Abriu os olhos assustada, sem saber ao certo onde estava. Tudo ao seu redor era branco e doía em sua vista. Começou a andar, tentando encontrar uma saída, mas parecia nunca sair do lugar. Não havia ninguém ali. Estava completamente sozinha. Começou a correr em qualquer direção, o medo tomando conta de si. Não queria ficar só. Tinha que encontrar alguém, qualquer um!

- Saori! – ouviu lhe chamarem e se virou em direção à voz. Reconheceu de imediato seu pai que corria até ela.

- Otou-san! – gritou de volta imitando o gesto do mais velho. Sorriu feliz por ver que não estava sozinha, mas logo se desesperou ao ver Karin atrás do moreno, apontando uma arma na sua direção. Tentou gritar, mas sua voz havia travado e suas pernas não respondiam mais. Ela era apenas uma observadora da cena que seguia através de seus olhos.

Karin apontava a arma para si, os orbes avermelhados brilhavam em fúria e de forma desvairada. Sentiu seu coração bater mais rápido e mais uma vez avistou seu pai que corria para si. Ela já sabia o que aconteceria a seguir. Lágrimas já rolavam por seu rosto com ela inerte sem poder fazer nada. Foi quando ouviu o tiro e o olhar do seu pai pender sobre si. Como em câmera lenta viu Sasuke cair até o chão, o sangue saindo de seu peito até formar uma poça enorme no chão.

Gritou com todas as forças, arranhando a garganta. Jogou-se sobre o corpo do mais velho, chorando e chamando o seu nome, suas mãos cobertas pelo líquido carmesim. Estava desesperada e sem saber o que fazer. Não podia o perder. Não agora. Era tanto sangue e quanto mais pressionava para tentar fazê-lo estancar, mais saia e parecia afundar em suas mãos.

Estava tão concentrada e aflita que somente percebeu que Karin ainda não havia desistido quando esta gritou e veio ao seu encontro. Se antes pensava que a mulher estava louca, agora tinha certeza ao vê-la arrancando os cabelos, gritando por Sasuke e bradando que a culpa era de Saori. Tudo aconteceu muito rápido, a mulher lhe puxou e Saori sabia que nunca esqueceria aqueles olhos vermelhos, sentiu um arrepio percorrer sua espinha e soube que seu fim estava próximo, não poderia fazer mais nada.

- Você é culpada! Vou mandá-la para o inferno! – bradou de forma feroz.

Outro tiro foi ouvido e mais uma vez não havia sido ela a atingida. Um buraco fora aberto no peito de Karin fazendo o sangue esguichar e manchar o seu rosto. Mais um corpo estava aos seus pés. Arfava com as mãos trêmulas e notou que não eram mais somente suas mãos sujas, mas todo o seu corpo estava coberto de sangue. Notou o corpo de seu pai afundar no líquido viscoso e se desesperou ao ver que estava perdendo-o. Gritou mais uma vez, puxando o moreno para cima, mas era inútil, Sasuke parecia desaparecer em meio ao sangue.

Viu o corpo de Karin submergir também, mas não podia fazer nada pela ruiva, aquilo estava parecendo areia movediça, quando de repente, parou. Seu pai não afundava mais e ela respirou aliviada, por pouco tempo, pois logo em seguida viu a mão de Karin agarrar-lhe o pulso, totalmente ensanguentada. A ruiva parecia se levantar da poça de sangue, mas aquilo não era possível, não com aquele buraco no peito. O agarre se intensificou e ela gritou de pavor, tentando afastar a mulher de perto de si, mas nada funcionava.

- Eu nunca vou te deixar em paz! A culpa é sua do Sasuke-kun ter se ferido! Eu vou matar você, vou levá-la para o inferno junto comigo! – disse Karin.

- Lie! Deixe-me em paz! – bradou de volta, empurrando a mulher que caiu no chão e começou a se arrastar para segurar as suas pernas. Olhou para o pai, caído perto de si, sem poder fazer e mais uma vez o observou ser tragado pelo sangue ao seu redor, mas não conseguiu alcançá-lo, pois ela própria era puxada por Karin e começava a afundar em direção ao líquido rubro. – Não! Não! Não! – gritava desesperada, se debatendo com todas as forças.

