Saori sorriu contente ao ver como Hidan conseguia ser assustador e bem persuasivo quando queria, mas naquele momento ela não se importava com os métodos usados por ele, pois, assim, o carro de Hideo estaria pronto mais rápido do que pensara. Iriam conseguir voltar para casa antes de amanhecer e isso facilitaria muito as explicações com seus pais.

— Pronto Boneca – Hidan falou colocando um cigarro na boca – O carro do seu namoradinho estará pronto dentro de uma hora.

— Obrigada.

— Tobi quer ver a luta! – exclamou animado demais ao chegar perto dos dois.

— Ora, essas lutas chatas, todo mundo sabe quem vai ganhar já… se pelo menos tivéssemos uma surpresa… – disse de forma sugestiva olhando para a menina que revirou os olhos.

— Só brigo para me defender – afirmou, cruzando os braços.

— É uma pena, quando você brigava eu sempre lucrava – reclamou o platinado e Saori revirou os olhos. Ele realmente não mudava.

— Mas há um lutador novo! – Tobi voltou a interromper a conversa.

— Lutador novo? Mas quem? – indagou o mais alto e Saori teve um mau pressentimento quanto aquilo.

— Tobi não sabe, mas tem cabelos dourados e…

— Merda! – exclamou Saori antes de sair correndo deixando os dois homens para trás e voltar ao casarão.

Não podia ser Hideo. Não podia ser Hideo. Não podia ser Hideo. Ficava repetindo essa frase para si. Não acreditava que ele estava brigando, não fazia o feitio dele. Hideo era calmo, alegre, pacífico demais para entrar em uma luta clandestina com lutadores mais experientes e que, principalmente, eram trapaceiros. Mas se o lutador era novato e tinha cabelos loiros… balançou a cabeça, negando, ele nunca seria idiota a ponto de…

— Shark! Shark! Shark! – ouviu vibrarem com o nome de um lutador

— Vai lá Shark! Acaba com esse playboy! – outro disse e Saori estancou ao alcançar a multidão. E agora ela tinha certeza que era Hideo.

Foi passando entre a multidão em meio a empurrões e xingamentos, porém não se importou e somente parou ao ficar bem na frente dos dois lutadores e ela arregalou os olhos com o que viu. Havia um cara alto, talvez tivesse quase dois metros de altura, forte, os cabelos azuis batiam nos ombros e os olhos eram violetas, mas o que mais chamava atenção e devia ser o motivo do apelido “Shark” eram os dentes pontiagudos. Ele sorria de forma debochada para o outro rapaz que se encontrava no chão. Saori abafou um grito ao ver o estado de Hideo.

Um corte no supercílio fazia com que o sangue manchasse todo o rosto do rapaz, o nariz estava inchado e ela temia que tivesse quebrado, o lábio dele também sangrava e a forma como ele segurava a barriga indicava que ele devia ter vários hematomas pelo corpo. O que aquele idiota estava fazendo? Pensou atordoada antes de gritar:

— Hideo! – mas ele não parecia lhe ouvir, somente a contagem que já indicava que a luta chegaria ao fim se ele não se levantasse - Hideo! – tentou dessa vez se aproximar, mas foi barrada por mãos fortes - Oe, me solte! – gritou, debatendo-se.

Hideo arfava e ouvia todos rirem de si. Aparentemente esse Shark era o campeão das lutas ali e ele sorriu sentindo-se um idiota por achar que poderia vencê-lo, sentiu-se envaidecido depois de ter derrotado outros dois em lutas anteriores, mas agora talvez devesse apenas aceitar que não era o bastante para Saori. Fechou os olhos e permaneceu no chão esperando a contagem terminar, no entanto foi a voz dela que chegou a até ele primeiro.

— Já disse para me soltar! Hideo! Hideo! – ouviu a Uchiha gritar e ele abriu rapidamente os olhos, procurando por ela – Hideo! – a encontrou presa pelo braço por dois homens. Ela estava com o rosto vermelho e lágrimas escorriam do seu rosto enquanto chamava seu nome.

Cerrou os punhos com força por ter que presenciar aquela cena e se sentiu um fracassado por não conseguir defendê-la, por não conseguir ser o melhor. Ela estava preocupada com ele, por ele estar ali, parecendo um coitado. Viu alguém a puxar para trás e ela reclamar de dor e aquilo foi o suficiente para seu corpo encontrar forças e se levantar sozinho. Não iria deixar que a machucassem. Foi em direção à namorada, mas Shark resolveu bloquear seu caminho.

