Virgin Suicides escrita por Sachie


Capítulo 14
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas, desculpem pela super demora, provas de fim de ano e etc... Aqui vai mais um capítulo, espero que gostem!!



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Aquela garota parecia estar sempre sozinha...

Ela apenas se sentava e observava o mundo através da janela de vidro, Flower parecia estar sempre sozinha. Talvez tenha sido por isso que Zunko se aproximou dela, talvez, a simples visão de Flower olhando através da persiana, esperando por algo que ela nem mesmo sabia o que era, a tivesse tocado... Talvez fossem esses os motivos.

Ao longo do tempo, Tohoku Zunko descobriu várias coisas sobre ela. Flower era vocalista de uma banda amadora. Flower adorava comida apimentada. Sua mãe tentou coloca-la no ballet quando pequena, mas Flower nunca teve habilidade para tal coisa. E acima de tudo, Flower era um tanto quanto tímida. Mesmo assim, ambas viraram amigas, ou pelo menos era assim que Zunko pensava. Flower era a única para quem ela dividia seus segredos. Como a presidência do conselho estudantil estava sendo cansativa, como ela estava ansiosa para a formatura e como pensava que seria seu consultório quando virasse uma cirurgiã de sucesso.

Zunko perdera várias amizades por andar com alguém como Flower, mas em troca, recebera uma fiel amiga.

E quando ambas sentavam-se sob a macieira, apreciando o aroma adocicado das muitas frutas que ainda se desenvolviam, Tohoku Zunko desejara que aqueles tempos durassem para sempre... Foi então que ele chegou. O maldito de cabelos dourados.

Zunko ainda se lembrava do quão alegre Flower estava, quando lhe contou sobre seu namorado. Era seu primeiro amor. Para alguém tímida como Flower, desenvolver relações com desconhecidos era um evento um tanto raro, ainda mais quando tais relações fossem amorosas. E Zunko não pôde deixar de sentir-se feliz pela amiga.

E então, Zunko finalmente o conheceu.

Ele era encantador, ele era doce, ele era gentil... Len Kagamine era um perfeito assassino.

Tohoku Zunko percorria com rapidez os corredores desertos do colégio religioso e feminino; Saint Cross. Seu objetivo era claro e Zunko corria interruptamente até ele. A pequena capela que havia dentro do campus. Zunko sabia que Flower utilizava frequentemente aquele lugar para encontra-lo, afinal, garotos eram restritamente proibidos.

A morena abriu as portas bruscamente, os cabelos negro-esverdeados, ainda chicoteando o ar atrás de si. E a cena que viu ficaria, para sempre, gravada em sua mente. Flower estava lá, junto à Len. Mas não estava só junto dele, Flower estava por todos os lados. Havia pedaços sobre os bancos, sobre o altar, o vitral e até mesmo sobre as imagens religiosas. E banhando a cena monstruosa estava sangue, tanto sangue que certamente não conseguiriam limpar tudo quando aquele horror acabasse.

Segurando gentilmente o que sobrara de Flower, Len Kagamine possuía um olhar triste. Não como se estivesse arrependido, mas como se estivesse insatisfeito.

– Ah, você é a amiga da Flower não é? – O garoto coberto de sangue disse voltando seu olhar melancólico para Zunko. – Desculpe, eu realmente não queria que você visse isso.

– O-o que você fez?- Zunko murmurou incrédula.

– Não se preocupe. – Len respondeu acariciando o rosto de Flower. – Ela não sentiu nada. – Ele explicou apontando para os cortes verticais e profundos nos pulsos da garota.

Zunko recuou alguns passos enquanto murmurava coisas desconexas, suas pernas tremiam como se estivessem em uma nevasca. A ficha não havia caído, ainda assim ela sabia que tinha de sair dali. Não tinha mais nada que pudesse fazer por Flower. Não, nada.

E enquanto seus assustados passos transformaram-se em uma rápida caminhada, e logo depois em uma incansável corrida, Zunko remoia os fatos que ocorreram minutos atrás. E no caminho suas lágrimas brotavam pouco a pouco, como aquelas maçãs com aroma adocicado. Levou suas mãos à boca quando os flashes da cena anterior passavam por sua mente. Ela sentia enjoo, medo, tristeza, cansaço... Uma mistura estranha de sentimentos que certamente resultaria em algo muito, muito ruim.

