Sonhos de Uma Outra Vida 2 escrita por Luhni


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Como prometido aqui está mais um capítulo da fic e dessa vez está enormeee!
Era para ele ser maior, mas conforme eu fui escrevendo aconteceu algo na fic que eu fiquei: "Nossa, não era para isso acontecer agora, seus danados!" e aí eu parei e refleti se deveria realmente colocar, mas como a cena não estava do meu agrado, resolvi deixar para o próximo mesmo, senão demoraria mais para postar.
Espero que entendam e que gostem do capítulo!
Até as notas finais

Boa leitura!



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— Quanto tempo, Saori – o ruivo pronunciou com um sorriso e o estômago de Saori se embrulhou.

— O q-que está fazendo aqui? – indagou, livrando-se do agarre do ruivo que procurou relaxar ao ver que ela não parecia tentar fugir de si.

— Vim lhe ver – falou simplesmente e Saori arregalou os olhos sem entender o mais velho que continuava encarando-a.

— Não devia – retrucou e logo olhou ao redor para ver se encontrava Daisuke ou um de seus amigos. Sasori percebeu o desconforto da garota, mas seria impossível alguém encontrá-los naquela multidão e ela havia feito o favor de se afastar bastante do grupo com quem viera.

— Eu também fiquei cansado de esperar – e aproximou-se dela que instintivamente deu um passo para trás, algo que ele não gostou. – Esqueceu-se da sua promessa? – Saori fechou os olhos com força e cerrou os punhos, enquanto lembranças não tão agradáveis permearam sua mente.

Flashback on

— Sasori, onegai, me ajude com ele! Eu preciso enfaixar as costelas e... e tenho que tirá-lo daqui e levá-lo para o hospital! – implorou para o ruivo que se aproximou e começou a limpar as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

— Saori, esqueça isso! Karin não vai desistir até ver vocês mortos, ela só quer o Uchiha e vai fazer de tudo para tê-lo!

— Como pode pedir para eu esquecer tudo, depois do que me contou? Depois de finalmente ter me lembrado de quem eu sou e quem é a minha família? – bradou furiosa – Se não quer me ajudar, tudo bem, mas não me atrapalhe!

— E o que pensa que vai fazer?

— Vou seguir o conselho que me deu há muito tempo e me virar sozinha! – retrucou de maneira ácida e começou a tentar levantar o rapaz, inutilmente, já que não conseguia nenhum avanço e suas feridas começaram a protestar contra o esforço.

— Saori, eu não vou permitir que você se machuque! – disse parando a menina e fazendo-a olhar para si – Eu não gosto do seu pai, também não tenho afeto por seu irmão e sua mãe já me magoou muito... você é a única com quem ainda me importo daquela família! Eu não tenho motivos para ajudar Daisuke quando posso simplesmente te tirar daqui!

— Mas eu estou machucada! Ver Daisuke assim me machuca, não entende? – disse vertendo lágrimas, estava ficando desesperada, mas ela não conseguia parar, seu tempo estava se esgotando e ainda tinha Sasuke que também estava correndo perigo. Ela precisava fazer alguma coisa!

— Saori...

— Onegai, onegai, eu preciso da sua ajuda! Se você quer o meu perdão pelo o que fez, me ajude mais essa vez! – suplicou e aquilo fez o Akasuna refletir durante um momento.

 – Eu ajudo – disse sério e Saori foi capaz de dar um sorriso aliviada ao ouvir aquelas palavras, mas esse logo murchou quando ele se pronunciou novamente – Mas tem uma condição.

— O quê? – ela não sabia se estava surpresa por ele estar a chantageando naquele exato momento ou se apenas queria logo saber qual era essa exigência para voltar a ajudar Daisuke. De qualquer forma ela esperou pela resposta dele.

— Quero que fique comigo – foi direto e a garota arregalou os olhos sem acreditar no que ouvia.

— O q-que você disse? – indagou novamente, deveria ter escutado errado.

Sasori se aproximou da mais nova que parecia cada vez mais fragilizada e a encarando fixamente explicou-se:

— Fique comigo. Quando tudo isso acabar, vamos embora daqui – e segurando as mãos machucadas da menina, continuou – Eu irei te dar uma verdadeira vida de princesa, a minha princesa… – murmurou a última parte, mas Saori foi capaz de ouvir.

Sem saber ao certo o que pensar daquilo apenas se desvencilhou do ruivo mais uma vez e olhou para Daisuke que permanecia desacordado.

— Sasori… eu não posso – e viu a feição do ruivo endurecer a sua frente – Eu finalmente descobri que tenho uma família, pessoas que me amam – voltou seu olhar para Daisuke mais uma vez – Não posso abandoná-los… – “e não quero” completou em pensamento.

— Então é melhor despedir-se de Daisuke – foi frio e Saori sentiu as lágrimas verterem mais uma vez pelo rosto – Eu não quero vê-la sofrer – pôs uma mão no rosto da menina – Apenas diga que ficará comigo, eu sou paciente… posso esperar o tempo que for, mas Daisuke não.

         E foi com essas palavras e com o coração partido que Saori tomou a sua decisão. E provavelmente o seu futuro.

— Eu fico com você.

Flashback off

         Ela não havia esquecido a promessa que fizera, mas tantas coisas aconteceram em seguida que ela foi incapaz de pensar nisso e, conforme os dias foram passando, ela pensou que, talvez, Sasori tivesse caído em si e refletido que ela não tivera escolha naquela época a não ser concordar com a sua imposição para salvar o irmão, que estava muito machucado por culpa de Karin. Ela também nunca contara isso para ninguém, pois por mais que Sasori houvesse feito muito mal a si e a sua família, ele também havia a ajudado várias vezes quando precisava, então se ele a deixasse em paz, não teria motivos para causar mais problemas ao ruivo. Uma pena que estava enganada ao pensar que nunca mais o veria e não precisaria cumprir com a sua palavra.

Eu fui paciente, eu esperei que tudo se acalmasse, eu deixei você livre para viver com os seus pais, eu devia isso a você o Akasuna voltou a falar, chamando a atenção de Saori Mas, quando vi você com aquele imbecil… cerrou os punhos com força e ela soube que ele falava de Hideo ...resolvi que não poderia mais esperar, não queria mais ficar nas sombras.

— Sombras? – questionou não querendo acreditar no que sua mente lhe dizia. Ele não podia ter feito isso, podia? E ao ver o sorriso do ruivo, todas as suas dúvidas foram sanadas.

— Eu resolvi me aproximar aos poucos para que você percebesse, até lhe devolvi o seu cordão, mas acho que você não conseguiu entender a mensagem.

— F-Foi você? – e ele aquiesceu, confirmando.

— Depois disso eu fiquei sempre de olho em você, tentando encontrar um modo de me aproximar, mas nunca consegui, até agora – Sorriu para a menina, que parecia atordoada até que outra ideia passou por sua mente e a fizesse voltar a falar:

— No colégio… quando… – não conseguiu terminar a frase, pois o ruivo lhe deu um sorriso debochado e orgulhoso, praticamente eliminando as suas dúvidas.  

— Quem você acha que a ajudou quando aquele verme tentou lhe machucar no colégio?

         Um calafrio percorreu a espinha de Saori ao ouvir aquela declaração. Então aquela sensação de estar sendo vigiada constantemente não era algo da sua cabeça, era Sasori. Ele manteve-se ao seu lado por todo esse tempo, nas sombras como ele mesmo dissera, ele havia a salvado de novo e agora parecia estar disposto a levá-la. Mas nem tudo aconteceria da forma como ele queria, ela não iria cumprir aquela promessa.