— Onde pensa que vai playboy? Ainda não terminei com você – disse estalando os dedos da mão com um sorriso prepotente no rosto.

— Mata ele Shark! – ouviu alguém da plateia gritar.

— Para com isso! Já disse para me soltar! – Saori bradou mais uma vez e mais uma vez foi empurrada para longe, caindo no chão ao se desequilibrar.

                Tentou mais uma vez e ir até a garota, mas novamente foi impedido e aquilo foi a gota d’água para sua paciência evaporar. Trincou os dentes sentindo uma raiva enorme se apossar de si. De repente ele não ouvia mais as pessoas gritando ao seu redor, não via mais Saori, a única coisa que ouvia era a voz dela o chamando, enquanto Shark permanecia na sua frente e no minuto seguinte sua vista ficou em vermelho. Ele não conseguia mais distinguir nada, e quando se deu conta viu que Shark estava no chão, desacordado e ensanguentado.

Puxava o ar com força para os pulmões, seus dedos doíam e ele se achava incapaz de abrir a mão ou sequer mexer os dedos naquele momento de tanta força aplicada. Tentava se acalmar para entender o que havia acontecido e o silêncio de todas aquelas pessoas reunidas o deixava ainda mais angustiado. Mas ao sentir braços finos lhe apertarem, percebeu que Saori estava bem e isso era o mais importante no momento. Não se importava se ela lhe abraçava com demasiada força e chorava, chamando-o de idiota repetidas vezes.

—*-

                Saori o tirou de lá em meio aos gritos eufóricos de todos que diziam que ele era o mais novo campeão. Alguns o saudaram e diziam que ele devia continuar lutando, mas a namorada esbravejou algo e logo voltou a arrastá-lo para fora daquela confusão. Entraram no quarto cedido por Utakata e ela o deixou na cama sem falar nada. Hideo estranhou o comportamento da Uchiha, esperava que ela brigasse, gritasse com ele, qualquer coisa menos aquele silêncio opressor.

— Saori…

— Não! – ela o interrompeu e voltou a andar pelo quarto em busca de algo – Não fale nada – murmurou e sentou-se à frente dele com um pedaço de algodão com álcool. E começou a limpar os ferimentos.

                Ele a mirava enquanto ela passava o algodão no seu rosto e tentava não fazer caretas pela dor que o invadia quando ela usava um pouco de força para lhe limpar.

— Ai! – murmurou quando ela tocou o seu nariz e Saori suspirou.

— Não está quebrado, teve sorte – disse encarando os estragos no rosto dele – Mas não posso dizer o mesmo do resto, já pedi para Tobi dar uma olhada melhor. – e levantou-se novamente, mas Hideo a segurou.

— Por que está agindo assim? – indagou sério e Saori fechou os punhos com força.

— Você só pode estar brincando comigo! – bufou, encarando o loiro que continuava confuso – O que deu nessa sua cabeça de vento para entrar em uma briga aqui em Kiri?

— Eu só queria calar a boca daquele idiota do Utakata – disse em um suspiro e Saori se aproximou dele ao notar algo diferente.

— Você bebeu? – e ao ver o sorriso culpado no rosto machucado dele revirou os olhos, só assim para que Uta conseguisse enganar o namorado daquela forma – O que o Utakata disse?

— Que não vamos ficar juntos porque somos diferentes demais – e bufou descontente ao lembrar das palavras do outro.

— Hideo, você é idiota? Ele estava apenas te enganando, é isso que o Utakata faz! Ele engana os outros! É por isso que conseguiu isso tudo! – abriu os braços para mostrar o lugar em que estavam – Se eu quisesse alguém parecido comigo eu ficava com ele – exclamou irritada e o loiro franziu o cenho, o que fez o corte no supercílio doer.

— É disso que eu tenho medo... – murmurou, mas como estavam perto um do outro, Saori compreendeu a fala do namorado.

— O que? – e foi a vez de Hideo se irritar.

— Vai dizer que não notou que ele fez uma festa só para comemorar a sua volta? Ou a forma como ele te olha? – Saori ficou um pouco surpresa com a reação do namorado, geralmente ele era mais contido quando tinha ciúmes.

