Sonhos de Uma Outra Vida 2 escrita por Luhni


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Quanto tempo! Fico feliz em dizer que vou retomar a fic novamente!
2018, um novo ano e nada melhor do que atualização, não é?
O mestrado está puxado e o meu tempo está bem reduzido, provavelmente eu não vou ter um prazo certo, mas eu reli a fic e a inspiração veio e agora estou organizando tudo para não faltar com vocês e demorar tantoooo assim!
Espero que gostem desse capítulo, é o esquenta do que está por vir e prestem atenção em tudo o que for dito, pois será importante mais pra frente, ok?
Boa leitura!



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                Beijava-a como se sua vida dependesse disso e, por Kami, parecia que naquele momento realmente dependia. Independente dos machucados, independente do lugar onde se encontravam, ele só conseguia pensar nela, ele só conseguia senti-la e ela estava tão entregue, tão disposta quanto ele a continuar que era incapaz de raciocinar direito e, quando deu por si, já estava sobre ela, as mãos passeando pela cintura fina dela, enquanto ela passava as mãos por dentro da blusa dele, arranhando-o. Grunhiu, ela iria deixá-lo louco desse jeito.

— Saori... – gemeu o nome dela e viu o olhar dela brilhar em luxúria. Céus, isso realmente iria acontecer?

                E antes que a sua parte racional falasse mais alto e ele se acovardasse de continuar, ela o beijou novamente, puxando-o para perto e ele esqueceu qualquer outra coisa ao seu redor. Mas o mesmo não podia ser dito de Saori que estava bem consciente a tudo o que acontecia, cada toque, cada respiração errática dos dois e, principalmente, estava consciente quando ouviu a porta ser aberta com brusquidão e, devido ao susto, imediatamente, empurrou Hideo para longe de si que caiu no chão devido a força que utilizara.

— Hideo! – disse preocupada com o namorado que já estava machucado.

— Tobi estava preocupado com a Saori-chan! – Tobi disse ao se aproximar da garota e abraçá-la, ignorando o loiro jogado no chão.

— T-Tobi – Saori resmungou nos braços do mascarado – Eu estou bem, quem precisa de cuidados é o Hideo, eu te chamei por causa disso – e recordou-se que realmente havia mandado chamá-lo para que verificasse os ferimentos do Uzumaki.

— Tobi não quer cuidar do Relâmpago Dourado – reclamou o mais velho e Hideo, que apenas observava a conversa enquanto tentava se recuperar, acabou por interromper:

— Relâmpago Dourado?

— Estão te chamando assim por causa da luta, todos os vencedores ganham apelido – Saori explicou revirando os olhos ao ver o sorriso orgulhoso de Hideo – E Tobi, por favor, faça isso por mim, ok? – pediu novamente ao mascarado que parecia refletir, mas por fim acenou concordando. – Certo, então vou deixá-los a sós e vou procurar o Utakata.

— Oe, por que você vai procurar ele? – Hideo questionou emburrado e Saori sorriu em resposta.

— Para dizer que vamos ir embora mais cedo do que o combinado – piscou para ele que sorriu com a notícia e em seguida saiu o do cômodo, deixando o namorado e o mascarado sozinhos.

— Você gosta mesmo dela? – o Uzumaki ouviu o outro indagar.

— Sim... – disse em um suspiro e não demorou para Tobi começar a avaliá-lo.

                Hideo não pode evitar reparar que era a primeira vez que via o mascarado parecer tão sério. Não era possível ver o seu rosto, mas pela forma como falava, imaginou que, pelo pouco que tinha visto, o desconhecido não fosse tão concentrado e fechado quanto se mostrava naquele momento.

— Onde aprendeu a fazer isso? – perguntou curioso com Tobi e sua estranha personalidade.

— Se está com medo de que não tenha licença, não se preocupe, eu sou formado – disse enquanto examinava as costelas de Hideo à procura de alguma fratura.

— Eu não disse isso – retrucou virando o rosto para o lado, sentindo o rosto esquentar, não queria ser rude.

— Tudo bem... – Tobi disse calmo e continuou a sua avaliação.

— Se é médico, por que está aqui? – não conseguiu impedir de dizer aquelas palavras, mas o mais velho não pareceu se importar e respondeu de forma desinteressada:

— Não tenho mais para onde ir e não mereço nada melhor.

— Como assim? – Hideo o observava confuso.

— Saori-chan disse que você está estudando para ser médico – o outro disse em suspiro e o Uzumaki aquiesceu.

— Quero poder ajudar os outros e...

— Isso não vai adiantar de nada! – Tobi interrompeu o mais novo que ficou um pouco assustado com o modo abrupto do mascarado – Elas vão se afastar de você e não tem como fazer nada... – murmurou e parecia totalmente alheio à realidade.

— O quê? – Hideo chamou a atenção do outro que o encarou seriamente.

— Acho que ela é o mais próximo de família que tenho agora – e olhou rapidamente para a porta fazendo menção à Saori – Não quero um fraco ao lado dela, se você for como eu... – ele hesitou e Hideo continuou confuso – Proteja-a com sua vida e evite ficar dessa forma – disse antes de levantar a máscara e mostrar as cicatrizes que cobriam o lado direito do rosto – Ou você a perderá e ainda terá cicatrizes que lembrarão o seu erro.

— O s-seu rosto... – murmurou impressionado com as cicatrizes que deformavam um lado do rosto do mais velho.

— Eu as ganhei há muito tempo – disse encarando o loiro que lhe observava com os orbes arregalados – Eu pensei que pudesse fazer tudo, mas eu estava enganado e paguei o meu preço...

— P-Por que está me dizendo isso? – Hideo indagou ainda sem saber como reagir com o homem à sua frente.