— Sasori, naquela época… – começou incerta, mas estava determinada a fazê-lo entender – ...eu não tive alternativa. Precisava que você me ajudasse com Daisuke, eu prometeria qualquer coisa para salvá-lo, mas eu não pretendia cumprir com aquilo – foi sincera e o ruivo franziu o cenho.

— Você mentiu para mim? – e algo no semblante dele demonstrava uma confusão e algo mais que Saori pensou ser tristeza.

— Sim – falou de forma direta, encarando os orbes avelãs – E mentiria de novo e faria qualquer outra coisa que precisasse se isso salvasse Daisuke. – e logo em seguida seu braço foi puxado com força, levando-a para perto dele.

— Eu acreditei em você – ele disse entredentes, mas Saori não o temeu. Ele não faria nada com tantas testemunhas.

— Você tentou destruir o casamento dos meus pais, quase fez a minha mãe sofrer um aborto – começou a falar e ela viu quando o Akasuna recuou, nervoso e trêmulo pelo que dizia, mas ela não parou, se ele queria a verdade, ela diria a verdade – Você tentou matar a mim e ao meu irmão…

— Não! – bradou, enquanto bagunçava os cabelos e algumas pessoas passaram a observar os dois, desconfiados, e ele, imediatamente, tentou relaxar – Eu te salvei. Salvei a sua vida! – disse como se isso apagasse todos os seus erros anteriores.

— Mas antes você tentou destruí-la! – interrompeu, irritada – Como eu poderia ir para qualquer lugar com você? Sasori, eu não te denunciei porque você me ajudou quando precisei, mas agora eu tenho uma família, amigos, um namorado! E eu não vou deixá-los!

— Não.grite. – retrucou entredentes ao ver que a menina chamava muita atenção, mas internamente estava furioso com a rejeição dela.

— Infelizmente eu não sou a pessoa mais calma de todas, então se não quiser problemas é melhor me deixar em paz – respondeu querendo que aquilo acabasse o mais rápido possível.

— Saori... – o ruivo se pronunciou mais calmo – ...Aquele garoto não serve para você, onde ele está agora? Ele te deixou sozinha no meio de um show? – falou ao ficar mais próximo e aquilo fez a Uchiha se lembrar de Hideo e do que acontecera há pouco. Bufou descontente, mas não daria o braço a torcer.

— Sasori, por favor, se não quiser que eu chame a polícia, afaste-se. – falou séria e ele percebeu que não adiantaria falar com ela no momento.

         Mesmo assim não se afastou, ficou a milímetros do corpo dela e a viu tencionar o corpo, mas ela não recuou, sorriu antes de se aproximar da orelha dela para sobrepor a música e disse:

— Ainda vamos nos ver de novo e você vai querer cumprir a sua promessa por vontade própria, até lá eu vou deixar você brincar com aquele garoto. – fixou seu olhar nos orbes negros e sorriu ao voltar a falar – Mas, lembre-se, você é e sempre será minha. – disse antes de sentir as mãos da garota lhe empurrarem bruscamente e ela sair de perto de si – Agora você sabe que estarei sempre por perto.

Saori voltou a andar apressada, o coração retumbava dentro de si com as palavras proferidas pelo ruivo. Aquilo era uma ameaça? Tentou respirar fundo enquanto organizava sua mente, mas logo em seguida sentiu seu braço ser puxado mais uma vez e assustou-se, pensando ser o Akasuna novamente.

— Droga, não saia assim! – ouviu a voz do irmão bradar contra si e um alívio imenso a envolveu. Não era ele. — O que houve? Por que está assim? – indagou ao ver o estado da irmã.

Daisuke apenas tentava entender o que estava acontecendo, ele havia ficado com Sasame durante o início do show, por causa disso não se preocupou ao ver a irmã se afastar com Hideo, até porque ela não ficara longe do seu campo de visão. Mas durante um momento de distração ela não estava mais lá. Foi até o amigo que também parecia procurar pela mais nova de forma mais discreta e ao saber que ela havia se distanciado decidiram se separar e procurá-la.

— Você me assustou – foi o que Saori conseguiu dizer e Daisuke franziu o cenho – Eu só fui comprar algo para beber e acabei vendo alguém que não queria.

— Quem?

— Um paparazzi – foi a única resposta que sua mente ainda perdida formulou, mas foi o suficiente para Daisuke entender a situação.

— Ele fez ou disse algo para você? Onde ele está? – e começou a olhar ao redor em busca do fotógrafo.

— Não, eu… – mas foi interrompida ao ver Hideo se aproximar, ofegante.

— Saori! Onde diabos você se meteu? Fiquei te procurando feito um idiota! – exclamou irritado ao ver o amigo e a namorada juntos.

Saori franziu o cenho, recordando-se da humilhação que sofrera e a forma como Hideo estava lhe tratando e, no segundo seguinte, tudo o que sentia era raiva.

— Isso você já é naturalmente – rebateu e os dois amigos se entreolharam sem entender aquela explosão.

— O que deu em você? – Daisuke foi o primeiro a questionar.

— Pergunte pro Senhor Universidade aí – e apontou para o loiro que suspirou.

— Não é pra tanto – resmungou e a garota teve vontade de bater nele.

— Será que eu posso voltar a ficar com a minha namorada sem ter que me preocupar com os dois? – indagou de forma retórica, mas ficou surpresa com a resposta dada por ambos.

— Sim!

— Não! – Saori disse ao mesmo tempo em que Hideo a encarou irritado.

— Certo, acho melhor voltarmos para perto dos outros, então – disse já segurando o braço da mais nova que nem ao menos protestou. Arqueou uma sobrancelha, ela devia estar mesmo com raiva de Hideo para não pedir para soltá-la ou por tratá-la como uma criança.

Hideo apenas segurou o outro braço da Uchiha que bufou descontente ao se ver no meio dos dois que se encaravam seriamente.

— Daisuke, será que posso conversar a sós com sua irmã? – Hideo tentou convencer o amigo que sorriu com escárnio, enquanto puxava Saori para mais perto de si.

— Acho que não – e puxou a irmã para o seu lado.

“Era só o que me faltava! Virei uma boneca de pano sem vontade própria e estou no meio de um cabo de guerra!” pensou com desgosto ao ser puxada mais uma vez de um lado para o outro. Afastou-se dos dois, ainda mais irritada.

— Querem parar? – disse para os dois – Eu não quero voltar para lá, Daisuke! – falou especificamente para o irmão e depois se voltou para Hideo – E também não quero conversar com você!

— Então o que você quer? – Daisuke indagou com a sua paciência no limite, não estava entendendo nada daquela briga de casal.

— Quero ir para casa! – declarou pegando ambos de surpresa.

— Eu te levo, então – Hideo falou sério e Saori estava pronta para discutir, quando ele a cortou para falar com o outro Uchiha – Daisuke pode ficar com Sasame, não quero estragar a sua noite. E eu e Saori temos que conversar de qualquer jeito.

Ela refletiu as palavras do loiro e, mesmo que não quisesse aceitar a carona, ela viera com ele. Além do mais, ele estava certo, iria estragar a noite do irmão se pedisse que a levasse para casa agora. Suspirou ao ver que Hideo havia planejado tudo. Não era um completo idiota, apenas quando queria, completou em pensamento.

— Eu posso falar com a Sasame e…

— Não tem problema, eu vou com o Hideo – declarou e Daisuke encarou a irmã em uma pergunta muda se aquela era uma boa ideia. Saori apenas aquiesceu e, mesmo não gostando da situação, as palavras de Sasame sobre deixar que Saori não fosse tão sufocada por ele lhe vieram à mente, e viu-se forçado a concordar.

