Sonhos de Uma Outra Vida 2 escrita por Luhni


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Desculpa, eu acabei modificando o capítulo, então não deu para deixar agendado XD
Muito obrigada a todos que comentaram, fico muito feliz em saber que não desistiram da fic e o capítulo de hoje é dedicado a Marissa, uma grande fã de SUOV e que estava louca pelo capítulo ^^ Espero que goste, flor!

Boa leitura!



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             Entrou na mansão ao lado de Fugaku, observando tudo ao redor. Por Kami, aquele lugar conseguia ser maior que a sua casa, e era repleta de obras de arte. Como em um ato reflexo, travou os braços perto do corpo com medo de derrubar algo. Certos hábitos eram difíceis de serem esquecidos, pensou. Fugaku indicou o sofá para que se sentasse e Saori obedeceu prontamente, sem se pronunciar em nenhum momento, mas parecia que o silêncio não incomodava o mais velho, ou pelo menos ele não demonstrava isso.

           Mas ela com certeza estava nervosa. Não sabia o que dizer e o outro Uchiha havia resolvido sentar na poltrona a sua frente para observá-la melhor, o que estava incomodando-a ainda mais. Como ninguém falava nada, resolveu mandar uma mensagem para Daisuke, porém logo voltou a presta atenção ao ouvir Fugaku pigarrear.

— Então, Saori... – começou hesitante e ficou claro que ele não sabia ao certo o que falar também, até que ele teve uma ideia – ...espere um pouco, vou chamar alguém para conhecê-la. – Sua esposa certamente conseguiria desanuviar o clima e manter uma conversa com a mais nova. Até porque ela não o perdoaria se tivesse encontrado a neta e não a avisasse.

Saori nem conseguiu responder algo, pois no instante seguinte já estava sozinha e aquilo a fez suspirar em alívio e ter tempo de mandar outra mensagem ao irmão. Começava a se perguntar o motivo de estar ali. Não que não soubesse o que dizer, porém se fosse para fazer perguntas ela seria muito direta e provavelmente grosseira, então havia combinado com Daisuke de deixá-lo ter as honras de indagar os avós. O problema era que ele não estava ali!

Bufou descontente para em seguida se ajeitar no sofá ao ouvir o som de passos apressados ecoando no corredor e vislumbrou a imagem de uma mulher de cabelos negros presos em um coque, trajando um vestido florido que marcava a silhueta esbelta. Atrás da mulher estava Fugaku que tentava falar algo, mas esta o ignorou e, andando rapidamente, aproximou-se de Saori para abraçá-la. Retesou, surpresa, com o toque da mulher, não esperava aquela reação, mas em momento nenhum a afastou.

— É você mesma! Por Kami! E você é idêntica ao Sasuke! – disse com a voz embargada e aquilo desesperou Saori.

— É porque você não viu o meu irmão ainda – disse rapidamente e logo se arrependeu da fala ao ver o olhar de expectativa da mais velha.

— Seu... irmão? Daisuke? Ele vem? Onde está? Por que não vieram juntos? – disparou a perguntar e Saori afastou-se dela da forma mais delicada que pôde.

— Mikoto, está assustando a menina – ouviu a voz grave de Fugaku e a mulher suspirou a sua frente. “Então essa que é a Mikoto”, pensou Saori ao lembrar que o avô havia a chamado assim.

— Perdão, eu apenas não consegui me conter – disse ao se levantar – Meu nome é Mikoto e este é meu marido, Uchiha Fugaku. Nós somos seus avós – comentou com um sorriso. Estava feliz de finalmente poder dizer essas palavras, por poder conhecer os netos.

— Eu percebi – murmurou baixinho, mas ambos ouviram o que foi dito e Saori sentiu as faces esquentarem ao ver o olhar triste da Uchiha.

Ela não estava querendo ser rude, era apenas o seu jeito, não podiam culpá-la por não ter a reação que Mikoto queria, com palavras mais comoventes da neta, afinal Saori não sabia ao certo o que sentia por aqueles dois que para ela não passavam de totais desconhecidos e agora se tornavam os seus avós. E era por causa disso que Daisuke deveria estar ali, ele saberia o que dizer. Pigarreou e tentou recomeçar:

— Quero dizer, meu nome é Saori... – aquilo parecia óbvio e sentiu-se ridícula ao proferir isso em voz alta, mas já que eles estavam se apresentando, resolveu fazer o mesmo.

