Isabelle:

—Não toque em mim seu monstro! –Peguei minha adaga rapidamente presa em meu cinto e tentei golpeá-lo, mas ele foi mais rápido, segurou meu braço e encostou a ponta de sua lâmina em minha garganta. –

—Para uma garota, nada mal. –Falou ele com o seu rosto colado ao meu. –

—Onde eles estão?

—Já falei, Clarissa está em um lugar melhor e Sebastian deve estar em algum beco chorando pela morte de sua irmãzinha.

Aquelas palavras me deram um arrepio na espinha e o ódio tomou conta de mim. Consegui me esquivar e sair de seus braços, peguei a faca que estava no chão e consegui fazer um pequeno corte profundo em seu braço.

—Por um momento achei que você fosse mais ágil. –Ao dizer isso, ele jogou sua adaga na minha direção fazendo um corte superficial em meu ombro, mas por sorte consegui pegar a sua lâmina, joguei a minha em sua direção para distraí-lo, saí correndo ao seu encontro e enfiei a sua própria adaga em seu peito fazendo-o cair de joelhos e dar pequenos gemidos de sofrimento até perder totalmente a consciência.

—Isso foi pela Clary. –Sussurrei. –

***

Ao chegar ao apartamento estava Jace sentando no sofá com um olhar de extrema preocupação.

—Desculpa a demora.

—Onde você estava? Você está toda machucada!

—Ah, isso... Uns caras tentaram se aproveitar de mim.

—O quê? Você está bem?

—Sim, já dei uma lição neles.

Jace me deu um abraço reconfortante.

—É melhor irmos descansar, amanhã acordamos bem cedo para procurá-los. –Falei. – Boa noite.

—Boa noite, Iz.

Clary:

Abri meus olhos lentamente deixando toda a luminosidade da janela entrar fazendo-os arder, senti que meu corpo inteiro estava dolorido como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Olhei para o lado e me deparei com Sebastian cochilando meio torto em uma cadeira ao lado da cama onde eu estava .

—Sebastian. –Tentei falar alto, mas não saia nada além de um sussurro. –

—Ei, acorda!

Ele abriu os olhos rapidamente e levou um susto ao se deparar que eu estava acordada.

—Clary, oh Raziel, como é bom vê-la acordada.

—Como é bom estar viva.

—Pensei que você não acordaria mais, ver você acordada é um alívio. –Ele inclinou para me beijar, mas eu recuei. – O quê...

—Nada, só preciso levantar.

—Não, você não está recuperada.

—Onde estamos? Jace e Izzy devem estar preocupados.

—Esta é aquela casa em Veneza que você me viu matar aquele homem aquela vez.

—Quanta originalidade.

—Você tem razão, é melhor voltarmos para casa.

—Me ajude a levantar, minhas costas estão latejando.

Andamos algumas quadras até finalmente chegar ao nosso apartamento.

—Ainda está cedo, talvez ainda não tenham acordado. –Disse Sebastian. –

Ao passarmos pela porta avistamos Jace dormindo no sofá. Sentei ao seu lado e sussurrei:

—Jace, acorda.

Ele abriu os olhos devagar e ao me ver deu um pulo, ri um pouquinho sem jeito, olhei para o lado e estava Sebby me fitando com os braços cruzados.

—Clary, não estou acreditando. –Disse ele me abraçando. –

—O quê está acontecendo aqui? –Perguntou Isabelle descendo as escadas de pijama e mesmo acabando de acordar, estava linda. – Ah, Raziel! Clary, não acredito!

Ela me abraçou com força o quê fez as minhas costas doerem ainda mais.

—Onde vocês estavam? –Perguntou ela. –

—Aquele homem que disse que eu estava “devendo” a ele nos procurou e machucou Clarissa, por pouco ela estaria morta.

—Clary, eu poderia ter te perdido. –Disse Jace me abraçando. –

—Eu realmente preciso descansar agora, estou morta. –Falei. –

Subi as escadas, entrei no quarto e me despi, precisava tomar um longo banho para tirar esse cheiro de sangue de mim.

Ao terminá-lo coloquei uma camiseta de Jace que estava jogada em cima da cama e deitei tentando esquecer o quê havia acontecido no dia anterior. Estava quase pegando no sono quando levo um susto.

“Clary, você está aí? Faz dias que você não da mais notícias, estou ficando muito preocupado.”

Era Simon, realmente ele tinha razão, há dias não dava notícias a ele.