— Porque se você acha que pode fazer parte do mundo dela tem que estar preparado para as consequências também – disse e em seguida forçou o nariz que parecia deslocado ao lugar e Hideo grunhiu de dor.

—*-

                Já era a quinta vez que ligava e o celular de Saori se encontrava fora da área de cobertura. Xingou baixinho, onde ela poderia estar para que isso acontecesse? Hideo deveria estar com ela, pois o celular dele também estava desligado e Hinata havia informado à Sakura que ele ainda não havia retornado para casa. Mas isso ao invés de acalmá-lo, acabou o preocupando ainda mais. O que eles estariam aprontando? Por que não havia avisado? O celular caiu na caixa postal novamente e ele desligou com força o aparelho em suas mãos.

— Calma, Sasuke-kun. Logo ela estará aqui – Sakura disse, mas também começava a se preocupar. Já eram quase quatro da madrugada.

— O que houve lá, Daisuke? – Sasuke questionou e o primogênito deu de ombros.

— Eles brigaram e Saori não queria mais ficar no show. – respondeu começando a achar uma má ideia ter deixado sua irmã sozinha com o Uzumaki – Eu me ofereci para voltarmos, mas Hideo insistiu em levá-la e eu deixei.

— Como pode deixar sua irmã sozinha? – Sasuke o repreendeu enquanto ouvia mais uma vez a mensagem da caixa postal.

— E-Eu não imaginei que algo pudesse acontecer com os dois – Daisuke falou nervoso, se algo tivesse acontecido à Saori, ele não se perdoaria.

— Sasuke, chega! Daisuke não é responsável por isso e nada de mais deve ter acontecido! – Sakura falou irritada com a postura do marido que tentou se acalmar.

— Eu sei... – murmurou ao notar que estava exagerando e descontando a sua frustração no filho.

Mas quem poderia culpá-lo por isso depois de ouvir que os filhos mentiam para si e estavam planejando encontrar com os seus pais? Além disso ter que lidar com o aparente sumiço da caçula fazia o seu sangue ferver e lembranças ruins permearem a sua mente. Olhou para Sakura que mordia o lábio inferior, parecendo angustiada, ela também devia estar ficando apreensiva e tendo sua mente tomada por diversos pesadelos que um dia foram reais. Suspirou, bagunçando o cabelo. Abriu a boca para falar com a esposa, mas foi interrompido ao ver a porta da sala se abrir e sua filha passar por ela.

— Saori! – Sakura exclamou indo em direção a caçula que sorriu sem jeito ao ver toda a família reunida – Onde você estava? – indagou preocupada olhando a filha.

— Eu estou bem – disse à mãe e Sasuke bufou mais atrás.

— Não foi isso o que sua mãe perguntou – disse irritado à espera de uma resposta.

— Eu posso explicar tudo – Hideo disse enquanto passava pela soleira da porta e todos arregalaram os olhos ao ver o estado do Uzumaki.

— O que aconteceu com você? – Daisuke questionou ao amigo que estava com um curativo no nariz e na sobrancelha, além de alguns hematomas pelo rosto.

— Eu acabei me envolvendo em uma briga e...

— Briga? Como assim? – Sasuke o interrompeu e olhou para a filha – Você está machucada? – indagou e ficou aliviado ao vê-la negar.

— Isso tem a ver com a discussão de vocês? – Daisuke voltou a falar e viu a irmã e o amigo se entreolharem.

— O que estão escondendo de nós? Saori? – Sakura já estava aflita e começava a se aproximar do Uzumaki para verificar se ele estava realmente bem.

— A culpa foi minha! – a menina se pronunciou, antes que Hideo o fizesse, não podia deixar que ele assumisse todo o problema – Eu estava com raiva do Hideo e me afastei dele, alguns caras mexeram comigo e acabou dando em confusão – mentiu. Ela não queria dizer aos pais onde realmente estava ou isso poderia trazer mais problemas – Hideo me defendeu – e olhou para o namorado que apenas aquiesceu, concordando com a história.

— Por que não nos avisaram? – Sasuke ainda não estava convencido daquela história.

— Eu fiquei machucado e Saori ficou nervosa no meio de tudo, não nos atentamos às horas – Hideo tomou a palavra – Quando percebemos já era tarde e eu estava precisando de primeiros socorros – e sorriu nervoso.

— Vocês foram ao hospital? – Sakura indagou ao ver que o rapaz havia se tratado e parecia tudo em ordem. Hideo confirmou com a cabeça, não mentira totalmente, afinal um médico tratara realmente de si.

                A sabatina de perguntas continuou por mais um tempo, Sasuke queria ter certeza de que eles não mentiam para si e Sakura queria saber mais sobre o que havia acontecido, se haviam machucado a filha e se ela precisava de algum atendimento médico também. Mas ambos pareciam bem seguros do que diziam, sempre se olhando e confirmando as palavras do outro. Quase como se tivessem combinado a história toda e Daisuke ao ver esse cormportamente soube que havia mais coisa ali do que realmente era dito.

                Mas Sakura acabou se dando por vencida, assim como Sasuke que passou a dar um sermão em ambos os jovens sobre serem irresponsáveis e brigarem na rua com desconhecidos. Ele sabia que ainda teria que conversar com os filhos sobre mentirem para si, mas preferia não ter mais dor de cabeça naquela noite. A verdade era que agradecia por nada ter acontecido à filha, no fundo a sua preocupação sempre sobrepujava a sua raiva quando se tratava da caçula.

Saori apenas mantinha a cabeça baixa, só queria que aquilo acabasse de uma vez e pudesse descansar. Hideo também pensava a mesma coisa, mas ainda estava nervoso só de pensar que teria que ouvir mais uma bronca da mãe e do pai ao chegar em casa. Ao final Hideo disse que estava partindo e Sakura informou que Hinata já o esperava junto com Naruto. Engoliu a seco e sorriu para a namorada ao ver a preocupação estampada no seu rosto, não queria preocupá-la, não quando ele tinha grande culpa por tudo o que acontecera.