— Estamos muito felizes em te ver aqui – Mikoto disse com um sorriso                 que logo esmoreceu ao continuar – Por um momento pensei que Itachi não conseguiria convencer Sasuke.

                Saori arqueou uma sobrancelha ao ouvir aquilo e mordeu a língua para não dizer “mas ele não foi convencido”, achava melhor manter isso em segredo, por enquanto, para conseguir as respostas que queria primeiro.

— Diga, você estuda onde? – Fugaku indagou sério.

— Na Gaiken – e aquilo pareceu ter agradado ao mais velho que esboçou um pequeno sorriso.

— Era o mais apropriado mesmo – e balançou a cabeça como se estivesse afirmando algo para si – Sasuke estudou lá também, assim como Itachi.

— Você está em qual série? – foi a vez de Mikoto perguntar, preferindo não pensar no filho caçula.

— Acabei de passar para o segundo ano – disse sentindo-se no começo de um interrogatório.

— Quem são seus amigos lá? Você deve ser tão popular na escola quanto Sasuke e Itachi eram na época deles, não é? Principalmente sendo tão bonita – a matriarca falou com um risinho baixo, recordando-se dos filhos sempre cercados por outras pessoas.

                Saori corou ao ouvir o elogio, mas não pode evitar também sorrir de forma forçada, quase fazendo uma careta, pois aquilo não podia estar mais errado. Ela não era popular na escola, tinha alguns amigos e a maioria gostava de falar de si, mas geralmente era para comentar sobre o episódio com Karin ou criticá-la por algo. Não conseguiu afastar o pensamento de que Hana estava certa ao chamá-la de encrenqueira. Abriu a boca para responder, mas Fugaku foi mais rápido.

— Claro que é! É uma Uchiha afinal! – e Saori teve que se controlar para não revirar os olhos, entretanto não conseguiu não retrucar:

— Eu não comecei lá como uma Uchiha – e imediatamente percebeu que falara de forma muito ríspida ao ver o cenho de Fugaku se franzir em desagrado e Mikoto morder os lábios, nervosa.

                Um silêncio profundo recaiu na sala e ela teve vontade de sair daquela casa novamente, porém, ao invés disso mandou mais uma mensagem para Daisuke, sem se importar de estar sendo mal educada. Ouviu pigarrearem e levantou a cabeça apenas para ver os mais velhos lhe sondando e escondeu o aparelho embaixo da perna.

— Esse deve ser um assunto delicado para você, não é mesmo? Nós soubemos o que houve com... com aquela mulher – Mikoto pronunciou de forma baixa e Saori franziu levemente o cenho.

— Está falando da Karin? – e notou o desconforto de ambos com o nome, mas Mikoto aquiesceu, respondendo a sua pergunta – Então devem saber que minha mãe não era nada do que vocês pensavam, não é? – sorriu de forma mordaz. Foi mais forte do que ela, mas não conseguiria deixar passar o que eles fizeram a sua mãe tão facilmente.

— Sua... mãe... – Fugaku disse com hesitação e Saori franziu o cenho para ele, alertando-o para que tomasse cuidado com as próximas palavras – Como ela está?

— Bem. Ela é uma mulher forte, já aguentou muita coisa – e deu de ombros – Acho que puxei isso dela – e encarou os mais velhos que pareciam incomodados.

                Ela deveria parar. Estava sendo incoveniente. Estava querendo jogar na cara dos dois o que fizeram com Sakura, mas ela tinha que parar. Havia ido ali para conhecê-los, saber mais sobre os dois, e estava estragando tudo agindo assim, só que era mais forte do que ela, não conseguia perdoar facilmente, ainda mais quando envolvia Sakura.

                Mikoto estava claramente sofrendo por ouvir aquilo, não que não fosse verdade, mas não esperava que a neta agisse assim ao se conhecerem. Saori não era nada parecida com a neta que idealizara. Ela não era doce, meiga e gentil, mas não podia refutar que lembrava muito Sasuke tanto na aparência quanto no gênio difícil. Olhou para Fugaku que parecia pensar o mesmo, enquanto respirava fundo para não brigar com a menina. Ela era muito petulante no conceito dele e ao pensar nisso não conseguiu evitar um pequeno sorriso de canto, para a surpresa de ambas as mulheres.