— Eu sei que ele gosta de mim, mas essa não é a questão – disse sentando-se ao lado dele e voltando a passar o algodão no ferimento que havia aberto novamente.

— Então qual é? – e segurou a mão da garota, parando o que ela estava fazendo - E você sabia disso?

— Utakata sempre deixou bem claro que queria ter algo a mais comigo, mas sempre achei que ele era muito mais velho do que eu – e deu de ombros, mas Hideo ainda não estava convencido.

— Eu também sou mais velho que você!

— A diferença é que eu confio em você! – foi direta e aquilo surpreendeu o Uzumaki. Saori desviou os olhos para o chão, envergonhada, e continuou a falar – Você foi o primeiro que eu deixei se aproximar, pensei que tivesse deixado isso bem claro quando começamos a namorar.

— Por que nunca me falou dele? Ou desse lugar? – disse sério e a menina encolheu os ombros.

— Porque não tinha necessidade. – tentou terminar o assunto, mas ele não aceitou essa resposta.

— Como não? Sabe o quanto eu fiquei perdido quando chegamos aqui? Ou o que tive que ouvir daquele canalha quando ele me disse que sabia tudo sobre mim porque você contou?

— O que quer que eu diga? Você nem ao menos me deixou explicar nada, apenas me culpou por estarmos aqui, quando a culpa, primeiramente, foi sua! – jogou na cara dele. Se ele queria discutir, então discutiriam, mas ela não esperava a resposta dele:

— Eu sei…

— O que disse? – indagou confusa com a mudança brusca de comportamento dele. Hideo a encarou seriamente.

— Eu não devia ter te excluído no show, eu nem percebi que tinha feito isso até que você jogou na minha cara há pouco tempo.

                Saori simplesmente desviou o olhar, sem saber o que falar, mas Hideo respirou fundo e continuou:

— Eu pensei que como tínhamos pouco tempo juntos, não seria interessante ficarmos falando sobre a minha vida infernal na universidade – foi sincero e Saori observou a face ferida do namorado, inconscientemente passou a mão no cabelos dele.

— É claro que me interessaria, mesmo que não entendesse muita coisa – e sorriu de forma tímida – Eu quero saber mais sobre você, quero fazer parte da sua vida… – sentiu as faces esquentarem ao dizer aquilo, ainda não se acostumara a ser tão aberta com seus sentimentos.

                Em contrapartida, Hideo pensou que seu coração fosse sair pela boca ao ouvir tais palavras. Nunca pensou que ouvir a declaração de uma garota, meras palavras, fosse deixá-lo naquele estado. Sentia-se imensamente feliz e seu sorriso bobo devia demonstrar bem isso, mas ele não se importava, pois ele também queria que ela fizesse parte da sua vida. Sem esperar algo mais, puxou Saori para si e a beijou, sem se importar com os seus machucados, apenas queria senti-la, mostrar como aquilo lhe deixava contente.

Saori tentou protestar, iria machucar Hideo desse jeito, mas o Uzumaki não permitiu que ela se afastasse, passou os braços pela cintura fina dela, deixando-a colada em si. Ele a beijava de forma tão intensa, tão afoita, que Saori somente tentou acompanhar o ritmo do namorado. Ele puxava o seu lábio e o sugava, em seguida voltava a explorar a sua boca com ardor, até que enfim ele se afastou tão ofegante quanto ela, mas sorria ainda assim.

— Eu prometo… – falou encostando a testa na dela com os olhos fechados – ...prometo que vou contar tudo para você, até mesmo a mais chata das aulas de anatomia e você vai ter que brigar comigo de novo para que eu pare de falar – e ela riu baixinho com as palavras dele.

— Mas eu já faço isso – brincou e Hideo concordou, porém ele parou de sorrir e chamou a namorada que o olhou confusa. 

— Saori, você também tem que me contar sobre a sua vida – disse e aquilo foi o suficiente para Saori abrir a boca, pronta para retrucar, porém ele não permitiu e continuou falando – Por que não me contou sobre Kiri? – indagou novamente – Seja sincera! – pediu ao ver que ela seria evasiva mais uma vez.

— Sinceridade… do que adianta ser sincera se isso só vai causar mais dor? – sussurrou, virando o rosto e afastando-se.

— O que quer dizer? – indagou confuso.

