Sonhos de Uma Outra Vida 2 escrita por Luhni


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

"Coelhinho da Páscoa o que trazes pra mim? Um capítulo de SUOV fresquinho assim..." XD kkkk ok, ignorem isso!
Olá pessoal! ^^
Era pra eu ter postado ontem o capítulo, mas infelizmente não deu, esse é um presente de Páscoa, está atrasado, mas o que vale é a intenção, espero que gostem!
Obrigada a todos os reviews e em especial para a gaabriela e para Himawari Uzumaki Hyuuga 31 que recomendaram a fic, eu fiquei nas nuvens com o que vocês disseram e fico super contente em saber que gostam tanto da história que criei,mesmo eu demorando para postar ç.ç, por isso esse capítulo é dedicado a vocês, flores!! ^^
Boa Leitura!



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Não demorou muito e logo as aulas no colégio começaram mais uma vez, Daisuke todo dia a perturbava, jogando na sua cara que ainda estava de férias enquanto ela tinha que ir estudar, mas não ligava, mesmo que tivesse muita matéria e que as provas fossem difíceis, gostava de estudar e de passar um tempo com os amigos, além do mais Daisuke havia sido obrigado a apanhá-la na escola todos os dias pelos pais e só de ver a carranca do irmão por causa disso já era uma forma de vingança. Quem disse que Uchiha Sasuke iria deixar o mais velho sem fazer nada o dia todo? Porém, ela não esperava que logo na primeira semana Hana fosse aparecer com o uniforme das líderes de torcida, convocando todas as meninas que quisessem se tornar membros a participar das audições, e nem que seu nome já estivesse na lista de candidatas, mesmo contra a sua vontade.

– Hana eu já disse que não vou participar disso! – exclamou mais uma vez a loira, sentada em uma cadeira posicionada no meio na quadra para as audições.

– E eu já disse que isso é só um plano reserva! Você é minha amiga, Saori! – rebateu chorosa – Poxa, se eu não conseguir ninguém que seja boa o bastante hoje, você poderia nos ajudar...

Saori travou o maxilar se perguntando se Hideo brigaria consigo se, por acaso, ela batesse na irmã dele, porque sabia que aquilo era um plano da Uzumaki, estava mais do que óbvio. Virou-se para Akane que estava ao seu lado um pouco nervosa com a situação e suspirou, não tinha jeito por enquanto, mas faria questão que houvesse alguém para ficar no “seu” lugar.

– Certo, então vou participar das audições e te ajudar a decidir quem entrará no grupo – disse com um sorriso forçado no rosto e Hana começou a pular de alegria ao pensar que havia convencido a Uchiha.

– Ótimo! Então vamos começar! – disse ao apontar para um lugar ao seu lado para Saori sentar.

Aquelas audições não poderiam ter sido piores. A cada garota que aparecia tinha certeza que elas nem ao menos sabiam o que estavam fazendo, porém queriam uma chance de melhorar sua popularidade e aquele parecia ser o caminho mais fácil e, por um momento, ficou com pena de Hana por ter que escolher alguém entre elas para formar seu time. Mas sua compaixão logo se findou ao lembrar que se ninguém fosse escolhida, ela teria que ficar no grupo. Saori não sabia muita coisa sobre o que as líderes de torcida faziam e, provavelmente, se fosse fazer o teste seria tão ruim quanto às meninas a sua frente, mas ela teria que passar vergonha na frente de outras pessoas se nada a salvasse e isso foi o bastante para começar a selecionar as menos piores ou as que sabiam dar piruetas ou algo do tipo.

Quando terminou, despediu-se das amigas, mesmo com as reclamações de Hana, e foi em direção à saída do colégio para esperar Daisuke vir buscá-la, porém surpreendeu-se ao ver outra pessoa escorada no portão a sua espera, porque ela sabia que ele estava ali por sua causa e ela agradecia por facilitar as coisas.

–*-

Estava animado ao pensar na cara de surpresa da namorada ao vê-lo ali, fazia tempo que não passavam um tempo juntos e, por causa disso, pediu a Daisuke para vir no lugar dele buscar Saori no colégio. Estava com saudades dela e logo ele iria começar a faculdade e o tempo dele iria diminuir ainda mais, então era melhor aproveitar. Sorriu com o pensamento, mas logo desmanchou o sorriso e fechou a cara ao ver Saori mais a frente indo em direção a outro homem que ele não identificou quem era.

