Caliente escrita por shussan


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

crazy crazy crazy till we see the sun!



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– O que está fazendo aqui, Naruto?! – quase berro de susto, puxando o lençol para me cobrir ao máximo.

– Fale baixo, vai acordar os outros! – ele me censura.

Respiro fundo, tentando digerir tudo o que está acontecendo. Certo, eu estou deitada na cama de pijama enquanto Naruto mexe na própria mochila que está apoiada na poltrona do meu quarto. Olho pela janela, percebendo que está escuro demais para ser dia.

O que diabos está acontecendo aqui?

– Como entrou aqui? – pergunto, coçando os olhos de cansaço. – O que está fazendo no meu quarto no meio da madrugada?

– Eu não consegui dormir – ele responde, tirando algumas coisas da mochila, como se fosse a coisa mais normal do mundo -, então achei que poderia vir aqui te visitar.

– Naruto, são duas e meia da manhã. Não poderia esperar até amanhã pelo menos?

– Oficialmente, depois da meia-noite já é amanhã.

– Você me entendeu.

Ele joga um pano em minha direção.

– Vamos, vamos, não temos muito tempo! – ele olha no relógio e continua a tirar coisas de sua mochila. Olha para mim e aponta o pano jogado na minha frente na cama. – Você não vai vestir?

Só então percebo que o tal pano se trata de um vestido.

– Hm, posso saber para onde vamos? – pergunto, me levantando e pegando o vestido.

– Não, não pode – ele responde.

Suspiro.

– O que te faz pensar que eu sairia com você às três da manhã sem saber para onde vou? – pergunto. Ele ri.

– O que me faria pensar o contrário? Você já está de pé, não está?

Touchè.

Vou até o banheiro e observo o vestido durante alguns segundos antes de vesti-lo. Não muito curto, mas também não muito comprido. Não ficou muito justo e nem muito largo. Era branco e bordado com detalhes de flores rosa. Sakuras.

– Eu não acredito em como ainda consigo me surpreender com a sua beleza – ele responde assim que eu saio.

– E eu não acredito em como você consegue me fazer sorrir por nada – eu digo, fazendo seu sorriso se alargar.

– Ah, mas você não está sorrindo por nada – ele se aproxima de mim e coloca um chapéu na minha cabeça. – Está sorrindo porque deve saber o que está por vir.

– Na verdade eu não sei – digo, segurando as pontas do chapéu. – Por que você não me diz?

Ele se abaixa e fixa seus olhos nos meus enquanto beija minha mão.

– Me concede a honra de um passeio, senhorita?

– Mesmo em saber para onde vou?

– Evidente.

– Com o maior prazer. – respondo, e ele me conduz para a saída.

–----

Eu não faço a mínima ideia sobre a quem pertence esse maravilhoso conversível, mas quer saber? Não dou a mínima.

Naruto dirige quase deitado no banco, o braço apoiado na janela e usa um óculos de sol inútil na escuridão da noite. Eu coloquei meu mais novo chapéu no painel do carro, com medo que ele vá embora com o vento, que faz meu cabelo voar de um lado para o outro.

A paisagem muda a cada cinco minutos, e Naruto faz questão de manter em segredo para onde estamos indo. A estrada está completamente deserta, a cidade já tinha se perdido de vista muitos quilômetros atrás, e a única coisa visível ao redor são algumas montanhas e vales, mas ainda assim – que eu saiba – não subimos em lugar algum.

– O que você sabe sobre Gaara? – pergunto, tentando puxar assunto.

– Não muito – ele responde. – Na verdade, duvido que alguém tenha muito do que falar sobre aquele cara. – ele ri.

– Pensei que aquela casa fosse dele. – era a única resposta para o fato de haver tantas festas naquele lugar.

– Sim, é. Mas eu não sei muito bem de onde saiu o dinheiro para compra-la.

– A família Sabaku não é uma grande exportadora de comida de cachorro ou alguma coisa do tipo? Não sei... Areia de gato, talvez? Hm...

Ele riu.

– Sim, alguma coisa desse tipo. Mas Gaara faz questão de manter o máximo de distancia da família, só mantem contato com Temari (quem ficaria longe de uma irmã grávida?) e não fala muito do próprio passado, por isso eu não tenho muito do que falar sobre ele.

Tinha alguma coisa muito estranha nessa história. O que tinha acontecido de errado no passado dele para que ele o queira manter em segredo? E de onde saiu o dinheiro para comprar aquela casa? Ele era um traficante? Ladrão? Garoto de programa?

– Você quer mesmo falar sobre o Gaara? – Naruto pergunta com ironia enquanto para o carro. – Logo agora que nós chegamos?

Só então me dou conta que estamos em um lugar completamente diferente. As montanhas e vales ficaram para trás e como que por um passe de magica estávamos em frente a uma praia. A areia dourada parecia brilhar iluminada à luz da lua, e o mar ia e vinha em um ritmo calmo, a água banhando a areia preguiçosamente como se não estivesse nem um pouco afim de acordar amanhã. Ou hoje, tanto faz.

– Esse lugar é tão... – começo a dizer, mas não sei como completar a frase. Nenhuma palavra parece ser suficiente para descrever esse lugar. Me limito a suspirar.

– Você ainda não viu nada – ele responde, segurando a minha mão e me conduzindo até a areia. Meus sapatos ficam cheios de pequenos grãos que incomodam meus pés, mas nem eles conseguem estragar o momento.