— Certamente é uma Uchiha – disse e, dessa vez, Saori não se importou de revirar os olhos na frente dele – Mas ainda tem muito que aprender.

                Pensou em retrucar, porém antes que pudesse ouviu a campainha tocar e um empregado surgiu para abrir a porta. Ela rezou para que fosse Daisuke, pois tinha certeza que se ficasse sozinha por mais tempo com os avós estragaria a já quase inexistente relação entre eles.

— Desculpe a demora – ouviu a voz do irmão e suspirou aliviada enquanto o fuzilava com o olhar por estar atrasado.

                Novamente Mikoto andou rapidamente até Daisuke e o abraçou, tão emocionada ou até mais quando conheceu Saori. E, por um momento, a matriarca Uchiha pensou ter visto o filho mais novo ali, se não fossem os olhos verdes, herdados de Sakura. Daisuke ficou um pouco surpreso com o gesto, sem saber como corresponder, por causa disso observou a irmã por cima da mulher, mas Saori apenas deu de ombros enquanto ria da situação. Revirou os olhos e de forma hesitante envolveu os braços ao redor da mulher que soluçou, emocionada.

— D-Desculpe – pediu ao se afastar e segurar o rosto de Daisuke entre as mãos – Sua irmã tinha razão quando disse que você era parecido com Sasuke – falou ao observar os traços tão conhecidos por ela.

— Acho que a senhora é a minha avó, não é? – e sorriu de lado ao ver a mais velha corar por não ter nem se apresentado antes de abraçar o neto.

— Sim, eu sou Uchiha Mikoto – e em seguida virou-se para o lugar onde Fugaku estava – E esse é...

— Uchiha Fugaku, meu avô, estou certo? – Daisuke a interrompeu ao encarar o moreno que se levantou e assentiu com a cabeça.

— É um prazer finalmente lhe conhecer pessoalmente, Daisuke – informou Fugaku e Daisuke sorriu, porém antes que pudesse dizer algo mais Saori não conseguiu se conter e indagou:

— O senhor o conhecia de outra forma?

— Nós acompanhamos o crescimento de Daisuke de longe, apenas por fotos do jornal ou de revistas ocasionais – o Uchiha explicou.

— Eu tenho todos os recortes guardados – Mikoto informou ao lado do neto que parecia um pouco envergonhado – São fotos lindas, é o meu tesouro – sussurrou a última frase, porém Daisuke conseguiu ouvir.

— A senhora é mais bonita pessoalmente do que por fotos, devo dizer – elogiou a avó que ficou encantada e Saori curiosa pelas palavras proferidas e ao ver que a irmã pretendia falar algo, resolveu se antecipar e responder – Eu tomei a liberdade de fazer uma pequena pesquisa antes de conhecê-los.

— E o que descobriu? – Fugaku questionou enquanto indicava o sofá para o neto se sentar junto de Saori, enquanto Mikoto ia em direção a poltrona ao lado da do marido.

— Descobri que o senhor é dono de uma grande rede de hotelaria e que fez fortuna muito cedo – falou encarando o mais velho e em seguida voltou-se a Mikoto – Também sei que a senhora iniciou uma carreira de modelo, mas logo parou de desfilar.

— Sim, eu achei melhor parar quando engravidei de Itachi – explicou Mikoto, contente por ver o interesse do neto na história deles.

— Você realmente fez o seu dever de casa, Daisuke – Fugaku também se mostrava satisfeito pela sagacidade do mais novo.

— Gosto de saber onde estou me metendo para não fazer nada estúpido – deu de ombros para depois encarar a irmã que revirou os olhos, compreendendo a indireta.

— Se alguém dividisse informações, talvez fosse mais fácil de esperar – retrucou, virando o rosto para o outro lado de forma infantil.

— Paciência é uma virtude – e forçou um sorriso para não começar a discutir com a irmã, afinal quem mais escondia as coisas era ela.

— Não sou eu quem não sabe esperar cinco minutos para eu me arrumar – murmurou descontente e cruzou os braços para evitar continuar com aquela discussão inútil.

— Se você cumprisse os cinco minutos eu não reclamaria – Daisuke revirou os olhos por estar discutindo isso naquele momento. O foco deles não devia ser outro?