- Não! – acordou aos prantos antes de abafar com as mãos o grito que teimava em irromper de dentro de si.

Observou o lugar a sua volta assustada e com os olhos arregalados. Estava no seu quarto, havia sido um sonho, ou melhor, um pesadelo. Seu coração estava descompassado, suas mãos tremiam, suor escorria de sua testa e seu rosto estava tomado por lágrimas. Apertou com força o lençol, enquanto chorava baixinho. Era a terceira vez na semana que isso acontecia. Esses pesadelos estavam se tornando cada vez mais frequentes e ela não sabia mais o que fazer. Respirou fundo várias vezes enquanto se abraçava para tentar se acalmar e resolveu tomar um copo d’água para ajudar.

Caminhou lentamente até a cozinha e ao chegar ao cômodo se surpreendeu ao ver Daisuke lendo algo na cozinha, limpou os vestígios do choro antes que ele percebesse e indagou, chamando a atenção do rapaz:

- O que faz acordado a essa hora?

- Estava estudando – respondeu encarando a menina que parecia nervosa – E você?

Andou em direção a geladeira e pegou uma jarra com água e um copo antes de se sentar em frente ao mais velho. Já fazia quatro meses desde que se lembrara de quem era e sua vida voltara ao normal. Nesse meio tempo Sasuke, Daisuke e ela haviam tido alta do hospital e com o ano letivo chegando ao fim, Daisuke, Hideo, Sasame e Ryuu, por estarem no último ano, estavam se preparando para os exames de admissão nas universidades, era por isso que o rapaz passava diversas noites em claro estudando.

- Estava sem sono, vim tomar um copo d’água! – respondeu, sorvendo o líquido e evitando o olhar do moreno que suspirou.

- Você teve outro pesadelo, não foi? – questionou e Saori sorriu ao perceber que Daisuke sempre sabia quando mentia. Não tinha como enganar seu irmão por muito tempo.

- Hai! – murmurou apertando o copo em suas mãos. As cenas do seu pesadelo ainda estavam nítidas em sua mente.

- É a terceira vez só essa semana! Não acha que devia avisar aos nossos pais e ver o que é isso? Talvez ir a um psicólogo! – disse mais uma vez, estava ficando preocupado com a reincidência desses pesadelos da mais nova.

- Lie! Não se preocupe, não é nada! Daqui a pouco passa! – Saori rebateu. Não queria atormentar seus pais com isso, ainda se lembrava da primeira vez que isso acontecera, havia acordado a todos na casa que vieram ao seu encontro correndo. Além do mais, o que lhe diriam? Que estava em choque? Que ainda estava abalada emocionalmente? Que, talvez, estivesse com algum trauma? Ela não precisava ir a nenhum médico para saber algo que já era do seu conhecimento!

- Teimosa! – bufou irritado com a mais nova que deu de ombros.

- Você também! Não devia estar se esforçando tanto! Não é a primeira vez que passa a noite em claro! Isso faz mal, Daisuke! – mudou de assunto rapidamente.

- Falou a que não fez o mesmo ou talvez pior para entrar na “Gaiken”! – retrucou Daisuke, recordando da época em que ela havia feito a prova para estudante bolsista no colégio “Gaiken School”.

- Era diferente! – falou emburrada.

- Diferente como? – arqueou uma sobrancelha, descrente.

- Eu tinha que provar o meu valor! Você praticamente me chamou de burra ao dizer que eu não conseguiria passar no exame! – acusou, apontando o dedo para o rapaz.

- Tsc, ainda está chateada com isso? Já disse que foi um mal entendido! E não é diferente! Eu também preciso passar nessa prova! – explicou Daisuke e Saori suspirou.

- Eu sei! Não se preocupe, você é inteligente! Tenho certeza que vai passar! – disse sorrindo para o mais velho que retribuiu o gesto.

