Sara estava vestida e já havia descido para tomar o seu café da manhã junto ao seu pai e... Charlie.

– Que horas ele volta? – Perguntou Steve meio preocupado.

– Logo. – Ela deu um sorriso de canto.

– Acho que ele não se perderia.

– Ele sabe se cuidar sozinho e era bom que ele se perdesse, assim eu poderia ir pra escola em paz.

– Você e suas implicâncias, não é mocinha? Tsc, tsc. – Steve balançou a cabeça negativamente enquanto servia café em sua xícara.

Os dois puderam ouvir o barulho da porta abrindo na sala. Finalmente Charlie havia voltado, faltando cerca de vinte minutos para levar Sara para a escola. Ela sabia que era ele e uma onda de ansiedade a invadiu naquele momento pensando se ele havia finalmente voltado ao normal.

Charlie entrou na cozinha e para a surpresa de Sara, ele estava usando um boné preto onde havia escondido quase todo o cabelo e usava também um óculos escuro.

– Hãn?! – Steve assustou-se pegando uma das cadeiras.

– Calma, sou eu, Charlie!

– Charlie? – Perguntou ele desacreditando. – Por que os óculos escuros?

– Pra proteger as vistas do sol. – Ele sorriu e sentou-se a mesa.

Sara abafou uma risada, mas Charlie percebeu. Ela não aguentou e acabou rindo um pouco mais alto do que deveria e os dois a encararam.

– O que foi? – ela perguntou. – Eu achei engraçado!

– Há-Há-Há. Seria ótimo se você fosse andando pra escola! – Charlie retrucou e ela retribuiu com um sorriso sarcástico.

Sara ainda colocava o cinto de segurança enquanto Charlie já ligava o carro. Enquanto saia com o carro ele já havia tirado os óculos escuros e só então se lembrou de tirar o boné. Sara o observou bagunçar a parte de trás dos cabelos que já começavam a clarear do preto para o um tom castanho claro. A cor dos olhos saia do verde água para um verde azulado.

– Como foi as sua noite? – Ela cortou o silencio.

– Péssima, literalmente.

– E o que...

– Não, não me pergunte o que eu comi– Ele deu um sorriso de canto, mas não olhou pra ela.

Sara queria puxar assunto com Charlie, mas ela parecia estar encantada com ele e nem se importava em pensar em algo mais pra dizer.

–... Onde você conseguiu o boné e os óculos?

– Em uma lojinha de conveniências dentro de uma garagem.

– Ah, eu sempre vou lá.

– Sorte que estava em liquidação, porque eu não tinha mais do que uma nota de dez no bolso da calça. Eu sempre guardo uma no bolso pra me prevenir.

– Interessante... – Ela parecia ansiosa, e realmente estava.

– Algum problema?... – Ele perguntou desviando o olhar pra ela por um instante parecendo preocupado.

– Não... A propósito, seu cabelo e seus olhos estão quase voltando ao normal. – Ela sorriu e ele retribuiu.

Desta vez Charlie entrou no estacionamento. Assim que ele parou o carro ele tirou o cinto de segurança para poder sair e abrir a porta para Sara, mas ela o segurou pela mão.

– Não precisa se preocupar com isso. – Ela sorriu e rapidamente soltou a mão dele. Ela parecia nervosa ao tirar o cinto.

– Sara?

– O que foi?

Ela olhou no mesmo instante em que passou varias garotas ao lado da janela dele dando risadas, e pode ver um papel voar para dentro do carro e cair sobre o colo de Charlie. Ele revirou os olhos ao olhar para o pedaço de papel em sua mão.

– Um número de telefone?

– Idiotas– disse ela revirando os olhos da mesma forma que ele havia feito. – Vou colocar fogo na minha roupa pra elas poderem me ver aqui dentro da próxima vez.

Ele riu, mas logo se virou pra ela e apoiou a mão no banco em que ela estava.

– Sara, tem certeza que esta tudo bem com você?

– Sim, Charlie. – Ela se aproximou dele. – Eu queria te dizer que...

– Que...?

– Você fica lindo demais desse jeito... – Ela corou e abaixou o olhar.

Como esperado, ele achou graça do modo como ela agiu.

– Então eu não sou lindo quando estou normal? – Ele fingiu estar chateado.

– Mas é claro que é! – Disse ela levantando o olhar.

Ela olhou pra ele no exato momento em que ele colocou a mão em seu rosto para beija-la. Charlie a beijou e ela deixou se levar pelo beijo. Ela tentou se aproximar mais no momento em que ele a provocou com uma das mãos em sua perna.

– Eu te busco mais tarde.– Ele disse ao interromper o beijo.

Ela sorriu e antes de sair o pegou de surpresa com um pequeno e rápido beijo roubado. Ele balançava a cabeça negativamente enquanto sorria e ligava o carro outra vez, mas logo o seu sorriso cessou. Seus instintos o alertavam e ele não podia ignorar, Charlie sabia que Sara sentia medo dele e que de alguma forma ele teria que fazê-la se acostumar com o seu novo eu, outra vez.