Caliente escrita por shussan


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

I don't know what I want, so don't ask mee



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Ele me prensa contra a parede, suas mãos no meu pescoço. Tento me soltar, mas ele é muito mais forte do que eu. Sinto como se o ar não conseguisse chegar até os meus pulmões e minha garganta arde.

Olho para ele, suas ônix perfeitas fervendo de ódio.

– Você me trocou, Sakura – Sasuke diz, seus dedos apertando ainda mais a minha garganta, meus pés perdendo o chão. – Você preferiu um qualquer ao cara que sempre te deu tudo, aquele que te transformou nisso que você é. Preferiu um qualquer ao seu primeiro, primeiro homem, primeiro beijo, tudo, aquele que te ensinou o que você sabe hoje. Você me trocou, Sakura.

Ele me solta, meu corpo caindo no chão, o som alto de minha queda ecoando pelo enorme salão vazio.

– Volte para mim e eu te perdoarei – ele diz, me oferecendo uma mão.

Levanto meus olhos cheios de lágrimas para ele e por um segundo considero sua proposta. Ele vai me perdoar, certo? Tudo vai ficar para trás. Vou voltar para casa e continuar minha vida normalmente, como se essa semana nunca tivesse acontecido...

– Vai pro inferno – respondo, cuspindo em seus sapatos recém-engraxados.

– Ora, sua...

Minha cabeça dói por causa de uma pancada que acabo de receber. Abro os olhos, assustada com o pesadelo que tive. Minha respiração está desregulada, mas eu respiro fundo algumas vezes, sabendo exatamente como fazer para tudo voltar ao normal, já acostumada com sonhos como esse. Eles nunca foram tão... Assustadores, por assim dizer. Mas ainda assim, foi apenas um sonho. É, só isso.

Olho em volta e me vejo deitada nos bancos de trás de um carro. Minha cabeça está apoiada em um travesseiro fofo e meu corpo está coberto cuidadosamente para que eu não tenha frio.

Sorrio, deixando os sonhos para trás e abraçando a doce e linda realidade. Me espreguiço, tentando inutilmente esticar as juntas.

– Ah, finalmente acordou – Naruto fala do banco do motorista, sorrindo para a estrada. – Dormiu bem?

– Dormi como um anjo – respondo, tentando evitar perguntas e constrangimento. Me sento e coço minha nuca. Olho pelo vidro, não reconhecendo o caminho para onde estamos indo, mas isso não é realmente uma grande surpresa. – Mas eu quero minha escova de dente. E um banho quente com espuma.

– Você baba enquanto dorme, sabia?

– Onde estamos indo? – digo, fingindo que não ouvi a ultima frase, decidida a considerar apenas as partes boas. – E como você conseguiu me colocar nesse carro sem me acordar?

– Estamos indo para um lugar especial ver pessoas especiais e ter um dia especial, sem interrupções ou surpresas desagradáveis. – ele responde, sorrindo outra vez para a estrada.

Suas palavras fazem com que eu me lembre da madrugada anterior e sou obrigada a sorrir. Sim, sorrir. Ele estava lá, quando mais ninguém estava, quando eu mesma queria ficar sozinha, ele continuou lá. Eu o expulsei, empurrei e bati nele, mas mesmo assim ele continuou lá.

Quando eu não queria estar lá, ele estava. E tudo apenas para me manter de pé, me ensinar como seguir em frente e me dar forças para isso.

Quando isso começou?

Essa necessidade que eu sinto dele?

– E foi fácil te colocar aqui, você dorme como uma pedra quando está nos meus braços. – uma risada escapa de meus lábios.

– Acho que você não vai me dizer onde é esse lugar especial, ou quem são essas pessoas especiais, acertei?

– Parabéns, você finalmente começou a entender como as coisas funcionam – ele responde, rindo consigo mesmo. – Vamos parar logo à frente. Lá tem uma lojinha de suvenires com um banheiro enorme onde você pode se trocar.

– Por que não paramos em um hotel? Sei lá, seria bom poder tomar um banho para encontrar pessoas especiais que eu não conheço.

– Não se preocupe com isso, eles não vão se importar com detalhes como banhos, vão te adorar exatamente do jeito que está. Você é completamente adorável.

– Seus elogios não são válidos. – respondo, bufando enquanto me deito outra vez no banco do carro. Observo o teto sujo e me pergunto como posso me sentir tão confortável aqui.