— Bom, acho melhor todos irmos dormir, já chega de emoções fortes por um dia – Sakura falou em um suspiro. Abraçou aos filhos apertado e em seguida puxou Sasuke para irem em direção ao quarto.

                Ao se verem sozinhos, Daisuke a encarou com o semblante franzido e Saori bufou.

— Nem ouse abrir a boca – disse ao ver o irmão querer iniciar uma conversa – Podemos conversar amanhã? – pediu já se aproximando das escadas.

— Sabe que eu não caí nessa história, não é? – falou ao alcançar a irmã que aquiesceu – Amanhã, iremos vê-los de novo – murmurou com medo de quem mais alguém pudesse ouvi-los – E depois vamos conversar.

— Você parece o otou-san falando – disse risonha, não levando a sério a conversa do irmão que semicerrou os olhos, aborrecido – Não se preocupe, eu... pretendo contar tudo – hesitou por um momento, mas logo em seguida sorriu.

Talvez o que tivesse acontecido com Hideo lhe servisse de lição. Ela não precisava esconder tudo da sua família, eles lhe amariam da mesma forma e poderiam lhe ajudar com Sasori. Seria melhor se ela tirasse esse peso das suas costas. Iria contar o que estava acontecendo, depois de ver seus avós novamente.

—*-

                Havia sido um pouco complicado sair de casa no dia seguinte. Primeiro porque Saori queria dormir até mais tarde e Daisuke ficara no seu pé até jogá-la, literalmente, para fora da cama; e segundo porque Sasuke ficava rondando os dois, querendo proibir que saíssem, até que, de repente ele apenas desistiu e os deixou sair, dizendo que precisava resolver algo na empresa. Nenhum dos dois entendeu, mas depois disso fora fácil avisar a mãe que sairiam por algumas horas. No final havia sido fácil, fácil até demais. E aqui estavam eles novamente. Em frente à mansão onde seus avós moravam.

                Saori suspirou fundo, recordando que a primeira vez que estiveram ali as coisas não terminaram muito bem.

— É melhor falar mais que isso se quiser me convencer – Fugaku exigiu e a garota bufou irritada.

— Acontece que eu não estou tentando convencer o senhor de nada – retrucou.

— Menina, é melhor começar a ter mais respeito, senão...

— Senão, o quê? – Daisuke o interrompeu de forma ríspida e ficou na frente da irmã ao ver o avô dar dois passos em direção a ela. Não importava quem fosse, não iria permitir que machicassem Saori enquanto estivesse ali.

— Eu não lhe devo explicações – rebateu Saori nem um pouco assustada, indo para o lado do irmão.

— Eu sou o seu avô – e em seguida olhou para Daisuke – Sou avô dos dois e exijo respeito!

                Olhou para Daisuke que tinha o cenho franzido e sabia que ele também lembrava como tudo tinha terminado quando os conheceram. E ambos se perguntavam como seria a recepção dessa vez, ou o que falariam e, principalmente, se teriam as suas dúvidas respondidas sobre o passado do seu pai.

— Está pronta? – Daisuke a questionou e teve como resposta um aceno negativo com a cabeça, o que o fez sorrir de canto – Vamos lá, não seja covarde – brincou puxando a mais nova para mais perto e tocaram a campainha.

                Foram recepcionados por Itachi que sorriu ao ver os sobrinhos. Saori suspirou aliviada ao ver o tio, podia conhecê-lo há pouco tempo, mas dentre os três desconhecidos era com ele que mais tinha contato e ele era quem passava mais conforto para si, e saber que Itachi realmente cumpriria a sua parte de estar ali com eles a fazia ficar calma. Para Daisuke, entretanto, aquela era a primeira vez que via o tio e não pode evitar ficar em uma postura defensiva, não o conhecia pessoalmente e ainda tinha o fato que a forma como ele resolveu se aproximar da irmã o deixava um pouco apreensivo.

— Que bom que chegaram! – sorriu de canto observando os mais novos – Você deve ser o Daisuke, ainda não tive o prazer de te conhecer – falou para o sobrinho e estendeu a mão em um cumprimento.

                Daisuke apenas meneou a cabeça e aceitou o gesto de forma amigável e em seguida Itachi deu espaço para que pudessem entrar na sala. Mal deram dois passos e viram Mikoto se aproximar rapidamente e abraçar os netos, ao mesmo tempo, de forma efusiva.

— Vocês vieram! Fico tão feliz com isso! – falou emotiva, enquanto observava o constrangimento de ambos, eles realmente pareciam muito com seu filho caçula. Mas ela ficara tão contente quando Itachi disse que os netos voltariam ali que não conseguiu se segurar, eles não haviam estragado tudo, afinal.

— Sim... – Saori falou sem graça ao se afastar da mulher e Daisuke sorriu, a avó era muito parecida com a mãe e, talvez, esse fosse o motivo pelo o qual não conseguiam destratá-la ou falar com ela de forma mais fria.

E também por causa disso, Saori ficava mais desconfortável, Mikoto a lembrava Sakura e a forma como ficou quando viu a mãe depois de anos longe. Na época, a rosada a tratara com afeto mesmo sem conhecê-la, e Saori não sabia como falar sem machucá-la de alguma forma e acabava por se distanciar, assim como acontecia com Mikoto agora.