— Qualquer coisa me telefone – avisou, dando um último olhar em Hideo, alertando-o a tomar cuidado.

—*-

Andaram em silêncio para o local onde estava o carro de Hideo. Muita coisa passava pela cabeça de Saori e ela não sabia o que devia fazer primeiro. Estava irritada com Hideo e pela forma como ele se comportou, tinha o reencontro com seus avós que se aproximava e agora Sasori havia aparecido para atormentá-la. Esse último, então, ela nem sabia o que fazer. Ele não parecia ser uma ameaça para si, mas somente o fato dele vigiá-la constantemente lhe causava arrepios. E aquele aviso velado… o que ele queria dizer com aquilo? Franziu o cenho, fosse o que fosse ela não iria com ele, não abandonaria sua família, nunca mais.

— Saori! Onde está indo? – ouviu a voz de Hideo despertá-la e observou o loiro parado em frente ao carro, enquanto ela se encontrava há alguns metros mais distante.

Bufou descontente e sem nem ao menos se dirigir a ele continuou andando, sem se importar em deixá-lo sozinho. Hideo praguejou ao ver a namorada abandoná-lo e correu para ligar o carro e segui-la. O que aquela tola estava pensando? Sair sozinha em um lugar como esse era perigoso. E estava mais irritado pela forma como ela estava o tratando. Ele não havia feito nada de errado, havia? Bufou ao pensar que ela sempre conseguia deixá-lo tão inseguro a ponto de ter que repensar sobre todos os seus atos.

— Saori! – bradou ao se aproximar da garota. O carro andava lentamente acompanhando os passos pesados da mais nova.

— Vá embora! – ela retrucou, aumentando a velocidade.

— Entre no carro, eu levo você – tentou convencê-la, mas ela negou – Droga, não seja teimosa, Saori! Já perdemos o resto do show e… – interrompeu-se ao vê-la parar de andar e freiou o carro a tempo dela virar-se para si.

— Eu não pedi que viesse atrás de mim. Por mim pode voltar para os seus “amiguinhos” – debochou antes de voltar a andar.

— Eu não acredito que você está com ciúmes por uma besteira dessas! – rebateu Hideo antes voltar a segui-la com o carro. Aquilo estava ficando ridículo e cada vez mais se afastavam do local do show.

— Ciúmes? Não seja idiota! Não é ciúmes! – gritou de volta com o rosto vermelho e se ele não estivesse tão irritado poderia ter achado aquela cena fofa.

— Então o que é? Me explica, droga! Vamos conversar civilizadamente – tentou mais uma vez.

— Acho que meus assuntos são muito imaturos para você, não estou no mesmo nível que você – ironizou, aumentando a distância entre os dois, mas foi fácil para Hideo alcançá-la.  

— Você, por acaso, ficou louca? – realmente ela estava testando a sua paciência – Entre nesse carro, agora!

— Não! – e em seguida ouviu a porta bater com força. Olhou sobre o ombro e viu Hideo saltando do carro e vindo na sua direção.

— Olha onde estamos, Saori! – e apontou para o local deserto, uma área considerada de risco devido ser mais afastada da cidade e lotada por gangues e viciados – Aqui não é o melhor local para esse tipo de conversa, então entra na droga do carro e depois você briga comigo, ‘tá legal?

         Saori abriu a boca, pronta para responder à altura, mas foi interrompida pelo som de motocicletas e de risadas que se aproximaram do local. Estava escuro e a única coisa que conseguiram enxergar foram os faróis acesos enquanto o ronco dos motores ao seu redor ficava mais forte. Hideo xingou e automaticamente se aproximou de Saori, ficando a sua frente.

— Ora, ora, o que temos aqui? Um casal apaixonado? – um homem debochou, fazendo o ronco do motor da moto soar mais forte.

— Está mais para casal desapaixonado pela forma como brigavam – ouviu outro dizer antes de rir e todos a sua volta o imitaram. Saori franziu o cenho, tentando enxergar algo sobre o Uzumaki e ver quem eram, mas ele a impediu, e ela bufou ainda mais irritada.

— Não queremos confusão, estamos indo embora – Hideo se pronunciou, tentando apaziguar a situação.

— Claro, nós ouvimos quando você xingou a nossa casa. Aqui não é bom o suficiente para você, riquinho? – mais alguém falou e Saori revirou os olhos antes de se intrometer:

— Ele não xingou a casa de ninguém.

— Saori! – Hideo a repreendeu. Esperava que a namorada não arranjasse mais problemas.

— Ora, a princesa fala!

— Sim, só não consigo enxergar com essas luzes no meu rosto. Será que dá para apagar? – indagou com a mão cobrindo os olhos e ouviu o namorado praguejar enquanto os outros riam de si. Se ela já não estava de bom humor, aquelas risadas e o fato de Hideo achar que estava fazendo besteira, piorava tudo.

— Sinto muito princesa, mas aqui você não manda nada – ouviu responderem e ela bufou, aquilo era ridículo e ela não aguentava mais ficar ali e foi por pensar assim que ela simplesmente deu meia volta, ignorando todos aqueles idiotas, inclusive Hideo.

         Ela tinha consciência de que não fariam nada com eles, se fosse uma abordagem perigosa eles nem teriam parado para fazer brincadeiras. Eles só queriam mexer com eles, talvez assustá-los um pouco para demarcar território. Ela só não contava que as coisas pudessem mudar com um simples fato.

— Onde pensa que vai? – disseram e viu quando um deles se aproximou de si, segurando o seu braço. Porém, antes que pudesse reagir, o namorado já havia tomado a frente e desferido um soco no rosto do engraçadinho.

         Saori se assustou com aquilo. Não esperava essa reação de Hideo. O que ele havia feito? Agora sim não os deixariam em paz e a situação havia tomado outro rumo. Engoliu em seco ao ver os ânimos esfriarem e todos ficarem tensos ao seu redor.  E quando um brutamonte de quase dois metros de altura, que era bem visível agora, levantou-se após ter sido socado, ela soube que estavam, realmente, encrencados. O gigante limpou a boca que sangrava e começou a caminhar em direção ao Uzumaki que, novamente, ficou na sua frente em uma tentativa de proteção.

— O que você fez, idiota? – sussurrou Saori às costas do mais velho.

— O que eu fiz? Foi você que nos meteu nessa encrenca! – bradou enquanto balançava a mão que doía por causa do soco desferido.

— Não era para você ter batido nele! – disse entredentes e Hideo a encarou alarmado e em seguida furioso.

— E eu deveria deixar ele te machucar? – ela até pensou em dizer que ele estava exagerando, mas ficou calada ao ouvir uma terceira voz.

— Agora você vai pagar por isso, playboy! – o cara que foi atingido por Hideo disse fervilhando de raiva e puxou um pé de cabra, que estava preso na moto.

Saori temeu pelo namorado nessa hora, mas ao invés do grandão correr para a briga, foi em direção ao carro de Hideo e ela arregalou os olhos ao vê-lo acertar o capô com força e estilhaçar o vidro da porta do motorista.

— Agora sim Ren!  - vibrou alguém.

— Já era o carro do riquinho! — riu um.

— Não podia ter deixado o carro? Eu tinha gostado dele!— ouviu outro reclamar.

E Hideo com os olhos arregalados, apenas tentava assimilar e aceitar o que haviam acabado de fazer com o seu querido carro que – agora – estava destruído. Internamente, ele não pode deixar de concordar com o que falaram. Não podiam ter deixado o carro dele fora dessa briga?

— Pega ele, Ren!— outros começaram a incentivar a briga e Saori sabia que aquilo não acabaria bem para o namorado. Mesmo que ele desse conta daquele gigante, o que ela duvidava, os outros não iriam deixá-lo sair ileso depois de tê-los desafiado.