                Ouviram um riso baixo e ambos se voltaram para os mais velhos que pareciam segurar o riso, ou ao menos Fugaku tentava se manter sério, enquanto Mikoto ria baixinho. Saori e Daisuke sentiram as faces esquentarem por estarem se comportando como crianças, mas a avó logo abanou as mãos como se não ligasse.

— Vocês se parecem tanto com Itachi e Sasuke mais novos. Nunca pensei ver uma discussão como essa de novo – Mikoto falou enquanto se recompunha.

— O otou-san brigava muito com o Itachi? – Saori questionou interessada e a mais velha vibrou internamente por conseguir a atenção da neta.

— Não exatamente – começou a falar e ao ver o olhar entre os mais novos, continuou – Eles também sempre foram muito ligados. Sasuke admirava Itachi e sempre fazia de tudo para se aproximar do irmão, mas Itachi muitas vezes ludibriava Sasuke e iniciava discussões bobas, apenas para irritá-lo.

— Podemos dizer que eles brigavam por gostarem um do outro – Fugaku completou – Assim como vocês.

                Daisuke encarou Saori que apenas deu de ombros, preferindo não discordar e o mais velho dos irmãos sorriu de canto.

                Depois de feitas as apresentações, mesmo de forma turbulenta, Mikoto convidou os netos para tomarem um café enquanto conversavam na varanda. Saori ficou encantada com o jardim da mais velha, havia algumas árvores frondosas e em algumas partes havia canteiros enormes cheios de flores. Uma grande mesa estava posta do lado de fora da casa com os mais variados tipos de doces e pães que faziam o estômago dela roncar baixo. Estava tão nervosa com essa visita que nem havia comido direito antes de sair de casa.

— Por favor, não me diga que foi o seu estômago – ouviu Daisuke sussurrar para si e as bochechas de Saori esquentaram.

— Então não digo – falou, querendo mudar de assunto – Por que você demorou? – e foi a vez de Daisuke corar.

— Depois conversamos sobre isso – esquivou-se da pergunta e seguiu os avós que já estavam sentados à mesa.

— Eu não sabia o que vocês gostavam, então mandei preparar um pouco de tudo. Por favor, sirvam-se – disse mostrando o pequeno banquete.

                Saori poderia descrever aquela comida com uma palavra: deliciosa. Estava realmente com fome, então quando Mikoto disse para se servir a vontade, ela não se fez de rogada. Nunca poderia recusar comida e aquela em especial estava deliciosa e parecia que a avó estava contente de ver o apetite da neta, apesar de um pouco surpresa com o quanto ela comia. Daisuke foi mais comedido, mas não conseguiu evitar o pensamento de que comer na casa da avó era realmente o que todos diziam: não havia nada igual.

                Mikoto aproveitou para continuar a indagar os netos sobre as suas vidas e dessa vez quem mais respondia era Daisuke, para a alegria de Saori que não queria mais cometer alguma gafe. Fugaku observava a interação dos mais novos e não pode evitar suspirar, ele ainda não conseguia acreditar que estava realmente acontecendo, fechou os olhos, e ao abrir se deparou com os orbes negros da neta fixo em si. Ela também parecia analisá-lo e ele logo ajeitou a postura, ficando mais ereto.

— Algum problema Saori? – questionou à neta que deu de ombros, virando o rosto e voltado a comer um pedaço de bolo. Arqueou uma sobrancelha, ela realmente não tinha modos, pensou – Se tiver alguma coisa que queira perguntar, fique a vontade – disse, porém arrependeu-se em seguida ao ver o olhar afiado que a mais nova deu para si.

                Saori inspirou profundamente, reunindo coragem para fazer diversas perguntas que rondavam a sua mente desde quando conheceu Itachi. Por que não se desculpavam com a sua mãe e o seu pai? Ou não tentavam se aproximar? Eles não se arrependiam do que fizeram? O que eles queriam ao conhecê-los? Por que somente agora haviam aparecido? Era verdade o que Itachi disse? Ela sabia que já havia ouvido algumas respostas, mas não tinha engolido todas as justificativas do tio e queria ouvir a verdade deles.

— Eu quero saber... – começou Saori refletindo o que perguntaria primeiro, mas calou-se ao sentir o irmão chutar sua perna com força.

— Agora não é o melhor momento, não acha? - Daisuke disse, forçando um sorriso e Saori franziu o cenho com a reprimenda.

