Meu Tormento escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Bom... Pois é. Oi. Eu não morri. Só tive uma crise de existência mesmo. Mas o importante é que eu voltei, certo? Certo? Ah... A quem quero enganar? DESCULPA, GENTE! Não queria demorar tanto assim para escrever mas é que simplesmente não ficava bom... Revisei bastante antes de resolver vir postar. E espero do fundo do coração que vcs gostem



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"- Ah, e já me decidi o que eu quero da aposta. – Disse. – Amanhã você vai passar o dia todo comigo, e sem reclamar nenhuma vez sequer. – Completou e voltou a andar, me deixando sozinha na cozinha.

Não quero ser clichê e falar que estou uma bagunça por dentro. Que não sei se fico feliz por ele ter percebido, ou desesperada por não saber o que ele sente. Que estou com vontade de rir e chorar. Mas desta vez terei que ser clichê.

Acho que minha cabeça vai explodir. Malditas confusões amorosas."

Capítulo 17

"E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você" Quase Sem Querer, Legião Urbana.

– Terei realmente que passar o dia com você? – Reclamei. Estava sentada ao lado do Tomás na mesa, tomando café da manhã. Após uma noite torturante em que eu estava mais perdida do que uma barata tonta, acabei ficando mais arisca. A única conclusão que cheguei foi que Tomás só quer brincar comigo nesse restinho de tempo que tem, afinal, brincar sempre foi o que ele fez. Agora não seria diferente. Seria?

– Sim. – Confirmou e sorriu. – E sem reclamar uma vez sequer.

Revirei os olhos.

– Eu não reclamo tanto assim. – Cruzei os braços, indignada.

– Reclama sim. Está reclamando agora mesmo. – Repreendeu e bufei. – Vamos ter que fazer um acordo. A cada vez que você reclamar vai ter que me dar algo. – Propôs e fiquei o olhando meio perdida.

– Assim não é justo.

– A vida não é justa. Agora vamos porque eu tenho que retirar a matrícula do cursinho.

Fomos andando até o cursinho que ele fazia e tive que ficar cerca de uma hora sentada esperando ele tirar a matrícula. Depois pegamos um ônibus e fomos até o cemitério. Preferi me manter quieta, até porque eu não sabia muito que falar. Desta vez, ele não parecia tão abalado, mas mantinha a expressão séria no rosto.

Como não sabia o que fazer, sentei-me em um banco próximo. É nesses momentos que eu queria ser mais corajosa. Tomás vai embora, e nem consolá-lo eu consigo mais. Para falar a verdade, acho que minha ficha ainda não caiu. Ele vai embora e eu voltarei a ficar sozinha...

– No que você está pensando?

Surpreendi-me com ele, que, silenciosamente, havia se sentado ao meu lado. Não tive forças para olhá-lo nos olhos. Tinha a impressão de que se fizesse isso, desabaria.

– Em nada... É só que... Tudo vai ficar muito chato sem você em casa. – Decidi ser sincera. Talvez não tão sincera quanto eu deveria ser, mas não aguento mais guardar tudo isso para mim.

Tomás passou seus braços sobre meu corpo encolhido, e me abraçou.

– Desculpa.

– Por que... – Comecei a perguntar, mas minha voz falhou. – Porque está... Se... Desculpando?

Não suportei. Antes que eu conseguisse impedir, as lágrimas tomaram conta de meu rosto, e a garganta se fechou em soluços. Tomás me apertou mais ainda em seu abraço.

– Eu... – Disse com a voz trêmula. – Eu não tenho o direito de reclamar, tenho? Não posso ser egoísta e pedir para você ficar. Apesar de tudo que aconteceu... Ele é seu pai. Eu só sou uma “quase-meio-irmã” rabugenta.

Senti Tomás dar uma pequena risada com minha última fala. Acabei me encolhendo mais ainda em seu abraço.

– Você não é qualquer uma “ ‘quase-meio-irmã’ rabugenta”. Você é a única “ ‘quase-meio-irmã’ rabugenta” que mesmo eu te ignorando, cuidou de mim quando voltava de madrugada, acabado. É a que me repreendia quando agia com imaturidade. A que me fez tomar um jeito na vida...

– Então é a mais chata, você quer dizer, né? – ri sem graça. Separei-me um pouco de Tomás, e me ajeitei no banco, apesar de seu braço ainda estar rodeando meus ombros. Eu ainda estava chorando, mas não tão pateticamente como antes.

– Não. Eu quis dizer que é a melhor. E que se essa “ ‘quase-meio-irmã’ rabugenta” me pedisse para ficar, eu ficaria.