– Por que não? – ele pergunta, rindo.

– Porque você gosta de mim – eu digo, sorrindo com o som das palavras. – É como se a minha mãe estivesse dizendo que eu estou bonita em uma roupa. Para ela eu vou estar bonita de qualquer jeito, então não conta. Com você é a mesma coisa.

– Então não importa do que eu te chame, ainda não vai contar?

– Basicamente, é isso – eu digo, sendo obrigada a me sentar outra vez quando ele estaciona o carro. Naruto olha para trás, ajeitando o braço no descanso do banco, o sorriso brincalhão nos lábios.

– Então eu posso te dizer que você é muito chata de vez em quando? – ele diz. – E posso dizer o quão irritante é essa mania de estalar os dedos? E que você é muito orgulhosa? Além de ser curiosa pra cacete? E...

– Espera, para aí – o interrompo, um sorriso também brincando nos meus lábios -, eu estava dizendo que elogios não contavam.

– Eu ia começar a falar sobre eles, mas você também é muito apressada. – ele responde, rindo.

Então seus olhos se fixam nos meus. Seu sorriso continua ali, mas não é o mesmo sorriso que antes, brincalhão. É um sorriso mais sério, um sorriso apenas de felicidade.

– Você é a mulher mais linda e divertida que eu já conheci. Quando estou longe de você, a única coisa em que consigo pensar é em quando nos veremos outra vez. Mesmo sendo irritante, eu adoro quando você estala os dedos, porque é quando eu consigo descobrir o que você está sentindo. Adoro a sua curiosidade, e a sua chatice, e o seu orgulho, e tudo mais que é seu só por ser seu. Você é inteligente, leal e melhor do que tudo, completamente minha.

Ele tenta me surpreender com um beijo, mas eu o impeço no meio do caminho e ele faz uma careta.

– Você me prometeu um enorme banheiro de uma loja de beira de estrada para escovar os dentes, lembra? – eu digo, o obrigando a sorrir. Ele sai do carro com uma bolsa que estava no banco do carona e abre a porta para mim, me ajudando a sair.

– Precisa de ajuda ou eu posso te esperar aqui? – ele pergunta, cavalheiro.

– Acho que eu aguento passar alguns minutos longe de você – respondo enquanto já estou a meio caminho do lugar, me perguntando se minhas palavras foram uma ironia ou uma mentira.

Entro no banheiro – que era realmente enorme – e abro a bolsa que Naruto me entregou, encontrando ali minha escova de dente e pasta, além de muitas roupas minhas e dele. Até mesmo roupas íntimas.

Não faço ideia de onde ele possa estar me levando para precisar carregar tantas roupas, tanto minhas como deles. Mexo nas roupas, me perguntando para onde podemos estar indo, mas aqui tem de tudo entre biquínis até cachecóis, o que não faz o menor sentido.

Deixo as ideias no ar e suspiro, escovando os dentes e trocando de roupa. Coloco um vestido azul claro e sapatilhas. Lavo o rosto e penteio o cabelo. Não exatamente nessa ordem.

Quando saio, Naruto está apoiado na porta do motorista de seu carro. Perco alguns minutos o observando. Um sorriso brota de minha boca, percebendo outra vez o quanto Naruto é perfeito.

Ele usa bermudas de praia laranja e mantém uma das mãos guardada no bolso, enquanto a outra segura um celular perto de seu rosto, mas ele não parece estar realmente prestando muita atenção nele. A camisa fina deixa seus músculos praticamente à mostra e ele parece alheio ao fato de que a vida continua mesmo fora de seus pensamentos.

– Vamos? – pergunto, contornando o carro e entrando no lugar do carona. Assim que entro, ele também fecha sua porta.

– Acho que se eu disser que você está linda, não vai contar – ele ironiza, ligando e dando a partida no carro. – Então eu não vou dizer nada.

– Não vai contar, mas se você quiser dizer mesmo assim, eu não vou reclamar.

– Você está passando tempo demais comigo. – ele responde, rindo. – Esse é exatamente o tipo de coisa que eu diria.

– Espero que a convivência com você não tenha nenhum efeito colateral.

– Infelizmente, tem sim. – Olho para ele, tentando gravar na memoria a curva perfeita que seus lábios fazem quando ele sorri. – Pesquisas indicam que cem por cento das garotas que passam tempo demais comigo acabam se apaixonando.

