Meu Tormento escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Volteei.. Bom, eu só queria desejar a vocês uma boa leitura e fazer um pedido importante: LEIAM AS NOTAS FINAIS, LEIAM AS NOTAS FINAIS, ONEGAI.



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"Menos de um segundo e eu já perco o ar. Quase um minuto, quero te encontrar. É um sentimento que preciso controlar, porque você se foi, não está aqui." – Menos de Um Segundo, Rosa de Saron.

Nós costumamos não nos importar com o futuro que nos espera, porque não nos preocupamos com o que pode acontecer. Esquecemos que a vida não é assim tão grande, e que em menos de um segundo, tudo que temos pode ser tirado de nós.

Quando comecei a relatar a minha vida a você, não imaginei que decidiria parar de escrever em um momento como esse. Lembro-me que disse que não era de viver grandes aventuras românticas. E me enganei feio. Penso que toda pessoa terá ao menos um amor de dilacerar o coração para contar, e o meu, foi Tomás.

À tarde que passamos no shopping foi incrivelmente diferente do que eu esperava. Na verdade, o dia todo foi. Sentia-me uma bobinha apaixonada perto dele, e ao que tudo indica, ele também estava assim.

Porém, chegamos a um acordo de que não deveríamos contar para ninguém. E nem continuar agindo como se fossemos namorados. Dali algum tempo ele iria embora mesmo, então não tinha o por que contar a todos, levando-se em conta que não sabíamos como meus pais reagiriam. Entretanto, ouvir de sua boca que eu deveria esquecer tudo, não me fez bem.

– Madu...

– Sim?

Ainda estávamos sentados em uma praça próxima a minha casa, abraçados. Passava das oito horas da noite, e já fazia um tempo que nenhum de nós dizia algo, mantidos em um silêncio acolhedor. Porém, se eu soubesse que se seguiria de palavras destruidoras, não teria me mantido quieta.

– Ontem eu conversei com meu pai, e ele me deu a data que iríamos. – Assim que Tomás retomou a ideia de que ele iria embora, toda a minha felicidade foi se desmontando. Durante a tarde, tinha bloqueado minha mente para não pensar nisso, viver apenas o presente. Mas no presente ele iria embora, e no futuro, não estaria mais aqui.

– Quando? – Perguntei com a voz baixa, sem levantar meus olhos do chão.

– Em dois dias.

– Ah...

Não consegui responder. Imaginei qual seria o rumo daquela conversa, e queria impedir que ela acontecesse. Mas Tomás não permitiu que parasse por ali. E, por mais que eu quisesse fugir daquilo, sabia que não tinha como voltarmos para minha casa do jeito que estávamos.

– Você sabe que... Apesar de tudo que fizemos hoje, não daria para manter um relacionamento a distância de um país, certo?

– Sim. – Respondi novamente baixo.

– Droga, eu... Desculpa, Maria. Mas acho que se eu passar mais esses dois dias com você, desisto de ir. – Ele se afastou um pouco de mim, e senti o vento frio. Queria dizer que igual a ele, se passasse mais dois dias assim, também esqueceria a ideia de deixá-lo ir. Mas me mantive quieta.

– O que vamos fazer então? – Sussurrei. Senti-me fraca. Passei tanto tempo o repudiando, e o insultando, que agora não sabia mais como tratá-lo. Começar uma discussão? Pedir para ficar? Mandá-lo embora de uma vez? Chorar?

Como uma boa covarde, optei pela última opção.

– Não sei... Porém acho que fingir que nunca aconteceu seria o melhor. Não me entenda errado, hoje foi realmente maravilhoso, mas... Se ao menos tivéssemos nos aberto um ao outro antes...

– Eu não seria eu, e você não seria você. – ri, derrotada. Enxuguei o rosto, e olhei para ele, procurando coragem para abrir meu coração, de uma vez por todas. – Grandes amores não acontecem da noite pro dia. Para nós dois foi preciso um ano. Mas o que seria de um grande amor sem algo para atrapalhá-lo?

As lágrimas se formaram novamente nos meus olhos, e Tomás me abraçou mais uma vez. Com a voz rouca, ele sussurrou:

– E o nosso final feliz?

Meu Deus. Eu juro, juro mesmo, que nunca me imaginei em uma situação como aquela. Nem mesmo depois de tudo que passei junto a Tomás, vê-lo tão gentil e tão magoado quanto eu com aquele final, me partiu mais ainda o coração.

Não tive resposta para sua pergunta. E na hora, pensei que nunca a teria.

Ficamos mais um tempo ali, abraçados. E depois, com um acordo mudo, começamos a caminhar até a minha casa. Paramos em frente à porta da sala, e nos encaramos, um tanto constrangidos.

– Er... Bem... Se nos perguntarem, dizemos que tivemos uma tarde divertida? – questionei.

– É, pode ser. Mas seu rosto está inchado.

– E o seu vermelho.

Rimos sem humor. Dei uma olhada na janela, par ver se meus pais estavam na sala, mas nem sinal. Então, com um ato de coragem, fiquei nas pontas dos pés, e sussurrei um “Te amo”, para depois beijá-lo uma última vez.