Parou o carro do outro lado da rua, observando a cena que se desenrolava na sua frente. O homem tinha cabelos negros, compridos, amarrados em um rabo de cavalo frouxo, usava um terno caro e parecia ser mais velho também, na verdade ele tinha idade para ser seu pai, então como Saori poderia conhecê-lo? A namorada parecia ansiosa em falar com o homem e este parecia sorrir com aquilo. Saori começou a falar alguma coisa e notou quando ela ruborizou, o desconhecido tocou os cabelos dela em um afago e a menina ficou ainda mais desconsertada. Apertou as mãos no volante e saiu do carro, batendo a porta e seguiu em direção a namorada que não percebeu sua aproximação.

– Saori – chamou a morena que se virou um pouco assustada, afastando-se do estranho.

– H-Hideo? O que faz aqui? – indagou olhando de soslaio para o moreno que cruzou os braços parecendo desinteressado.

– Vim fazer uma surpresa e te buscar no lugar do Daisuke – falou encarando o moreno – Não vai fazer as apresentações?

– Bom...

– Não é necessário, eu já estou de saída e já fiz o que tinha que fazer – o moreno disse com um sorriso debochado e Hideo franziu o cenho – Nos vemos depois, Saori – despediu-se com um aceno e a menina apenas aquiesceu enquanto via o homem entrar em um carro para em seguida se virar para o loiro.

– Então quem era? – questionou e Saori suspirou. Não imaginava que o namorado fosse a encontrar com Itachi logo agora, não que fosse segredo o que estava fazendo, mas o mais velho havia pedido discrição sobre o assunto e ela e Daisuke haviam feito um acordo.

– Apenas um conhecido do meu pai. – e deu de ombros, mas o Uzumaki não ficou satisfeito.

– E porque ele veio até aqui? Porque ele estava te tocando? Pareciam íntimos – disse em tom de acusação e Saori estreitou os olhos.

– O que está insinuando?

– Nada, vamos de uma vez – desconversou ao se virar para ir em direção ao carro. Saori sentiu o sangue ferver ao vê-lo lhe ignorar, mas seguiu o loiro e bateu a porta do carro com força.

Durante o percurso até a casa de Saori os dois foram em silêncio, o clima estava pesado e nenhum dos dois queria dar o braço a torcer, no final eram dois teimosos. A Uchiha suspirou ao ver que em partes a culpa era dela, havia dito que era para eles serem sinceros e lá estava ela escondendo algo dele, porém ele também não tinha que ficar imaginando coisas erradas, afinal nunca deu motivo para isso, suspirou novamente, ele não percebia que ela só tinha olhos para ele?

– Não vai sair? Está entregue – ele murmurou sem encará-la, estava claramente chateado com ela.

– Você não quer ficar um pouco? Otou-san e oka-san ainda estão trabalhando... podemos conversar... – falou incerta, mas Saori queria que tudo ficasse bem entre eles, principalmente depois da conversa que teve com as amigas.

Hideo pensou em negar, mas a menina lhe observava com tanta expectativa que não pôde negar, afinal ele também não queria perder tempo com brigas bobas. Saori sorriu ao vê-lo desligar o carro e saíram juntos.

– Tadaima! – Saori disse ao chegar em casa e colocar a mochila no sofá.

– Okaeri – Chiyo respondeu com um sorriso – Hideo-kun que bom que veio também! – cumprimentou a senhora e o loiro sorriu – Vou colocar mais um prato na mesa – informou ao sair em direção a cozinha.

– Chiyo-baa, onde está o Daisuke? – Saori indagou enquanto via o namorado sentar no sofá.

– Ele foi resolver alguma coisa da faculdade com a Sasame-chan – a idosa respondeu da cozinha.

– Você sabia disso? – Saori perguntou a Hideo que deu de ombros, aquilo também era novidade para ele.

Suspirou ao ver que ele estava a ignorando, ou pior, estava a tratando da mesma forma quando ele não lhe contara sobre o seu trabalho na empresa do pai, por causa disso sentou-se ao lado dele decidida a ser franca e acabar com aquele clima chato entre os dois.

– Aquele cara que você viu a pouco comigo... – começou a falar e automaticamente atraiu a atenção de Hideo - ... ele não é só um mero conhecido do meu pai, ele é...