Olhou para os lados tentando encontrar uma saída, quando seus olhos se fixaram no tal de Ren. Ele acabava de retirar a jaqueta para iniciar a luta e uma tatuagem em formato de serpente dentro de uma caveira apareceu no braço direito. Sorriu, agradecendo, ela não poderia ter mais sorte. Deu um passo para frente a fim de falar com eles, mas Hideo, que pareceu ter despertado do seu torpor momentâneo, a puxou para trás de si.

— Quer parar com isso? – bufou irritada com a atitude do loiro que apenas a fuzilava com os olhos. Ela ignorou e voltou a olhar para Ren, que era o único que ela conseguia identificar o rosto – Oe, grandão! – chamou a atenção e ouviu uma repreensão do namorado, ignorou-o novamente. – Como uma serpente ataca?

Foi automático todas as vozes se calarem e encararem Saori com assombro. Hideo nada entendia, mas a namorada parecia ter algum tipo de carta na manga. Ela apenas sorriu ao ver que detinha a atenção de todos e respondeu:

— A serpente sempre fica à espreita para dar o bote, e paralisa a todos com o seu veneno. No final…

— Tudo não passa de uma carcaça e os mais fortes sobrevivem – ouviu os outros motoqueiros terminarem de responder junto consigo.

Não demorou muito e todas as luzes foram desligadas e ela pode visualizar melhor os rostos de quem os cercava, procurou algum conhecido, mas não viu ninguém. Mesmo assim não se intimidou, eles não fariam nada de ruim. Não mais, pensou ao olhar de relance para o carro de Hideo que exalava uma fumaça do motor e estava em um estado deplorável. Antes o carro do que a cabeça, pelo menos.

— Você é daqui garota? – Ren se pronunciou e a menina acenou, confirmando – Quem é você? – o rapaz se aproximou, avaliando-a de perto. Ela não parecia ser daquela área.

Hideo tencionou ao vê-lo perto de Saori e instintivamente seus dedos coçaram para segurá-la, mas Saori apenas desviou de si e foi para frente do tal de Ren, com um sorriso prepotente.

— Eu me chamo Saori. Quem é o líder agora? – indagou para ninguém em específico, não respondendo todas as perguntas.

— Uta – outro motoqueiro respondeu e Hideo franziu o cenho ao ver os olhos da namorada brilharem e um grande sorriso aparecer. O que diabos estava acontecendo ali?

— Nem acredito nisso… – murmurou e em seguida olhou para o loiro que não parecia gostar do rumo da conversa – Não se preocupe, vai dar tudo certo, mas vamos ter que conversar com ele... – ela disse antes de se voltar para Ren – Acho que você vai dizer que temos que fazer uma visitinha até o centro de Kiri, não é?

—*-

         Kiri era o nome da área em que encontravam. O local não era dos melhores. Na verdade, se Hideo fosse sincero, ele diria que aquele seria o último lugar em que colocaria os seus pés. Estavam em uma grande casa que deveria estar abandonada, algumas janelas estavam quebradas e faltava alguns pedaços do piso em alguns lugares, o vento gelado corria por ali deixando tudo mais frio. Mas, apesar do estado de conservação da casa, diversas pessoas estavam espalhadas pela grande sala.

Não havia muitos móveis, apenas alguns sofás dispersos, ocupados por homens, mulheres e até crianças. Alguns dormiam como podiam no pequeno espaço, dividindo o calor do corpo na noite fria. Mas esses que descansavam eram a minoria. A maioria transitava de forma barulhenta pelos corredores empoeirados e mal iluminados e Hideo não precisava se esforçar muito para saber para onde algumas mulheres eram levadas ao ver a forma como os homens a agarravam.

         Do outro lado da sala havia uma mesa torta, lotada de homens que riam e bradavam enquanto bebiam e jogavam carteado. Mais ao fundo outro grupo mal encarado parecia dividir algo que ele sabia ser ilícito somente pela fumaça expelida por todo o lugar, e a forma como alguns o encaravam, principalmente à Saori, fazia com que seus pêlos se arrepiassem e aumentasse o ritmo para ficar ao lado da namorada. E, pela quinta vez naquela noite, se perguntava o que diabos estavam fazendo em um lugar como aquele. Olhou de esguelha para a namorada que parecia tranquila, como se fosse normal ver tudo aquilo acontecendo ao seu redor. Enquanto ele apenas tentava observar tudo a procura de uma saída de emergência ou algum plano B, caso as coisas desandassem.

         Pararam em frente a uma porta já velha e com cheiro de mofo, estava nervoso, por mais que Saori tivesse dito que tudo terminaria bem, ele não conseguia relaxar como ela. Aquele mundo era novo para si e assustador, a todo o momento imaginava alguém saltando sobre eles com uma arma em punho para matá-los, torturá-los ou até mesmo que exigissem algum tipo de resgate por eles.

         Mas nada daquilo aconteceu. Apenas o ruído da porta rangendo foi ouvido e em seguida alguns dos motoqueiros que os acompanhavam entraram no cômodo mandando que ficassem do lado de fora. Começou a mexer a perna de forma frenética para aliviar o estresse e Saori o encarou de canto.

— Não precisa fazer um furo no chão.

— E você quer que eu fique como? – retrucou sem paciência e a Uchiha franziu o cenho e virou o rosto para o outro lado, ignorando-o.

         Ele pensou em falar algo, tinham que sentar e conversar, quando não estivessem com a cabeça quente de preferência, mas ele tinha a impressão que isso não seria possível por enquanto.

— Saori… – chamou, mas nem pode terminar de falar quando a porta foi aberta e mandaram que entrassem.

         Dentro do cômodo era possível ver outra sala melhor iluminada e com diversos seguranças, ao menos ele pensou que fossem seguranças, espalhados. Ao final e no centro da sala era possível ver uma poltrona espaldada que imitava o trono de um rei. E sentado nesta de forma elegante e com uma mulher a tiracolo estava aquele que Hideo supôs ser o tal de Uta. Ele devia ser um pouco mais velho que Hideo, era alto, magro, os cabelos castanhos iam até os ombros e cobriam um dos olhos dourados. Ele observou o rapaz desviar a atenção da mulher agarrada a ele e esquadrinhar o ambiente, de forma desinteressada, até parar os orbes nos dois, mais precisamente em Saori.

— Uta-sama, encontramos esses dois na área de Kiri causando problemas – disse Ren de forma respeitosa – E…

— Não estávamos criando problemas! – Saori interrompeu e Ren a fuzilou com os olhos, assim como Hideo por ela não ficar calada.

         Ren deu dois passos em direção a Saori para intimidá-la e Hideo prontamente se manteve na frente da garota, mas antes que o brutamonte ousasse fazer qualquer coisa, Uta bateu as mãos e ambos se viraram para o chefe do local que demonstrava um sorriso.

— Vejam só o presente que me trouxeram… – foram as primeiras palavras antes de mandar a mulher no seu colo embora – Boneca, quase não a reconheci nessas roupas caras – disse e Hideo franziu o cenho com o apelido dado à namorada.

— Não sou boneca! – bufou descontente e em seguida sorriu de canto – Mas quase não o reconheci também, Utakata. Pelo visto as coisas melhoraram para você, não é?

— Não imagina o quanto! – exclamou e levantou-se indo até a menina, ignorando a presença de Hideo que parecia cada vez mais perdido e irritado. – Mas mesmo com roupas diferentes, você parece a mesma quebradora de regras de sempre – e fez menção de tocá-la.