— Pedimos desculpa pela forma como tivemos que ir embora na última vez – Daisuke disse e a avó sorriu de forma calorosa, ela preparou-se para responder, mas outra pessoa a interrompeu:

— Nós que devemos nos desculpar, principalmente eu – Fugaku se aproximou dos mais novos que não esperavam um pedido de desculpas vindo do avô, principalmente por saberem o quão orgulhoso ele era, afinal ficou anos sem falar com o filho por puro orgulho.

— Er... – Daisuke ficou sem saber o que responder e Saori sorriu com isso, antes de fazer uma leve reverência.

— Podíamos tentar novamente? – ela disse baixinho ainda um pouco curvada e Daisuke sorriu antes de imitar o gesto da irmã.

                Mikoto olhou dos netos para Fugaku com os orbes marejados e o marido sorriu para ela e foi a vez dele fazer uma reverência aos netos. Sabia que aquela era a forma da neta pedir desculpas pela forma como o tratou e ao mesmo tempo ambos tentavam mostrar respeito e humildade, e Fugaku não poderia ter ficado mais tocado com isso. Não esperava essa recepção deles, geralmente jovens não ligavam para tradição, mas para ele, que era de outra época, significava muito.

— Certo, acho que podemos pular essa parte e ir comer algo, que tal? – Itachi disse de forma descontraída e Saori concordou veementemente, sendo repreendida pelo irmão que bateu de leve no ombro da garota.

— O que eu fiz? – retrucou com um bico nos lábios e Daisuke revirou os olhos envergonhado.

— Poderia ser menos desesperada por comida? – falou com um sorriso forçado. E os mais velhos riram ao ver a interação dos irmãos.

— Ora, não precisa disso, Daisuke-kun! – Mikoto falou puxando os netos – Vocês podem comer o que quiser aqui e na hora que quiserem! – e os levou para a varanda onde continha uma mesa tão grande e repleta de coisas quanto da última vez.

— Até que ter avós é legal, não é? – sussurrou Saori para o irmão ao ver a quantidade de comida e o mais velho bagunçou os cabelos dela, sorrindo.

— Baka... – murmurou de volta.

—*-

Sakura, eles já saíram? – indagou Sasuke no telefone com a esposa.

— Sim, já faz uma meia hora – e suspirou, não gostava da ideia do marido – Tem certeza do que vai fazer? – e mordeu os lábios apreensiva.

Eu já me decidi. Vou acabar com essa palhaçada. Eles vão aprender a não mentir para nós— foi firme, mesmo que internamente não quisesse confrontar os pais. – Além disso, não os quero perto deles.

— Sasuke-kun não seja tão rígido com eles...

Eu apenas os trarei para casa, Sakura— interrompeu o Uchiha.

— Estou falando dos seus pais – retrucou e Sasuke piscou duas vezes para raciocinar o que fora dito.

Eles não merecem compaixão — foi firme e a rosada suspirou novamente – Esqueceu o que eles fizeram conosco? Não quero meus filhos metidos nas artimanhas deles!

— Eu sei... – disse derrotada, compreendia o marido e também não desejava que os filhos passassem por aquilo.

                Despediram-se brevemente e Sakura ficou encarando o porta retrato que mostrava a sua família. Sabia que não deviam ter escondido dos filhos quem eram os seus avós paternos, mas depois que Saori foi levada de si, ela nem ao menos conseguia se importar com os problemas antigos e esqueceu os sogros e Itachi por muito tempo. Por causa disso havia sido uma surpresa saber que a filha estava mantendo contato com o cunhado, mas mesmo que estivessem errados, eles não poderiam ter se aproximado de Daisuke e Saori dessa forma. Mentir, enganar, só fazia com que Sakura temesse essa reaproximação dos sogros. Eles só podiam estar tramando algo e ela desejava que não incluísse os filhos, que fosse apenas uma forma de atrair Sasuke.

— Eu só não quero que eles se machuquem... – murmurou para si e olhou pela janela, desejando que tudo terminasse bem.

—*-

                Itachi sorria ao ver a interação dos pais com os sobrinhos. Haviam terminado de lanchar e depois de Mikoto fazer quase um interrogatório para saber o que os mais novos gostavam, não gostavam e o que faziam, resolvera mostrar toda a casa, dizendo o que era cada cômodo e pode-se dizer que foi bem divertido ver as reações de Saori que, volta e meia, comentava que já era o suficiente para ela se perder ali dentro e como demorou para conseguir se achar na própria casa. Ela realmente era uma garota bem interessante, teimosa e muito sincera, todos notavam quando ela não gostava de algo, mesmo que ficasse calada enquanto Daisuke... ele era mais contido, mais educado, parecia a voz da razão da mais nova, sempre tentando protegê-la. Era como se Itachi visse um pouco de si e do seu irmão mais novo ali em Daisuke e Saori fosse uma mistura de Sasuke com Sakura. E gostava do que via.

                Olhou para os pais e sorriu discretamente, eles estavam indo melhor do que o esperado. Às vezes Fugaku ficava sem saber o que dizer, Mikoto falava sobre algo que Saori não sabia como responder, e Daisuke muitas vezes permanecia calado, mas era por isso que Itachi estava ali, para quebrar o gelo com eles. E estava funcionando. Aos poucos todos iam se soltando, se conhecendo aos poucos, tudo estava indo melhor do que o esperado e após o pequeno tour voltaram para a sala de estar para conversarem mais um pouco.

— Então, gostaram? – Mikoto indagou ao sentar ao lado da neta no sofá, enquanto Daisuke sentava no outro sofá com o avô e Itachi se acomodava em uma poltrona.

— A casa de vocês é muito bonita – Daisuke comentou e Saori aquiesceu.

— E enorme! – pontuou, fazendo a avó rir.

— Sim, vocês viram que temos diversos quartos aqui, não é? Vocês os acharam bonitos? – sondou os mais novos que concordaram sem entender o que ela queria dizer – Estava pensando em montar um quarto para cada um, assim poderiam passar uns dias aqui conosco – falou entusiasmada e os jovens se entreolharam hesitantes.