— Não, nós queremos saber, não é Fugaku? – Mikoto disse rapidamente e Fugaku suspirou, quando havia conseguido se livrar da pergunta da neta, sua esposa trazia o assunto de volta.

                Saori voltou a encarar o irmão, como se conversasse com ele pelo olhar, e em seguida voltou-se para o avô, de forma séria. Daisuke apenas suspirou, não tinha mais nada que pudesse fazer, então que ela falasse de uma vez. Porém, antes que qualquer coisa pudesse pronunciada, o celular de Saori começou a tocar e ao ver na tela que se tratava do namorado, ponderou se atendia ou não. Não queria que nada atrapalhasse aquele momento, mas Hideo sabia onde estava e se lhe ligava algo devia ter acontecido, então pediu licença e ao entrar na casa, atendeu ao loiro.

— Oi, qual o problema?

Liga a televisão— foi direto e Saori estranhou a seriedade de Hideo.

— Por quê? Aconteceu alguma coisa? – indagou, indo em direção a sala para ligar o aparelho.

Você não vai acreditar e não vai gostar nem um pouco— Hideo disse meio frustado e Saori ficou apreensiva enquanto pegava o controle remoto.

— Droga, diz de uma vez Hideo! – brigou – Sabe que eu não gos... – mas parou de falar ao ver uma das manchetes do jornal local.

“Uchiha Saori, filha do empresário, Uchiha Sasuke, e da médica, Uchiha Sakura, novamente é notícia. E dessa vez a Fênix Uchiha aparece mostrando o seu pior lado ao agredir um garoto em um evento do Colégio Gaiken”

                A boca estava escancarada e ela não conseguia processar aquilo que estava a sua frente.

“É, parece que essa menina realmente tem um lado bem violento, já que não é a primeira vez que ela deliberadamente machuca alguém” – disse um dos apresentadores.

“Ora, mas olhe direito! A menina também parece machucada, e a roupa não está nos melhores estados, talvez tenha sido por autodefesa” – o outro apresentador contrapôs.

“Ou talvez ela seja membro de uma gangue que adora brigar com os outros!” – brincou novamente o apresentador.

— Saori, por que está demorando tanto? – Daisuke apareceu ao seu lado, sendo seguido pelos avós, mas logo sua atenção se voltou para a televisão que mostrava uma foto de Saori.

                Era de noite, ela estava machucada, a roupa rasgada, mas apesar do escuro, via-se que era ela. Seus olhos brilhavam ferozes e ela chutava o rapaz entre as pernas com força, que estava no chão se contorcendo de dor.

— Mas o que é isso? – ouviu a voz de trovão de Fugaku e foi como se ela recuperasse a razão e enxergasse onde estava realmente: na sala de estar da casa dos avós.

Saori, tudo bem ai? — ouviu a voz de Hideo soar preocupada, provavelmente ele estava a chamando faz tempo, mas ela não conseguiu responder.

Ouviu outro celular tocar e seu irmão atendeu apreensivo, já sabia quem era, mas só ao escutar a resposta do irmão foi que teve a sua confirmação: seu pai.

— Querida, está tudo bem? – Mikoto questionou ao seu lado.

— Merda! - foi a única palavra que disse enquanto milhares de coisas passavam ao mesmo tempo em sua mente, uma em especial se sobressaindo dentre tantas outras: agora ela sabia quem havia lhe salvado.

Não fora Itachi como pensava, mas aquele maldito fotógrafo que parecia lhe perseguir a todo lugar.

—*-

                Ele estava assinando alguns documentos da empresa quando um burburinho começou a se formar do lado de fora do seu escritório. Estranhou a movimentação e como tinha que entregar uma papelada a Naruto saiu da sala para ver o que estava acontecendo. E ao verem o chefe no corredor todos os empregados correram para seus lugares com medo de alguma represália. Estranhou ainda mais aquele comportamento. Não era um chefe tranquilo, sempre fora rígido com os empregados, exigindo sempre o melhor deles, mas também não era um carrasco para eles fugirem apenas ao lhe ver. O que estava acontecendo?

                Antes de ecoar a pergunta a uma das secretárias que ficava na recepção, Naruto apareceu correndo ao seu encalço.

— Acho melhor você vir comigo! – disse o loiro, puxando Sasuke em direção a sala de reunião.

— O que houve? Por que está me puxando Naruto? – bufou descontente com aquilo.