— Acho que não fomos apresentados – Hideo se meteu entre os dois para evitar qualquer tipo de contato – Sou Hideo, namorado da Saori – frisou a palavra e a garota arqueou uma sobrancelha pelo comportamento do loiro.

— Namorado? – olhou surpreso para o rapaz, analisando-o, e em seguida voltou-se para a menina – Sério que você namora esse cara? – e apontou para Hideo de forma rude.

— Escuta aqui, cara… – o Uzumaki tentou retrucar.

— Se não quiser ficar sem a língua, sugiro que fique calado – Ren disse, segurando o ombro de Hideo.

— Obrigado Ren, mas acho que o nosso convidado não seria louco de fazer algo contra mim, não é mesmo? – Utakata tentou apaziguar os ânimos antes que todos os seus seguranças resolvessem acabar com o visitante.

— É claro que não! – Saori respondeu rapidamente ao notar o clima tenso que havia se formado – Utakata, tudo não passou de mal entendido.

— Explique melhor, boneca – Hideo revirou os olhos, mas permaneceu calado e Saori resolveu resumir tudo, queria deixar o loiro longe daquelas pessoas antes que ele fizesse uma besteira de verdade.

— ...e o seu capanga ali acabou acertando o carro do Hideo – explicou.

         Utakata apenas meneava a cabeça ao ouvir o relato, seus olhos vagando de Saori para Ren e voltando à garota que agora estava mais crescida e totalmente diferente. Estava curioso com o que tinha acontecido com ela e a verdade era que pouco se importava com o fato de que Ren havia apanhado de um mauricinho, talvez punisse Ren mais tarde por se rebaixar a esse ponto, mas não nesse momento.

— Pelos velhos tempos acho que posso deixar isso passar… – falou arrancando um sorriso de Saori, um resmungo de Ren e um suspiro aliviado de Hideo – ...mas em troca eu quero um favor seu!

— Estava bom demais para ser verdade – resmungou insatisfeita com as palavras do mais novo chefe de Kiri e este riu.

— Ora, já se esqueceu que tudo tem seu preço? – relembrou. E Hideo arqueou uma sobrancelha com o que fora dito.

— Diga logo de uma vez – bufou descontente.

— Mais respeito com o Uta-sama! – Ren bradou furioso com a ousadia e falta de respeito da garota – Voc…

— Não é necessário isso, Ren – interrompeu Utakata – Saori sempre teve uma língua afiada demais, mas ela não está me desrespeitando.

— Utakata-sama? – estava completamente surpreso pelo comportamento do seu chefe, geralmente ele não demonstrava tanta clemência com outras pessoas. E Hideo começava a ter um mau pressentimento com relação a esse pedido.

— Fique aqui esta noite, pelos velhos tempos. – pediu Utakata.

— Como assim “ficar aqui esta noite”? – Hideo indagou e o moreno voltou seu olhar desinteressado ao loiro. Havia se esquecido da presença dele ali.

— Quer dizer que prepararei um quarto para pernoitar – explicou como se fosse óbvio e encarou Saori novamente – Vou lhe dar abrigo mais uma vez e poderemos conversar.

— O quê? Não! De jeito nenhum! Não vamos ficar aqui! – Hideo bradou e Uta franziu o cenho com os modos dos rapaz. Ele começava a ficar irritado com o loiro.

— Você pode ir, não tenho assunto com você – e abanou a mão com desprezo, deixando o Uzumaki quase espumando de raiva.

— Você só pode estar ficando louco se acha que eu vou deixar a minha namorada com você! – deu um passo para a frente, mas foi contido por Ren. Saori suspirou ao perceber novamente os ânimos esquentarem e resolveu intervir:

— Tudo bem! Nós dois aceitamos a sua oferta, Utakata – falou rapidamente, chamando a  atenção dos dois mais velhos – Mas eu também quero que conserte o carro do Hideo – pediu e o loiro ficou confuso pela exigência imposta.

— Eu preferiria que só você ficasse – tentou dissuadi-la e Hideo trincou os dentes com raiva.

— Sinto muito, é pegar ou largar – deu de ombros e Uta sorriu.

— Sabe que não está em posição de exigir muito, não é? – e abriu os braços para lembrá-la quem ele era agora, mas aquilo não intimidou Saori.

— Você se esquece muito rápido das suas dívidas – e foi a vez da morena sorrir presunçosa e o rapaz apenas fechou a cara, odiava quando lhe jogavam algo na cara, mas logo balançou a cabeça e sorriu.

— Certo, você realmente não mudou nada, boneca – e em seguida se virou para o Ren – Levem-nos para um dos quartos e mandem ajeitar o carro do loirinho. – ordenou para a surpresa do outro.

         Ren começou a escoltá-los para fora do cômodo quando ouviu novamente a voz do chefe, agora mais séria que o normal.

— E depois teremos uma conversa sobre você ter apanhado de um riquinho – Ren somente aquiesceu, temendo internamente pela punição. Talvez tivesse sido melhor nem ter levados os dois ali.

—*-

         Era melhor que os dois nem estivessem ali. Essa era a frase que ficava rondando a cabeça de Hideo nesse momento. Quando chegaram ao aposento, viu Saori apenas se jogar na cama, exausta demais e ele ficou sem saber o que fazer ou dizer, sua mente fervia e ele não sabia por onde começar. Aquilo era uma péssima ideia.

— Como pode estar tão calma? – indagou sem se conter mais.

— Já está tudo resolvido, só precisamos ficar aqui essa noite – dsse um pouco cansada. Ainda tentava organizar os seus pensamentos.

— Só? Você acha isso simples? – bradou Hideo e Saori fechou os olhos com força ao ver que o namorado não a deixaria em paz tão cedo – Droga Saori! O que vamos dizer ao seu irmão sobre não voltarmos para casa? O que eu vou dizer ao seu pai? – desesperou-se ao recordar do sogro.

— Vamos mentir… – falou simplesmente – …minha lista já está tão grande que uma mentira a mais ou a menos não fará diferença… – murmurou consigo.

— Claro, porque isso é a coisa mais lógica a se fazer! – ironizou – Saori isso não tem cabimento! Você realmente está pensando em passar a noite aqui? – e apontou para o local que parecia que desmoronaria a qualquer momento.

         O quarto não era dos melhores, mas a casa como um todo estava naquele estado, os móveis eram velhos e a cama cheirava a mofo, os lençóis estavam encardidos e quase não havia uma iluminação decente, mas mesmo assim Saori poderia dizer que era melhor do que muitos outros lugares em que esteve.

— Não temos escolha, você ouviu, o Utakata… – porém foi interrompida pelo loiro.

— Não temos escolha? Droga, Saori! Se você tivesse me ouvido não estaríamos nessa espelunca! E nem teríamos que lidar com esses marginais! – ela apenas franziu o cenho e levantou-se para encará-lo.

— Dá pra parar? – estava cansada de ouvi-lo gritar consigo quando ela tentava se concentrar e resolver tudo.

— Como eu posso parar se você só me arranja problema? – vociferou e toda a paciência dela se esgotou.

— Eu arranjo problema? – retrucou indignada – Não fui eu quem resolveu dar uma de machão e bater em um brutamonte, duas vezes o meu tamanho! O que você tinha na cabeça?

— Eu só estava tentando evitar que tudo piorasse!

— É claro que funcionou! – foi a vez dela ser irônica e Hideo trincou os dentes.

— Isso não teria acontecido se você não tivesse resolvido sair do carro e fazer pirraça!

— E se você não tivesse sido um babaca com os seus amigos, eu não teria me zangado!

— Mas o que eu fiz? – bradou e a Saori bufou exasperada, queria bater nele.

