O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 6
Eles esqueceram


Notas iniciais do capítulo

Hey, perdidos. Como vocês estão? Bem, horário ruim para postar, mas tanto faz. Amanhã tenho uma apresentação de slides na primeira aula. Imaginem um zumbi apresentando... Eu. hahahaha Enfim, agradeço ao comentários da "Michele" e da "Garota dos Sonhos", Vocês me ajudam demais. Sério. O capítulo está diferente dos outros... Espero que isso seja bom.



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Meu mundo para. As pessoas continuam. Isso não faz diferença. Eu me torno um lixo. Apenas incomodo a passagem. Eles me xingam. Eles me pisam. Eles acabam comigo, com o que restou de mim. Como se eu não existisse; como se eu estivesse morta.

Mas, eu estou viva. Eles esqueceram que eu estou viva. Que eu sinto. Talvez eu devesse segurar uma placa dizendo “CARALHO! Eu estou mal.”. Eles não iam enxergar de qualquer forma.

– Filha, você não vai acordar?- “Não” não é uma resposta.

Agora eu estou no carro. Rumo à escola. Meu pai está escutando alguma das notícias sobre a copa do mundo, sobre a política. Ele nunca encontrou a minha rádio. Não a que eu gostasse, mas a que falasse sobre mim. O engraçado é que era mais fácil do que apertar o botão. É por comando de voz.

– Filha, você está bem? - eu não iria dizer que sim. Eu não iria fingir que está tudo bem. Entretanto, ele não perguntou. A rádio está sem sinal como sempre, claro. Paramos em frente à escola. Ele deve pensar que eu sou popular. Que ao invés de escrever meus sentimentos, eu estava conversando com uma amiga sobre tudo. Eles acham coisas de mais, entendem coisas de menos.

Na verdade, até esse “entender” me incomoda. Eu não preciso que me entendam. Não preciso que digam que é só uma fase. Não preciso que sorriam e confirmem com a cabeça. Eu quero que sintam e falem: “É exatamente isso que eu penso”. Livros e sites que dizem nos entender inventam coisas. Não preciso de psicológicos. Preciso de alguém real.

Avistei um CNTS. Ela era a mais isolada do grupo; porém falsa da mesma maneira. Ela disse que se sentia igual a mim. Confusa. Mas, quando as festas aparecem, os babacas populares surgem, os problemas somem. Isso me irrita. Reviro os olhos pela décima vez hoje. O dia está nublado. Sinto cheiro de dilúvio. Estou com medo de que sentimentos serão afogados hoje.

– Wendy!- escuto meu nome. Nome. Pretexto idiota para não encarar aquela pergunta da aula de filosofia que todos esquecem: quem sou eu? Bem, eu não sou todo mundo. Muitas vezes, essa pergunta entra e nunca sai. Revira meus órgãos, meus sentimentos em busca de uma resposta pronta. Causa um transtorno e vai embora. Sem respostas. As pessoas fazem o mesmo. ”Isso é natural do ser humano. Todos têm dias bons e ruins.” Os meus parecem sempre ruins. Isso não importa de qualquer forma.

Anne estava a minha frente agora pouco. Não dá para conversar e escrever ao mesmo tempo. Ela estava aflita quanto ao trabalho de química. E eu aqui aflita com o mundo. Que besteira, não? Foi marcado para quarta. Dei de ombros. Só mais uma coisa idiota para me preocupar. As CNTS estão entretidas com algo e nem percebem a minha presença. Deveria ficar chateada, mas eu agradeço. Não há falsidade na previsão do tempo.

Tinha um livro na minha mala há uns dez dias. É como se fosse uma capa para desaparecer. Enfiar minha cabeça em outra história, outra vida e ganhar mil minutos sem os meus problemas. Também, ao mesmo tempo, dá a mim um espaço pessoal, algo comparado a um campo de força. Ninguém é louco o bastante para interromper uma leitura,certo?

Espero que seja certo, ao menos. Mas, antes de descobrir isso, o sinal toca. Tenho de ir à aula.

Meu mundo para. As pessoas continuam. Isso não faz diferença

Levanto devagar. Olho ao redor para ter certeza de que não esqueci nada. Apesar de saber, de fato, que não esqueci. Queria ficar mais tempo sentada...

Eu me torno um lixo. Apenas incomodo a passagem.

Tem muitas pessoas subindo. Olho para os lados. Será que tem alguém demorando como eu? Não. Estão todos prontos para um novo dia com seus amigos. As CNTS estão longe... Melhor assim.

Eles me xingam. Eles me pisam.

Ando olhando o chão. As pessoas me assustam. E o que elas falam também. Quero ir para casa. Ainda dá tempo, não é mesmo? Não. Você está no segundo colegial. Sem criancices. Isso é coisa do maternal. As CNTS estão perto agora. São 7:21. Apenas o começo de um longo e cansativo dia.

Chego a sala. Todos nos seus lugares e sempre conversando. Não acharia nem um pouco estranho não ter uma cadeira para mim. Seria algo como “Você não estuda aqui. Volte para casa e desfrute do tempo”. Mas, eu sei que tem. É claro que tem. As CNTS estão do meu lado. Escuto nomes, ligações e risadas. Como alguém pode rir em um dia tão... Merda. Ninguém ri quando está na merda. Elas parecem gostar.

Eles acabam comigo, com o que restou de mim.

Sento na minha cadeira. Elas também. Eu estou cansada. É só o começo... O professor entra. Ele também está cansado. Mas, é sua profissão. É normal ele se sentir assim. Todos nós sentimos. É algo como rosas e espinhos. Se somos tão evoluídos, porque não tiramos os espinhos e vivemos entre rosas?

Como se eu não existisse; como se eu estivesse morta.

Viro para trás. Pego meu caderno de história. Quase ao mesmo tempo em que os demais. Ainda vejo pessoas rindo. Passarei milênios tentando achar a graça. Viro para frente. Abro o caderno. Quase ao mesmo tempo em que os demais. Pego a caneta. E começo a escrever. Quase ao mesmo tempo em que os demais.

Mas, eu estou viva. Eles esqueceram que eu estou viva.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Escrevam sobre o que acharam. Os comentários são importantes para mim. Sério. Bem, creio que seja só isso. Espero ver vocês em breve.
Mil beijos.:))