- Certo! Nós ainda temos aula amanhã, então é melhor irmos dormir de uma vez! – Daisuke declarou ao ver como a mais nova parecia abatida, o problema era que ela se recusava a avisar os pais.

- Hai, hai! – falou bocejando antes de se levantar e deixar o copo na pia. Daisuke respirou fundo e fechou o livro que estava lendo, havia decidido que se isso continuasse, ele mesmo diria o que estava acontecendo aos genitores.

-*-

Olhava-se no espelho, tentando afugentar o sono e abrir os olhos. Algo que estava se mostrando uma tarefa difícil. Até levantara mais tarde do que o habitual devido ao pesadelo que tivera na noite passada, na verdade, depois disso ela quase não conseguiu dormir, mesmo seu corpo clamando por descanso. Bom, agora ela não podia dormir e tinha que melhorar aquele rosto antes de ir tomar café ou então teria que dar muitas respostas aos seus pais.

- Ohayo! – murmurou sorridente ao entrar no cômodo, vendo sua mãe ajudando Chiyo enquanto seu irmão e seu pai conversavam sobre algo a mesa do café.

- Ohayo, Saori! – respondeu a rosada, esfuziante.

- Hum... – murmurou Daisuke de volta que também parecia cansado.

- Ohayo filha! – falou Sasuke sorrindo de canto antes de observar melhor a garota – Parece cansada, não dormiu bem?

- Er...eu acabei ficando sem sono, acho que foi isso! – respondeu ao se sentar ao lado do irmão e iniciar seu desjejum. Daisuke apenas observou a irmã sem dizer uma única palavra.

- Insônia? Você está sentindo alguma coisa, Saori? Isso pode ser um sinal e... – Sakura havia entrado no modo médica, de novo.

- Eu estou bem, oka-san! – interrompeu Saori, sorrindo pela preocupação da mãe. Achava que nunca iria se acostumar em ser tratada desse jeito.

- Tudo bem, mas se você sentir alguma coisa me avise! E lembre-se que ainda temos que fazer o check-up da sua tomografia! – Sakura disse mais uma vez.

Desde quando Saori fora internada, Sakura mandou que fossem feitos todos os tipos de exames para atestar a saúde da menina, principalmente devido ao trauma que sofrera na cabeça e exigiu que durante o primeiro ano fosse realizado uma tomografia a cada mês para saber se estava tudo em ordem com a recuperação da filha. Afinal, era médica e sabia que devia acompanhar de perto esse tipo de caso.

- Hai, hai! É só a senhora marcar que eu farei! – suspirou resignada, não tinha como discutir isso com a rosada que sorriu satisfeita.

- Daisuke como andam os estudos? – indagou Sasuke para o primogênito enquanto bebia seu café.

- Estão indo bem, otou-san! – respondeu tranquilo.

- Quando são os testes? – questionou mais uma vez.

- Daqui a uma semana começam! – Daisuke informou entediado.

- Ainda bem não é? Não aguentava mais te ver estudar! – falou Saori para animar o irmão. Percebia que apesar dele tentar não aparentar, estava nervoso por causa desses exames.

- Se esforce! Se precisar de ajuda nos estudos...

- Eu estou bem! Eu consigo! – cortou o pai, encarando-o de forma firme. Daisuke era tão orgulhoso quanto Sasuke e queria mostrar ao pai do que era capaz sem depender da ajuda de ninguém. Queria mostrar que não era mais uma criança.

Sakura e Saori suspiraram ao ver a teimosia dos dois. Sakura sabia que Sasuke estava preocupado com Daisuke devido aos testes, pois se lembrava como ele havia se esforçado para conseguir entrar na universidade na época, mas ele tinha que entender que Daisuke era diferente dele e que aquilo somente piorava a tensão do filho, o qual se sentia cada vez mais pressionado, além de deixá-lo com aquele sentimento de inferioridade com relação ao pai.

