Meu Tormento escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Oi gente... EU ENTENDO SE VOCÊ NÃO QUISER LER ISSO AQUI E IR DIRETO PARA A HISTÓRIA, MAS SE FICOU UM POUQUINHO CURIOSA COM MEU SUMIÇO, EIS A EXPLICAÇÃO: Pois bem, vocês devem estar querendo me matar (e com razão). Nem sei se ainda tenho leitores depois de ficar esses três meses sem postar, e peço perdão por isso. Nas férias minha criatividade viajou junto comigo, mas ficou na praia e eu voltei sem ela. Devo dizer que a vontade de escrever também. E eu estava me sentindo mal, então nada que eu tentasse escrever saia... E a pouco tempo minha avó faleceu, o que piorou meu estado. As aulas voltaram e o peso "vestibular" veio junto. Juntando tudo isso resultou em nada de escrita. Ontem que eu me despertei desse sono ruim e voltei a escrever. Por isso, e outras razões, eu queria pedir desculpas por não ter respondido os reviews, mas, suas sortudas, vocês acertaram! E obrigada por ter tentado



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No capítulo anterior...

"– Bom, mas eu ganhei a aposta. – Declarou com um sorriso prepotente.

– Infelizmente... – Concordei.

– Ainda não sei o que quero. Amanhã determino o que você vai fazer... – Disse e riu da minha careta. De repente a porta da frente foi aberta, e minha mãe sorriu triste ao nos observar.

– Vocês já chegaram? – Perguntou retoricamente. – Entrem, por favor. Tem alguém querente te ver, Tomás."

Capítulo 16.

“Apenas tente não se preocupar, você nos verá algum dia. Apenas pegue o que você precisa, e siga seu caminho” Stop to Cryin Your Heart Out, Oasis.

Meu coração deu dois pulos assim que entramos na sala de minha casa. Sentado ao lado do meu pai, no sofá, estava o pai de Tomás, Fábio Melo. Fazia muito tempo que eu não o via, mas os traços semelhantes aos de Tomás eram inconfundíveis. O mesmo queixo, as mesmas bochechas, e o mesmo olhar. Agora, o que ele estava fazendo ali? Eu não tenho nem ideia.

– Tomás... Olá. – Ele diz com a voz um tanto embargada. E seu português também está agora com um leve sotaque devido ao tempo que passou nos Estados Unidos. Tomás estava de olhos arregalados, paralisado ao meu lado. Qualquer resquício de alegria tinha desaparecido de seus traços.

– Oi. – Tomás responde. Sua face começa a ganhar um tom vermelho, e sei que logo ele ficará com raiva.

Pelas minhas contas, fazia mais de três anos que eles não se encontravam. Lembro-me de quando a mãe de Tomás morreu e meus pais ligaram para avisá-lo e ele apenas disse que estava muito ocupado para voltar ao Brasil e não tinha condições de criar Tomás. Nenhuma palavra de consolo, ou remorso por ter abandonado sua família. Ele nem ao menos conversou com Tomás para saber como ele estava.

– Será que podíamos conversar? – O tom de incerteza na voz de Fábio mostrava o quanto ele estava temeroso. Também, na situação dele, quem não estaria? É muita cara de pau aparecer sem nem avisar antes.

– Não vejo necessidade. Assim como você não viu quando minha mãe morreu. – Tomás disparou em resposta.

Já esperava essa reação de Tomás. E sabia que em algum momento ele iria perder o controle e começar a gritar. Queria poder ficar ao lado dele, e apoiá-lo, mas sabia também que ele precisava ter essa conversa, e que eu não devia me meter na briga de pai-filho deles.

Portanto, antes de deixar a sala, dei um leve apertão na mão de Tomás, rezando para que isso o transmitisse ao menos um pouco de segurança a ele. Para que ele lembrasse que depois de por tudo a limpo com o pai eu estaria aqui para ouvi-lo, e consolá-lo.

– Dê uma chance a ele, Tomás. – Meu pai pediu. Seu semblante era sério, e minha mãe assentiu concordando. Nós três saímos da sala, e fomos para a cozinha, dando-os privacidade. Apesar disso, boas partes da conversa foram impossíveis de não se ouvir, já que Tomás e Fábio gritavam.

Era como se uma eternidade tivesse passado e eles ainda estavam conversando. Eu, meu pai e minha mãe estávamos sentados na mesa de jantar, os três quietos e apreensivos. Pelo visto nem eles esperavam essa aparição repentina de Fábio.