– O almoço está na mesa! – Chiyo interrompeu a menina que agradeceu nervosamente e levantou-se para comer, mas foi impedida ao sentir Hideo segurar sua mão.

– Termine primeiro Saori – pediu sério e ela negou ao ver que a velha senhora ainda esperava os dois irem almoçar.

– Conversamos depois do almoço, sozinhos – disse e a contragosto Hideo a seguiu.

O almoço também foi em silêncio e até Chiyo estranhou, todas as vezes que Hideo ia almoçar lá sempre ouvia os dois discutindo ou brincando, mas decidiu não se intrometer, já que Saori parecia querer passar para ela que estava tudo bem.

– Menina Saori – chamou a governanta ao ver a morena deixar o prato na pia e começar a lavar, ela não aprendia que não precisava fazer essas coisas – Eu vou precisar sair um minuto para resolver alguns problemas com meu filho, eu ia pedir para a Sakura-sama, mas como ela está de plantão hoje...

– Sem problemas, pode ir tranquila – disse com um sorriso e a idosa franziu o cenho ao olhar em direção a Hideo que continuava taciturno – Está tudo bem mesmo, pode ir tranquila – afirmou.

– Tudo bem, mas qualquer coisa me ligue ou peça para May e se for sair peça para que Izumo a leve – começou a fazer recomendações e a morena revirou os olhos, não iria incomodar o motorista ou a empregada quando não era necessário.

– Hai – disse apenas para acalmar a velha senhora e despediu-se dela.

Em seguida foi para sala onde Hideo parecia mudar de canal a todo o momento, inquieto. Ele era curioso e deixá-lo na expectativa era o mesmo que matá-lo aos poucos, ainda mais quando era algo que envolvia a namorada.

– Já podemos conversar? – perguntou ao vê-la sentar ao seu lado.

– Hai.

– Então, você estava falando daquele cara, que ele não era apenas um conhecido... quem é então? – retomou a conversa e Saori aquiesceu.

– Aquele cara é meu tio – disse de uma vez e o loiro arqueou as sobrancelhas, surpreso.

– Como? Não sabia que o Sasuke-san tinha um irmão, Daisuke nunca me disse ou meu pai. – afirmou.

– Isso porque nem eu e nem Daisuke sabíamos da existência dele – disse e começou a contar tudo o que havia acontecido, como conhecera Itachi e sobre a história que ele contara da família de seu pai - ...e foi isso o que aconteceu.

– Você se arriscou ao confrontá-lo – repreendeu-a – E se ele não fosse uma boa pessoa? – e Saori revirou os olhos com a bronca.

– Eu sei, Daisuke já me deu o sermão sobre isso, não precisa repetir – retrucou e Hideo franziu o cenho, sua namorada era tão teimosa, será que ela não entendia a gravidade daquilo? Porém, logo sua mente se atinou para outra coisa.

– Você aceitou a proposta dele? – indagou digerindo a história contada.

– Sim, eu conversei com Daisuke e decidimos conhecer nossos avós, mas sem o otou-san saber.

– E eu?

– Nani? – indagou sem entender o que Hideo queria dizer.

– Você pretendia me contar sobre isso tudo? Ou se eu não tivesse descoberto você também manteria segredo de mim? – falou frustrado ao bagunçar o cabelo.

– Eu... – mas ela nem pôde responder, pois Hideo voltou a falar, interrompendo-a.

– Depois daquela conversa sobre confiança pensei que as coisas ficariam bem e você acaba fazendo isso, eu não sei se...

– Quer me ouvir? – e foi a vez dela cortar o rapaz, irritada e este apenas a encarou – Eu queria contar, mas Daisuke disse que seria melhor esperarmos e como ele não contaria agora para Sasame o que estava acontecendo, achei justo fazer o mesmo com você. Queríamos, primeiro, saber se podíamos confiar em Itachi.

– E você acha que pode?

– Não sei... – observou o loiro suspirar e aproximou-se dele, segurando sua mão.

– Gomen, eu não queria esconder isso de você. – desculpou-se e o loiro puxou-a de encontro a si, abraçando-a.

– Eu também fui precipitado e descontei em você, mas é que... – intensificou o aperto “você nunca se abre comigo totalmente e eu não sei o que pensar!” teve vontade de dizer, porém ao invés disso apenas disse - ...apenas me prometa que não esconderá as coisas de mim.

