Meu Tormento escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Geeeente! Eu não acreditei quando vi que já tinha três leitoras!! Velho, vocês são perfeitas de mais da conta!!



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“A cada movimento que você fizer. A cada passo que você der. Eu estarei cuidando de você.” – Every Breath You Take, The Police.

– Que tal essa estampa? – indaguei mostrando um tecido com vários girassóis desenhados.

– Achei que a festa era caipira, não do ridículo. – Tomás respondeu com certo desdém. Revirei os olhos segurando-me para não responder.

– E esse? – questionei. Dessa vez era um vestido cheio de coraçõezinhos verdes, amarelos e azuis.

– Não sabia que você era patriota... – deu de ombros. Respirei fundo controlando-me novamente.

Trazer Tomás para me ajudar a escolher a estampa de meu vestido para a festa da escola foi a pior coisa que eu podia ter feito!

– Você bem que podia fazer algum comentário que me ajudasse... – reclamei.

– Vim obrigado. Preferia mil vezes estar em casa. Ninguém mandou você querer a minha companhia. – gabou-se.

– Essa loja fica do outro lado da cidade! Eu não iria vir sozinha! – defendi-me. Uma moça, que provavelmente trabalhava na loja, veio nos atender.

– Boa tarde. Como posso ajudar? – perguntou com um sorriso falso.

Me matando... – Tomás murmurou suspirando.

– Como? – a moça indagou confusa. Dei um sorriso amarelo e lhe expliquei que precisava de um tecido para fazer meu vestido de quadrilha.

Meia hora depois eu já havia escolhido o tecido e o modelo, e depois de pagar, saí da loja. Tomás não parava de reclamar um minuto sequer, dizendo que eu devia ter trago Dani no lugar dele e etc. Parecia uma maritaca falando.

– Quando é o próximo ônibus? – indaguei olhando as horas. A loja que tínhamos ido ficava a mais ou menos dois quilômetros da minha casa. Não era tanta coisa assim, mas ir andando demoraria muito e sou uma pessoa meio... sedentária.

– Daqui a dez minutos. – Tomás respondeu. – Compensa ir a pé.

– Não compensa não. Vamos esperar. – discordei. Ele me olhou meio cético.

– Você me arrastou até aqui, agora não reclama. – disse e começou a caminhar.

– Ótimo, vai a pé então, eu vou de ônibus. – disse emburrada, e ele parou de andar e se virou pra mim.

– Por mim tudo bem, não sou eu que tenho fobia de andar por aí sozinho... – comentou e voltou a caminhar, me abandonando ali. Ah, se você ficou meio perdido eu te explico: Eu realmente tenho fobia de andar na rua sozinha. Odeio lugares abertos e vazios. Dá aquele clima de beco abandonado e terrivelmente perigoso. A maioria das pessoas tem medo de lugares fechados, ou com muita gente. Já eu amo esses lugares.

Olhei para os lados em alerta. Qualquer pessoa que passava podia muito bem me assaltar, esfaquear, sequestrar ou qualquer outra coisa do gênero. Eu não suportaria ficar um minuto sequer ali, quem dera dez...

– Espera! – gritei e comecei a andar rápido (correr igual a uma descabelada) atrás de Tomás. –Idiota. – reclamei quando consegui chegar perto dele.

– Me perdoe, sei que agi errado... – Tomás pediu com cara de arrependido, e me deu a mão para que continuássemos a andar e eu sentisse que não estava mais sozinha.

Só que é claro que ele não fez isso. Na verdade ele só riu da minha cara e debochou dizendo:

– Idiota é você que não sabe andar sozinha. Tem dezesseis anos, mas parece ter seis.

– Pelo menos sou mais madura que você! – revidei de estressando.

– Ah sim, claro, é bem eu que estou a ponto de chorar... – retrucou e voltou a caminhar. Engoli a raiva e o segui.

Nunca mais peço nada para esse ser. Nunca mais.

Dez minutos depois ainda não estávamos nem perto de casa, e Tomás andava tranquilamente cantarolando alguma música, enquanto eu andava com a cara fechada e o xingando mentalmente.

Estava tão ocupada reclamando que Tomás precisou me dar um cutucão para me trazer de volta a realidade.

– Ai! Porque fez isso?! – reclamei. Ele apontou pro outro lado da rua com cara de tédio.

– Tem uma gata saltitante te chamando.

Olhei para a direção que ele apontava e lá estava Daniela, tentando atravessar a rua para ir onde estávamos.

– Oi Tomás! – ela cumprimentou feliz, e Tomás apenas deu um sorrisinho.

– Menina, você estava nas nuvens ou o que? – indagou me chacoalhando. Tive vontade de responder que para estar xingando e pensando em Tomás eu devia era estar no Inferno, mas fui mais simples:

– Só estava irritada.

– Percebi... – respondeu rindo. – Onde estão indo?

– Pra casa. – Tomás disse primeiro.

– É, tínhamos ido à loja de tecidos, já comprei o meu pra fazer o vestido da quadrilha. – falei e levantei a sacola.

– Nossa! Verdade! Me esqueci completamente que preciso de um vestido... – Dani exclamou fazendo cara de desespero.

– Empresta o velho da patricinha. – Tomás comentou com um brilho de deboche nos olhos. Odeio quando ele me fala que sou patricinha! Até porque, eu não sou. Se ele convivesse com as garotas da minha sala aí sim saberia o que é ser uma patricinha fútil e egocêntrica.

– Verdade! Posso pegar algum dos seus, Madu? – Dani pediu. – São tão lindos... E ela não é patricinha, Tomás! – defendeu-me.