— Por que não bota esse cérebro para funcionar e pensa um pouco? Posso começar com o fato de que era para ser um momento especial nosso e você não parava de dar atenção aos seus amiguinhos! – disse e Hideo arregalou os olhos um pouco surpreso.

— Eu não tive a intenção – e bagunçou o cabelo para tentar se acalmar e logo em seguida voltou a argumentar – Mas isso não justifica os seus modos com os outros e nem inventar de ficarmos aqui. Saori, olhe esse lugar! Está caindo aos pedaços! Não pode querer ficar aqui! E nem pode confiar naquele cara!

         O semblante de Saori mudou naquele momento. Tantas coisas passaram por sua mente que ficava difícil escolher o que mais a machucara. No final, mais do que a raiva restou a mágoa. Hideo não a entendia. Ele nem ao menos tentava. Ele apenas julgava como os outros.

— Esse lugar já me salvou diversas vezes de dormir na rua e aquele cara evitou que eu apanhasse da polícia ou morresse de fome enquanto estava aqui – foi ríspida e viu Hideo ficar surpreso, mas ela não ligou e continuou, apontando na direção do loiro – Mas é claro que o playboy aqui não entende isso! É claro que a companhia dos universitários é melhor que a das pessoas que moram aqui ou minha!

— Saori, eu… – tentou falar, mas foi cortado por ela:

— Não! Você nem ao menos pensou nessas coisas, como também não pensou como eu me sentiria excluída quando seus amigos apenas falavam da faculdade. – falava tão rápido que nem ao menos deixava o namorado se explicar, mas tinha que falar tudo antes que desabasse em lágrimas – E também não pensou que o fato de ter aceitado ficar aqui era para poder consertar o seu carro e assim o seu pai não querer te matar pelo estrago feito!

         Hideo apenas a fitou sem saber ao certo o que falar depois do desabafo da namorada, mas esta não quis ficar na presença dele e com passos firmes andou até a porta para sair. Não podia e não queria ficar no mesmo ambiente que ele no momento.

— Onde vai? – ele murmurou, incerto se deveria se pronunciar e Saori tencionou antes de abrir a porta.

— Vou tentar consertar os problemas que eu causo, como você mesmo disse – e em seguida fechou a porta com força.

—*-

         Ele andou de um lado para o outro. Saori saíra há mais de vinte minutos e não retornara e ele não conseguia se acalmar. Queria conversar com ela. Queria pedir desculpas por ser um idiota completo. Ele não deveria ter deixado o seu sangue quente falar mais alto, no entanto ele se sentia muito frustrado com tudo o que estava acontecendo. Pensara que estava tudo certo no show, não havia percebido que Saori estava desconfortável, mas depois do que ela falou… ele só conseguia se lembrar do sorriso forçado dela, como ela ficava encolhida ao seu lado e tentava conversar com os seus amigos mesmo que não soubesse do que estavam falando. E no final ele somente chegava a uma conclusão: havia sido um idiota.

— Acho que sou quem tem consertar as coisas – murmurou e decidiu ir procurar a mais nova. Não iria ficar ali nem mais um minuto sem Saori perto de suas vistas.

Começou a andar pelo corredor mal iluminado, havia algumas pessoas rondando por ali, mas ninguém parecia se importar com a sua presença, então ele seguiu em frente. E quanto mais se aproximava da escadaria que levava ao andar inferior, mais o som de vozes altas misturadas à música podia ser ouvido. Chegou à sala por onde entraram e a música alta era ouvida por todos os lados. As pessoas que estavam dormindo no sofá, agora tinham dispersado e mais ninguém parecia disposto a dormir. Havia uma grande aglomeração de pessoas que falavam alto mais ao centro e outras faziam apostas de algo em um canto. Andou até se aproximar do centro e viu dois homens se encararem raivosos no que deveria ser uma espécie de ringue, eles eram ovacionados pelos urros dos espectadores.

Ficou um pouco confuso com a mudança brusca no ambiente, mas logo sua atenção foi desviada ao ver os dois homens iniciarem uma disputa de socos e todos comemorarem por isso, mas logo seus olhos desviaram ao ver Saori do outro lado multidão rindo enquanto falava com o tal Utakata. Franziu o cenho e deu um passo para ir até ela quando mais duas pessoas estranhas abordaram sua namorada.

Um deles era bem mais velho que eles e tinha cabelos platinados, apesar de não parecer ser um idoso, e o outro, mais novo, tinha cabelos pretos e usava uma máscara laranja no rosto. O de cabelos platinados riu para Saori e bagunçou o cabelo dela que ficou irritada com o gesto do mais velho, mas logo ela abriu um sorriso e foi abraçada fortemente pelo mascarado que passou a rodopiar com ela. Hideo não pode deixar de estranhar aquele comportamento dela, apesar de Saori claramente reclamar para que a colocassem no chão, ele conseguia notar, mesmo de longe, que ela não estava realmente irritada com aquilo.

Saori sorria para os dois homens a sua frente e eles falavam afobados sobre algo enquanto a mais nova respondia fazendo gestos exagerados, parecia nervosa e até envergonhada, Utakata apenas ria ao lado da Uchiha que parecia se irritar com ele até que ela deu uma cotovelada nele após algum comentário. Os dois mais velhos apenas riram e deram início em outra conversa com a menina.

Hideo somente a observava de longe e por um momento pensou em ir até lá, se apresentar como namorado dela, mas ele não conseguiu. Inesperadamente, sentiu-se nervoso. O que ele falaria? Ele não conhecia nada sobre quem estava com Saori, não sabia sobre o que conversavam. E nem se conseguiria conversar sobre os mesmos assuntos que eles. Provavelmente as histórias quando era mais novo em nada seriam parecidas com as dela ou daqueles a sua volta, na verdade se fosse sobre aquele lugar onde se encontravam, Hideo só teria adjetivos negativos para falar e foi então que ele foi arrematado pelo mesmo sentimento que sua namorada deve ter sentido quando estava na companhia dos amigos dele.

Sorriu forçado, sentindo-se um fracassado, deu meia volta e procurou outro lugar para ir.

—*-

— Então, você realmente trouxe um playboy aqui para nos apresentar como namorado? – Hidan riu ao ver a garota arregalar os olhos e começar a se explicar de forma nervosa.

— Ele não é exatamente um playboy e eu também não o trouxe aqui para apresentar para vocês! – gesticulou querendo dar ênfase no que dizia.

    Quando saiu do quarto o seu único objetivo era falar com Utakata e dar o fora dali o mais rápido possível, porém não esperava que o mais novo “chefe” iria inventar de comemorar a sua volta. Ela achou aquilo ridículo, mas não pode evitar rir ao ver que até uma luta ele havia planejado, afinal foi por meio de uma que ela o conheceu, assim como Tobi.

— Tobi fica triste de ouvir isso, eu queria conhecer o namorado da Boneca! – o homem de máscara laranja disse com um tom de voz deprimido e Saori suspirou.

— Eu não… – hesitou antes de responder a Tobi que não precisava da aprovação deles – ...Foi um acidente termos parado aqui.

— Na verdade, o namorado dela é um frouxo que quase apanhou do meu subordinado, se não fosse Saori salvá-lo – brincou Uta, rindo ao lembrar da cara assustada do Uzumaki ao chegar em Kiri e Saori revirou os olhos, dando uma cotovelada nele para que parasse.

— Não foi bem assim… – resmungou. Por mais irritada que estivesse com o namorado, não iria permitir que falassem mal dele na sua frente.

— Mas Tobi está muito feliz de ver a Boneca de novo! – o mascarado falou novamente e Saori sorriu para ele.