— Nós... bom, seria muito bom, mas... – Saori tentou dizer algo e agradeceu quando o irmão intercedeu por si. Ela realmente não sabia o que dizer.

— Achamos melhor deixarmos isso para depois, no momento é muita coisa para entendermos – finalizou e soube que havia chegado o momento que queriam. Finalmente teriam as respostas que precisavam.

— O que vocês querem entender? – Itachi fez a pergunta e se preparou para o que viria a seguir.

— Queremos saber o motivo de vocês terem vindo atrás de nós depois de tanto tempo? – Saori foi direta, estava com aquilo entalado há muito tempo e tinha medo que algo mais acontecesse e a impedisse de conseguir uma resposta.

                Mikoto e Fugaku se encararam e em seguida o olhar deles se prendeu a Itachi.

— Pensei que Itachi havia explicado tudo para vocês – comentou a matriarca dos Uchiha’s.

— Queremos ouvir de vocês – foi Daisuke quem respondeu e Mikoto suspirou e aquiesceu.

— É justo. Mas a verdade é bem simples, queremos conviver com os nossos netos e antes de você voltar Saori – e olhou para a menina que mantinha o cenho franzido – Não conseguíamos encarar Sasuke, até tentamos uma vez, para dar suporte ao que havia acontecido com você, mas ele estava muito magoado e preferimos respeitar a dor dele – explicou.

— Mas já se passaram mais de quatro meses desde que Saori voltou, porque esperaram tanto? – Daisuke indagou e viu a irmã ficar inquieta do seu lado e estranhou. Ela sabia de algo mais?

— Eu tentei contato com Sasuke diversas vezes, mas ele sempre negava – Itachi continuou, chamando a atenção do sobrinho – Foi quando conheci Saori e, bom, ela também gosta de ser bem direta, então já deve saber o resto da história – sorriu para o menor que continuava confuso.

— E por que você foi até o meu pai e não eles? – e indicou com a cabeça os avós.

— Itachi sempre foi mais próximo de Sasuke e, nós, – Fugaku tentou explicar, enquanto encarava a esposa rapidamente antes de voltar sua atenção ao neto – Bom, nós nos separamos de uma forma muito intensa, sabíamos que ele não iria querer nos ver de jeito nenhum.

— Sabemos da briga de vocês – Saori falou e o irmão aquiesceu – Mas... – hesitou e encarou os avós decidida – Existe algo a mais que vocês queiram nos contar? – questionou e Daisuke teve a certeza que a irmã sabia de algo mais e não havia lhe contado.

                Fugaku olhou para a esposa e para o primogênito, sem saber o que dizer. Itachi havia contado a ela sobre o que estava acontecendo? Não era assim que devia ser, não queria que os netos se aproximassem por conta disso. E, principalmente, não queria que Mikoto ficasse sabendo.

— Nós somos velhos e nos arrependemos, queremos ter contato com a família do nosso filho, isso não é o suficiente? – Mikoto tomou a palavra, sem entender a pergunta da neta que também ficou confusa e encarou Itachi em busca de respostas. O que estava acontecendo ali? Não fora isso que ele lhe disse. Alguém estava mentindo para si e ela odiava isso.

— Claro que é o suficiente – Itachi impediu que a sobrinha falasse algo mais e a alertou com um olhar que permaneceu calada. Daisuke apenas observava a interação dos dois e não gostou do que viu.

— Certo, acho que... – Daisuke tentou falar algo, porém interrompeu-se ao ouvir o estrondo da porta e uma voz bradar.

— Onde eles estão? — Saori sentiu um arrepio cruzar a espinha e imediatamente olhou para Daisuke que estava pálido. Eles reconheceriam em qualquer lugar aquela voz.

— Sasuke? – Mikoto pronunciou, confusa e levantou-se a tempo de ver o filho mais novo irromper na sala, sendo seguido pela empregada que tentava, miseravelmente, impedir o rompante do Uchiha.

                Itachi também virou-se para o irmão que exalava raiva ao encarar os filhos que, automaticamente, se encolheram no sofá. Fugaku arqueou uma sobrancelha ao ver o jeito do caçula e ficou ao lado de Mikoto que parecia ser a única alheia ao humor do filho.

— Sasuke! Você veio! – disse emocionada com os orbes marejados e deu dois passos, tentando se aproximar, mas interrompeu-se ao ver a resposta do filho.

— Eu só vim pegar os meus filhos – e continuou a olhar com raiva para os mais novos que não sabiam ao certo o que fazer.

— Pegá-los? – Mikoto questionou mirando os netos que estavam desconfortáveis na presença do pai – Não! Por favor, sente-se conosco, temos tanto o que conversar – e fez menção de segurar a mão de Sasuke que se afastou da mãe, direcionando pela primeira vez o seu olhar a ela.

— Não temos nada a conversar – ele a desprezou e aquilo machucou Mikoto. Por que seu filho estava lhe tratando dessa forma? Já não haviam superado isso?

— Otou-san! – Saori retrucou, chateada pelo modo como o pai falara com a avó.

— Calada Saori! Vamos conversar em casa, os três! – e olhou para Daisuke que suspirou e virou o rosto para o lado, seu pai nunca os deixava explicar nada.

— Otouto, calma – pediu Itachi ao se levantar e ficar perto irmão, que apenas o ignorou.

— Sasuke, não fale desse jeito com a sua mãe! – Fugaku bradou e se aproximou do filho – Qual o motivo de tudo isso? Se eles querem ficar, deixe que fiquem!

— Vocês não tinham o direito de fazer isso! – Sasuke retrucou entredentes, apontando o dedo no peito do pai tentando controlar a voz – Não tinham o direito de ir falar com os meus filhos!