– Hai... – murmurou com a consciência pesada ao lembrar-se do cordão – Não vou esconder nada importante de você – enfatizou e disse a si mesma que se tivesse mais alguma prova de que era mesmo Hikari quem havia lhe devolvido o colar, falaria para Hideo.

– Então, vamos apenas esquecer isso e aproveitar para fazemos algo divertido, certo? – indagou sem notar o sentido das palavras da morena que sorriu, concordando com a ideia e um pouco nervosa já que estavam praticamente sós na casa.

–*-

Tinha que admitir que não era bem esse tipo de diversão que esperava do namorado, ficarem sentados um ao lado do outro no sofá, vendo um filme qualquer na televisão. E o pior era que Hideo realmente estava entretido com o filme e nem sequer lhe direcionava um olhar. Qual era o problema dele? Ou melhor qual era o problema dela? Não era para ela ficar se incomodando com isso, mas não conseguia se concentrar no filme e a conversa com as amigas, as atitudes dele consigo não saiam da sua cabeça. Ele não a desejava? Ele tinha mais alguém? Já estava farta de pensar que o problema fosse ela, já estava farta de ficar pensando nessas coisas, pois tudo estava bem entre eles, não é? Suspirou e cruzou os braços, irritada com esses pensamentos bobos.

– Não está gostando do filme? – Hideo indagou ao ver o jeito da namorada e Saori suspirou de novo – Podemos trocar de filme se quiser – mais uma vez ela permaneceu calada – Saori, eu pensei que tivéssemos nos resolvido – comentou sem saber o que fazer.

– Você não gosta de mim? – ela soltou de repente para a surpresa do rapaz. Estava cansada de sentir assim e se ele queria sinceridade, ele teria.

– Nani? Que pergunta é essa? – ele desviou o olhar para o chão, um pouco constrangido.

– Porque você não tenta nada comigo? Estamos sozinhos e você nem olha pra mim! Você não sente desejo por mim? – indagou um pouco angustiada e frustrada e Hideo apenas arregalou os olhos antes de começar a rir.

– Por Kami, eu acho que eu tenho a namorada mais estranha de todas! – murmurou antes de voltar rir, não conseguia acreditar no que ouvia.

– Oe, não ria Hideo! – Saori mandou com o rosto em chamas e começou a bater no braço do loiro.

Não era para ele rir de si, falava sério! Estava preocupada com aquilo e quando, finalmente, havia conseguido reunir coragem para ser sincera e falar sobre seus medos ele desdenhava. Hideo ao perceber que a menina falava sério e que seria espancado se não fizesse nada, segurou seus punhos.

– Baka! – falou com um sorriso e balançou a cabeça – Porque você sempre entende tudo errado?

– Nani? – indagou confusa e Hideo suspirou antes de dizer:

– Saori, eu sou louco por você – disse um pouco envergonhado, ela não percebia o quanto aquela situação era inédita para ele. Falar sobre seus sentimentos com outra pessoa era algo que não estava acostumado, mas parecia que era o único jeito dela lhe entender – Toda vez que estamos juntos eu tenho que me segurar para não te beijar na frente de todos. – a trouxe para mais perto de si, abraçando sua cintura fortemente – Toda vez que eu tenho um momento a sós eu tenho que me concentrar em qualquer outra coisa para não tentar nada com você – sussurrou no ouvido dela que se arrepiou – Acredite quando eu digo que te desejo mais que tudo.

– Então... – estava confusa, afinal se ele a queria, porque não demonstrava?

– Mas eu não quero ser egoísta – e ao ver que ela ainda não compreendia continuou – Pela primeira vez eu não quero pensar somente em mim, no que eu quero. – disse acariciando o rosto delicado – Eu sei que você nunca namorou e sei que você nunca se relacionou com ninguém...

– B-Baka como sabe disso? – murmurou corada, tentando se livrar do agarre do garoto, em vão.

– Porque você teria arrancado a mão dele – e em seguida voltou a sussurrar no ouvido da garota – e se eu soubesse ele não teria que se preocupar somente com a mão... – Saori por um momento ficou estática, sem saber o que dizer, mas não pôde evitar a risada ao ouvir aquela ameaça do loiro.

Irritado pelo fato dela estar rindo de si, empurrou-a, deitando-a no sofá e colocou seu corpo sobre o dela, o que a assustou.

– Acha que estou brincando? – disse sério.

