Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 5
Dakota Morgent


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Dakota Morgent

O Sol teria machucado seus olhos, caso não estivesse debaixo das cobertas. O dia começara muito quente. A manhã de inverno nem parecia realmente muito natalina, como deveria ser. A Colheita. Quando isso passou por sua mente, levantou rápido e voou para a cozinha, onde sua família tinha uma agradável refeição.

– Finalmente, pensei que tinha morrido. – a madrasta resmungou, mastigando um pedaço de pão. Já estavam almoçando.

– Dormiu bem, Dakota? – papai sorriu. – Venha, deixamos um bom pedaço de pão para você.

A menina assentiu, sentando-se na cadeira ao lado de Sophie e colocando uma concha de sopa no prato a sua frente. Pegou o último pedaço de pão e o molhou na sopa, logo em seguida assoprando a quentura, como se fosse adiantar de algo, e mordendo com vontade. Só então percebeu o quanto estava faminta. A barriga agradeceu pelo pão daquele dia. A Colheita, ela era muito cedo para um dia comum. Logo após o almoço. E Dakota não tinha aproveitado o seu dia o suficiente, logo não teria mais que ficar se preocupando com a família, mas sim em sobreviver. Tinha tomado a decisão ainda de noite, antes de dormir. Iria se voluntariar, e voltaria para dar a Sophie uma vida e uma educação melhor.

– Eu e sua mãe estávamos pensando em levar as duas para o lago após a Colheita. – papai sorriu, com ansiedade, como apenas ele conseguia fingir. – Não o lago da Coleta, mas o de platina.

O Lago da Platina era tremendamente menor que o lago de coleta dos materiais preciosos. Mas não menos bonito. Ele era limpo e a platina no fundo do lago tornava-o uma espécie de prata derretida aos olhos. Qualquer cor direcionada para aquelas águas ficaria milhões de vezes mais decompostos, até chegar ao branco e então subir ao preto, numa escala.

Mas não era um passatempo que costumavam fazer em família.

– Por quê? – perguntou após engolir o pedaço que mastigava.

– Eu e sua mãe – ela odiava quando ele se referia a madrasta como “sua mãe”, afinal ela não era – conversamos ontem a noite e chegamos a conclusão de que não somos mais uma família muito unida.

“Não somos mais? Nós nunca fomos”.

Mas decidiu guardar isso para si.

Sophie remexeu os pés debaixo da mesa, demonstrando sua inquietude.

– Estou muito ansiosa para isso! Tomara que a Colheita não demore, então.

“Tomara, mesmo”.

– Então está decidido, iremos todos! – papai exclamou, feliz.

“Todos que fazem parte desta família”.

O resto do almoço foi calmo, quase sem conversas. A madrasta não disse muito, apenas corrigia Sophie quando ela começava a falar de boca cheia ou cuspia sem querer no próprio prato. Dakota não queria ir ao Lago, mas não precisaria, afinal não passaria da Colheita. Quem sabe até poderia deixar sua madrasta feliz. Com certeza a mulher não ficaria terrivelmente em luto caso soubesse disso. Mas ficava pensando em como Sophie reagiria com a notícia. Nunca pensou nisso pois não queria magoar a garota ou abandoná-la. Mas agora sentia que se não fizesse isso, os pais afundariam em dívidas e a vida futura das duas seria de muita luta. Era melhor arriscar voltar rica para casa do que uma tragédia certa.

Quando foi tomar banho, não notou o tempo passar, deixando que a água quente escorresse pelas costas até que papai viesse reclamar. Não se importava agora. Não estaria mais naquela casa, então qual o problema de acabar com a água quente? Saiu do banheiro, dando lugar a Sophie, que estava muito brava por ter de esperar tanto tempo.

Encontrou a roupa que usaria na Colheita em sua cama. Era um vestido que ia até os joelhos, com um laço bonito na cintura. Mangas japonesas e uma gola em V, deixando a mostra os ossinhos de sua magreza. Os cabelos ela prendeu num coque alto o suficiente para torna-la um pouco mais madura do que aparentava. Os sapatos eram pretos, embora não combinassem com os vestidos eram ótimos e confortáveis. Ela prendeu o laço na cintura e olhou-se no espelho do quarto, vendo uma Dakota pronta para ir a luta. Sophie entrou no quarto, vestindo apenas a toalha, com os cabelos molhados.

Sorriu para a irmã.

– Quer ajuda para colocar o vestido? – perguntou.

– Sim – a pequena concordou, tirando o antigo vestido de Dakota do baú das duas. A família não tinha condições de comprar roupas para todos, então era comum que Sophie usasse antigas peças de Dakota.

