Acha que eu realmente sinto inveja de você só porque você ganhou o que quis?

Ela pega minha mão e aponta minha aliança. Dá um sorriso mau.

– Está feliz, Haruno? Está feliz porque conseguiu ganhar?

E então ela larga minha mão e vira as costas, saindo do lugar, deixando a todos nós para trás em um clima estranho. Dois segundos depois ela volta, mas olha diretamente para Hinata.

– Só mais uma coisa: Hina-chan, eu se fosse você não confiaria nessa , ela vai te apunhalar quando você menos perceber. – ela diz, e sai outra vez.

Hinata fixa seus grandes olhos cor de lua nos meus e me encara durante alguns segundos. Gaara bufa e se levanta, indo atrás de Ino. Hinata olha para Naruto, e então para mim, e outra vez para Naruto. Ela se levanta e sai dali também.

Me sento outra vez e passo a mão pelo rosto. Penso em me dar um beliscão para ter certeza que isso não é um pesadelo, mas logo descarto essa ideia. Essa é a mais fria e cruel realidade.

– Não se preocupe com ela – Naruto fala, se aproximando de mim. – Só falou tudo isso porque está com raiva. Logo vai passar e ela vai voltar sorrindo com um pote de sorvete. Ou brigadeiro. Qual você mais gosta?

– Normalmente seria assim – respondo, estalando os dedos de nervosismo. – Mas agora... Não sei. Aconteceu alguma coisa diferente. Foi sério.

– Brigas de garotas são sempre sérias – ele diz, repousando os braços atrás da cabeça. – Isso serve para provar se a amizade é verdadeira. Se for, vai durar. Caso contrário, não era para ser.

Observo Naruto durante alguns segundos. Ele continua sério, está assim desde quando ouviu minha conversa com Sasuke pelo telefone. O maxilar trincado, os olhos distantes e nem sombra de qualquer sorriso cativante. Isso é um tanto quanto estranho.

– Você acredita mesmo nisso? – pergunto.

– É claro, esse quase sempre é o problema das garotas: elas levam tudo a sério demais. Ou é sim ou é não. Ou é preto ou branco. – Ele vira para mim, como se quisesse ter certeza que eu estava prestando atenção. – Vocês precisam aprender que existe um meio termo para tudo. Um talvez. Um cinza.

– Às vezes um talvez não é suficiente – respondo.

– Se não é, significa que você está fazendo a pergunta errada.

Nos encaramos durante alguns segundos, mas eu não me sinto desconfortável como aconteceu com Sasori. Sinto que preciso de mais. Quanto mais eu olho para Naruto, mais quero olhar para ele. Quanto mais falo com ele, mais quero ouvir sua voz.

Desvio os olhos dos dele, me xingando mentalmente por ser tão infantil. Pareço uma garotinha de doze anos. Ele dá uma risada sem humor e se levanta.

Suspira e me oferece uma mão, me ajudando a levantar. Não esperava que ele fosse tão forte. Ele me levanta com um puxão e acabamos com os corpos colados. Suas mãos me seguram pela base de minhas costas enquanto ele me olha profundamente. Sua respiração é quente.

– Você vai mesmo voltar para ele? – Naruto pergunta, seus dedos desenhando círculos nas minhas costas, deixando uma trilha de calor por onde toca. – Vai mesmo voltar para o Japão?

– Talvez – respondo, o fazendo rir. Eu já disse o quanto ele fica lindo quando sorri?

– Um talvez não é suficiente.

– Então você está fazendo a pergunta errada.

Ele aproxima o rosto ainda mais do meu, e eu me surpreendo ao perceber que não o impeço. Ele apoia sua testa na minha e roça seu nariz no meu.

– Você ainda vai estar aqui quando eu te procurar? – ele tenta outra vez.

– Você ainda vai estar aqui quando eu precisar de você? – pergunto.

– Sempre.

Tento responder, mas as palavras não saem da minha boca. Olho para cada centímetro do rosto de Naruto, tentando guardar na memória cada pedaço seu. Sua pele morena, seu cheiro amadeirado, seus cílios longos. A sua boca é levemente rosada e ele tem uma cicatriz no lábio superior.

Meus olhos param em minha mão pousada sobre seu ombro. Aquele anel me atinge como um soco e eu me afasto de Naruto na mesma hora.