— Eu vou te mostrar, mas antes você tem que me prometer que vai ficar calmo! – praticamente gritou, irritando Sasuke ainda mais.

— Diga de uma vez! – e em seguida Naruto suspirou, sabia que seria em vão pedir calma, então foi em direção ao pequeno aparelho televisivo que ficava na sala de reunião e ligou a TV.

                 Os olhos de Sasuke se arregalaram ao ver a imagem da filha sendo transmitida na televisão, enquanto falavam do que havia acontecido com ela na noite anterior. E o pior era o modo como falavam dela, chamando-a de rebelde e violenta por estar brigando com um garoto que, na concepção deles, estava em desvantagem. Sentiu o sangue ferver e deu dois passos em direção a porta, mas foi barrado por Naruto.

— O que você vai fazer, Sasuke? – questionou e Sasuke franziu o cenho, descrente de que estava ouvindo aquilo.

— Como assim o que vou fazer? Eu vou dar um jeito de mandar tirarem essa droga de foto! – bradou e o loiro estreitou os olhos, tentando colocar um pouco de juízo na cabeça do amigo.

— Se acalme! Não vai adiantar de nada fazer isso – disse e Sasuke arqueou a sobrancelha, esperando uma resposta mais elaborada – Um fotógrafo que faz freelancer vendeu essa foto para todas as emissoras, isso está rolando em todos os canais.

— Como é? – Sasuke esbravejou sem acreditar no que estava ouvindo – Você já sabia disso e não me avisou?

— Eu vi a notícia e fui pesquisar antes de contar a você, já sabia que iria perder a cabeça – explicou da forma mais calma que pode e por um momento Sasuke não reconheceu o amigo impulsivo que tinha, estava tão calmo que agia como se fosse... ele.

                Bagunçou os cabelos e bufou exasperado. Pareciam ter trocado de papéis e só de pensar em estar agindo como Naruto fez Sasuke parar e respirar fundo para se acalmar. Aquilo só podia ser uma brincadeira de mau gosto.

— Isso não podia estar acontecendo... – murmurou e em seguida sacou o celular, tentando ligar para a filha, mas este se encontrava ocupado – Droga, ela não me atende!

— Calma teme! – Naruto pôs a mão no ombro do amigo – É melhor ligar para Daisuke também e...

— Não, antes eu vou tentar ligar para Hideo – afirmou e o Uzumaki arqueou uma sobrancelha, confuso.

— Por que vai ligar para o meu filho? – indagou e Sasuke revirou os olhos com a pergunta idiota do amigo.

— Quero falar com Saori antes e como ela está com o seu filho, é a minha melhor chance – disse enquanto teclava os números no celular.

— Mas, Sasuke, o Hideo não está com a Saori – disse o óbvio e o Uchiha parou instantes antes de efetuar a chamada.

— O quê? Como assim?

— Hideo não saiu de casa hoje. Estava até um pouco mal humorado e trancou-se no quarto depois de comer – explicou revirando os olhos ao relembrar o estado do filho. Gostaria de saber de quem ele tinha herdado esse temperamento teimoso e intempestivo.

                Sasuke apertou o celular com força e mordeu a língua para não esbravejar naquele instante. Se Hideo não havia saído de casa, ele não estava com Saori, como a filha afirmara que estaria. Então ela mentira para si. Voltou a atenção para a tela do celular e ligou para o filho, talvez Daisuke soubesse o que estava acontecendo, pensou, tentando se acalmar. Após o segundo toque o filho atendeu.

— Otou-san... – falou de forma hesitante e Sasuke já sabia que algo não estava certo.

— Onde você está? – foi a primeira coisa que conseguiu questionar e escutou vozes no local.

— Na casa da Sasame. Acabamos de ver a televisão – disse rapidamente e Sasuke suspirou, tinha que se acalmar.

— Sua irmã... – iria perguntar se ele sabia onde ela estava quando ouviu alguém se pronunciar do outro lado da linha. Não pode ser, pensou aturdido.

“Querida, você está bem?”

                A frase por si só não significava muita coisa, mas a voz que a pronunciara... não, devia ter entendido errado. Devia ter ouvido mal, afinal não tinha como ser ela.

— Otou-san, tudo bem? – ouviu a voz do filho e focou sua atenção a conversa.