         Tobi era um homem mais velho que morava naquela área há muitos anos. Ele havia perdido a família em um incêndio e parte do corpo dele havia sido queimado e por causa disso ele usava aquela máscara, preferia esconder as cicatrizes de todos. Quando ela era menor recordava de ter muita desconfiança dele, por não saber nada do seu passado e não poder ver seu rosto, mas conforme ela passava os dias ali entendeu que Tobi se sentia culpado pelo incêndio que havia matado sua família e havia decidido morar ali, com pessoas que, ao ver dele, eram tão ruins quanto o próprio. No entanto, a verdade era outra, Tobi era um bom homem, apenas muito atormentado pelos fantasmas do passado, incapaz de seguir em frente. E, por saber disso, e por ele ter a ajudado muitas vezes sempre ficava hesitante de machucá-lo ainda mais.

— Principalmente depois que soubemos o que aconteceu com você – Hidan se pronunciou agora mais sério.

— Na verdade demorou um pouco para cair a ficha de que era você naquelas capas de revista – Utakata disse pensativo.

— Até vermos Saori dando um soco em um fotográfo – e Tobi riu, sendo acompanhado pelos outros dois e ela revirou os olhos.

— Eles são realmente a sua família? – Hidan voltou a questionar e ela aquiesceu começando a contar tudo o que viveu depois que saiu dali.

         Naquela época ela quase não ia a Kiri, pois Hikari sabia que ali seria o primeiro lugar que a encontraria. Kiri foi o seu refúgio em diversos momentos. Por isso ela perambulava pelas ruas, quando encontrou com Sakura pela primeira vez, e nunca ficava no mesmo lugar por muito tempo.

Ela sabia que não podia confiar em ninguém ali, talvez nem nos três homens ao seu redor, mas Tobi sempre lhe dera abrigo quando precisava, Utakata, mesmo não tendo o poder de agora, sempre a defendia ou a escondia da polícia e Hidan, um dos maiores traficantes da região e responsável por fazê-la aprender diversos xingamentos, sempre lhe dava trabalho para que conseguisse algum dinheiro e, apesar dele dizer que somente fazia isso pois era vantajoso para si também, sabia que ele escolhia os trabalhos menos perigosos para uma garota pequena como ela. E isso, mesmo que fosse contra tudo o que havia aprendido nas ruas, fez com que ela formasse uma espécie de laço entre eles. Talvez não fossem amigos, como Hana e Ichiro eram de si, mas tinha um carinho por eles, apesar de não concordar com o que faziam da vida.

— Então, descobri que eles eram minha família verdadeira no final. Eles sempre estiveram lá e sempre me quiseram. Foi muito bom descobrir isso e lembrar também que eu não estava sozinha – disse com um sorriso e sentiu braços a puxarem. Era Tobi que chorava copiosamente no seu ombro, enquanto afagava seus cabelos em um abraço apertado.

— Eu… Eu… – a voz embargada o impedia de falar da forma boba, como normalmente faria – Eu fico muito feliz que tenha encontrado a sua família, você sempre foi uma ótima garota – Tobi disse emocionado e Saori teve que morder os lábios para não chorar também.

         Ela conseguia compreender a fala do moreno. Assim como ela, ele perdera sua família e viveu sozinho no mundo. Ele também teve a vida devastada em um incêndio. Mas ele que teve que conviver com as piores pessoas, sempre vira Saori como uma luz de redenção. Quando a encontrou pela primeira vez ela estava desmaiada nos braços de Utakata que pedia para que cuidasse dela. Ele era médico antes de tudo mudar e, por ter esses conhecimentos, todos em Kiri o respeitavam e vinham até ele em busca de ajuda. Muitas vezes ele recusava, não queria se intrometer na vida dos outros, não queria que o vissem como um salvador, quando ele próprio se sentia um miserável, mas por vezes se deixava levar e acabava por tratar de alguém. E Saori foi uma dessas exceções, por lembrá-lo da filha que teve um dia.

         E ao conhecê-la, mesmo com pena do destino que ela teria ao falar que não tinha ninguém, mantinha-se afastado o máximo que podia. Nunca mais queria perder alguém importante para si. Nunca mais teria alguém importante. No entanto, novamente foram palavras vazias e com o tempo, conforme a menina passava mais tempo em Kiri, primeiro ao lado de Hikari e depois sozinha, ele acabou se aproximando da menina arisca e a ajudando quando podia, seja com um prato de comida ou cuidando de seus ferimentos. Não era muito, mas ele queria se manter afastado e Saori também sempre fora desconfiada a ponto de não pedir nada a ele que não pudesse pagar depois e não gostava de ficar muito tempo ao seu lado.

— Estamos muito sentimentais hoje, não é mesmo? – Hidan brincou para aliviar o clima e Tobi a soltou. Saori sorriu para o mais velho que tentava esconder os orbes marejados.

— Olha só quem fala! – Utakata retrucou e Hidan disse um palavrão, pronto para mandá-lo para longe – Cuidado! – avisou – Agora não sou mais aquele fedelho que você espancava. – e Saori notou a ameaça velada na voz do moreno.

— Ora seu merdinha! – bufou Hidan – Ainda é mais novo do que eu e se não quiser levar uns tapas na bunda é melhor me respeitar! Eu também tenho minha influência aqui! – e Saori tinha que admitir que ele estava certo.

         Hidan era muito influente em Kiri, não comandava tudo como Utakata, mas uma parte do tráfico de drogas era dele e Utakata devia fazer negócios com ele, então seria mais sábio não entrar em um conflito. Suspirou ao notar o que pensava. Era por isso que não queria voltar ali. Sentia-se suja por pensar que aquele mundo um dia foi o seu lar. Que teve que lidar com esse tipo de pessoa e trabalhar para eles. Nunca matou ninguém e sempre tentou ser o mais correta possível, mas ela sabia que suas mãos estavam sujas e não se orgulhava disso.

— O que foi? Qual o motivo dessa carinha triste, Boneca? – Tobi indagou e pelo tom de voz parecia preocupado.

— Não é nada. Apenas estou cansada. A noite não foi o que eu imaginei – explicou calmamente e viu o sorriso malicioso de Hidan, o que a fez corar.

— Ora, talvez esse namorado não seja tão trouxa! – insinuou e Saori arregalou os olhos antes de xingá-lo e começar a bater nele, sem se preocupar com quem estava agredindo e fazendo Hidan, Tobi e Utakata rirem. Algumas coisas nunca mudavam.

         Utakata, ao ver que a menor estava ocupada brigando com Hidan, resolveu sair dali para verificar algumas pendências e ficou surpreso ao chegar do outro lado do salão e ver Hideo com um copo nas mãos, parecendo mau humorado. Sorriu, talvez pudesse se divertir um pouco mais antes de trabalhar.

—*-

Já era o oitavo copo que tomava de vodca ou o que quer que fosse, ele apenas tentava relaxar e não focar o seu olhar em Saori que parecia muito contente estando longe de si. Não era para ela estar triste pela briga que tiveram? Não era para ele estar lá com ela? Não era para ela conversar consigo? Não era para essa noite ser especial? Não era para eles estarem se beijando e aproveitando o pouco tempo juntos? Bufou e passou a mão no cabelo descontente e seu humor piorou ao ouvir que alguém ria de si, ainda mais ao notar ser ele.

— O que quer? – não se importou em ser rude, mantinha o seu olhar focado somente na namorada.

— Apenas apreciando se todos estão aproveitando a festa que estou dando em homenagem a Saori – disse e imediatamente teve a atenção de Hideo para si.

— Você fez uma festa para ela? – sorriu de forma forçada, tentando não trincar os dentes de raiva.