– L-Lie! – Saori sabia que ele não brincava, mas não conseguia imaginar Hideo dessa forma, a esquentada e que brigava por qualquer coisa era ela, por isso riu. – Mas foi um pouco engraçado a forma como você falou. Gomene – disse ainda risonha.

– Você realmente adora cortar o clima! – Hideo retrucou com um beicinho e Saori o beijou para que ele parasse de drama. E quando o beijo se findou ele tornou a falar – Certo, onde eu estava mesmo? – perguntou um pouco aturdido e a menina sorriu para si.

– Você estava dizendo que não queria ser egoísta. – e Hideo suspirou antes de encarar as duas pedras ônix com um sorriso.

– Saori, o que eu quero dizer é que não importa como eu me sinto, porque a única coisa que eu quero é que você confie em mim e que saiba que eu não vou te forçar a nada. – disse e dessa vez Saori não tinha nenhum rastro de humor – Eu quero respeitar o seu tempo, quero que fique comigo quando se sentir preparada.

Os olhos de Saori brilharam ao ouvir aquelas palavras, seu coração disparou e ela decidiu que realmente amava aquele ser loiro que a irritava tanto. Tocou o rosto dele com carinho e não desviou o olhar dos azuis dele nem por um momento como às vezes acontecia quando ele lhe encarava daquela forma tão profunda, como se estivesse lendo sua alma. Porém, dessa vez ela não se importou, ele podia lê-la o quanto quisesse que ela achava que nunca se cansaria. Tocou levemente os lábios dele em uma carícia e logo sua boca foi tomada pela dele.

Eles já haviam se beijado várias vezes, mas aquele beijo estava diferente de todos que Saori já sentira, era mais quente, mais profundo, mais ávido por algo e ela soube que era verdade o que Hideo lhe dissera. Aquele beijo tão diferente dos demais era a forma de Hideo demonstrar o quanto a desejava, o quanto ele estava se controlando todo esse tempo. Perdeu-se enquanto sentia a língua do rapaz, que lhe invadia como se quisesse descobrir todo o seu gosto. O peso do corpo dele parecia ter dobrado sobre si, mas ela não ligou, passou os braços sobre o pescoço dele, envolvendo suas mãos nas madeixas douradas. Quando o beijo se findou, ambos estavam ofegantes e Hideo tinha um misto de malícia e culpa no olhar, suspirou e voltou a beijar o rapaz, ditando o seu ritmo para mostrar que não era só ele quem tinha desejo. Ela também o desejava, muito.

Depois daquilo as coisas ficaram mais intensas, as carícias aumentaram, seu coração retumbava dentro de si tão forte e tão rápido que ela pensava que Hideo pudesse ouvir, sentia um frio na barriga e arrepios cruzavam sua espinha conforme Hideo explorava o seu pescoço. Ele passou a sussurrar o seu nome diversas vezes para, em seguida, voltar a beijar o pescoço, distribuindo alguns chupões e, naquele momento, não se importou se ficaria marcado, estava ocupada demais sentindo todas aquelas sensações novas, ao mesmo tempo em que mordiscava a orelha do loiro que ofegou com o ato.

Ele apertou sua cintura com mais força do que o normal e em seguida levantou a sua blusa na altura do seio. Ele estava passando dos limites e sabia disso, mas essa parte era ínfima se comparado com o que sentia ali, com Saori tão entregue para si. Voltou a beijar a namorada, apertando-a contra si e Saori ofegou surpresa ao sentir a excitação do rapaz.

Aquilo foi como um choque de realidade e, como se um sinal de alerta soasse dentro de si, estremeceu com a ideia do que viria acontecer se as coisas continuassem desse jeito, porém estaria mentindo se dissesse que uma parte sua não gostaria de continuar. Indecisão tomou conta de si enquanto Hideo continuava a explorar seu corpo com as mãos e seus lábios a tomavam ferozmente para si mais uma vez. Ela sentia que não estava pronta, não queria que fosse daquela forma, mas sua voz não se fazia presente, somente suas mãos tremiam enquanto correspondia aos beijos do rapaz.

– Tadaima! – gritou Sakura ao irromper na sala o que fez o casal pular do sofá, distanciando-se quase que imediatamente.

– O-Okaeri oka-san! – murmurou Saori enquanto puxava sua blusa para baixo e Hideo tratava de esconder a sua excitação com uma almofada.