Saiu dos seus devaneios ao ouvir uma buzina tocar do lado de fora da casa e notou como Sasuke contraiu os lábios, Daisuke revirou os olhos e Saori se remexeu na cadeira, desconfortável. Já sabia o que aquilo significava: Hideo. Desde quando o rapaz anunciara o namoro dele com Saori para ela e Sasuke, o Uzumaki entrara para a lista negra do marido. Sorriu ao se lembrar de como o filho mais velho do Naruto se parecia com o próprio quando fora informar sobre o relacionamento.

Flashback on

Sasuke ainda não havia recebido alta do hospital e por causa disso estava fazendo companhia para o marido que devia estar odiando ter que ficar ali, afinal ele nunca gostara de hospitais.

- Não se preocupe Sasuke-kun! Logo você estará voltando para casa! – tentou animá-lo, mas este apenas bufou irritado.

- Eu poderia voltar hoje mesmo para casa! Já estou bem! – retrucou, fazendo um esforço para sentar e gemeu baixinho ao sentir uma fisgada na altura do peito.

- É, eu estou vendo! – Sakura disse de forma irônica para o marido que franziu o cenho – Ora, Sasuke-kun deixe de ser infantil! Nem a Saori foi tão teimosa quando estava internada! – revirou os olhos antes de ajeitar o travesseiro do moreno para que este ficasse mais confortável.

Quando seus filhos e seu marido foram trazidos para o hospital, Sakura havia ficado desesperada ao ver o estado no qual Daisuke se encontrava, ele havia fraturado a perna, tinha uma costela quebrada e outra estava trincada, além de outros machucados menores enquanto que Saori apesar do trauma que sofrera, responsável por reviver as suas memórias, era a que menos estava machucada fisicamente e, por isso havia recebido alta há menos de dois dias. Porém, a menina vivia indo ao hospital para ver Daisuke e Sasuke, que ainda estavam de recuperando.

- Espero que ela esteja se comportando em casa! – Sasuke murmurou, se perguntando se ela estaria bem sozinha, afinal muita coisa havia acontecido.

- Claro que está! E daqui a pouco ela deve estar aí! Não se preocupe! – Sakura falou confiante, mesmo que também compartilhasse da preocupação do moreno. Sentia-se mal por não poder ficar com a menor logo agora que tudo havia se resolvido e finalmente estavam juntas de novo, mas com seu marido e filho internados não tinha como deixar o hospital.

- Sakura... – começou a falar quando a porta foi aberta e por ela passaram sua filha acompanhada de Naruto, Hinata e os seus dois filhos.

- YO TEME! VIEMOS VER COMO VOCÊ ESTAVA, 'TTEBAYO! – exclamou Naruto de forma escandalosa.

- Não precisa me deixar surdo também, dobe! – Sasuke respondeu entredentes.

- Que bom que vieram! – Sakura sorriu, contente, ignorando o mau humor do marido, beijando a filha para em seguida chamar Hinata para se sentarem em um pequeno sofá ao lado da cama.

- Hideo insistiu que devíamos vir e no caminho acabamos encontramos a Saori-chan! – Hinata explicou para a amiga que ficou confusa com o que foi dito assim como Sasuke.

- Otou-san como está se sentindo? – indagou Saori um pouco sem jeito ao se aproximar do pai que sorriu ao ouvi-la lhe chamar de "otou-san". Há quanto tempo não esperou para ouvir isso de novo?

- Eu estou bem hime! – Sasuke respondeu, usando o antigo apelido pelo qual chamava a mais nova. E Saori não pode evitar corar ao ouvi-lo lhe chamar dessa forma na frente de todos.

- Otou-san! – repreendeu Saori e Sasuke somente sorriu para ela.

- Oe, teme! E quando você sai daqui, então? – Naruto indagou ao se aproximar do amigo.

- Eu não sei! Parece que querem me prender por mais um tempo aqui! – disse, olhando de esguelha para a esposa que revirou os olhos.

- A questão não prender você, mas deixá-lo recuperado! – retrucou Sakura.