— Claro! Ela era muito querida aqui – disse ao se aproximar e colocar uma mão no ombro de Hideo que prontamente se afastou – Acho que começamos mal, er… Qual o seu nome mesmo? – perguntou soando quase inocente. Quase.

— Uzumaki Hideo – respondeu entredentes.

— Isso, Hideo. – falou de forma desleixada – Como eu disse Saori sempre foi muito querida por mim— e aquela fala foi o bastante para o Uzumaki entender que Utakata estava querendo lhe atingir.

— Engraçado, ela nunca nem mencionou você – falou de forma presunçosa – Acho que você não é tão querido por ela. – e Utakata riu ao ouvir aquilo.

— Saori não faz o estilo falante, acharia estranho se ela falasse sobre isso – e sorriu antes de dar o golpe final – Mas mal nos encontramos e ela já me contou tudo a seu respeito e como ela voltou para a família. – e como esperado viu o rapaz arregalar os olhos levemente antes de fechar a cara e voltar a beber.

Olhou novamente para a menina que agora era arrastada por Tobi e Hidan para algum lugar e sorriu novamente ao ver que poderia deixar tudo mais interessante. Observou Hideo que nada falava, parecia concentrado demais em encarar o seu copo e Utakata revirou os olhos.

— Ainda não acredito que está namorando ela – murmurou para si, mas o rapaz ao seu lado foi capaz de ouvir e incapaz de ignorar.

— O que quer dizer? – Hideo tentava se lembrar a todo o momento que ele devia manter a calma.

Utakata apenas deu de ombros e voltou sua atenção para a luta que ocorria bem a sua frente.

— Duvido que ela tenha lhe contado, mas quando a conheci ela não devia ter mais do que dez anos. Ela já tinha aparecido por aqui antes junto com Hikari, então todos a chamavam da mesma forma que ele, Boneca – riu ao recordar-se como ela ficava irritada com o apelido e Hideo bufou baixinho, odiava esse apelido e mais ainda Hikari.

“Enquanto ela ficou do lado dele, ninguém ousava encostar nela. Mas algum tempo depois, somente Saori vinha até Kiri e uma garota sozinha era presa fácil aqui. Alguns tentaram dizer o que devia fazer se quisesse continuar tendo comida e proteção em Kiri. Mas Saori, não queria obedecer a ninguém, então, negou. Começaram as provocações e ameaças. E mesmo assim Saori não abaixou a cabeça. Foi então que ela teve uma ideia do que fazer para se proteger…”

— Que ideia? – Hideo perguntou, curioso com a história e para saber um pouco mais do passado da namorada.

— Ela resolveu mostrar que podia se defender ao chamar quem a importunava para uma briga.

— Parece bem a cara dela – comentou Hideo com um pequeno sorriso.

— Sim, mas ela estava em menor número e dizia que brigaria com todos que quisessem – voltou a narrar.

         “Todos a chamaram de idiota no momento e resolveram fazer uma aposta, caso ela perdesse ela teria que obedecer ao vencedor por três meses. Quando ouvi isso, pensei que ela fosse fugir, dizer que não queria mais. Porém, quando vi, Saori sorria vitoriosa e acenou concordando com a aposta. Só havia uma condição, se ela ganhasse iriam a deixar em paz, ninguém ousaria machucá-la.”

         Hideo franziu o cenho ao imaginar a cena, Saori deveria ser pequena e estar sozinha, talvez estivesse assustada e mesmo assim foi corajosa o suficiente para entrar em uma briga contra mais homens do que poderia suportar. Ela realmente era uma tola orgulhosa. Pensou ao ver o problema que tinha enfrentado.

— Ela não devia ter feito isso… – disse para si.

— Não, mas se ela não fizesse algo, ninguém mais faria – Utakata explicou e voltou a contar – E ela sabia dos riscos. Lutou contra três caras, eram jovens, mas mais experientes do que ela. Por causa disso ela lutou com um de cada vez para que tivesse uma chance, só não teria tempo de descanso.

— Ela… perdeu? – Hideo hesitou e Utakata pegou um copo com vodca deixado em uma das mesas ali perto.

— Saori lutou bravamente, tenho que dizer que até eu achava que ela fosse desistir ao primeiro golpe, mas não. Ela ganhou de todos e ao final ela tinha duas costelas quebradas, um corte do supercílio, um olho roxo, um nariz quebrado, vários hematomas… – enquanto Utakata ia listando Hideo se encolhia ao imaginar a sua namorada tão ferida – … e também conseguiu o respeito de todos ali – sorriu orgulhoso ao terminar de falar.

— O que essa história tem a ver comigo e a Saori? – murmurou confuso, enquanto a bebida fazia efeito e ele tentava afastar a imagem da namorada machucada.

— Você não vê? A Saori é uma leoa, cresceu em meio aos leões e por isso venceu – disse apontando para a pequena arena de luta – Mas você... – voltou seu olhar para o loiro – ...você é um gatinho assustado que sempre teve tudo que queria ao pedir para o papai. – foi sincero, queria ver a reação dele – Você não consegue fazer parte do mundo dela e por isso… – apoiou o braço no ombro de Hideo e mostrou todo o espaço ao redor deles – ...por isso vocês nunca darão certo. – sentenciou e Hideo por um momento apenas ficou digerindo a informação que Utakata lhe dissera.

         Mas ele não precisou de muito para afastar o mais velho de perto de si, terminar a bebida e se embrenhar entre a multidão que torcia para dois lutadores amadores. Ele iria provar para Utakata e quem quisesse que ele não era um playboy, um gatinho assustado como dissera, ele sabia lutar e iria lutar por Saori. Ele iria provar que poderia fazer parte do mundo dela também.


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Notas finais do capítulo

Ahh eu não me aguento com esse dois! Adoro vê-los brigando e interagindo entre si, Saori e Hideo são um casal que vive aos tapas em beijos, mas logo logo eles se ajeitam, prometo. O caso é que eu quis que nesse capítulo o Hideo provasse um pouco do que a Saori sentiu ao ficar ao lado dos amigos dele, além disso tava na hora de vocês saberem um pouco mais da vida da Saori nas ruas e eu tenho que fazer um parêntese aqui e dizer que eu adorei escrever a história do Tobi e tô muito em dúvida se faço uma participação maior dele, ou não... O que vocês acham? Afinal, o Tobi no anime tem um sobrenome de peso, então... ah não vou falar mais nada, quero ouvir vocês ^^
Outra coisa, Sasori finalmente apareceu! Meu vilão, uhuul! Ele já veio chamando a Saori para junto dele, quem disse que ele estava obcecado pela Saori acertou! Mas isso vai ser melhor explicado em outro capítulo ;) O flashback que vocês leram foi a cena da primeira temporada, quando a Saori pede ajuda ao ruivo para salvar o irmão. Foi proposital, sim, o fato de não vermos como Daisuke saiu dali, pois era justamente essa cena que faltava. O Daisuke só conseguiu se salvar pois a Saori aceitou a proposta do Sasori e foi ele quem salvou o primogênito dos Uchiha's, então a nossa menina está em "débito", por assim dizer, com o ruivo, mas ela não está nada disposta a ir com ele. E o que será que ela fará agora?

No próximo eu prometo que terá a segunda visita a casa do avós e também teremos a presença do Sasuke e da Sakura (que estavam muito sumidos, não é mesmo?) preparem os corações e espero que tenham gostado.

p.s: Comecei uma nova fic, sintam-se a vontade para ler e me digam o que acham ;) https://fanfiction.com.br/historia/722092/The_Mermaid_Tale/

Beijos e até a próxima!



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