O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 19
Tempo Perdido


Notas iniciais do capítulo

Olá, perdidos. Quarta-feira, meia noite e pouco. Horário lindo para postar. De qualquer forma, eu estava me cobrando desde domingo por esse capítulo. Agradeço ao comentário da MrsCarina. Muito obrigada :) Gente, esse capítulo é baseado na música Tempo Perdido do Renato Russo. Eu sei que isso já aconteceu antes, com o capítulo Mais Uma Vez o qual eu usei a música "Mais uma vez" do Renato. Mas, eu fiquei viciada mesmo nas músicas dele e eu realmente não conseguiria escrever algo sem relacioná-lo. Milhões de desculpas. Eu sei que é chato ficar... Usando músicas para preencher a história. Tentarei não repetir isso. A não ser que vocês queiram. Essa música é perfeita, então, sou suspeita para falar. Espero que gostem :)



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Mentiras de café da manhã? Com certeza. Você dormiu bem,filha? Com certeza. Podemos ir para escola? Com certeza. Não esqueceu nada? Talvez, eu tenha me esquecido no meu quarto. É melhor buscar? Não. Então, vamos! Com certeza. E o dia iniciou-se cheio de “Com certeza.” e de incertezas em relação aos dois últimos dias. Tinha evitado tanto meu pai quanto minha mãe – principalmente ela. Não que uma quarta-feira não resolva o problema.

E lá estávamos nós no carro ouvindo Renato Russo de novo. Tempo perdido. Eu cantava mentalmente: “Todos os dias antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia”. Abro um sorriso. De um jeito estranho, ele diz muitas coisas. Lembro e esqueço na mesma frase. É tipo chorar e rir. Eu já ri muitas vezes querendo chorar...

– Veja o sol dessa manhã tão cinza. A tempestade que chega é da cor dos teus olhos: castanhos. - cantou. Eu continuei a sorrir. Há muitas verdades ignoradas ou não identificadas. Pergunto quanto tempo elas ficarão assim? Ocultas para todos, exceto para quem a sabe? Tempo demais.De qualquer forma, é melhor assim. Eu não queria que ela enxergasse essa verdade. O carro parou em frente ao matadouro. Faz bem para um boi ser castrado, não é mesmo?

– Tchau, mãe. - despedi-me saindo do carro.

– Tchau, filha. Tenha um bom dia. – e ela acelerou, cantando pneus e a música de Renato Russo. Um longo suspiro tomou conta de mim. Eu devia parecer apaixonada. Mas, não. Eu estou totalmente perdida. Assim, como o tempo. “Temos todo o tempo do mundo”. Maldita música... Boi Wendy entrando. Meus olhos não procuravam as CNTS. Eles olhavam em todas direções, enquanto eu deseja não ter tanto tempo assim.

Faltavam alguns minutos para entrar na sala de aula, entretanto caminhei até as escadas e fui até a minha sala vazia. As vozes não se dispersaram. Elas continuavam ali em meu ouvido. O ritmo da música em minha cabeça e eu confusa com tudo. Apesar de negar, eu sei que eu poderia continuar. Porém, não anseio isso. "Sempre em frente, não temos tempo a perder." É um suicídio. Eu deveria estar pensando em mim.

–Então, sábado, ele me chamou para sair. Mas, eu falei que...

– Tarefa de física? Porque você não falou isso antes?

– Eu vou faltar amanhã, porque eu tenho que...

Tudo se dispersou. E as vozes trancavam-me. Tantas pessoas e tantos problemas. Minha cabeça estava explodindo. Afundei-a na mesa fria. A escola é uma droga. Eles continuavam a falar. “Eu comprei um novo jogo de Xbox”, “Um mais três é três? Que merda é essa, João?”, “Eu confundi mais com o sinal de vezes” e risadas. Risadas e mais risadas.

Rir machuca. Alguns dizem que é o melhor remédio. Para mim, é a melhor dor. Fingir que estar feliz te faz de alguma maneira feliz por poucos segundos; enquanto você finge. Depois tudo volta. As risadas te assombram e fingir se torna um peso o qual você não consegue sustentar. A vida é assim. Não deveria, mas é.

A professora não entrara na sala ainda. As CNTS acenaram com a mão e eu retribui. Faltam mais dois anos. Só mais dois anos. As coisas funcionavam em um jogo de falsidade. Olhei para o relógio e mesmo não querendo sentir o tempo, eu queria vê-lo passar. Uma batida na porta alertou a todos que a Ana estava aqui. Ana não desejava “Bom dia” nem falava “Oi”. Ela batia na porta, entrava e dava aula. Eu adoro esse jeito dela. E assim,o dia continuou como uma bola de neve. Não tinha como pará-lo ou diminuí-lo. Ele só ia aumentando e tornando-se mais difícil.

Agora são dez da noite. Está chovendo, o que se tornou raridade por aqui. O barulho das gotas de água e do meu ventilador tornava o ambiente barulhento. Mas, eu gosto. E as músicas que minha mãe escutava no carro hoje e algum desses se misturavam em minha cabeça. Fazia tempo que eu andara escutando demais as músicas dele. Era viciante. E, além disso, havia trechos que me descrevem; que decompõem um pouco de mim e me situa.

Meus olhos pesam e eu irei dormir. Eu estou cansada. Um cansaço que eu sei que o sono não levará embora e nem diminuirá. Não me importo com isso. Eu gosto de fechar os olhos e apagar. Esquecer por um tempo de todo o tempo que perdi no dia. E assim como a Ana, não desejarei "Boa noite" nem direi "Tchau.". Eu vou simplesmente dormir. Já cansei de perder de tempo.


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Notas finais do capítulo

E aí, cobre demais né? Desculpa mesmo. Mas, eu juro que me esforcei para tentar fazer algo melhor e não deu certo. Não pedirei comentários por conta disso. Entretanto, eu adoraria lê-los. É isso, mil beijos :))

OBS: Trechos ". Apesar de negar, eu sei que eu poderia continuar. Porém, não anseio isso" e "É um suicídio. Eu deveria estar pensando em mim." são dos capítulos 17 e 18.
Trechos " Temos todo o tempo do mundo" e "Sempre em frente, não temos tempo a perder" são da música Tempo Perdido.