— Do que está dizendo? – Mikoto começou a ficar nervosa – Você deixou que eles viessem até nós! Você sabia que eles estavam aqui! – contra-argumentou e em seguida ninguém mais disse nada. O silêncio reinou por um instante, enquanto a compreensão sobre o que estava acontecendo, de fato, ali, arrematava cada um dos presentes.

— Não pode ser... – Fugaku murmurou e encarou os netos que pareciam constrangidos – Ele não sabia? – indagou e em seguida olhou para o primogênito que também estava desconfortável.

— É claro que eu não sabia! – Sasuke tomou a palavra – Acha que deixaria eles se aproximarem de vocês se soubesse?

— Eu tentei falar com você, Sasuke, mas você não me ouviu! Estava ocupado demais ficando irritado. – Itachi se manifestou e aquilo só piorou o estado do outro.

— E mentir e enganar os meus filhos não me deixaria irritado, não é? – e em seguida olhou os dois menores – O que pensam que ainda estão fazendo aí? Levantem de uma vez! – mandou e Saori e Daisuke o obedeceram.

— Ninguém aqui foi enganado, otou-san! – Saori disse, preocupada, ao ver Mikoto chorar e ser amparada por Fugaku.

— Otou-san, nos deixe explicar! A culpa é nossa e... – Daisuke tentou falar, mas foi interrompido pelo pai.

— Não quero ouvir nada agora, conversamos em casa! – decretou e Daisuke franziu o cenho.

— O senhor nunca quer nos ouvir... – murmurou, mas o pai foi capaz de escutar.

— O que disse, Daisuke? – falou entredentes e massageando as têmporas, tentando se controlar.

— Daisuke... – Saori sussurrou o nome do irmão, em um pedido mudo para que ele se acalmasse, mas o mais velho a ignorou e voltou a bradar contra o pai:

— Eu disse que o senhor nunca quer nos escutar! Nós só queríamos conhecer os nossos avós, qual o problema nisso?

— Vocês por acaso pensaram em como eu me sentiria com isso? Ou como a sua mãe se sentiria? Se não os queremos perto dessas pessoas é porque há um motivo! – bradou para o filho que hesitou por um momento, tentando refletir sobre o que fora dito, mas logo voltou a discutir com o pai:

— E qual seria esse motivo? O senhor nunca nos diz nada! Nós merecemos saber e...– Sasuke avançou até o filho, puxando-o pela camisa e o encarou de perto, interrompendo-o. Saori tentou apartar o pai, mas ele continuou a encarar o primogênito.

— Essas pessoas que quer tanto conhecer, foram as responsáveis por me afastar da sua mãe! – vociferou e ouviu a filha soluçar ao seu lado e Daisuke arregalar os olhos, estupefato. Ele não conhecia essa parte da história – Se não fosse por elas, eu não teria me separado de Sakura e ela não teria quase sofrido um aborto! Se não fosse por isso, nós não teríamos sofrido com o fato de que você poderia estar morto!

                Sasuke não queria gritar com Daisuke. Não queria ter que contar sobre essa parte do seu passado a ele, mas não podia deixar o filho pensar que ele era o vilão que não deixava os avós se aproximarem.

— Isso é mentira, Sasuke! – Mikoto bradou, segurando o braço de Sasuke aos prantos e tentando se aproximar de Daisuke – Nós nunca desejamos a morte do nosso neto! Nunca desejamos isso... – se lamuriava, chorando copiosamente.

                Sasuke se afastou do filho que foi abraçado pela irmã e encarou a mãe. Todo o ressentimento que tinha deles de anos atrás parecia voltar com força agora. Ele se recordava das palavras dos pais, como eles falavam de Sakura, como diziam que ela o enganava, como eles o empurravam para Karin, como eles ajudaram Karin a fazer fotos de Sakura e Sasori juntos e, assim, tramar a separação dos dois. E depois que tudo foi descoberto e Sasuke foi confrontar os pais, descobriu que eles não tinham remorso nenhum. Eles ainda queriam que ele ficasse longe de Sakura, que a abandonasse, que era melhor esquecer que o filho dele poderia morrer e que Sakura também corria risco de vida, tudo isso porque ele não seguiu o plano que os pais tinham para ele. Sasuke recordava-se de como se sentiu naquela época, como os odiou e como decidiu que não queria que eles se aproximassem da sua família. E agora estava ali, vendo aquela cena.

                Aquilo era apenas uma cena, um teatro dos mais velhos, tinha certeza. Ele já havia passado por isso antes várias vezes e já haviam feito isso usando os seus filhos. Olhou para Daisuke que não o encarava e viu Saori com os olhos marejados, falando algo ao irmão. Seus pais somente manipulavam os netos da mesma forma que faziam com ele naquela idade. Mas ele não deixaria. Não permitiria que seus filhos conhecessem as cobras que eram os avós paternos.

— Olhe como sua mãe está! Não tem compaixão? – Fugaku bradou ao amparar a esposa.

— Vocês nunca tiveram comigo antes, não tentem fazer cena na frente dos meus filhos e me fazerem de vilão! – retrucou – Eles merecem saber a verdade sobre quem são os avós deles!

— Sasuke! – Itachi puxou o irmão e o encarou. Não aguentava mais aquilo tudo e temia o que poderia ocasionar essa discussão aos mais velhos – A culpa de tudo isso é minha! Eu me aproximei, nossos pais não sabiam disso, então pare de gritar com eles!

— Me largue Itachi! – se afastou – Eu disse a você que não o queria perto da minha família, por que fez isso? Pensei que respeitariam uma única vez a minha vontade!

— Nós fomos atrás dele, otou-san! – Saori interrompeu, lutava para não verter uma única lágrima – E-Eu sei que agimos errado, mas...

