Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 8
Aryon Phoene


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas ao autor da ficha, por favor, me perdoe qualquer coisa. Mas você me conhece, essa sou eu. LITERALMENTE!



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Aryon Phoene

Bocejou, sentindo o sangue que esvaia pelo corte das costas. A camiseta do pijama, ou a que usara para dormir, grudava em sua pele, quente. O suor que cobria a nuca e os cabelos negros agora também envolviam sua garganta e o queixo. Gotículas de suor, tornando o gosto da saliva salgado. Sentia-se só, solitário naquela cama. Esfregou as cobertas, certificando-se de que estava realmente sozinho. Ele tinha as pernas enroladas em meio aos lençóis. A cabeça doía e os olhos ardiam. Não tinha conseguido dormir muito bem na noite passada, desde que terminara a leitura daquele romance policial...

Colocou a palma da mão sobre móvel gelado, sentindo o impacto das temperaturas na ponta dos dedos. Usou isso para apoiar o peso do corpo e se levantar. A cabeça ainda rodava, mas conseguiu não vomitar. Tinha aquela mesma estranha sensação de que o mundo estava girando, que vozes riam dele.

Mas estava tudo em silêncio, não tinha como alguém estar rindo de fato... Ah, aquelas vozes, elas que o assombravam, que riam dele, que viam seus erros, acusavam seus defeitos. Ah, como eram muitos... Levantou o braço, espreguiçando-se.

Mas e daí?

– Bom dia! – exclamou, para ninguém especial, apenas para seus fantasmas.

Levantou-se da cama, sentindo uma felicidade instantânea preenchendo seu pulmão. Não sabia de onde vinha, mas o preenchia de forma adorável. O céu através da janela era claro e alguns raios solares invadiam o quarto, tornando-o mais claro e mais quente. Aryon deslizou pela cama até o corredor da casa, indo em direção a cozinha, onde se serviu de um pedaço de pão preto e café frio, de ontem.

Ergueu as costas até sentir um repuxão no músculo e então uma dor alucinante no ombro. Ah, é mesmo, ele tinha se machucado no dia anterior.

Soltou um uivo de dor no fundo da garganta e então deixou o ar sair de dentro de seu corpo. Tinha sido uma longa noite, com insônia e muita dor de cabeça. Aquele lobo que o atacara na floresta se foi, mas nada parecia realmente indicar que ele fosse deixar sua caça sobreviver. Ele invadiu os limites do Distrito 2 uma vez, pode fazer de novo.

Tinha salvo aquela menininha loura, não tinha? Ela deveria ter o quê? Nove anos? Menos... Ou talvez... Ah, como sua cabeça doía! Parecia que ia explodir. Correu até o banheiro, conseguindo chegar a tempo de vomitar todo seu pão preto. Ofegante, sentiu a pele queimando, as costelas simplesmente pareciam brasas, e o suor escorrendo de seu corpo. Virou-se para o espelho, vendo as marcas. As garras do lobo atravessaram sua carne, deixando pele dividida e no centro seus músculos visíveis. Aquela visão o aterrorizou. Estava tão mal assim? Coçou os olhos, tentando eliminar aquilo. Seus olhos azuis se irritaram e ele teve de parar. Os cílios negros banhavam o olhar.

Correu o suor, quente. Ah, que horrível. Tinha de tomar banho e... Que horas eram? Antes que pudesse responder a esta pergunta, a campainha tocou. Não imaginou quem iria querer visita-lo em dia de Colheita, ou em qualquer dia normal.

Desceu as escadas até a sacada traseira, destrancando a porta e dando de cara com dois Pacificadores, vestidos de branco e com sorrisos frios e vazios. Pareciam congelados, mas o mais próximo deu um passo para trás quando Aryon não disse nada. Ele notou que lá fora estava gelado, como se neve tivesse caído, invisível, o vento cortante. E ele estava sem camisa, com a magreza e os machucados a mostra. Os Pacificadores não notaram suas costas, até porque não podiam vela, mas ergueram uma sobrancelha ao avalia-lo. Um jovem suado e fervendo em febre, sem camisa e sem noção do tempo... O que mais?

