O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 8
Falácias


Notas iniciais do capítulo

Oii, perdidos! Tudo bem com vocês? Hoje, é meu primeiro dia de férias e eu resolvi postar. O capítulo fala um pouco sobre isso... Bem, primeiramente, gostaria de agradecer a "Michele", a "Hanna Marin" e a "Garota dos Sonhos" por recomendarem a fic. Nunca pensei que chegaria a isso e eu não tenho como expressar meu agradecimento para vocês. Fiquei muito feliz com cada palavra. Muitíssimo obrigada pelo apoio e pelo carinho. De verdade. Isso é mais que uma fic para mim. E... Com vocês, isso se tornou real. Muito obrigada.
Agradeço também aos comentários ao capítulo anterior. Foram de grande ajuda hahahaha Eu estava meio para baixo e também, muito preocupada com aquele capítulo. Eu o postei exausta e fiquei com medo de que ele ficasse confuso e horrível. Bem, eu ainda acho que ele ficou assim. Mas, ficou feliz que "Michele" e "Garota dos Sonhos" gostaram.
Além disso tudo, para completar a minha felicidade, duas pessoas começaram a acompanhar a fic. Muito bem-vindas. Espero que todos gostem desse capítulo.



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É como se eu não enxergasse nada. Tudo é preto. E eu apenas escuto vozes. Confusas, tristes, animadas... Porém, todas assustadoras. Não consigo ouvir a mim mesma. Talvez porque eu esteja em silêncio. Talvez porque eu me sinta sufocada. Quanto mais eu penso, mais sufocada eu sinto. Estou com os olhos fechados. Não quero abri-los; não quero continuar vendo a mesma escuridão.

Hoje é o último dia de aula. É o fim do semestre. Não posso dizer finalmente para esse fim. Queria que o inferno durasse mais tempo. Ele me queima. Ele me mata. Eu já me acostumei com isso. Ir embora, acabar com tudo, seria apenas uma nova dor. Uma nova queimadura. Uma nova morte. E eu ainda pergunto quantas vidas nós temos de verdade.

O sinal tocou faz um tempo. Gritos histéricos, férias perfeitas, um sol inexistente ilumina o dia. Eu ainda vejo preto. Estou sentada no banheiro. Posso chegar dez minutos atrasada em casa. De qualquer forma, não teria muito que fazer, se não continuar a pensar. Minha garganta está se fechando. É como se ela fosse se ficando fria e quente ao mesmo tempo e repentinamente, impedisse-me de sentir tudo. Como se eu ficasse mais vazia do que geralmente sinto.

Abro os olhos. O sol não chega até mim. Pego minha mala e caminho para fora do matadouro. Boi Wendy saindo. Não sei quantas vezes fui torturada; quantas vezes perdi parte de mim mesma aqui dentro e até hoje tento achá-la; não sei quantas vezes eu morri aqui dentro e ninguém viu. Duzentas? Trezentas? Cem? Qualquer resposta seria incompleta. Números não representam fatos. Eles apenas os tornam mais simples de se lidar. Eles não representam a minha dor, a minha angústia, meus sentimentos.

Estou dominada por essa sensação de vazio. Parece que a qualquer momento eu poderia atravessar paredes ou o contrário. As pessoas atravessariam a mim e levariam o que sobrou. Ainda consigo ouvir as vozes alegres de último dia de aula. Será que alguém consegue ouvir meu apelo depressivo? Ou eu estaria sozinha em meio a esse mar geral de felicidade?

Continuo andando, apesar de não sentir meus pés. Apesar de não me sentir. Eu não riria se me visse flutuando por aí. Quando eu vou parar de sentir tudo isso? Quando as coisas finalmente vão dar certo? “Torne seus sonhos realidade”. Sabe o que eu queria que fosse real? Eu! Como eu posso me tornar real? Ou será que a realidade é tão ruim que essa dúvida não pode ser respondida?