— Agiram muito errado. Quebraram a confiança que tinha em vocês! Mentiram, me enganaram e se colocaram em perigo! – brigou com a filha que franziu o cenho sem entender a última parte.

— Pare de falar o que não sabe, Sasuke! Eles não corriam riscos! Eu nunca deixaria que os meus sobrinhos estivessem em perigo! – Itachi bradou, puxando a camisa do irmão.

— É claro, pois você é o tio do ano, não é Itachi? Vamos lá, me diga quando você se preocupou com seus sobrinhos? – enfrentou o mais velho que franziu o cenho.

— Se você tivesse permitido...

— Se eu tivesse permitido? Claro, pois vocês tentaram muito, não é mesmo? – debochou – A única vez que vieram até mim foi quando viram a notícia da morte de Saori e mesmo assim não tiveram as melhores intenções!

                Saori observava a cena atordoada, não esperava que isso fosse acontecer. Olhou para Daisuke que estava na mesma situação, ou talvez pior. Mikoto estava transtornada e chorava, tentando chamar atenção do filho caçula que continuava a brigar com o irmão. Todos pareciam nervosos, mas foi Fugaku quem mais a preocupou ao ver a figura imponente do Uchiha com a respiração ofegante. Ele suava e o cenho franzido indicava que algo estava errado com ele, principalmente pelo fato dele nem ao menos se pronunciar enquanto os filhos gritavam entre si.

— Fugaku-san – chamou o homem que a encarou e rapidamente tentou aparentar que nada o afligia – Está tudo... – começou a falar enquanto esticava a mão para tocá-lo, quando foi interrompida pelo pai.

— Saori, vamos embora! – assustou-se com o tom de voz dele e pode ver Daisuke ao lado de Sasuke que parecia resignado e ela soube que devia ter perdido algo importante na discussão dos dois irmãos.

                Ela deu uma última olhada em Fugaku que aquiesceu, como se dissesse que estava bem, e em seguida olhou para Mikoto que se encontrava sentada no sofá, chorando e sendo acalentada por Itachi. Ouviu o pai chamá-la mais uma vez e, suspirando, foi em direção ao mais velho.

                Os três saíram dali sem trocarem nenhuma palavra. Entraram no carro e Sasuke dirigiu em silêncio, sempre olhando para a frente e nunca encarando os filhos que estavam no banco de trás. O clima estava tenso e parecia sufocar a todos, mas ninguém ousava rompê-lo. Saori olhava do pai para o irmão e sabia que se dependesse deles para conversarem, iria ficar muda para sempre. Revirou os olhos e suspirou, ela teria que tomar alguma atitude.

— Pai, sobre o que aconteceu...

— Agora não Saori – Sasuke retrucou entredentes. Estava com o sangue quente e não queria iniciar uma discussão com a filha naquele momento. O seu objetivo era apenas tirá-los de lá, mas acabou estourando e falando mais do que devia tanto para os pais quanto para o próprio filho.

                Observou o primogênito que continuava com o olhar perdido e Sasuke sabia o que ele estava se perguntando. Daisuke queria saber mais sobre o que dissera, se era verdade o fato dos avós terem provocado um quase aborto em Sakura, se ele estava errado em tentar conhecê-los, se era errado ele dar uma chance a pessoas como Fugaku e Mikoto Uchiha. Suspirou, seu filho era muito parecido consigo, mas também lembrava muito Sakura e seu coração bondoso. Tentou focar suas ideias e arrumar um jeito de se acalmar, mas sua filha parecia estar disposta a perturbá-lo:

— Como o senhor descobriu onde estávamos? – indagou e Sasuke suspirou, encarando a caçula pelo retrovisor.

— Quer dizer, como descobri que mentiram para mim e sua mãe? – e ele teve que admitir que foi bom ver que ambos se encolheram ao dizer aquelas palavras, pelo menos eles reconheciam que haviam agido errado.

— Nós não precisaríamos mentir se o senhor fosse honesto conosco... – Saori murmurou em desagrado, mas ele foi capaz de ouvi-la.

— Eu sempre sou honesto com vocês!

— Mas mentiu quando perguntamos quem era o Itachi! – retrucou rapidamente.

— Porque isso não dizia respeito a vocês! – também contrapôs e ouviu o filho bufar – Algum problema, Daisuke?

— Isso também diz respeito a nós, são os nossos avós – ele falou calmamente, mas ainda não olhava diretamente para o pai.

— Antes de ser os avós de vocês, são os meus pais. – e em seguida parou o carro em frente a casa em que moravam. Não demorou um segundo e logo os mais novos já batiam a porta do automóvel e seguiam para dentro de casa, sendo seguidos pelo pai que continuava a falar – Vocês deviam respeitar a minha vontade!

— O que houve? – Sakura apareceu na sala ao ouvir a voz do marido.

— Mas por qual motivo? Se eles querem se aproximar de nós, essa decisão cabe a nós! – Daisuke argumentou – E se eles são culpados ou não por eu quase ter morrido, cabe a mim perdoá-los ou não!

                Sakura arregalou os olhos diante da frase do filho e encarou Sasuke que meneou a cabeça, em um pedido mudo de desculpas. Teria uma longa conversa depois com a esposa, com certeza.

— Não se trata apenas disso! Eles causaram muito mal a nossa família, a mim e a sua mãe! – Sasuke vociferou de volta, encarando o filho.

— E por causa disso nós temos que pagar? Eles... eles não pareciam ser capazes de fazer... – Daisuke começou a hesitar, nervoso, tentando organizar os pensamentos. Não achava que os avós fariam algum mal a ele realmente. Mesmo que não gostassem de sua mãe, a imagem da avó aos prantos dizendo que não desejavam o seu mal parecia ser sincera o bastante para ele.