– Atrapalhamos alguma coisa?

– Não – Aryon enrubesceu – Eu não tenho... Espere! O que estão fazendo aqui?

– Recebemos uma notificação de que faltou a Colheita hoje. Na verdade, está faltando.

– Sério? – Aryon arregalou os olhos azuis, sentindo um frio tomar seu corpo. “Não, tudo menos isso... Por favor...”

– Já é a segunda vez que se atrasa, Aryon Phoene. – o Pacificador mais baixo disse. – Sabe o que isso significa.

– Sei... Vão me matar. – abaixou a cabeça.

– Não, não vamos. Se conseguir chegar a Colheita a tempo. Estão passando o vídeo agora, se chegar antes do sorteio...

– Mas são quinze minutos de caminhada até o Edifício da Justiça!

– Então sugiro que corra.

Aryon o encarou e então correu. Ele estava certo de que não queria morrer. Ah, como tinha se atrasado de novo? Era comum se atrasar em eventos, dormir demais ou ter sonhos que o levavam a tremer, mas em dia de Colheita? Era imperdoável! Ele virou a rua de terra, alcançando o cascalho, o mercado. Ótimo. Metade do caminho. Tinha de passar em volta da Colméia se quisesse chegar a tempo, mas... O trem estava lá, pronto para zarpar. Ele pensou, calculou... Seriam sete minutos se continuasse a correr. De trem poderia ser três. Saltou no vagão, pensando já quando estava lá dentro que não tinha trazido dinheiro. Droga! Ele sabia o que faziam com pessoas que tentavam usar o trem sem pagar. Jogavam eles para os trilhos com o trem em movimento. Raramente isso acontecia, mas... Ouviu as histórias. Subiu no limite do trem, equilibrando-se na escada e então se sentando no teto. Tinha de ser silencioso, ninguém poderia vê-lo. Mas quem veria? Todos estavam na Colheita.

Quando o trem passou pelas ruas e pelo resto do comércio, notou com um pesar que realmente todos foram para a Colheita. Isso o entristecia, saber que a população torcia e apoiava os Jogos Vorazes, como se fossem seu deus. Agora, notou, nem mesmo os seus deuses pareciam muito felizes por ele.

Quando o trem chegou no Edifício da Justiça, olhou para onde estavam realizando a Colheita e seu coração quase saltou do peito. A moça da Capital caminhava em direção as urnas. Saltou do trem, sentindo uma dor leve no tornozelo. O cascalho saltou e se prendeu na barra de seu pijama. Ah, droga! Estava de pijama! Suado. Nu do peito para cima. Com os cabelos bagunçados, gosto de vômito na boca e... Parecia um mendigo! Quando correu pelo local onde as filas deveriam ficar, os Pacificadores de coleta de sangue o encararam, duvidosos, mas coletaram seu sangue anotaram seu nome na folha. Ótimo, pensou, ótimo! Maravilhoso! Conseguiu cambalear até os garotos de sua idade. Quatorze anos, logo completaria quinze.

Eles abriram espaço enquanto andava. Não sabiam se sentiam nojo de sua figura ou medo de sua ferida, que agora ardia e latejava, pulsando como se fosse seu coração, cheio de adrenalina. Notou que muitos olhos se voltavam para ele, mas logo terminou, quando o nome da sorteada foi anunciado.

Helise Vanclod! – a voz soltou eco, mas antes que a tal Helise começasse a pensar em ir para o palco, uma mão se levantou entre as cabeças negras e louras das garotas e gritasse “Eu me ofereço como tributo feminino do Distrito 02”. Não era uma frase muito rara ali, na verdade bem comum. A tal Helise já deveria saber que estava segura.