Depois de um tempo, os gritos sumiram deram lugar a altos soluços e choro. Foi impossível não me lembrar de quando fui com Tomás ao cemitério e ele chorou. Acho que se ele fizer as pazes com o pai dele, talvez a ferida no coração dele consiga realmente se cicatrizar.

Poucos minutos depois meu pai olhou para minha mãe e para mim, e em um acordo mudo, decidimos voltar para a sala. Mas, antes de ir, peguei uma jarra de água e dois copos.

– Querem um pouco d’água? – Perguntei um pouco sem jeito. Fábio e Tomás estavam abraçados, os dois com o rosto amassado e os olhos vermelhos. Quando viram que já tínhamos voltado, riram um pouco sem graça e aceitaram o copo d’água.

– Eu peço desculpas por fazê-los presenciar isto. – Fábio pediu quando o dei o copo de água. – Sei que fui um péssimo pai para Tomás, mas quero me redimir.

Peguei o outro copo e sorri quando o entreguei para Tomás. Apesar das marcas visíveis de que passar por aquela conversa não havia sido nada fácil, ele parecia mais leve. Seus lábios formavam um pequeno e sincero sorriso, o que deixava lindo.

– Ficamos com medo do que pudesse acontecer, mas fico feliz em vê-los bem. – Minha mãe falou relaxando os ombros.

– Eu também. E queria pedir uma coisa a vocês. – Fábio prosseguiu. – Estava falando agora com Tomás, e quero que ele more comigo. Afinal, sou o pai dele e já passou da hora de agir como tal.

Senti um pequeno aperto. Logo agora que eu já tinha me acostumado com a presença de Tomás aqui em casa? Lembrei-me de algo importante e um arrepio subiu por todo o meu corpo.

– Você mudou para cá? – Indaguei aturdida por um instante. O sorriso de Tomás tinha se apagado um pouco. Reparei que meus pais também ficaram abalados com o pedido.

– Na verdade, não. – Falou e senti meu coração começar a se afundar em meu peito. – Antes, eu não tinha condições de criá-lo nos Estados Unidos porque não tinha um emprego fixo. Quando Marina morreu, eu não tinha dinheiro o suficiente para pagar uma passagem para cá, então não vim. Mas agora já tenho meu próprio negócio. E Tomás pode começar a trabalhar comigo, já que não está cursando nenhuma faculdade.

Só reparei que ainda segurava a jarra de água, quando acabei derrubando-a na minha perna.

– Ai meu Deus, desculpa. – Pedi meio atrapalhada. Havia derrubado água para todo lado. – E-eu vou ir buscar um pano.

Eu menti. Não ia buscar pano nenhum. Eu apenas estava com o sentimento de que precisava fugir dali. Não queria olhar para Fábio e muito menos para Tomás. Por quê? Porque logo agora seu pai queria levá-lo embora? Porque Fábio tinha que aparecer? E Tomás concordava com isso? Ele queria se livrar de mim?

Droga, droga, droga, droga. Não quero chorar. Não quero mesmo. Então, porque não consigo reprimir esses soluços? Tomás merece ser feliz. E com toda certeza ele sentia falta de seu pai. Não posso atrapalhar isso. Não posso ser egoísta dessa maneira.

– Ai Deus... Que merda. – Reclamei. Fui até o banheiro e limpei o rosto. Depois, peguei o pano na dispensa e decidi fingir que não estava abalada. Não sou eu quem vai atrapalhar a alegria dos outros, nem que para isso eu tenha que estragar a minha.

– Você está bem Maria? – Meu Pai perguntou logo que entrei na sala de novo. Os quatro me observavam parecendo apreensivos. Forcei-me a sorrir.

– Sim. Quando fui à dispensa levei um tombo bem dolorido, por isso que demorei um pouco. – Ri. – Parece que aquela dispensa não vai com a minha cara. – Brinquei.

Meus pais riram, e Fábio também. Tomás parecia me analisar para saber se eu estava mentindo ou não. Droga, Tomás. Olhe para qualquer outro lugar, menos para mim. Seu olhar me machuca.

– Isso é verdade, da última vez a Maria Eduarda bateu a cabeça no armário, e se não fosse o Tomás cuidar dela, sabe-se lá o que mais ela teria machucado! – Minha mãe contou e forcei novamente um sorriso. Foi graças àquele tombo que me aproximei mais de Tomás. Todos eles riram novamente, mas eu já estava começando a me sentir mal. Precisava sair logo daquela sala.