— Onde está sua irmã? – tornou a indagar e Daisuke prontamente respondeu:

— Na casa do Hideo, como ela avisou – e o Uchiha ficou tentado em negar para o filho, porém mais uma vez ouviu vozes que o deixaram desconfiado. Aquela era Saori?

— Vá para casa agora – disse entredentes e Daisuke apenas anuiu e despediu-se do pai que olhava o celular como se pudesse quebrá-lo com o olhar.

— Teme o que houve? – Naruto chamou a atenção do amigo que parecia furioso.

— Não sei, mas vou descobrir ou não me chamo Uchiha Sasuke! – e em seguida saiu da sala a passos pesados. Iria ter uma conversa séria com os filhos.

—*-

— Desculpe, mas precisamos ir embora – Daisuke disse apressado, parando ao lado da irmã que o olhava meio perdida.

— Como assim ir embora? – Mikoto questionou angustiada – O que está acontecendo? – olhou para a neta e em seguida para a televisão.

— O que significa essa foto, Saori? – Fugaku indagou de forma dura e Saori franziu o cenho.

— Nada, isso é apenas um mal entendido – explicou de forma vaga demais para o avô.

— É melhor falar mais que isso se quiser me convencer – exigiu e a garota bufou irritada.

— Acontece que eu não estou tentando convencer o senhor de nada – retrucou.

— Menina é melhor começar a ter mais respeito, senão...

— Senão o quê? – Daisuke interrompeu de forma ríspida e ficou na frente da irmã ao ver o avô dar dois passos em direção a ela. Não importava quem fosse, não iria permitir que machucassem Saori enquanto estivesse ali.

— Eu não lhe devo explicações! – rebateu Saori nem um pouco assustada, indo para o lado do irmão.

— Eu sou o seu avô! – e em seguida olhou para Daisuke – Sou avô dos dois e exijo respeito!

— Fugaku, pare! – tentou Mikoto ao ver a forma como o marido se exaltava – É melhor vocês irem, depois conversamos – disse para os netos que aquiesceram e partiram dali.

— Mikoto, você...

— Não comece! Nós queremos conhecê-los e não assustá-los! – bradou ao se verem sozinhos e Fugaku bufou – Pensei que era isso que queria... que havíamos decidido.

— Eu apenas não estou acostumado a ser desrespeitado por crianças e olhe isso – apontou para a manchete na TV – Você também não quer saber o motivo desse escândalo?

— Claro que quero, mas temos que esperar o tempo deles, ou podemos estragar tudo... e nem eu e nem você temos mais dezoito anos para conhecer os nossos netos.

—*-

Chegaram em casa em tempo recorde, e mesmo assim ainda foram abordados por alguns repórteres que queriam uma palavra de Saori sobre o acontecido. Ela recusou-se a falar, claro. E quando finalmente suspiraram aliviados por se verem livres dos olhares inconveniente da mídia tiveram que encarar o olhar raivoso do pai que já estava a espera dos dois filhos.

— Otou-san! – Saori exclamou surpresa por vê-lo ali – Que susto! – disse colocando a mão em frente do peito, não havia visto-o ali.

— Pensei que o senhor não viria para casa agora – Daisuke falou mais calmo.

— Depois disso onde mais eu estaria? – encarou o primogênito, que estranhou a resposta do pai, e em seguida voltou sua atenção para a filha – Pensei que estava com Hideo – foi categórico e Saori arregalou os olhos, antes de responder rapidamente:

— E estava, mas...

— Eu fui buscá-la depois que o senhor me ligou – Daisuke interveio e Sasuke estreitou os olhos para o filho – Algum problema, otou-san?

— Nenhum, apenas estou nervoso com tudo o que está acontecendo – suspirou, passando a mão no cabelo – Como você está? – questionou novamente a filha que não soube o que responder.

— Não faço a menor ideia – deu de ombros – Mas pelo menos agora sei quem me salvou ontem – disse com um sorriso um pouco forçado. Tentava decidir se isso era algo positivo ou não.

— É melhor você não sair de casa por um tempo, Saori, pelo menos até as coisas se acalmarem – afirmou e a garota franziu o cenho, não gostando daquilo.

— O quê? Mas eu não fiz nada! Por que estou sendo punida? – contrapôs e Sasuke teve vontade de responder que era para ela aprender a não mentir, mas ainda não era o momento apropriado.