A moça da Capital (Aryon achava rude chama-la de Representante) sorriu, satisfeita. Ostentava joias verdes e anéis dourados. Seu cabelo era cacheado e castanho-escuro, caindo como uma cascata pelos ombros, olhos selvagens e cílios longos, parecia que tinha colocado lentes de felino para parecer uma tigresa. Sua pele tingida fracamente com listras estilo tigre mostravam vestígios de uma pele amorenada. Os dentes alinhados e nem um pouco naturalmente brancos. Deveria estar vestindo um casaco de pele de tigre, ou então era sua pele, ele não conseguiu distinguir.

– E o sorteado para os Jogos! – ela caminhou silenciosamente (isso foi estranho, pois seus saltos plataforma deveriam levantar um barulho perturbante) até a urna dos nomes masculinos. – Ele é... Aryon Phoene!

Aryon arregalou os olhos e abriu um sorriso lateral, encarando a mulher.

– O que tem eu? – gritou para ela.

– Seu nome foi sorteado – ela disse, procurando-o com os olhos entre os outros garotos.

Aryon assentiu e se moveu para fora do emaranhado de caras cheirando a perfume-barato. Era horrível ficar abafado por eles, embora soubesse que seu cheiro era ainda pior, suor e sangue. Se perguntou se a expressão no rosto da moça da Capital foi algo natural, talvez um espasmo de consequência a alguma modificação que fez em si mesma ou se ela realmente tinha torcido o nariz para ele, nauseada.

– Eu me ofereço como tributo e futuro-vitorioso do Distrito 02! – ouviu uma voz forte e alta logo atrás dele. E lá, alguns passos mais distante, havia um forte menino de aparência rebelde que acenava para Aryon, como se dissesse “Está tudo bem agora, pode me agradecer quando eu voltar vitorioso”.

– Mas eu fui sorteado – Aryon questionou e o rapaz franziu as sobrancelhas, logo abrindo um outro sorriso.

– Mas eu me ofereci.

– Então eu me ofereço em cima da sua oferenda. – ele cruzou os braços sobre o peito.

– Mas como... – ele não teve tempo de reclamar, um Pacificador próximo os encontrou e questionou:

– O que os rapazes estão esperando? Quem vai ir?

Eu – responderam juntos, e então se encararam friamente.

– Eu fui o sorteado, eu vou.

– Mas eu treinei e passei nos testes, eu vou. Sou mais preparado que você. Sou mais forte e mais habilidoso que você. Poderia te esmagar com minhas mãos, quebrar seus ossos com os pés e roer sua espinha com os dentes.

– E eu poderia apertar sua jugular, desta forma – Aryon se inclinou sobre o rapaz de aproximadamente dezoito anos e se colocou nas pontas dos pés. Apertou o local que tinha indicado, vendo os olhos do rapaz o encarar num questionamento. - ... e você vai cair inconsciente no chão em quatro... Três...

Não teve tempo, o menino caiu no chão antes de terminar a contagem.

– Nossa, você é mesmo frágil... – comentou – Um adulto leva seis segundos para...

Por que essa demora toda? – a voz, agora irritada, da moça da Capital chamou ao microfone. – Venha, rapaz. Seja lá qual deles for...

Aryon se apressou em ir até as escadas e subi-las, recebendo as palmas de seus companheiros de Distrito e uma expressão que dizia “Quem é você?” de sua companheira de Distrito. Aryon tentou sorrir para ela, mas esta já tinha virado as costas. Sentiu-se ignorado. Pequeno. E muito, muito quente.


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Notas finais do capítulo

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Espero que tenham gostado... Eu sei, eu sei "Isso não foi nada com seu estilo", mas fazer o que... Me senti muito 'eu' fazendo esse capítulo...-q MANDEM REVIWS! E estamos precisando de meninos. Por favor, aqueles que ainda não enviaram as fichas de reserva ou que querem fazer outras fichas (masculinas de preferência), me avisem por reviw ou MP.