“Simon!”

“Meu D... AI... Que merda! O quê aconteceu, Clary?”

“Quase fui morta ontem, Sebastian me salvou.”

“MORTA?”

“Não importa, estou bem agora. Eu não aguento mais isso, Simon, quero dizer, essa divisão de Sebastian e Jace, estou sentindo que posso mudar Sebastian, mas ao mesmo tempo eu preciso do meu Jace de volta.”

“Sebastian é um monstro e você sabe disso! E, aliás, estamos indo para o Peru!”

“O quê? Como vocês sabiam que estávamos aqui?”

“Estávamos? Onde vocês estão agora?”

“Pelo o quê sei, estávamos em Veneza e agora no Brasil.”

“Merda!”

“Acho que está vindo alguém aqui, vou tentar te manter informado. Eu te amo, Simon.”

“Também te amo, Clarissa.”

Olhei para a porta e estava Isabelle entrando.

—Estou incomodando Clary? –Perguntou ela com um sorriso amigável. –

—Não, na verdade não consegui pegar no sono ainda.

—Queria conversar com você.

—Senta aqui do meu lado.

Ela se sentou, começou a contar o quê havia acontecido com ela e contei a minha experiência também, logo depois ela fez uma pergunta um tanto intrigante:

—O quê está acontecendo entre você e Sebastian?

—O quê?

—Olha Clary, não sei o quê está rolando entre vocês, só quero que tome cuidado, ele pode não parecer mais para você, mas ele continua sendo muito perigoso e embora Jace não seja mais o mesmo no momento, ele ainda é o seu Jace e a gente vai trazê-lo de volta e não se esqueça que Sebastian é seu irmão.

—Obrigada Izzy. –Todas aquelas palavras doeram de verdade no meu coração e sobressaiu a dor que eu estava sentindo em minhas costas. –

Ela se levantou e foi embora, me deixando sozinha naquela cama imensa, onde o quê restava fazer é dormir.

Algumas semanas depois...

Estávamos nós quatro tomando café da manhã, eu estava um pouco deprimida fazia algum tempo já por ainda não ter conseguido resolver como separar Jace e Sebastian do feitiço de Lilith.

Terminamos a refeição, me levantei e fui tomar um banho, Jace foi logo atrás.

—Clary, você já está totalmente recuperada?

—Estou, por quê?

—Já faz algum tempo que não treinamos como treinávamos no instituto, fiquei sabendo que tem um lugar ao ar livre ótimo para essas coisas aqui no Brasil.

—Claro, já estava com saudades de ser uma caçadora de sombras. –Falei, dando uma risada. – Só vou trocar de roupa e já estou descendo.

—Ótimo.

Vesti-me rapidamente com qualquer roupa que vi na frente e fiz um coque alto, desci ao encontro de Jace e fomos até nosso destino. Ao chegar lá vi o quanto era um lugar bonito, havia poucas árvores e uma imensidão de grama, um espaço perfeito para treinar.

—Lindo, não é mesmo?

—Muito.

—Faz algum tempo que não faço nada, não sei nem como luta mais. –Falou dando uma risadinha. –

—Não se preocupe, devo estar pior ainda.

Rimos um pouco e começamos o treino. Jace começou tentando me atingir com um soco, mas recuei rapidamente e chutei seu ombro fazendo-o dar alguns passos para trás. Ele conseguiu me dar um soco e eu respondi com outros dois, o que o fez rir.

—Pra quem não luta há algum tempo.

—Sorte. –Eu disse sorrindo. –

Distraí-me por alguns segundos e ele investiu em mim com alguns chutes o quê me derrubou no chão, mas levantei rapidamente e devolvi com um soco, quando fui dar o segundo ele conseguiu ser mais rápido e segurou minha mão e quando percebi ele havia me pegado e colocado em suas costas como se fosse uma criança travessa.

—Ei, isso é trapaça, não vale. –Falei, ficando irritada, mas ele respondeu rindo, comecei a me debater até que ele me colocou deitada no chão e subiu em cima de mim segurando meus dois braços na lateral. –

Ele começou a me encarar com um olhar de desejo, chegando perto do meu rosto, até que nossas bocas finalmente se encontraram e nos beijamos lentamente, foi um beijo sincero como não sentia fazia tempo.

—Eu te amo, Clary, eu te amo.

E pela primeira vez desde que ele havia se prendido a Sebastian eu senti que aquele sim era o meu Jace, apenas meu.