– Se você diz... – deu de ombros. Revirei os olhos. Ele fica incrivelmente mais manso quando está perto de Dani.

– Pode... Quer ir em casa com a gente? – questionei.

– Ah, não, desculpe... Tenho que ir na minha avó agora. Mas amanhã passo lá! Tchau gente!

– Tchau! – dissemos juntos. Voltamos a caminhar para casa.

Quando chegamos Tomás se enfiou em seu quarto, e eu fui ao nosso quartinho procurar o baú onde eu guardava minhas tralhas e vestidos antigos.

O quartinho era menor cômodo da casa, e só de abrir sua porta, duas caixas de papelão caíram na minha cabeça. Sorte que estavam vazias.

Fui pulando as panelas, chinelos, panos, bolsa de ferramentas, até que cheguei à estante que continha o baú. Detalhe: o baú estava no topo dessa estante.

– Ai meu Deus... – reclamei tentando escalar os entulhos de caixas para ganhar altitude.

Ser baixinha é uma droga!

Minha mão enfim chegou até o baú. Virei meu corpo para pegá-lo, e a caixa de papelão que me sustentava rasgou, e caí com tudo, batendo minha testa na quina de metal daquela estante maldita.

– AAAAAHHHHH! – Essa sou eu gritando enquanto caí.

– AAI! DROGAAA! – E essa sou eu reclamando depois de bater a testa. Minha vista estava embaçada, e fiquei agachada para não cair no chão.

– Que foi escândalo? – Tomás perguntou aparecendo na porta do quartinho. Não consegui levantar o rosto para olhá-lo, e muito menos respondê-lo. As lágrimas de dor falavam mais forte.

– O que aconteceu? – ele voltou a perguntar, mas dessa vez com o tom de voz levemente preocupado. Caminhou entre os entulhos até que chegou em mim, e se abaixou para ficar na mesma altura. – O que você fez? – indagou tentando tirar a mão que eu tampava a testa. Continuei chorando.

– E-eu... – comecei a falar, mas minha voz morreu.

– Tira a mão. – ele mandou e fiz que não com a cabeça. – Larga de ser teimosa. – reclamou e pegou em minha mão, a tirando da testa. Abri os olhos e me deparei com ele próximo de mais de mim. Claro que eu sabia que ele estava em minha frente, mas não imaginei que era tão perto. Desviei os olhos para minha mão e quase tive um ataque: tinha sangue onde eu estava pressionando.

– AAi! – exclamei agitada.

– Calma, calma! Não se mexe! – Tomás mandou me segurando para não fazer escândalo. – Foi só um corte... – falou. – Se apóia em mim, vou te levar até a sala. – disse, e me ajudou a levantar vagarosamente.

Caminhamos a passos lentos até o sofá de minha sala e eu sentia como se minha cabeça fosse explodir. Ele me ajudou a deitar, e minutos depois apareceu com o quite de primeiros socorros de casa.

– Vou limpar o ferimento. Vai doer um pouco, mas não se mexe senão piora. – avisou e apenas assenti. Tomás estava... Estranho. Essa postura de irmão. É a primeira vez que vejo.

– Ai, ai... ai! – reclamei.

– Para quieta, unicórnio! – retrucou.

– Q-que? – respondi confusa. De todos os apelidos que ele já me dera, “unicórnio” era o mais estranho.

– Você formou um galo imenso na testa, sem contar o corte. – explicou. – Que diabo você estava fazendo lá? – indagou passando o algodão com álcool sobre o corte e quase tive um ataque.

– E-eu... Fui tentar pegar aquele baú que está com os vestidos para a Dani ver, e me equilibrei em uma caixa de papelão. Ela rasgou com meu peso, e eu caí... – expliquei, e ele começou a gargalhar.

– Você é muito desastrada! – exclamou. Eu, que estava de olhos fechados por causa da dor, abri para lhe lançar meu “olhar mortal”, que não funcionou muito bem, porque quando o vi rindo, distraído, mais “leve”, comecei a rir junto.

– Idiota. – reclamei entre as risadas.

– Pelo menos não sou eu que estou igual a um unicórnio. – respondeu com cara de superior. Coitado.

– Trouxa. – eu disse, e fiz menção que iria levantar, pois ele já estava guardando os curativos.

– Não, não! –negou e fez com que eu me deitasse novamente. – Se levantar pode ficar com tontura e cair de novo. Tenta dormir um pouco. Afinal, se você se machucar, eu não vou voltar aqui não... – ameaçou indo guardar o quite de primeiro socorro. Quando virou as costas para mim, lhe mostrei a língua.

– Não preciso que você me socorra. Sei me cuidar sozinha. – discordei. O que é bem mentira, mas deixa baixo. Ele não precisa saber que preciso dele.

– A tá! Disse a garota que não sabe pegar um ônibus sozinha... – debochou e fique sem ter o que responder. – Agora vê se dorme e para de me encher. – mandou e foi para o seu quarto. E eu fiquei lá, com cara de taxo.

Ele pode até me dar nos nervos, mas às vezes presta pra alguma coisa.


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Notas finais do capítulo

O pior gente é que tirei a ideia do tombo, do galo que EU fiz ontem. kkkkkkk. Só que o meu foi bem mais patético que o dela.. kkk Bem, apresentei um pouco mais da personalidade dos dois.. Espero que tenham gostado ^-^ Beijocas, e muito obrigada por ler!
PS: MUDEI O NOME DO CAP ANTERIOR, E COLOQUEI CAPA (UM AVISINHO PRA QUEM NÃO TINHA VISTO).. Hihi, coloquei em maior pq tem gente q não gosta de ler.. Enfim, TCHAAAAAU!



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