– S-Sakura-san! – cumprimentou o loiro sem graça assim como a namorada para a rosada que olhava estática aquela cena. Nenhum dos três ousou se pronunciar por um tempo, todos constrangidos com a cena, principalmente os mais novos e ao ver isso Sakura suspirou e cruzou os braços na frente do peito:

– Sabe, eu sei que é normal vocês começarem a descobrir o corpo de vocês nessa idade, vocês estão com os hormônios a flor da pele e...

– Oka-san! – exclamou uma Saori vermelha, cortando a mãe antes que ela iniciasse um discurso sobre sexo bem na frente de Hideo.

– Tudo bem – suspirou e disse a si mesma que ainda tinha que conversar sobre isso com Saori quando estivessem a sós – Eu só quero dizer que é melhor não serem pegos dessa forma pelo Sasuke-kun. Ele não vai gostar nada disso. – avisou e em seguida se virou para o namorado da filha – Então acho melhor você ir para casa agora Hideo-kun – pediu e o rapaz mais que constrangido concordou freneticamente com receio de encontrar o Uchiha mais velho.

Sakura subiu a escada para dar privacidade para o casal se despedir e Saori respirou aliviada por aquele momento constrangedor acabar e grata ao mesmo tempo pela interrupção da mãe, afinal não queria que as coisas seguissem daquela forma. Mas como contar isso ao namorado? Na verdade, como encará-lo depois do que estavam fazendo?

– Desculpe – o Uzumaki disse ao encarar o chão e ela arqueou uma sobrancelha.

– Pelo o quê?

– Eu acabei de dizer que ia te respeitar e... eu não consegui me controlar – falou culpado. Era um hipócrita, sabia disso. Bastou Saori lhe dar uma mínima brecha que ele praticamente se jogou em cima dela.

– Tudo bem – Saori respondeu com um sorriso – Eu também não impedi, não é mesmo? – falou um pouco envergonhada.

– Mas...

– E a oka-san apareceu de qualquer forma, não se preocupe com isso – interrompeu-o ao ver que ele ainda estava chateado – Quando for para acontecer vai acontecer – e deu de ombros como se não ligasse para isso.

Hideo sorriu para a menina, sabia que ela estava querendo passar a imagem de mulher madura e desencanada para não preocupá-lo, mas sabia que ela estava nervosa com o que estavam fazendo, o fato dela não parar de mexer no cabelo era uma prova para ele. Mesmo assim, resolveu seguir o conselho da namorada e estava decidido a não se deixar levar mais sem que tivesse certeza de que ela o queria e estava pronta. Deu um selinho nela como forma de agradecimento e despediu-se antes que Sakura fosse vê-los de novo e no momento ele preferia evitar mais cenas constrangedoras e que fizessem ele nunca mais conseguir encarar a “sogra”.

–*-

Sakura não sabia dizer exatamente como se sentia, uma parte dela estava surpresa, pois não imaginava que o namoro da filha já estava daquele jeito, Hideo era sempre tão reservado quando estava perto de Saori e o medo que ele tinha do Sasuke a fazia ter quase certeza que eles não tinham feito nada a mais, mas pelo jeito se enganou e aquilo estava a irritando de certa forma. Afinal, sua filha estava prestes a dar um grande passo e ela nem sabia! Ou será que Saori já não era mais virgem? Será que a sua primeira vez foi com Hideo mesmo?

Balançou a cabeça negando, Saori era muito nova e parecia muito inexperiente no quesito “namoro”, mas... o que ela sabia da antiga vida da filha? Saori cresceu separada de si, rodeada de pessoas más intencionadas e se algo mais tivesse acontecido? Bufou irritada só o fato de ter esses pensamentos a deixava mal, era sua responsabilidade conhecer sua filha, conversar sobre isso com ela, mas nem sabia se havia perdido a oportunidade, os anos que foram roubados das duas pareceram pesar naquele momento e amaldiçoou Karin por ter tirado sua menina de si.

Ouviu passos no corredor e observou a porta, torcendo para que Saori viesse falar consigo sobre o que acontecera há pouco. Talvez viesse pedir conselhos, ou se desculpar e ela poderia dar uma bronca e ao mesmo tempo ter uma conversa sobre esse assunto, assim conseguiriam se aproximar mais e recuperar um pouco do tempo perdido. Mas todas as suas expectativas acabaram quando nenhum outro som foi feito e em seguida ouviu os passos se distanciarem. Saori não fora conversar com ela, será que não confiava em si? Por Kami, Sakura era médica, era a pessoa mais indicada para ter uma conversa sobre sexo! Mas Saori poderia não precisar de conselhos ou não os quisesse e mais uma vez ficou triste. Certas coisas nunca poderiam ser recuperadas e mais um momento na vida da filha havia sido roubado de si.