- Saori, falando nisso, quando você vai voltar para as aulas? Eu, a Akane e a Sasame estamos com saudades! Você ainda não está recuperada? – questionou Hana que até o momento não havia se pronunciado.

Saori ficou um pouco sem jeito e sem saber o que responder, naquele momento ela não queria voltar para o colégio, pelo menos não até seu pai e seu irmão não se recuperarem. Mas tinha consciência de que por ser bolsista no “Gaiken” não podia continuar a faltar. Foi quando algo surgiu para si ao se dar conta que ela não sabia como as coisas ficariam a partir de agora, a partir do momento que voltara a ser uma Uchiha.

- Bom... eu estou bem, mas eu queria voltar para o colégio somente quando tudo se organizasse... – disse olhando para o pai e em seguida para a mãe, em um pedido mudo que foi acatado pelos mais velhos, afinal eles tinham que conversar com Tsunade melhor e acertar todas as burocracias a respeito dos documentos da filha.

- Ahh... – Hana reclamou fazendo um beicinho e Saori sorriu para a loira, desculpando-se.

Todos começaram a falar amenidades depois disso, Naruto perturbava Sasuke e dizia para ele não se preocupar, pois estava tomando conta da empresa, o que fez o Uchiha retrucar que duvidava disso, mas fazia isso somente para irritar o loiro, tinha plena confiança no amigo. Enquanto Hinata e Sakura falavam sobre os documentos de Saori que continuava a conversar com Hana, questionando sobre o colégio. Somente Hideo permanecia calado. Ele não havia dito uma só palavra desde que chegara, não porque não queria, mas porque não conseguia.

Suas mãos estavam suadas e a todo o momento as esfregava nas calças para limpá-las, sua voz sumia a cada tentativa de dizer algo e seu coração não parava de martelar fortemente dentro de si. Olhou para Saori que conversava de forma animada com sua irmã e depois para os seus pais que também estavam alheios a sua situação e ele não sabia dizer se isso era bom ou ruim. Ele tinha ido até ali com um propósito, mas não imaginou que fosse encontrar Saori naquele mesmo horário e nem tão pouco imaginou que fosse ficar tão nervoso. Tudo bem que ele nunca havia feito isso antes, mas não pensara que fosse tão difícil. Passou a mão no cabelo para conter a ansiedade e aquele gesto não passou despercebido por Saori.

- Oe, está tudo bem, Hideo? – indagou olhando um pouco preocupada para o loiro que congelou no lugar.

- H-Hai! Porque não estaria? – riu nervoso e Saori arqueou uma sobrancelha, desconfiada.

- Você parece nervoso! – a Uchiha disse ao se aproximar. “Ele está escondendo alguma coisa?” Pensou irritada.

- Lie! Claro que não! É impressão sua! – respondeu rápido demais e Hana resolveu ajudar o irmão. Ela já tinha uma ideia do porquê de eles estarem todos ali.

- Onii-san, mas você não disse que tinha algo a dizer? – inquiriu e Hideo a fuzilou com os olhos, ele havia perdido a coragem de fazer isso naquele momento. Suspirou e abriu a boca para responder, mas sua mãe interviu:

- É verdade! Você disse que precisava ver o seu tio e que queria que todos nós estivéssemos aqui também. O que aconteceu filho?

A atenção de todos agora estava em si e mesmo que não fosse uma pessoa, nem um pouco, tímida, sentiu seu rosto esquentar de vergonha. Olhou para Saori que continuava confusa, encarando-o e ele não acreditava que ela podia estar tão calma, mas, talvez, a culpa fosse dele, afinal quem bolara aquilo fora ele.

- N-Não é nada! – Hideo se odiou por gaguejar e bagunçou os cabelos mais uma vez, rindo.

- Hideo você praticamente nos arrastou até aqui! O que houve? ‘ttebayo! – e foi a vez de Naruto indagar para o filho que começou a dar alguma desculpa esfarrapada para enganá-lo enquanto olhava para Saori de esguelha.