— Daisuke... – Sakura murmurou aflita ao ver o estado do filho.

— O senhor devia ter nos contado, otou-san. Nós tínhamos o direito de saber! – Saori disse, inflamando ainda mais a raiva de Sasuke. Por que eles não entendiam? Ele não era o vilão ali.

— Saber o quê? Que seus avós somente procuraram por vocês quando souberam do incêndio? Ou que eles vieram até mim com essa desculpa apenas para pedir dinheiro, pois estavam com problemas na empresa por culpa do Akasuna?

                Saori arregalou os olhos com a última frase dita pelo pai. Akasuna? Não podia ser Sasori, poderia? Mas o que ele tinha a ver com isso?

— Sasuke! Já chega! Não foi para isso que eu falei para você sobre esse encontro! – Sakura brigou com o marido e Saori procurou focar no que estava acontecendo agora.

— A senhora que contou para ele, okaa-san? – a menina perguntou e Sakura suspirou, encarando a filha de modo severo.

— Sim, vocês agiram errado ao ir falar com os pais do Sasuke sem nos avisar. Sasuke merecia saber o que estavam fazendo pelas nossas costas.

— Pai, o que senhor quis dizer quando disse que eles nos procuraram antes? – Daisuke retomou a discussão e Sasuke observou o filho. Sabia que Sakura não queria que ele continuasse a falar, mas se eles desejavam saber a verdade, não iria poupá-los, ainda mais se isso fosse deixá-los longe daquela família que um dia foi sua.

— Quis dizer que eles nunca realmente se mostraram interessados em vocês. Somente vieram até mim quando precisavam de dinheiro e pensaram que com a ausência da sua irmã, fosse ser mais fácil me extorquir – foi direto enquanto via os menores processarem o que foi dito.

— Mas... eles podem ter mudado, não? – Saori murmurou para Daisuke em busca de algo que ajudasse a dizer que eles não haviam feito a escolha errada. Porém o irmão somente cerrou os punhos com força.

Daisuke odiava ser enganado pelos outros e mais ainda, odiava que alguém tirasse proveito da sua família e, saber que os próprios avós tentaram enganar a si e sua irmã, fazia com que se arrependesse da ideia de se aproximar dos idosos. Eles realmente haviam sido tão baixos a ponto de pedir dinheiro quando na época em perderam Saori? Indagou-se em um misto de abatimento e irritação.

— Eles só querem me atingir, filha – Sasuke foi sincero com ela, não entendia o motivo de Saori estar tão a favor dos avós dessa forma. Ela sempre era a mais desconfiada com os outros – É só mais um jeito de eu dar dinheiro a eles.

                Saori balançou a cabeça, querendo negar, mas parecia ser uma batalha perdida retrucar, já que todos ali estavam convencidos do contrário. O que ela poderia fazer?

— Não acredito – murmurou e Sakura se apiedou da filha. Talvez Saori apenas quisesse ter a oportunidade de conhecer os avós, assim como Daisuke, já que os avós maternos haviam falecido cedo demais. Mas os pais de Sasuke não eram como os seus. E Saori não entendia isso.

— Saori... ouça o seu pai... só queremos o bem de vocês – mas a menina continuava a negar.

— Então nos deixe conhecê-los, pelo menos um pouco! – pediu angustiada, enquanto a mesma imagem teimava em aparecer na sua mente.

— Você ouviu algo do que eu falei? – Sasuke voltou a se alterar – Não pensa em como eu ou sua mãe nos sentimos com tudo isso?

— É claro que penso, mas eles podem ter mudado e... – tentou falar, porém seu pai a interrompeu.

— Vocês não vão se aproximar deles! – Sasuke decretou – Por que quer tanto isso? Nem ao menos sabe quem são!

— Mas se o senhor deixasse...

— Já disse não! – a cortou rapidamente e Saori franziu o cenho, voltando a se irritar.

— Isso é injusto! – e Sasuke riu em deboche.

— Não! Sabe o que é injusto? Injusto é os meus filhos mentirem para mim e ainda pedirem que eu releve isso ao se aproximarem de pessoas que não prestam!

— Mas... – porém novamente foi interrompida pelo pai, sentindo-se cada vez mais angustiada.

— Basta! Vá para o seu quarto! – bradou e Saori sem aguentar mais aumentou o tom de voz para ser ouvida pelo mais velho.

— Ele está morrendo! – bradou, a respiração ofegante e os orbes marejados. Ele tinha que ouvi-la agora.

— Quem... está morendo? – Sakura foi a primeira a dizer algo após as palavras da filha. Até mesmo Daisuke parecia perdido ali.

— Fugaku... ele está morrendo... – foi a resposta de Saori.


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Notas finais do capítulo

Então, finalmente teve o encontro de Sasuke com os pais e ele foi bem turbulento, assim como a reação dos filhos. Sasuke é bem protetor e tem a tendência a não escutar os outros quando está com raiva e por isso é mais fácil ele começar a brigar e, bom, Daisuke não gosta que escondam algo dele, sempre observador e calado, mas ele não é de ferro e isso deve ser algo difícil para o jovem ao ver o pai com segredos, assim como é difícil não tentar descobrir as coisas da irmã.
E bom, quero que me digam se vocês acreditam na redenção dos avós, Fugaku e Mikoto, ou se tudo não passa de um plano novamente. Será que Fugaku está realmente doente? Ou é mais uma armadilha? Agora toda a família Uchiha já sabe o que se passa com Fugaku, basta saber se é verdade, né?
P.s: Gostaram do momento entre Hideo e Saori? E da intromissão do Tobi?
Espero que ainda acompanhem a fic e me digam se estão gostando ;)

Beijos e até mais



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