– Serio? – pergunto, sorrindo. – Você testou essa teoria em quantas garotas?

– Você é minha primeira e mais bem-sucedida cobaia – ele não tira os olhos da estrada vazia enquanto fala. O sorriso se alarga. – Passamos pouco mais de sete dias juntos e você já está apaixonada por mim.

– Não fale como se você também não estivesse louco por mim – respondo.

Ele gira o volante, entrando em um pedaço da estrada que não é asfaltado. Observo a grande casa vermelha no meio do nada que está bem à nossa frente. Enorme casa que passa completamente despercebida quando se está na estrada. Ela é grande, com pelo menos três andares. Uma horta está escondida na parte de trás, e uma cadeira de balanço está colocada ao lado de uma rede na entrada da casa.

– Sim – Naruto fala, apoiando o cotovelo no meu banco e se virando para mim. Seus olhos sérios. – Eu estou completa, louca e perdidamente apaixonado por você, em todos os sentidos possíveis, desde a primeira vez que te vi chegando naquele aeroporto toda vestida de madame e sem saber o que fazer. Mas sabe qual é a melhor parte disso? Pelo menos eu admito.

– Eu achei que você soubesse exatamente o que eu sinto por você – respondo, torcendo o nariz.

– Sempre é bom ouvir – ele diz, sorrindo.

– Você não ouve porque é impossível colocar sensações em palavras – respondo, fixando meus olhos nos dele. – É impossível achar uma palavra para dizer o que eu sinto quando você olha para mim, é impossível definir em palavras todas as vezes que eu sorrio só de pensar em você. É completamente impossível colocar em palavras como o meu coração dispara a cada palavra linda que você me diz. Se eu não estivesse apaixonada, o que estaria fazendo aqui?

Ele sorri e se aproxima de mim, sua boca me atraindo como se fosse feita para estar junto com a minha. Assim que fecho os olhos, sou obrigada a abri-los outra vez por causa de alguém que nos interrompe, dando batidas no vidro do motorista, nos chamando.

Vejo pelo vidro uma garota com óculos e cabelos vermelhos sorrindo e acenando para nós, parecendo muito feliz por ter conseguido chegar no momento certo para nos interromper.

– Finalmente veio nos visitar! – ela fala, puxando Naruto para fora do carro e o abraçando com uma animação falsa. – E trouxe visita... Quem é ela? Sua nova namorada? Outra?

– Estão todos em casa? – Naruto pergunta, ignorando a pergunta da garota e a empurrando sem a menor cerimonia , para logo depois contornar o carro e abrir a porta para mim.

– Sim, por quê? Veio fazer algum anuncio? Precisa de atenção? Ela não dá conta? – ela responde, me encarando. Tenho a nítida impressão que ela não foi muito com a minha cara.

– Sakura, venha comigo – Naruto fala, ignorando a garota como se ela nem estivesse ali e segurando a minha mão. Ele me conduz por todo o enorme jardim poeirento do lugar, até parar em frente à porta. Fixa os olhos nos meus, sério. Sorri. – Aqui tem pessoas que eu quero muito que você conheça.

Ele gira a maçaneta e no mesmo instante o cheiro de comida caseira enche as minhas narinas. Olho em volta, percebendo o quão simples e aconchegante é o lugar, com paredes claras e mesas com panos bordados. Parecendo o lugar perfeito para se passar o resto da vida.

– NARUTO! – alguém berra, se jogando em cima do loiro, que apenas tem tempo de esticar os braços e por pouco não cai para trás. Tudo o que eu vejo é uma cabeleira ruiva em cima dele, o sufocando. – Você poderia ligar de vez em quando, sabia? No meio do nada existe telefone. Mandar uma carta? Mensagem no Facebook? Sinal de fumaça? Por que não fala conosco, somos sua família, não somos?

– Oxigênio... Ar... – Naruto balbucia, e na mesma hora a mulher o solta.

– Desculpe. MINATO, BAA-CHAN, O NARUTO ESTÁ AQUI! – ela berra na direção de onde vem o cheiro de comida. Ela me olha de cima a baixo, com uma expressão enigmática, e logo depois assente, como se concordasse com algo. – Desculpe por não ter te dado as boas-vindas quando chegou, mas você não tem ideia de quanto tempo faz desde a última vez que meu filho sumido veio nos visitar.