– Desculpa – digo, sem coragem de olhar para ele. Ridícula. Estúpida. Burra. – Me desculpe, eu só...

– Ei – ele segura meu rosto pelo queixo e o levanta, me obrigando a olhar para ele. – Não se estresse. Um talvez é suficiente.

Sorrio para ele, um pouco sem graça.

– Durma bem, Sakura – ele diz, me dando um beijo protetor na testa. Logo abre aquele sorriso divertido. – E sonhe comigo, é claro.

– Com certeza – respondo, passando as mãos pelos meus próprios braços enquanto ele se distancia. Observo enquanto ele sobe as escadas e suspiro pesadamente, me arrastando até a cozinha.

Abro a geladeira e olho cada item com cuidado, tentando lembrar o que eu fui pegar ali. Um pouco de noção? Uma voz propõe na minha cabeça, mas só faço ignorá-la. Um copo de coragem, talvez? Hm, sim, água é bom...

Pego a jarra e derramo sobre um copo na bancada. Quando bebo, meus olhos se fixam mais uma vez no anel em meu dedo. Coloco o copo na bancada e tiro o anel do dedo.

Observo a pequena peça durante alguns segundos...

– Eu, Uchiha Sasuke, prometo amá-la e respeitá-la – Sasuke falou enquanto colocava a aliança que eu julgava ser pequena demais para meu dedo -, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, durante todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe.

Ele empurra com cuidado a aliança em meu dedo, e ela se encaixa perfeitamente. Nem grande e nem pequena. No tamanho certo. Perfeita.

– E com essa aliança, que é o símbolo do nosso amor, eu te desposo.

Balanço a cabeça para afastar essa lembrança, mas as lagrimas já estão nos meus olhos. Observo o pequeno objeto, minhas mãos tremem. Ele é todo feito em prata, com minúsculas pedras preciosas incrustadas ao redor. Uma pedra para cada ano que passaremos juntos, ele disse. Até hoje eu não tive coragem de contar essas pedras.

Dentro da aliança, em letra cursiva dourada estão escritas as palavras “para o amor da minha vida, Uchiha Sakura”. Aquele era um belo anel, sem duvida alguma, mas agora ele me parecia tão comum.

Naquele dia, o dia que eu chamei de melhor dia da minha vida, Sasuke disse que exatamente tudo o que eu quis ouvir um dia de um homem. Ele fez tudo o que pôde, comprou tudo do bom e do melhor, me tratou como uma perfeita rainha e me fez acreditar no impossível.

Esse é o símbolo do nosso amor, ele disse enquanto colocava a aliança em meu dedo.

Aquele, agora era um anel comum, nada mais que um acessório para ser usado em ocasiões especiais ou para afastar cantadas indesejáveis. Não simbolizava nada. Não havia mais amor para simbolizar. Não havia mais significado.

Você não é nada sem mim, ele dissera ao telefone.

Abro a geladeira outra vez e coloco a jarra de água de volta. Vou até os armários e os abro um a um. Encontro uma caixa de leite condensado. A abro com uma tesoura e coloco o anel ali dentro, colocando a pequena caixa de volta no armário.

Com sorte ninguém pegaria essa caixa até que ela começasse a cheirar mal, e então ela iria para o lixo. Seria muito mais fácil apenas jogá-la fora, mas... Não, eu não consigo. Prefiro que outra pessoa faça.

Me apoio na parede durante alguns segundos, respirando com dificuldade.

Para que tantas pedras? – eu pergunto, enquanto ele me carrega no colo para dentro daquele quarto com vista para a Torre Eiffel. – Vou me sentir andando com holofotes por todo lado.

– Uma pedra para cada ano que passaremos juntos, para cada sorriso que provocaremos um no outro, para cada momento que dividiremos juntos.

– Uma pedra para cada beijo? – pergunto, me fazendo de inocente e ele sorri, me beijando. Perco o folego quando ele me deita na enorme cama redonda.

– Uma pedra para cada lembrança que teremos quando não houver mais nenhuma pedra.

Uma pedra para cada lágrima derramada por ele, uma pedra para cada noite em claro o esperando voltar do trabalho, uma pedra para cada decepção.

Não há mais pedra nenhuma. Ele perdeu a ultima com o meu adeus.


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Notas finais do capítulo

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