Uma placa amarelada ao fim do corredor. Um descuido. Um escorregão. Seu tornozelo torcera e Zunko gritou horrorizada, a dor, o sangue, Flower. A morena levantou-se rapidamente apoiando-se nas paredes enquanto mancava desengonçadamente. Passos. Ela podia ouvir passos. Ele estava atrás dela.

Zunko apressou-se, mancando o mais rápido que podia até a porta no fim do corredor. A sala de limpeza. A garota entrou rapidamente, analisando a sala, a procura de algo para escorar a porta. Um armário com alvejantes. A morena se esforçou para empurrar o móvel até a porta, a dor do tornozelo irradiando pelo corpo inteiro... Foi realmente um desafio.

Tohoku recostou-se em uma das paredes, esperando a respiração e os batimentos se e estabilizarem, pressionando a fratura com intuito de amenizar a dor. O cheiro adocicado e enjoativo dos produtos químicos penetrava por suas narinas, deixando-a levemente tonta. A visão turva, a respiração lenta. Não. Ela não podia dormir. Dormir seria a morte e Zunko não podia morrer agora, não queria.

Subitamente as batidas começaram. Len chegara, era só uma questão de tempo até que entrasse. A morena tapou os ouvidos, cerrando os olhos. Ela implorava mentalmente por ajuda. Cada batida era uma facada em seu coração assustado. “Eu vou morrer.” Ela pensava interruptamente. E novamente sua visão tornou-se turva, pelo menos não iria ver como seria seu fim. Parou de lutar contra o cansaço e entregou-se a ele.

Len abrira a porta, os belos cabelos dourados, agora tingidos de carmim. Os intensos e eletrizantes olhos azuis, agora opacos e sem vida. Len não era Len, ou talvez aquele fosse o verdadeiro Len.

Então quem era aquele garoto encantador que Zunko conhecera?

Ele caminhara até ela, ergueu a lâmina lambuzada de sangue, e Zunko perdeu a consciência.

[...]

O vento sereno da noite era no mínimo incomodo. Uma pequena quantidade de vapor escapava por seus lábios a cada pronuncia de palavras. Meiko estava insatisfeita. A tenente realmente acreditava que aquela seria uma noite tranquila, bem, não tão tranquila assim. Meiko tinha de terminar três relatórios para segunda, iria ser trabalhoso, mas não tão trabalhoso quanto o que ela teria de lidar agora. Aquela maldita luzinha vermelha do telefone piscando incansavelmente. E agora lá estava ela, em um típico cenário de filme de terror: sangue, sangue e sangue.

– Quem fez isso estava realmente inspirado, não acha tenente Meiko?- Kamui Gakupo ressaltou após um assobio.

Meiko concordou com a cabeça, mas nada disse.

– Parece até uma obra abstrata... Claro que, demasiadamente mórbida. – O capitão comentou descontraído. – Pode refrescar minha memória Meiko?

– Bem... – A tenente começou após um suspiro. – A vítima é jovem, tem mais um menos dezesseis ou dezessete anos, não posso dizer com certeza... A causa da morte também é desconhecida, de modo que não podemos afirmar nada até analisarmos com maior precisão. Entretanto, eu acredito que tenha algo a ver com essa equimose posterior na área do pescoço. Como se houvesse acontecido uma tentativa de estrangulamento...

– Ótima analise tenente Meiko, não poderia esperar menos de você. – Uma voz feminina surgiu atrás da tenente e do capitão.

– Megurine Luka. – Meiko sussurrou friamente.

Subitamente um clima pesado pairou no ambiente, Luka e Meiko se encaravam ferozmente, uma fuzilava a outra com o olhar, como se uma guerra estivesse prestes a estourar.

– Ah Luka, quanto tempo não lhe vejo! – Meiko exclamou sorridente, cumprimentado a rosada.

– Eu digo o mesmo, temos que combinar um dia para beber! – Luka respondeu contente.

E o estranho clima foi abafado por tais comentários calorosos. “Bipolaridade” era o que todos pensavam.

– Mas então, o que o departamento de elite faz aqui? – A tenente indagou.

– Os superiores não contaram? Esse caso nos pertence. – Luka disse ligeiramente surpresa.

– Que eu saiba isso aqui não parece uma cena típica do seu Serial Killer. – A morena arqueou uma sobrancelha.