– Se nos perguntarem o porque do rosto inchado e vermelho, dizemos a verdade. – Tomás disse assim que nos separamos. - Que iremos sentir falta um do outro. – Assenti com um sorriso triste.

Depois de entrar em casa, e explicarmos o que fizemos durante à tarde para minha tia Dina (já que mamãe estava de plantão e meu pai ainda no escritório), fui para meu quarto e ele para o dele, não chegando a nos aproximar muito durante o outro dia. Ele encaixotou todas as coisas que não daria para levar e colocou na dispensa, com a ajuda de Cida. Fingi estar com dor de cabeça para ficar trancada no meu quarto.

A noite, Fábio chegou com o passaporte de Tomás já em mãos e jantou junto com meus pais e tia Dina, um momento raro em que comemos todos juntos.

Já na manhã seguinte, Tomás foi embora. No aeroporto alguns amigos que ele tinha do cursinho e do colégio (inclusive o idiota do Beto), Daniela e Otávio, também foram se despedir dele. Minha mãe logo começou a chorar, e Daniela também. Até minha tia Dina, que mal tinha conversado com ele, chorou. Mas eu não. Obriguei-me a manter a expressão neutra em sua frente; Já chorei demais enquanto estava com ele e no meu quarto. Tomás não precisava ver como eu estava toda quebrada por dentro, para ir embora se sentindo culpado. Eu tinha aceito fingir que nada aconteceu, então tinha que agir dessa maneira. Apesar de sentir vontade de gritar para ele ficar, ou ao menos beijá-lo mais uma vez, eu não fiz nada disso. Agora me arrependo, mas, sabe como é. Por mais que queiramos, o passado não muda.

Propositalmente ou não, eu fui a última a abraçá-lo. Sinto que demoramos demais, pois só o soltei quando Fábio tocou seu ombro avisando que precisavam ir, nos atrapalhando.

– Se cuida, quase-meia-irmã rabugenta. – Ele disse dando um beijo em minha testa. Sorri triste e respondi:

– Se cuida também, tormento.

E, depois de não conseguir mais enxergá-lo, me permiti derrubar a primeira lágrima, que foi seguida por muitas. Acabei por quebrar o acordo de não contar para ninguém, pois Dani foi para minha casa e não consegui esconder dela. Precisa me livrar um pouco de todos aqueles sentimentos, e ela foi a minha escapatória, escutando tudo com paciência.

Eu sinceramente não sei te dizer se eu fui o amor de dilacerar de Tomás. E também seria mentira dizer que estou escrevendo tudo com o coração em paz e feliz por saber que Tomás foi apenas um risco em minha folha da vida. Penso que ele poderia ocupar a folha inteira e ainda não seria suficiente. Já faz um mês que ele está nos Estados Unidos. Minhas férias já acabaram, e a pressão para o vestibular voltou. Conversei algumas vezes com ele por Skype, mas sempre conversas superficiais e que me deixam constrangida por não saber o que falar. Tomás age tão naturalmente que às vezes chego a me questionar se o que passamos naquele dia foi só uma alucinação que tive. Os estudos andam sendo uma forma de me concentrar no que é certo, e esquecê-lo. E por enquanto, isso é tudo que tenho.

Se vou encontrá-lo mais alguma vez pessoalmente? Não sei.

Se vou me apaixonar por outra pessoa? Não sei.

Se ele vai encontrar outra garota para irritar? Também não sei.

Mas, o que sei e tenho certeza, é que ele é e sempre será o Meu Tormento.


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Notas finais do capítulo

Pois é, ele foi embora mesmo T-T E, antes de virem brigar comigo pelo review, queria que vocês entendessem o porque desse final:
* Eu realmente acredito que a maioria das pessoas antes de encontrar "a pessoa certa", irão sofrer em um amor que não aconteceu (isso não significa que o Tomás não é o da Madu). E já estou cansada de histórias sempre retratando o final feliz bonitinho; Não é assim na vida real. Decepções irão acontecer, perdas irão acontecer, e você provavelmente vai se machucar. Quis fazer esse final principalmente por não dar um "fim" exato. Outra mania que temos é pensar que tudo que acontece em um único dia irá decidir todo o restante da nossa vida, e não funciona assim. Não é porque você terminou com seu namorado que nunca mais vá se apaixonar, ou encontrar alguém que vale a pena.
Bem, eu queria deixar essa mensagem, mas isso não faz com que meu coração esteja inteirinho com a Madu longe do Tomás; Por isso, caro leitor, LEIA AQUI antes de vir fazer qualquer tipo de ofensa no review ou MP. Eu entenderei caso você queira expressar seus sentimentos, mas isso não inclui ofensas..
ENFIM. Agradeço a você, que tá lendo isso aqui. Sem a sua ajuda, essa história não teria chegado a um fim. Devo tudo a você, obrigada, de coração, por fazer parte desse meu projeto! Espero te encontrar em mais alguma história por aí... Beijos, e fique com Deus!