HEIN?

Não pude acreditar nas palavras dele. Isso... Isso deveria ser impossível! Como assim? Se eu pedisse para ele ficar... Mas... Eu não sou nada para ele. Não faz sentido. Simplesmente não faz.

– Você está brincando, não é? – Perguntei de olhos arregalados. Tomás estava sério, e não me respondeu. – Tomás, você não pode estar falando a verdade. É uma brincadeira, certo? Certo?!

– Porque eu brincaria? – Sua expressão continuou a mesma. Senti as batidas de meu coração ganharem um ritmo enlouquecedor.

– Por que... Por que... Eu não sei por quê! Mas você não pode dar ouvidos ao que eu falo e deixar seu pai! – Exaltei-me. Inacreditável. - Não dá para aceitar. Eu só... Eu só sou a que sempre te irrita. Como eu posso ter um peso tão grande na sua decisão?!

– Não precisa fazer esse escândalo. Não estamos sozinhos, aqui no cemitério, sabia? – Tomás repreendeu-me. Sua voz parecia cansada. Não o entendi. Discutindo uma coisa tão importante, ele se importa com as pessoas em volta?! – O que eu quero dizer é que... Não precisa ficar preocupada. Não vou te pedir para decidir algo por mim, ainda mais se você já está certa de que o melhor para seria ir com o meu pai.

Sua feição triste me surpreendeu. Ele pareceu vulnerável.

– Pare de chorar, por favor. – Pediu, e limpou uma lágrima com o dedo. Ele juntou nossas testas, e fechou os olhos. Porém, eu não consegui me acalmar. Minha respiração, assim como os batimentos, ainda estava descompassada.

– Eu só... Estava desejando que você me pedisse para ficar.

Fiquei estática, mais do que já estava. Tomás abriu os olhos, deu um beijo em minha testa, e se levantou, estendendo a mão para mim.

– Anda, vem. Ainda quero assistir algum filme essa tarde.

– Quê...? Tomás...

– O que foi? Anda logo. Não vamos ficar aqui no cemitério o resto do dia. E o beijo foi porque toda vez que você reclamar, roubarei um beijo seu. – Com um suspiro, explicou. Não que eu tenha entendido, mas me levantei do banco mesmo assim. Muita coisa para assimilar em pouco tempo.

– Eu...

– Eu sei, eu sei. Pularemos a parte em que você diz que está confusa e que não sabe o que fazer, e vamos para a parte que eu sei que você me ama. – Disse e pegou a minha mão, começando a caminhar na minha frente. Mesmo não vendo seu rosto eu podia sentir seu sorriso malicioso.

– Eh?! Co-como assim!? – Comecei a andar. Agradeci por ele também não ver o meu. Acho que virei um morango ambulante.

– Simplificando a explicação, quando você foi comigo e o Beto naquela boate, e ficou bêbada, se confessou. Mas, no outro dia não parecia lembrar, então fingi que não tinha acontecido. Mas agora vou embora, então, bem... Dane-se. Não queria falar que gostava de você, porque sempre achei que seus pais me repreenderiam.

– Mas você... – Parei de andar, o fazendo parar também. Senhor Jesus, acho que vou ter um colapso.

Assim como imaginei, ele estava com o maldito sorriso malicioso, apesar de parecer um pouco irritado. Como eu na verdade não sabia o que falar, fiquei parada o olhando, como se ficar perdida em seus olhos fossem me ajudar a decifrá-lo.

– Eu realmente não queria fazer isso aqui, mas... – Tomás começou a falar e então me beijou. Sim, me beijou. E se antes eu estava perto de um colapso, agora eu já nem mais sabia que dia era hoje, ou que estávamos em um cemitério. – Você não consegue parar de reclamar.

Então fiz a única coisa que consegui pensar em fazer: Escondi meu rosto o abraçando. Era vergonha de mais para uma pessoa só. E minha capacidade de falar havia sido perdida em seu beijo.

Tomás me abraçou de lado, e continuou a andar.

– Estou aliviado... – Murmurou. – Jurava que ia ganhar um tapa. – Riu e ri um pouco com ele. Já estava um pouco mais calma.

– Você é meu tormento, sabia?

– Pelo menos isso quer dizer que sou seu.

Com isso, saímos do cemitério e fomos caminhando lado a lado para o shopping.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado (bem, aqueles que ainda não abandonaram a história, né suahuahshs). O que estão achando? Será que o Tomás vai embora mesmo? Ai gente, eu queria um Tomás da vida falando o que ele falou para a Madu



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