— Isso é passado, será que não podemos apenas seguir em frente? – tentou desviar o assunto e Hideo franziu o cenho.

— Saori, nós já tínhamos conversado sobre isso – chamou a atenção da mais nova e cerrou os punhos – Você brigou comigo porque disse que eu tinha te excluído da minha vida, mas como eu posso fazer parte da sua se você só me afasta?

— Tem coisas que você não precisa saber, Hideo! – bradou – Por que eu tenho que te contar que passei fome, que roubei e que vivi em meio a essas pessoas? Se você tivesse visto o seu rosto ao pisar em Kiri, você entenderia o motivo de eu não contar tudo a você! – fechou os olhos enquanto relembrava a desconfiança e o medo do namorado ali – O que você pensaria de mim se soubesse que esse foi um dos lugares em que cresci? Que eu andava com traficantes? Eu ajudei Hikari várias vezes em roubos, eu ajudava Hidan em pequenos trabalhos com tráfico para conseguir dinheiro, eu briguei com muita gente, eu já fui fichada na polícia. Era isso o que você queria saber? Eu…

                Mas foi incapaz de continuar ao sentir o namorado abraçá-la com força contra o seu peito e ela não aguentou mais e chorou novamente. Ela se envergonhava de quem tinha sido, como ela tinha crescido. Ela não tinha as mesmas histórias que o seu irmão, ou de Hideo. Ela sempre ficaria calada quando falassem sobre a infância, pois a sua havia acabado aos cinco anos quando fora separada da família. É claro que ela teve momentos felizes, mas eram poucos e com certeza não eram iguais aos dos seus amigos. Quem ficaria feliz por ter conseguido fugir do orfanato? Ou por ter comida durante uma semana?

Ela crescera sozinha, tivera ajuda muitas vezes, mas sempre dependia unicamente de si mesma. E ao descobrir uma nova vida, ela quis esquecer a sua antiga, pois temia que quando contasse sobre o seu passado, sobre o que passou, aqueles queridos por si se afastassem, com medo, com nojo do que ela tivera que fazer, ou com quem ela convivia. Como dizer para Hideo, Daisuke ou a seus pais o que passou? Não, era melhor guardar aquilo para si, e teria feito isso se o namorado não a tivesse pressionado.

Hideo afagava os cabelos dela em uma tentativa de acalmá-la, não queria que ela ficasse daquela forma, mas ela tinha que saber. Tinha que saber que...

— ...eu amo você – sussurrou e Saori travou em seus braços, mas ele continuou a falar – Eu amo você, não importa de onde você venha ou o que tenha feito – afastou-se para ver a menina que ainda tentava digerir o que ele lhe dissera – Se foi aqui que você cresceu, eu quero conhecer também, sabe por que eu entrei naquela luta?

— Porque você é um idiota? – disse com a voz embargada, mas já limpava qualquer rastro de lágrimas do rosto, enquanto viu o Uzumaki rir de si.

— Também, mas o motivo principal foi porque eu queria mostrar que poderia fazer parte do seu mundo, Saori. Porque o seu passado foi responsável por fazer você ser quem é hoje – e acariciou o rosto dela – A garota maravilhosa por quem eu sou louco. Você não precisa mentir ou me esconder nada, pois eu não vou te julgar. A única coisa que eu quero é que você permita que eu fique ao seu lado e eu prometo te ajudar em tudo.

                Ela realmente não sabia o que dizer, ele havia dito que a amava, que queria ficar ao seu lado, que iria ajudá-la e ele lhe olhava daquela forma tão cristalina, os olhos azuis que tanto adorava brilhavam para si, envolvendo-a de tal forma que ela só pode concluir que era verdade. O sentimento dele era verdadeiro, as palavras, e ela queria ele para si, mais do que nunca teve certeza do que sentia e antes que pudesse raciocinar sobre o que fazia deu um passo para mais perto dele e o beijou. E dessa vez ela não hesitaria.

—*-

                Sasuke olhava o relógio da sala inquieto. Mudou de canal novamente e sua perna começou a balançar de forma insistente no chão em um tique nervoso. Já estava ficando tarde e nem sinal dos seus filhos. Mudou o canal da televisão novamente e Sakura, que apenas o observava de longe não pôde evitar sorrir. Sasuke sempre ficaria preocupado com os filhos, não importava a idade que eles tivessem. Ou talvez a preocupação fosse com o que eles poderiam estar fazendo, principalmente a mais nova. Suspirou. Teria que ter uma conversa com ele.