Quando finalmente havia conseguido desviar a atenção dos mais velhos, ouviu Saori lhe chamar em particular e eles saíram do quarto sem anunciar. Ele não entendeu o motivo dela fazer isso e ficou nervoso ao pensar que ela poderia ter adivinhado o que faria e estava prestes a brigar consigo. Mas as palavras que ouviu não foram as que esperava.

- Hideo...se... – hesitou, encarando algum ponto no chão – se você tiver se arrependido de namorar comigo, não se preocupe! Eu não avisei os meus pais, então não precisa dar nenhuma satisfação! – murmurou.

- Nani? – arregalou os olhos e puxou o rosto da menina para cima, vendo-os marejados – Por que está dizendo isso? Quem disse que eu quero terminar?

- Eu percebi! Você está todo nervoso desde que me viu e não consegue me encarar direito ou aos meus pais! Se for isso que você quer, eu... – ele não acreditava no que estava ouvindo. Como ela pôde entender tudo errado? Mas a culpa devia ser dele, não devia ter hesitado desde o começo! Mas aquilo havia sido o suficiente para dar a coragem que precisava.

- Baka! – exclamou irritado antes de puxá-la para dentro do quarto novamente – Sasuke-san! Sakura-san! – chamou e o moreno fitou com o cenho franzido as mãos entrelaçadas dos dois jovens. Saori sorriu nervosamente para o pai e tentou se soltar, mas o Uzumaki não permitiu e continuou a falar:

- A verdade é que eu vim aqui com uma intenção! Eu... – hesitou, olhando para uma Saori confusa e um pouco irritada – Eu quero informar que eu e a Saori... – a menina prendeu a respiração e arregalou os olhos ao finalmente compreender o motivo dele estar nervoso, não acreditava que ele estava fazendo aquilo justamente ali, sem ao menos conversar com ela antes.

- Baka o que está fazendo? – interrompeu Saori.

- O que estou querendo fazer desde que cheguei aqui, mas não tive coragem! – replicou para a menina.

- Não precisa disso! Espere um pouco! – Saori pediu rapidamente, afinal queria dar a notícia ela mesma, quem sabe preparar o seu pai para isso. Hideo não podia simplesmente anunciar aquilo, ali, daquele jeito.

- Lie! Você pensou que eu queria terminar! E eu quero que todos saibam que estamos namorando! – Hideo proferiu, esquecendo-se por um momento que eles não estavam discutindo a sós.

- O...O que disse? – Sakura questionou ao se levantar emocionada, chamando a atenção do casal que continuava a se encarar. “Droga, não era assim que eu planejei!” o Uzumaki pensou nervoso antes de se virar para a plateia que parecia aturdida.

- Eu...Eu...EU E SAORI ESTAMOS NAMORANDO! ONEGAI, NOS DÊ AS SUAS BÊNÇÃOS! – Hideo gritou, fazendo uma leve referência aos mais velhos.

Por um momento, ninguém conseguiu dizer nada, apenas digeriam as palavras do loiro. Saori sentiu seu rosto arder, mas ela não conseguia tirar os olhos de Hideo, ele realmente havia dito! Não sabia o que dizer, se confirmava o que o loiro falou ou se batia nele por ser tão apressado. Custava ele esperar um pouco? Não podia fazer como Ichiro e avisar os pais que estavam juntos com um jantar normal em casa? Não, ele tinha que soltar essa bomba enquanto Sasuke estava se recuperando no hospital! E o pior sem lhe dizer nada! Absolutamente nada!

Estava tão focada nos seus pensamentos que só ao sentir Sakura lhe abraçar foi que saiu daquele torpor, recebendo de Hinata e Hana os parabéns. Por Kami, ela não estava casando, porque tinham que lhe dar parabéns? Pensou corada.

- AH EU SABIA! VOCÊ ESCOLHEU MUITO BEM FILHO! – berrou Naruto ao abraçar o filho que estava um pouco envergonhado.

- Isso é algum tipo de piada? – Sasuke rosnou, chamando a atenção dos outros e Hideo não pode evitar engolir a seco. Ele sabia que seu tio não aceitaria aquilo tão bem.