–*-

Observou mais uma vez a família a mesa, estavam jantando em completo silêncio e, apesar de gostar da tranquilidade, Sasuke já estava acostumado a sempre ouvir a esposa falante indagar diversas coisas aos filhos e ver Saori gesticular animada sobre o colégio ou até mesmo brigar com Daisuke. Naquela família os mais silenciosos era ele e o filho, mas dessa vez tudo estava silencioso demais. Sakura parecia cabisbaixa, só respondia quando chamavam a sua atenção e Saori parecia sem jeito com algo, tão perdida em pensamentos que nem a comida lhe chamava a atenção.

– Aconteceu alguma coisa hoje? – Sasuke indagou para ninguém em especial queria ver a reação de todos e ficou intrigado ao ver Daisuke e Saori se entreolharem enquanto Sakura apenas suspirava.

– Não, apenas fui resolver algumas coisas da matrícula na universidade e almocei com a Sasame – Daisuke foi o primeiro a responder, dando de ombros.

– E quem buscou a Saori no colégio? – indagou e viu a filha encolher os ombros, desconfortável.

– O Hideo apareceu de surpresa e me trouxe pra casa – Saori respondeu, observando de soslaio a mãe que não a encarava e em seguida olhou para Daisuke em uma troca de olhares. Sasuke arqueou uma sobrancelha, o que estavam escondendo dele?

– Chiyo estava em casa? Quando cheguei ela já havia ido embora – disse e viu a menina hesitar.

– Ela teve que resolver alguns assuntos com a família dela, mas ela deixou o almoço para nós. – Saori respondeu.

– Nós? Você e Hideo ficaram sozinhos aqui em casa? – sua voz já transmitia uma certa irritação por imaginar o filho do Uzumaki sós com sua filha, mas tentava disfarçar. Saori mordeu a língua por não perceber que havia falado demais e quando ia tentar consertar o erro, a mãe falou primeiro:

– Não seja bobo Sasuke-kun, não há problema nenhum da Saori ficar sozinha com o Hideo-kun – retrucou em defesa da filha e antes que o marido discordasse, continuou – Mas saiba que eu também almocei aqui, não tem porque ficar nervoso. – mentiu.

Saori ficou um pouco surpresa pelas palavras da mãe, imaginou que ela fosse querer repassar para o pai a cena que havia acontecido, ou então fosse aproveitar para tocar no assunto a mesa, porém agradeceu por nenhuma das alternativas se concretizarem. Depois disso, não teve como Sasuke argumentar, mas notou que as duas mulheres trocaram mais um olhar que ele não conseguiu decifrar.

Definitivamente estavam escondendo algo de si e ele descobriria o que era.

–*-

Suspirou enquanto observava a porta do quarto dos pais, queria conversar com a mãe, notou que a matriarca estava magoada consigo e sabia que estava fugindo dela, mas o que podia fazer se estava envergonhada com o que havia acontecido? Ela tinha vergonha de conversar sobre sexo com a mãe. A verdade era que ela já havia conversado sobre isso com várias pessoas, afinal morando nas ruas e no orfanato não faltou gente disposta a comentar sobre esse tema, mas com Sakura era diferente e uma parte dela estava receosa, apesar de saber que era bobagem. Estava sendo ridícula, pois já sabia tudo o que poderia ser dito pela rosada e mesmo assim não conseguia ir até ela. Foi a mesma coisa antes do jantar, ela havia se acovardado ao ouvir Daisuke chegar e preferiu ir para o seu quarto, o que gerou todo aquele desconforto a mesa.

– Saori, o que está fazendo aqui? – Daisuke indagou ao ver a irmã parada na frente do quarto dela, olhando para o nada.

– Te esperando – mentiu, ou quase, afinal ela também queria conversar com o irmão.

– Você falou com ele? – indagou e a menina aquiesceu, indicando o quarto para conversarem melhor, não queria correr o risco de o pai descobrir o que estavam tramando.

– Então, como foi? – questionou ao ver a irmã fechar a porta do quarto.

– Tudo certo, Itachi disse que iria avisar os pais dele e depois ficou de me avisar – informou, ainda não conseguia os chamar de “avós” ou “tio”.