O vestido era um pouco comprido demais para a menina, mas nem menos bonito ou elegante. Permitia que os ombros ficassem expostos, embora não fosse totalmente aberto na frente. As costas tinham desenhos de renda e a cor rosada deixava os cabelos louros e a pele branca de Sophie ainda mais porcelana do que já era. Uma pequena e frágil bonequinha, com articulações mais flexíveis do que o comum. As duas se olharam no espelho e então sorriram.

– Eu queria ser alta, que nem você era.

– Que nem eu? – Dakota riu – Não. Eu era uma girafa perto das outras crianças, magrela e alta. Feia. Mas você é linda, pequena como uma boneca.

Sophie deixou os ombros tremerem e as bochechas ruborizarem pelo elogio.

“Não acredito que vou fazer isso com você”, pensou, mas logo eliminou os pensamentos. Não, ela não podia voltar atrás. Estava fazendo isso por Sophie, não é mesmo? Não era hora de arrependimentos. Quando papai chegou e avisou para descerem, ela tomou a última dose de coragem e foi, logo estaria na Colheita, cercada por outras milhares meninas, temerosas por terem seus nomes sorteados.

– Até depois da Colheita – disse Sophie, já na fila de coleta de sangue.

– Até... – sussurrou tão baixo que a irmã nem ouviu, mas não importava se ouvisse. Não queria contar mentiras a Sophie.

Quando a viu se misturando com as meninas de sua idade, respirou fundo e se obrigou a desviar o olhar. Se continuasse a olhá-la acabaria desistindo de se voluntariar. E se fizesse isso... Não! Chega. Não percebeu quando, mas logo o vídeo sobre a Revolta estava passando nos telões da praça e a representante da Capital fazia seu discurso sobre como era honroso servir aos Jogos e como aquilo unia a nova Panem com seu passado, com sua “base”, como preferiu dizer.

– E agora, vamos ao sorteio das nossas afortunadas deste ano! – disse.

Dakota sentiu algumas moças ao seu lado prendendo a respiração, e percebeu que ela mesma fazia isso. Se permitiu soltar um sorriso, o que era aquilo? Por que estaria com ansiedade? Por acaso ela não ia se voluntariar?

– E como sempre, eu adoro essa parte, vamos pelo sobrenome! – era uma típica forma do Distrito 1 de apresentar seus tributos. Era lido primeiro o sobrenome e depois o nome, numa forma honrosa de indicar de que família vinha o tributo. – Morgent!

O sangue gelou.

– Senhorita Morgent! Quem é?

O prefeito sussurrou algo para a representante e ela sorriu.

– Ah, há duas senhoritas Morgent, então vamos dizer o primeiro nome!, e é... – sentiu esperança. Caso não precisasse se voluntariar talvez Sophie entendesse melhor e não ficasse brava com ela. Era isso. Ela tinha sido sorteada. Seu nome já tinha ido tantas vezes para a urna que com certeza só poderia ser ela! Uma onda de quentura a tomou – Sophie! Sophie Morgent!

Ergueu os olhos, com uma náusea profunda. A boca se contorceu, e o cérebro derreteu um pouco enquanto tentava processar tudo. Ah, Sophie, claro... SOPHIE! Não teve como raciocinar, mas notou que andava, as pernas se moviam sozinhas. No final, já estava empurrando as garotas ao seu redor, abrindo caminho até a fileira das meninas de doze anos. Segurou a mão da primeira loura que viu, e por sorte era sua irmã.

– Dak... – a voz de Sophie era um fio, fino e frágil.

– Eu! Eu sou Sophie Morgent! – gritou.

A representante sorriu.

– Ora, então suba ao palco, vamos!

Dakota soltou-se de sua irmã, que teimosamente começou a segui-la e puxar seu vestido, exclamando “não” e atropelando as palavras como “Você não pode fazer isso”, “Por favor!” e “Dakota!” cada vez mais rápido, até que Pacificadores a tiraram de trás de Dakota e a levaram.


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Notas finais do capítulo

Antes que perguntem "As personagems principais são Dakota, Sapphire e Katrine?", vou explicar: Eu costumo escrever sobre todos os personagens enviados (os que tem seus leitores ativos) e por isso faço turnos, escolho um número de personagens, escrevo sobre eles e faço dois capítulos de cada, por isso o próximo será de Katrine e o depois desse de Sapphire. Mas não se preocupem, os capítulos têm uma sequência, assim não ficamos parados no tempo, enrolando.
Beijos e comentem! ^^