– Quando você pretende voltar para os Estados Unidos? – Meu pai retomou o assunto. Olhei para Fábio com expectativa. Quem sabe ele não demore mais de um mês? Assim eu poderia passar o resto das férias de julho com Tomás.

– Ainda não sei direito, mas em algum dia na semana que vem. Não posso me demorar muito, eles devem estar perdidos sem mim no trabalho.

Senti como se houvesse uma corda envolvendo todo meu coração, comprimindo-o. Algum dia da semana que vem? Isso pode ser amanhã!

– Ah, mas é claro que antes de ir, irei ajudar Tomás no que for preciso. – Fábio logo se corrigiu, parecendo preocupado. Apesar disso, Tomás agora olhava para o chão, alheio ao que o pai falava.

Levantei do sofá e peguei a jarra de água e os copos.

– Querem mais água? – Ofereci. Fábio negou com um meio sorriso e Tomás não me respondeu. – Então já vou levar para a cozinha.

– Eu te ajudo.

Tomás tirou a jarra da minha mão e me seguiu até a cozinha. Chegando lá, coloquei os copos na pia, e ele guardou a jarra com o que tinha sobrado de água na geladeira.

– Madu...

– Como você está? Parece que a conversa foi bem séria. – Meu cérebro e sua incrível capacidade de nunca conseguir pensar em nada bom o suficiente para falar. Mas não posso deixá-lo me perguntar o que acho da sua ida para os Estados Unidos. Não sei se conseguirei mentir. Era para eu demonstrar meus sentimentos, certo? Mas agora não vale à pena.

Apoiei-me na bancada da pia, e ele se sentou na cadeira da mesa de jantar. Seu semblante agora parecia inexpressível. Tomás sempre foi uma espécie de enigma para mim. Nunca consegui entender suas ações, suas falas e sentimentos. Acho que é por isso que o considero meu tormento particular. Por mais que eu pense, nunca chego a uma conclusão satisfatória. Isso é errado. Nós deveríamos ser aquele casalzinho comum que compreende o sentimento um do outro, e se levarmos em conta que moramos juntos, eu já devia ter aprendido a decifrá-lo.

– Eu... Estou feliz. – respondeu-me hesitante. – Nunca pensei que meu pai voltaria para me buscar, apesar de ter sempre desejado isso. E fiquei ainda mais feliz por não ter dado razão ao rancor, e aceitado o seu pedido de desculpas.

– Hum... Quem é você e o que fez com o Tomás? O Tomás que eu conheço não seria maduro nunca. – Brinquei. Olhando para ele agora, enxerguei uma nova personalidade (que o complica mais ainda). Eu realmente não vou estragar sua felicidade.

– É. Não mesmo. Mas quero mudar alguns pontos da minha vida agora que decidi ir com meu pai. Afinal, não posso perder para uma pirralha feito você no quesito maturidade para sempre.

Bufei. Seu discurso me irritou.

– Isso por acaso foi uma falha tentativa de elogio? – ironizei de braços cruzados. Tomás riu e se levantou.

– Foi sim. No seu lugar eu já teria brigado com você. Mas você é realmente uma casca dura. – disse e deu um pequeno soco no meu ombro. O encarei confusa.

– Casca dura?

– É, “senhorita-vou-esconder-meus-sentimentos-pelo-resto-da-minha-vida”.

Arregalei os olhos e senti meu rosto esquentar. Tomás se virou e começou a caminhar para a sala novamente.

– Ah, e já me decidi o que eu quero da aposta. – Disse. – Amanhã você vai passar o dia todo comigo, e sem reclamar nenhuma vez sequer. – Completou e voltou a andar, me deixando sozinha na cozinha.

Não quero ser clichê e falar que estou uma bagunça por dentro. Que não sei se fico feliz por ele ter percebido, ou desesperada por não saber o que ele sente ou triste por ele ir embora. Que estou com vontade de rir e chorar. Mas desta vez terei que ser clichê.

Acho que minha cabeça vai explodir. Malditas confusões amorosas.


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Notas finais do capítulo

por favor, me perdoem. Prometo não demorar mais tanto assim para atualizar! -isso vale para as outras histórias também.
Se está lendo isso aqui, obrigada por não me abandonar!
Beijos



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