O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 7
Eu estou louca. Eu estou viva.


Notas iniciais do capítulo

Oii, perdidos. Sim, eu andei sumida. Por dois dias. Mas, para mim, isso é muito tempo. Primeiro, gostaria de agradecer a " Hanna Marin " por favoritar a fic. Quanto aos comentários, agradeço a todos. Eles me motivaram a escrever mesmo estando morta. Juro. Hoje fiz um simulado, terminei um relatório e ainda fiz a fic. Sou quase um zumbi. Quanto ao capítulo, não comento nada. Ele está totalmente estranho e... Sei lá. Leiam e veremos a opinião de vocês



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Eu começo meu dia do avesso. Não penso no agora. Penso no fim. Viver o agora é atordoante. O silêncio dos outros me sufoca quase quanto o meu silêncio. Elas não falam nada, não pensam em nada. Mas, eu penso. Sinto-as me acusando. Sinto coisas que não existem. Eu estou louca.

Resolvi procurar no dicionário o que significa. Não que eu não soubesse, porém toda hora eu escuto essa palavra. “Você é louca”. Risadas. “Os loucos são os melhores” Risadas. Eu estou louca. Isso não é engraçado. Louco significa aquele que perdeu a razão; alienado, doido, maluco. Talvez Insensato. Ou então, furioso, alucinado, perturbado, dominado por violenta emoção. Intenso, vivo, violento...

Não há felicidade nisso. Não há algo cômico nisso. As pessoas distorcem o pior para que ele fique mais fácil. Não está fácil. Porém dentre todos esses adjetivos o que eu mais pensei, o que mais me deixou louca foi: vivo. Não consigo não ficar terrivelmente sufocada com isso. Se eu me sinto tão desnorteada, tão alucinada, tão dominada por pensamentos que eu nem sei explicar, eu estou viva? Não faz sentido!

Sinto minha garganta fechar. Sempre achei isso bizarro. Hoje, eu acho isso avassalador. Como se, por mais que eu estivesse em silêncio, meu corpo mandasse eu parar. Talvez de pensar, talvez de viver. Fecho os olhos. É incrível como tem certas coisas que você não esquece. Pode passar o tempo que for a mesma coisa estará te encarando.

Eu encarava o teto agora. Em total escuridão. Como eu gostaria de ser absorvida por ela. Sabe ir embora para sempre. Fecho os olhos. Fico tão imóvel que quase sinto que... Eu não existo. Não ouço nem meu coração bater. Meus problemas sumiram. Eu não estou louca. Eu não estou viva. Abro os olhos. Fez sentido... A vida é tão ruim que a loucura pode resumi-la. A vida... A loucura é a chave disso tudo. Ser louco é ser vivo.

Não sei que horas são. Mas, se antes eu não o sentia, agora meu coração quase salta. Procuro uma luz, apesar de não querer nada que clareasse meus pensamentos. 8:05. Acordei atrasada. Não precisei me beliscar para saber que era verdade. A verdade dói. Acordar e encarar essa merda toda dói. Poderia sair correndo para pegar minha mala e sair revirada tentando chegar no horário à escola. Apenas reviro os olhos. Eu ainda estou confusa quanto a isso. Afinal, eu disse que estava viva. Ontem, eu escrevi isso. Eles esqueceram que eu estava viva. Acho que eu esqueci que eu estou morta.

Morta, não. Eu esqueci que eu não estou viva. Falar o que sou agora é como perguntar se Deus existe. Não dá para dizer que sim, não dá para dizer que não. Minha mãe abriu a porta há alguns minutos. Pediu para eu comer. Dei de ombros. Não estava com fome. Troquei de roupa e fui embora. Não tomei café da manhã. Estar vazia me conforma por ser vazia. Poderia também começar a correr pelas ruas. Tudo para chegar à segunda aula. Minha cadeira estará lá ainda e estará na terceira aula também.

Queria sumir. Acho que eu deveria, de fato, esquecer a escola por hoje. Escutei umas risadas. Crianças. Elas deviam estar no parque. Voando como pássaros. Optei por vê-las e foi só eu aparecer, elas se foram. Poderia chorar e reclamar por ser um monstro. Mas, não. Quanto mais distante do comum, eu melhor consigo definir a mim mesma.

Sentei no mesmo balanço. Eu não queria voar. Não quero chegar mais alto. Quero apenas tentar ficar longe do chão. E eu fiquei. Porém, parecia que ele me puxava ainda mais. Algo como força magnética. E eu sentia o mundo parar e eu continuar rodando. Eu estava tonta. Eu estava louca. Eu estava viva.

Peguei minha mala. Tenho que voltar a escola. Quanto mais distante do comum, eu melhor consigo definir a mim mesma. Não escuto as vozes de sempre que costumam vir de lá. Tudo estava em silêncio. Menos eu. Eu estava quieta, mas berrando por dentro. Não era socorro. Era loucura. Li uma vez que o silêncio lembra a morte. Mas, se eu estivesse morta, não me sentiria tão perturbada. Eu estou louca. Eu estou viva.

O silencio passa a se agitar fora de mim. Começo a escutar as mesmas vozes de sempre. Parecem de outro mundo. Talvez seja eu que seja de outro mundo. De qualquer forma, elas voltam para me assombrar. Vejo o enorme prédio cor de nada. Tão parecido com o que tem lá dentro... Entro no matadouro. Faltam dez minutos para a terceira aula começar. Minha cadeira estará lá ainda?

Vou ao banheiro. De repente, aquela sensação de vazio voltou a mim. Agora, minha cabeça está vazia. Tão vazia que só estou escrevendo para não pensar ainda mais em tudo. É como se eu tomasse uma anestesia sentimental; como se o que fizessem comigo ou o que falassem comigo a partir de agora fosse nulo. Como eu queria que o sinal tocasse agora...

Eu odeio essa merda de anestesia. Eu gostaria de explodir tudo que eu já senti nesse celular, mas esses sentimentos parecem distantes. Eu mal consigo lembrar o porquê que eu os senti. Os sentimentos são momentâneos. Já ouvi isso em algum lugar e agora parece fogo em uma fogueira. (Uma expressão idiota criada por mim nesse exato momento. É algo como “serviu como uma luva”).

É por isso que tudo acaba. Ninguém entende o porquê. Não dá para fazer algo durar para sempre sendo que ele é momentâneo. Apesar de que para sempre é um momento... Um momento bem grande. Fecho os olhos. O sinal toca. Quase como um desejo. Ou talvez, eu esteja tão alucinada que imaginei isso. Isso não importa mais. O que é importa é: Eu estou louca. Eu estou viva.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Wendy está bem louca e creio que influenciou nessa confusão. Por favor, não me amaldiçoem por isso. Queria muito saber a opinião de vocês: o que está bom, o que eu tenho que melhorar... Essas coisas clichês de sempre. Juro que preciso. Conto com vocês.
Mil Beijos :))