O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 12
Nada


Notas iniciais do capítulo

Olá, perdidos. Eu estou de volta, porém não de uma maneira agradável. Esse capítulo está tenso e não de um sentido muito bom. Traduzindo: ele está uma bosta. Mas, eu estava aflita em não postar rápido como planejei e eu queria também trazer essa imagem da Wendy. Outra coisa que eu devo alertar é que faz uma semana que a Wendy não escrevia. Eu sei que faz uma semana que eu não posto, mas... É só para alertar mesmo.
Bom, agradeço aos novos leitores. Sejam bem-vindos. Desculpem-me por esse capítulo. Mas, calma, que terão melhores. E aos comentários: muito obrigada a todos. Fico muito feliz de verdade. É só isso e nos vemos lá nas notas finais. Boa sorte.



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As nuvens estão se aproximando. São escuras e acompanhadas de trovões. Faz tempo. As pessoas acham que algo ruim vai acontecer. Eu não acho nada. As pessoas, a maioria, estão com medo. Eu não sou a maioria. Fecham suas portas e janelas, tiram as roupas do varal. Eles já me tiraram tudo. Eu deveria ficar agradecida? Um trovão. Alguns gritos. Eu não sinto nada. A chuva chegou. Não com tanta intensidade: os trovões assustaram mais. Elas estão aliviadas. Eu não sinto nada.

Mais um trovão. Posso ver a fumaça. Minha mãe e meu pai resolveram sair hoje. Sei lá que horas irão voltar. Não me importo com isso. Nessa semana que se passou, nada aconteceu. Eu continuei olhando a chuva pela janela. Ou continuei dormindo. É incrível como eu consigo dormir a tarde inteira e ter sono de noite. Isso é bom. Dormir é quase como sair desse mundo. Viver menos tempo. Desaparecer parcialmente.

Estou com sono e acabei de acordar. Isso é estranho. Outro trovão. Está chovendo demais e pela primeira vez em séculos, meu dia está apenas nublado. Sem nuvens escuras. Um dia branco. Como uma folha de papel e eu pudesse escrever o que eu quiser; pintar de qualquer cor. Mas, não há nada. Ele continua branco. Não consigo escrever o que eu quero nele, nem pintar de qualquer cor.

Cansei do preto, do cinza e até do branco. Mas, não quero azul, violeta ou vermelho. Verde, amarelo, marrom... Nada se encaixa. Meu dia tem que ser branco. Branco como a fumaça. Está quente. O termômetro, entretanto, está marcando 9ºC. Talvez eu esteja doente. Não faz mal; não é como se antes eu já não estivesse. A diferença é que ninguém viu. Agora, sou eu quem não quer ver.

Fechei os olhos. Finalmente, não vejo mais branco. Não escuto vozes. Apenas, o silêncio. Apenas, um nada. Droga. Abro os olhos de novo. Meus pais não estão em casa. Eles não se importam com isso. Peguei meu celular e um casaco. Sai de casa. Não para sempre; eu preciso de alguma coisa sem ser o mesmo nada. A chuva também está quente e isso me deixa com mais raiva. Entretanto, não entendo como ainda tudo é um nada.

Começo a correr. Odeio meus clichês. Quer dizer, sim, eu vou pegar gripe. Sim, meus pais vão ficar putos e não, ninguém vai me ajudar. Continuo a correr da mesma forma. Foda-se da mesma forma para o futuro. Só cansei de viver o presente. E eu não tenho como viver o futuro ou o passado. Eu acho que eu cansei de viver.

Cheguei ao parque. Eu vomito. De verdade. Estou enjoada dessa porra. Ele está vazio. Ninguém vai me ajudar. Sento no balanço e, eca, ele está molhado. Fico parada. Não quero ir para frente ou para trás; não quero pensar no futuro ou lembrar o passado. Na verdade, eu não quero mais nada. Tateio meus bolsos. Eu preciso disso exatamente agora. Onde está? Vamos, caralho. Não, ele não está aqui. Ninguém vai me ajudar.

Olho para cima: o dia continua negro. Não mudou nada. Levanto do banco e volto para casa. Passos lentos. Estou dando uma oportunidade ao destino. Quem sabe alguém não apareça, assim de repente? Fiquei parada por um tempo. Olho para os lados. Começo até mesmo cantar. Mas, ninguém aparece. Eu estou com frio. As coisas não mudam. Corro de volta para casa. Mais um trovão.

A casa continua vazia. Meus pais não voltaram e eu, bem, estou aqui agora. Tiro o tênis e subo direto para o banheiro. Encaro-me no espelho. Minha boca está roxa. Suspeito que isso não seja real. Eu, talvez, esteja dormindo. Vou ao chuveiro e ligo na temperatura mais quente. Estou tomando banho com roupa. Talvez eu devesse ir ao hospital. A ala psiquiatra. Onde tudo é branco e equivalente a nada. Não estou muito longe disso aqui também.

A água do chuveiro parece com a da chuva. Posso fechar os olhos novamente. Eu vejo aquelas nuvens brancas. Eu poderia dizer meus problemas a ela. Mas, eu tenho medo delas levarem eles para longe. Estou confusa em relação a isso. Não seria melhor meus problemas me deixarem? Ou eu me tornaria mais parecida com as outras pessoas sem eles? Encosto minha cabeça na parede do chuveiro. Eu não acho nada. Eles já me tiraram tudo.

Vou ao meu quarto. Meu cabelo está pingando. Avisto o que eu tanto queria. Espirro. Já era de se esperar. Pego com força e acendo-o. Sento no chão. Apenas vejo a fumaça. Branca. Vazia. Um nada a mais para o meu dia. Mais um trovão. Ainda está chovendo. As coisas não mudaram apesar de tudo. Eu continuo não sentindo nada.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Por favor, comentem :)) "Que bosta!" ou "Parando de ler em 3,2,1... Pronto menos um leitor!" Hahahha Okay, nem tanto assim. Tentarei postar o próximo em menos de uma semana. Aguardo alguma fumaça ( alusão ao capítulo... Essa foi legal, vai? "Parando de ler em 3,2,1..." Okay, fico quieta) vinda de vocês. Mil Beijos :)) Fui!!