– Pois é. – A comandante disse, caminhando até o braço multilado de Flower. – Mas isso aqui. – A rosada apontou para os cortes verticais no pulso de Flower. – É isso. Esses cortes são o motivo para estarmos aqui.

– É mesmo? Bem, esse caso não é meu, mas até eu noto que isso não é do estilo do assassino.

– Sim, estamos cogitando a possibilidade da existência de um segundo assassino. – Luka falou acendendo um cigarro e oferecendo outro para Meiko. – Por enquanto, tudo é apenas uma teoria, então não é necessário que eu entre em detalhes.

Meiko aceitou o narcótico de bom grado, e por alguns instantes, nenhuma das duas se pronunciou. Ao invés disso, o olhar de ambas as mulheres repousava na garota de estatura mediana e cabelos loiros analisando o cadáver junto à Akita Neru.

– E então? – Meiko indagou expirando a fumaça. – Como ela está se saindo?

– Rin? Está se saindo bem, até agora não me causou problemas. – A comandante pausou para tragar o narcótico. – Mas ela também não demonstrou nenhuma especialidade.

– Ela é uma ótima agente, só precisa de uma chance, ou uma motivação. – Meiko sorriu.

– Vamos esperar que ela consiga uma logo.

– Comandante Luka!- Uma voz aflita chamou a rosada. – Comandante!

– Gumi, se acalme. O que houve? – Megurine indagou calmamente.

– Nós encontramos comandante.

– Encontraram o que?

– Uma testemunha. Uma testemunha que nos levará até o assassino!

[...]

Len Kagamine encarava entediado o teto de vidro de seu apartamento, os cabelos loiros ainda molhados pelo recente banho e o vapor quente escapando através da porta do banheiro. As luzes incomodas da cidade refletiam em seus olhos azuis, enquanto uma garrafa de chá gelado repousava sobre o balcão.

O garoto pousou preguiçosamente a cabeça no encosto do sofá, voltando as orbes azuladas para as roupas ensanguentadas sobre a cama King Size. Um suspiro desanimado fugiu de seus lábios.

Sem nenhum aviso, um som desagradável ressoou. A campainha, alguém estava na porta. Len levantou-se, destrancou a fechadura enquanto dava um gole no chá que pegara durante a viagem.

Miki estava lá, parada do outro lado, os cabelos ruivos presos com um laço colorido em duas amáveis marias-chiquinhas. Utilizava um vestido claro com babados e um bolero negro sobre este. As unhas listradas semelhantes ao famoso gato de cheshire, cravadas nervosamente em uma pequena sacola enfeitada. Havia um sorriso tímido esboçado em seu rosto e um leve toque rubro pairando sobre as bochechas.

– Miki? O que quer aqui? – Len indagou bocejando.

– Isso é lá jeito de falar? – A ruiva disse indignada enfiando-se dentro do apartamento do garoto.

– Tudo bem, desculpe. – Len respondeu fechando a porta. – Mas, o que quer aqui?

– O quê? Eu não posso aparecer para ver como você está? Olha, eu trouxe um presentinho! – Miki respondeu revelando um pequeno bolo outrora oculto pela sacola enfeitada. -E, por favor, coloque uma camisa!

– Tá! – O garoto respondeu desanimado, como uma criança que obedece a mãe a contragosto.

Enquanto esperava, Miki passeou com os olhos pelo apartamento, uma coisa chamou sua atenção. Sobre a cama. Ensanguentada.

– Você fez de novo não é? – A ruiva indagou com um toque de melancolia na voz.

Len não respondeu.

– Qual era o nome dela? – Miki perguntou novamente.

O Kagamine fechou o armário bruscamente, sentou-se novamente no sofá, e soltou um longo suspiro antes de responder:

– Flower. Flower era o nome dela. Estudava em um colégio religioso perto do centro.

– Uma colegial dessa vez. – Miki murmurou sentando-se ao lado dele. – Alguém, fora os pais, irá sentir falta dela?

Novamente sem resposta.

– Len? – Ela forçou.

– Não. – Ele respondeu um pouco alterado, encarando Miki. – Não, tá bem?

A ruiva nada disse, mordiscou o lábio inferior, ansiosa. Para ela, Len sempre fora um péssimo mentiroso, Miki teria de dar um jeito nisso.


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Notas finais do capítulo

Ja neeeeee! Ah, a capa ta dando erro, então aguardem pois depois eu tento de novo :3



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