- Lie! Eu e Saori estamos juntos, Sasuke-san! – Hideo disse mais uma vez, segurando a mão da menina que ainda parecia distante, sem saber o que dizer.

Sasuke encarou mortalmente o filho de Naruto que se encolheu, imaginando que se seu tio pudesse seria queimado vivo devido a intensidade daquele olhar que lhe lançara.

- Saori... – bradou para a filha que saiu dos seus devaneios e apertou inconscientemente a mão do loiro ao seu lado. Sasuke queria respostas e queria que sua filha o explicasse.

- Eu... Hideo... bom... – como se fosse fácil para ela dizer isso, mas agora que o loiro havia começado, ela não podia voltar atrás, já que fora ela quem o pediu em namoro – H-Hai! Nós estamos juntos!

Ouvir aquilo realmente devastou Sasuke e antes que alguém pudesse prever o que ele faria ou impedi-lo, já havia se levantado para ir em direção ao moleque que estava tentando roubar sua filha de si. Só não conseguiu alcançá-lo, pois seu corpo protestou contra o esforço e Naruto o segurou, evitando que uma chacina acontecesse.

- ME LARGUE DOBE! VOU MOSTRAR PARA ESSE FEDELHO NÃO SE METER COM A MINHA FILHA! – bradou furioso.

- SASUKE! – Sakura gritou, tentando acalmar o marido para que este não se machucasse mais. Hinata e Hana logo vieram ajudar enquanto Hideo apenas suava frio ao ver o modo como o Uchiha havia ficado.

- Baka! Olha só o que você fez! – reclamou Saori para o namorado ao seu lado.

- Nani? O que eu fiz? – retrucou Hideo assustado.

- Você tinha que dar essa notícia logo agora? Não podia esperar ele se recuperar? – Saori brigou.

- Eu pensei que esse fosse o melhor momento, já que o Sasuke-san não poderia tentar me matar! – disse de forma irônica e a mais nova revirou os olhos antes de ir para perto do pai para contê-lo.

Flashback off

Riu ao lembrar-se daquilo, Hideo havia ficado tão nervoso e as coisas não haviam saído como ele planejara, mas ao final tudo deu certo. Apesar de ela ter ficado um pouco triste por sua filha não ter lhe contado antes, compreendeu que muita coisa havia acontecido ao mesmo tempo e ficara feliz pela menor. Porém o mesmo não poderia ser dito a Sasuke, havia sido um tormento tranquilizá-lo e, mais ainda, para fazê-lo aceitar o namoro da filha. Observou o cenho franzido de Sasuke que tentava se controlar e pensou que mesmo o namoro já durando quase quatro meses parecia que ele ainda tinha dificuldades em aceitar aquilo.

- Saori, acho melhor você ir! Hideo está te esperando! – se manifestou antes que Sasuke o fizesse de uma forma um tanto...rude.

- Hai! Já estou indo! – respondeu prontamente antes de se levantar com uma torrada na mão e dar um beijo no rosto do pai e no seu. Sakura sorriu ao pensar que a menina estava fazendo muito esse gesto desde quando Hideo começou a vir buscá-la para irem juntos ao colégio e se perguntou se isso era o modo dela de abrandar a fúria do pai. – Ja ne! Nos vemos daqui a pouco Daisuke! – se despediu correndo para fora de casa.

- Avise aquele moleque para ele parar de ficar buzinando tão cedo! – advertiu Sasuke ao passo que a filha apenas meneou a cabeça em concordância. – Não sabe respeitar a casa dos outros! – murmurou emburrado ao ver que a filha já havia saído.

- Sasuke-kun, ele nem fez tanto barulho assim! Não seja ranzinza! – brincou Sakura que recebeu um resmungo do marido e depois se voltou para o filho – Você também, filho! Não faça essa cara e vá buscar a Sasame-chan para irem ao colégio!

- Hai, hai! – disse um pouco envergonhado antes de fazer o que sua mãe pedira.