Espera... Ele realmente me trouxe para conhecer sua família?

– Haruno Sakura, muito prazer – me apresso em dizer, lhe oferecendo uma mão. Um sorriso genuíno brota em meus lábios ao perceber que finalmente consegui usar meu nome de solteira. Olho para Naruto, que apenas coça a nuca, um sorriso bobo nos lábios.

– Uzumaki Kushina – ela responde, apertando a minha mão e me puxando para um abraço apertado. – Vocês chegaram em uma boa hora, Minato fez bolinhos de arroz!

Ela caminha pela casa, puxando a mim e a Naruto. Quadros nas paredes mostram fotos de muitas pessoas de cabelo ruivo, todas juntas e felizes. Naruto e outro loiro se destacavam nas fotos, sendo os únicos com cabelos loiros. Fotos de família?

Chegamos à sala de jantar, onde todos estão sentados ao redor da mesa, cada um prestando atenção no próprio prato enquanto conversa com a pessoa ao seu lado e com a pessoa que está do outro lado da mesa mostrando que distância não é um problema aqui.

– Pessoal, acho que já perceberam... – Kushina começa, mas ninguém lhe dá atenção, cada um continuando sua própria atividade. – Gente, olá, um minutinho... – mais uma vez, todos a ignoram. Ele suspira e balança a cabeça. – QUEREM CALAR A BOCA?!

Todos ficam em silêncio ao mesmo tempo, encarando Kushina, assustados. Reconheço alguns dos rostos dos quadros nas paredes. Apenas não reconheço um garoto moreno que me parece bastante familiar, mas não sei de onde. Acho que ele também me achou familiar. Enquanto todos olham Kushina, ele olha diretamente para mim. Desvio os olhos, tirando essa ideia da cabeça.

– Certo, um pouco de silencio, finalmente! – a ruiva diz, sorrindo. – Bem, como devem ter percebido, finalmente meu bebê veio nos visitar, e ele trouxe uma visita – ela fala a palavra com uma entoação interessante. – Não quero comentários sobre isso até que ele explique o que está acontecendo entre eles, mas até lá, ela é provisoriamente minha cunhada!

Kushina coloca as mãos nos meus ombros e me conduz até uma das cadeiras. Me sento entre o moreno que parece familiar e o loiro que eu reconheço de um dos quadros.

– Namikaze Minato – o loiro se apresenta, me oferecendo uma mão e um sorriso amistoso.

– Haruno Sakura – respondo, apertando sua mão.

– Me desculpe por minha esposa – ele diz. Ele é o pai do Naruto? – Ela não é muito boa com pronomes de tratamento... – ele se vira para a mulher. – Kushina, ela é nossa nora.

– Ah, vocês entenderam! – Kushina fala, abanando as mãos para todos enquanto conduz Naruto pela mesa, o obrigando a abraçar cada um dos presentes. – Gente, corrigindo, aquela é Haruno Sakura, minha nora!

Penso em contestar, mas o sorriso de Kushina me faz mudar de ideia. Olho para minha comida e depois para cada uma das pessoas na mesa. A garota que não parecia gostar de mim estava sentada longe, com um olhar estranho nos olhos. Prefiro ignorá-la. Pelo menos por enquanto.

Um homem de mais idade estava sentado ao lado dela. Ele tinha cabelos brancos e longos e uma verruga no rosto, além de um sorriso que não saía de sua face mesmo quando apanhava da senhora com seios avantajados que estava sentada ao seu lado, com uma postura imponente.

Um garoto ruivo não muito interessante estava sentado ao lado do moreno que estava ao meu lado. O moreno comia sua comida calmamente, mas eu não conseguia tirar de minha cabeça a sensação que já o tinha visto em algum lugar. Que tinha o visto, não. Não era como alguém que eu vi por acaso em algum lugar, era como se eu o conhecesse.

– Me desculpe – eu peço, chamando sua atenção. Ele vira os olhos ônix incrivelmente familiares para mim. – Mas já nos conhecemos de algum lugar?

– Talvez, em um lugar distante, há muito tempo atrás. Mas faz muito tempo, então é justo que você não se lembre de mim. – ele responde, sorrindo. Me estende uma mão. – Sou Uchiha Itachi, e é um prazer te rever, cunhadinha.


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Notas finais do capítulo

falaê cunhada!
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