— Apenas estou evitando que esses abutres do lado de fora causem mais problemas. – e apontou para o lado de fora da casa, onde alguns repórteres começavam a chegar – Mas se quiser sair não tem problema, apenas saiba que todos vão ficar sabendo o que está fazendo – deu ênfase na frase e viu o olhar que Saori deu a Daisuke, como se conversassem sobre algo entre eles.

— Tudo bem, eu fico em casa – disse a contragosto e em seguida se virou para subir para o quarto, deixando Sasuke e Daisuke sozinhos.

— Ela não vai aguentar ficar presa aqui durante muito tempo – comentou com o pai que deu de ombros.

— Até eu pensar em algo é o melhor a ser feito – e observou o filho seriamente – É bom saber que você também terá os seus passos vigiados de agora em diante – disse e Daisuke arqueou uma sobrancelha, tinha a impressão que o seu pai não falava apenas da mídia.

— Vou tomar cuidado – respondeu e Sasuke sorriu de canto.

— Você foi bem rápido para chegar até a casa dos Uzumakis.  Afinal, não é caminho da casa dos Nara, espero que não tenha pegado nenhuma multa – e checou o relógio apenas para constar o tempo decorrido até os filhos chegarem em casa.

— Não peguei, sou muito cuidadoso, sabe disso, otou-san – e em seguida fez menção de também se retirar e subir para o quarto. Seu pai estava estranho demais.

— Tinha muita gente? – indagou Sasuke e o filho parou de andar, confuso, virando-se novamente para o mais velho – Na casa dos Nara, tinha muita gente?

— Não, somente as mesmas pessoas de sempre – e mais uma vez Daisuke estranhou a pergunta do pai que suspirou e em seguida sorriu de lado.

— Não se preocupe, apenas estranhei por causa do barulho que ouvi, mas devia ser a televisão, não é? – e ao ver o filho aquiescer, voltou a indagar – Filho, você não mentiria para mim, certo? Sabe que pode me contar tudo.

— Claro que sei, o senhor é o meu pai e eu o respeito muito, assim como a Saori.

— Sei disso, mas sua irmã costuma esconder as coisas e ela já está passando por muitos problemas, por isso preciso que me ajude a protegê-la – sondou o filho que parecia um pouco tenso – Se souber de algo, se quiser me contar algo que envolva você ou sua irmã, saiba que estou aqui por vocês – terminou de falar e esperou uma resposta de Daisuke que sorriu, aquiescendo de forma mecânica, sem conseguir falar nada e em seguida voltou a ir em direção as escadas.

                Sasuke suspirou e cerrou o punho. Agora ele tinha certeza que estavam mentindo para ele. Daisuke permanecera desconfortável durante a conversa toda e evitou encará-lo ao máximo, então, ou o primogênito estava acobertando Saori, ou ele também estava envolvido em algo. E Sasuke apostava na segunda alternativa. Massageou as têmporas, tentando refletir o que faria primeiro, mas pelo menos, o que quer que fosse fazer a partir de então, Sakura não poderia dizer que não havia dado a chance dos menores se explicarem.

                Ele só esperava que não fosse nada relacionado com quem ele estava pensando.

—*-

             Sorriu ao ver a reportagem. A foto mostrada lhe tirava o fôlego, o olhar dela tão furioso lhe encantara e sabia que agora estava a um passo mais perto de encontrá-la pessoalmente. Pois agora ela viria até si. Conhecia-a bem demais, sabia que não sossegaria até achá-lo e contava com isso. Com a sua pequena teimosa e impetuosa Saori vindo lhe procurar. Cruzou os braços atrás da cabeça, agora era questão de tempo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do Fugaku e da Mikoto? Esse primeiro encontro não foi um dos melhores, eles quase não conseguiram conversar direito e quando a coisa ia melhorar, bum!, resolvem mexer com a Saori de novo aiai u.u
Mas agora é que vem a parte boa, pois do jeito que o Sasuke é, ele não vai deixar essa história de mentira pra lá não, ou seja, logo teremos um encontro entre Uchihas XD
Gente, vou logo avisando que, provavelmente, só irei postar outro capítulo agora depois da minha cirurgia e espero que entendam... caso consiga um tempinho livre vou escrever, mas acho difícil, então peço um pouquinho de paciência e agradeço desde já por vocês serem os MELHORES LEITORES DO MUNDO!!!

beijos e até a próxima



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