– Como ele vai avisar e quando vai ser? – Daisuke tornou a indagar, não acreditava que Saori estava tão despreocupada com isso.

– Dei o meu número para ele, mas não perguntei quando – e deu de ombros.

– Você podia estar um pouco mais animada com isso, afinal vamos conhecer nossos avós – resmungou.

– Estou preocupada com outra coisa no momento – murmurou.

– O que houve? Você e a oka-san brigaram? – tentou adivinhar e viu a mais nova ficar desconfortável. – Estou certo, não é?

– Não foi bem isso, mas eu acho que tem a ver comigo o fato dela estar triste. – disse ao sentar na cama ao lado do irmão.

– Pelo o que eu estou vendo você não vai me contar o motivo, não é? – e ao ver ela negar com a cabeça, suspirou – Então se eu não posso falar nada, porque você ainda não foi ver a oka-san e resolver as coisas?

– É que... – colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e Daisuke a cortou.

– Não acredito que a garota birrenta e corajosa que não pensou duas vezes antes de brigar com dois caras sozinha, está com medo de uma conversa com a mãe – provocou e sorriu de canto ao ver um travesseiro ser jogado em sua direção.

– Não é medo... é só... vergonha – falou baixinho e voltou a bater com o travesseiro no irmão – E eu não sou birrenta! – reclamou.

– Claro que não – debochou ao ver o bico que menor fazia, mas internamente ela agradeceu ao irmão, era incrível como ele sempre conseguia lhe fazer falar e de alguma forma sempre sabia o que dizer para melhorar o seu humor.

Porém agora se sentia melhor e mais confiante em ir falar com a mãe, “assim que o otou-san não esteja em casa” completou em pensamento.

–*-

Observava uma foto fixamente, com a ponta dos dedos tocou o rosto da fotografia, imaginando poder tocá-la de fato. Levantou-se da poltrona e seguiu em direção a um grande mural que ficava em uma das paredes do quarto, o qual continha diversas fotos. Com uma tachinha pendurou aquela que estava em suas mãos e observou mais uma vez o rosto dela, em seguida passou a ver as outras fotos, em algumas ela estava sozinha, caminhando em algum lugar, ou vendo algo, outras ela estava acompanhada, mas fazia questão de recortar quem quer que estivesse ao seu lado, nessas ela geralmente sorria, mas as que mais gostava eram aquelas que a via com raiva. Os orbes focados na lente, brilhantes e determinados lhe encarando, pagaria quanto fosse para obter mais e mais dessas fotos.

Na verdade, pagaria ainda mais para falar com ela, se aproximar dela. Lembrou-se do breve encontro que tiveram e sorriu, se tivesse tido mais tempo, se não tivessem sido interrompidos... Ouviu o celular tocar e observou o visor para saber quem era, após o terceiro toque resolveu atender.

– Diga – falou enquanto contornava o rosto de outra foto, nesta ela chorava copiosamente, o rosto manchado por lágrimas e sangue, e uma parte sua lamentou por isso – Não posso agora – afirmou, não dando muita atenção ao que falavam, estava no seu limite. – Não me importo. Depois nos falamos, eu a procuro mais tarde – e desligou, sem se importar com o tom de voz usado.

Precisava vê-la mais uma vez, estava na hora de se acertarem e não esperaria mais.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram? O que acharam da cena entre o Hideo e a Saori? >.< Sakura chegou bem na hora, né? Mas ainda bem que foi ela! kkk Vocês estão percebendo que aos poucos eu estou inserindo coisas sobre o passado da Saori nessa temporada? É porque talvez o passado venha bater na porta dela mais uma vez, fora que como ela passou muito tempo longe de casa a relação com os pais não é a mesma das outras pessoas e a Sakura já está sentindo isso. E aí quem vocês acham que é essa pessoa que apareceu no final? Ou antigo personagem ou um novo? Mas uma coisa eu garanto ele irá aparecer novamente já no próximo capítulo, só não garanto entregar quem é hehe XD

Desculpem a demora em postar, mas como estou com duas fic's em andamento eu estou alternando as postagens, a próxima a ser atualizada será Reparação, e em seguida volto com outro capítulo de SUOV 2, ok? Se quiserem dar uma olhada, sintam-se a vontade
http://fanfiction.com.br/historia/513016/Reparacao/

Beijos e até a próxima!



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