Nenhuma pergunta tem resposta. E, ultimamente, o silêncio costuma ser a melhor tentativa de uma. Como se somente ele pudesse me ouvir. O vazio continua prevalecendo. Gostaria de colocar um ponto final. Acabar com essas perguntas assim como eles a iniciaram. Parece um túnel sem a luz. A esperança nos engana e tão cego por elas, não percebemos o quão tolos somos por acreditar em falácias. Eu acreditei em falácias.

Virar à esquerda. Depois, à direita. Seguir reto e virar à esquerda de novo. Casa cor tijolo, feita de tijolo com um portão velho marrom. Minha casa. Aos doze anos, minha mãe me deixou ir sozinha da escola para casa e eu nunca antes me senti tão livre. Eu podia ir sozinha para escola e voltar sozinha para casa. Eu acho que passei a gostar de estar sozinha desde aí. Acho que porque é muito mais fácil se entender no silêncio do que com as pessoas. Elas manipulam o que você é.

“Isso é feio. Você deveria ser assim.” Elas acham que sabem o certo e o errado. Elas acham coisas demais. Viro à direita. Agora, não me sinto tão vazia. Sinto-me incompleta. Como se estivesse faltando alguma coisa... Segundo as aulas de filosofia, seria a felicidade. Eu acho isso patético. A nossa vida gira em torno da felicidade. Só isso? Ninguém se esqueceu de nada? Não, é claro que não. A felicidade é algo tão requisitado, algo tão difícil de ser encontrado que as pessoas já o consideram o objetivo de suas vidas. Eu não. Para mim, a felicidade é algo momentâneo. Eu fui feliz nos milésimos de segundo onde eu pensei que balançar daria certo.

Eu quero mais da minha vida do que uma simples felicidade. Eu quero ser eu. Eu quero ser a Wendy. E eu não sei exatamente o que sou eu. Um conjunto de problemas? Um defeito no sistema? Uma odiadora eterna dos falsos? Novamente, não há respostas para minha pergunta. Agora, é o trecho em eu sigo reto. Seguir em frente... Acabei de me lembrar disso. Isso nunca foi um consolo para mim.

Seguir em frente é quase como esquecer seus problemas e apenas andar junto com os demais. É como se você esquecesse quem você foi, apenas para dar lugar a imagem que todos querem que você seja. Eu acreditei em falácias. As vozes assustadoras estão longe. Eu ainda consigo ouvi-las, apesar de tudo. Parece que elas ficam repercutindo na minha mente. Algo como eco. Isso é quase tão assustador quanto elas em si.

A voz de uma CNTS veio em minha mente agora. “Wendy, o que você vai fazer nas férias?” O que eu vou fazer nas férias?”O que você vai fazer nas férias?” Talvez ler. Provavelmente, assistir séries. Dormir muito... ”Fazer nas férias?” Somente isso. Teria algo melhor para fazer? “ Nas férias?”Não. Com certeza, não. “Férias?”

Sinto-me sufocada. Passar a mão no pescoço para ver se tem algo me sufocando tornou-se hábito hoje. Virei à esquerda. Estou próximo de casa. Começo a correr. Quero me sentir segura. Fugir dos ecos. Fugir da escola. Fugir dessa Wendy. Casa cor tijolo, feita de tijolo com um portão velho marrom. Pego minha chave e abro rapidamente. Continuo correndo. Estaria sozinha em casa hoje. Ninguém me veria correndo.

Acendi a luz. Tudo continuava preto. Não havia luz no final do túnel. Eu deveria seguir em frente? Eu não me sinto segura. Ainda escuto ecos. “Wendy, o que você vai fazer nas férias?”. Continuo sufocada. Não posso dizer finalmente para esse fim. Eu acreditei em falácias.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Estou ansiosa para ler a opinião de vocês. Novamente, muito obrigada ao apoio vindo tanto pelas recomendações, comentários e pelos novos leitores. Só isso. Aguardo alguma manifestação de vida vinda por vocês hahahha Fuii!