                Aproximou-se calmamente, chamando a atenção de Sasuke que passou a fitá-la, sentou no colo dele e acariciou o rosto que tanto amava enquanto o beijava. Sentiu as mãos dele passearem pela cintura para depois a apertarem, trazendo-a para mais perto dele e ela sorriu em meio ao beijo, adorando as carícias do marido.

— Não ouse ligar para Daisuke – disse ao separar e riu ao ver Sasuke franziu o cenho.

— Bem que desconfiava que tinha algo por trás desses beijos – reclamou e Sakura revirou os olhos antes de dar um beijo no pescoço no Uchiha que suspirou com o gesto.

— Quer dizer que eu não posso mais ter um tempo a sós com o meu marido? – e novamente se afastou com um sorriso brincalhão, mas Sasuke conhecia bem a mulher, apesar dela lhe sorrir, sabia que havia algo que estava a incomodando, bastava saber o que era.

— Eu não vou atrapalhar os dois – revirou os olhos ao se ver prometendo aquilo e Sakura o beijou novamente em gratidão.

— Eles precisam de um tempo juntos e eu queria conversar com você a sós também – disse e Sasuke arqueou uma sobrancelha como se confirmasse algo que já sabia e Sakura revirou novamente os olhos – Eu ouvi algo… – começou a falar um pouco hesitante, ainda não estava certa se devia fazer isso, mas seu coração de mãe preocupada falou mais alto e soube que não podia esconder isso do marido.

— O quê? – indagou já desconfiado.

— Antes de mais nada, me prometa que não irá surtar – pediu e Sasuke massageou a têmpora, imaginando a dor de cabeça que estava por vir. – Sasuke – chamou a atenção do marido que bufou.

— Depende do que me falar – foi sincero e Sakura suspirou, não podia exigir mais do isso.

— Você anda muito… protetor com Daisuke e Saori esses tempos e eu não pude deixar de ficar me perguntando o porquê disso – olhou o marido e foi a vez dele suspirar.

— Eu ia falar com você sobre isso, estava apenas esperando a melhor oportunidade.

— Bom, a oportunidade chegou – Sakura disse com um sorriso forçado. Odiava quando Sasuke a excluía de algo.

— Lembra do dia daquele escândalo na televisão sobre o que aconteceu na escola da Saori? – e ao ver a mulher aquiescer, continuou – Eu descobri que ela não havia saído com Hideo como nos disse.

— O quê? – Sakura indagou levantando-se do colo do marido.

— Sakura... – tentou falar, mas foi interrompido.

— Por que não me disse antes? Onde ela estava? Ela não pode mentir desse jeito Sasuke! – Sakura começou a andar de um lado para o outro, quando se deu conta que o fato que descobrira provavelmente devia ter relação com aquilo. Olhou para o marido e mordeu o lábio inferior, Sasuke ficaria furioso ao descobrir – Ela estava com Daisuke? – indagou, tentando organizar os pensamentos e ter alguma confirmação do que pensava.

— Sim, mas como você sabe? – estranhou e ao ver a esposa desviar o olhar soube que algo estava errado.

— Eu ouvi uma conversa da nossa filha no telefone – começou a explicar – Eu pensei ter ouvido errado o nome e por isso fiquei ali para confirmar, mas não consegui ouvir mais nada a não ser que Saori e Daisuke planejavam se encontrar com alguém – e encarou o marido que agora estava de frente para si.

— Qual o nome que ela falou? – questionou e algo dentro dele temia a resposta.

— O do seu irmão.

                Sasuke mal teve tempo de conseguir digerir a informação direito quando a porta da casa foi aberta e por ela passou Daisuke, sozinho. Sakura olhou para o marido que levantou-se rapidamente e foi em direção ao filho e, com medo da reação de Sasuke, ela logo estava colada nele.

— Onde está a sua irmã? – Sakura indagou enquanto Sasuke tentava controlar a raiva que lhe subia à cabeça.

                Ele sabia que os filhos escondiam algo, tinha um pressentimento de que tinha a ver com a sua família, mas ter a confirmação disso foi pior do que pensara. Aquilo que ele mais temia estava acontecendo, ou assim pensou até ouvir as palavras do primogênito:

— Ela não está aqui?