Naruto para em um ponto entre a rua e a água e estende uma toalha vermelha que trouxe do carro. Se senta e faz sinal para que eu o imite, e é o que faço. Ele tira da mochila alguns pães e potes de geleia, copos e uma garrafa de suco, um pote com bolo e alguns sanduíches embalados separadamente. Não consigo imaginá-lo fazendo tudo aquilo.

– Posso saber que dia é hoje? – pergunto, pegando os potes de geleia.

– O quê? – ele diz, rindo.

– Geleia de morango e uva – as coloco de volta onde estavam. – Isso só pode ser uma ocasião especial.

– Cada minuto perto de você é especial – ele responde. – E eu não sabia de qual você gostava mais, então preferi não arriscar e trouxe as duas.

– Quando você planejou tudo isso? – não consigo acreditar que ele teve essa ideia sozinho. É coisa demais, e ele cuidou dos mínimos detalhes. E está tudo completamente perfeito. – E só para finalizar, eu prefiro a de morango.

– Ah, faz parte dos detalhes no meu plano de vida – ele tira uma faca da mochila, parte um pedaço de bolo e o estende para mim. – Se o parque de diversões não der certo, um piquenique na praia à luz do luar não pode falhar.

– Bolo de chocolate é covardia.

– Você ainda não viu a melhor parte.

Ele abre a mochila outra vez e tira de lá uma pequena caixa de som.

– Música de fundo? – pergunto.

– Não, a música do baile.

Ele aperta alguns botões e o som começa a sair da caixinha, primeiro como um sussurro, mas logo enche todo o lugar ao redor, sendo interrompido apenas pelo som baixo das ondas indo e vindo, indo e vindo. You are my Sunshine.

Naruto se levanta e faz uma mesura, me oferecendo sua mão para me ajudar a levantar. Sua bermuda azul com desenhos de golfinhos e a camisa branca colada ao corpo me faziam querer rir, mas tudo o que eu fiz foi aceitar sua mão e me levantar.

– A senhorita me daria a honra de dividir uma dança comigo? – ele pergunta, um sorriso brincando em seus lábios.

– A honra seria toda minha, caro senhor – respondo.

Nos aproximamos lentamente, como se aquele momento fosse sagrado demais para se ter pressa. Ele coloca suas mãos em minha cintura e eu pouso as minhas em seus ombros. Em nenhum momento ele desviou seus olhos dos meus. A cada vez que eu respirava, seu cheiro me enchia por completo.

– Por que está fazendo tudo isso? – pergunto.

– Porque você faz parte disso – ele responde. Me puxa pela cintura, juntando nossos corpos. Encosta sua testa na minha. – Não existe nós sem você.

– Como você pode fazer tudo isso para uma pessoa que nem conhece?

– Eu te conheço muito melhor do que você – ele diz, seus dedos fazendo círculos lentos na altura da minha cintura. – Eu sei o quanto você se sente sozinha quando deita na cama de noite, sei que você estala os dedos quando está nervosa e que detesta trair seus amigos, em qualquer sentido.

Perco o folego a cada palavra que ele diz, como se ele estivesse sugando o ar de meus pulmões.

– Eu sei que você odeia dizer adeus e que nunca esquece uma data especial. Sei que gosta de músicas lentas e que gosta da palavra algodão-doce. – ele sorri, roçando o nariz no meu. – Sei que gosta quando as pessoas gostam de você e é capaz de quase tudo para não mudar essa opinião. Você gosta de geleia de morango e pensa três vezes antes de fazer uma coisa que pode resultar em algo ruim.

– Como você pode saber tudo isso sobre mim? Nos conhecemos tem menos de três dias.

– Eu sei de tudo isso porque nós nos conhecemos há muito mais tempo. A sua vida inteira você esteve em algum lugar no mundo, esperando que eu a encontrasse. Mas a minha vida inteira você esteve bem aqui – ele segura a minha mão e a aperta contra o lado esquerdo de seu peito -, pronta para mim.

– Como você consegue sempre encontrar a coisa certa para falar?

– Estive treinando a minha vida toda para o momento que nos encontraríamos – ele responde, sorrindo.

Penso em algo para falar, mas a minha mente está completamente inebriada. Penso em como as ondas fazem um som melodioso ao mesmo tempo em que a música nos leva de um lado para o outro sem que saiamos do lugar. Olho nos olhos de Naruto e me perco naquela imensidão azul.

You are my Sunshine, my only Sunshine – ele canta em dueto com a música original, tirando uma mão da minha cintura por um segundo e a colocando no próprio bolso. – You make me happy when the skyes are gray.

Ele tira a outra mão da minha cintura e as coloca ao redor do meu pescoço, onde coloca um colar dourado.

You’ll never know, dear, how much I love you. – ele continua, encaixando suas mãos outra vez na minha cintura. – Please don’t take my Sunshine away.

A música termina, mas continuamos como antes, dando um passo para a direita e outro para a esquerda. Tiro uma mão do ombro dele e toco com os dedos o novo cordão em meu pescoço, mas tudo que consigo perceber é que são letras.

– O que está escrito? – pergunto.

Sunshine, para você nunca mais esquecer essa noite.

Pouso a mão outra vez em seu ombro e sorrio.

– Sabe o que poderia me ajudar a nunca mais esquecer essa noite? – pergunto.

Ele sorri e olha para a minha boca.

– Não faço ideia. O que seria?

Olho para a boca dele e ele me puxa ainda mais para perto, colando nossos corpos. O abraço mais apertado, acabando com a distância que ainda restava entre nós. Olho para a boca dele, levemente aberta. Sua respiração parecia se misturar com a minha, como se fossemos um só.

Fecho os olhos enquanto seus lábios finalmente encontram os meus.


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Notas finais do capítulo

me amem
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