Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 46
Aryon Phoene


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês amem tanto este capítulo como eu amei.



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Aryon Phoene

Piratas do Caribe - No Fim do Mundo

Aryon se levantou enquanto terminava de escavar. Ficou impressionado com a precisão dos cálculos de Sarah, realmente havia uma bomba de água debaixo de dois metros de areia, e a bomba estava ligada a outro cano, cem vezes maior que o cano da Caixa D'água. Ele despejou pólvora ao redor da boca dos dois canos que se ligavam, a bomba e a Caixa.

Depois desenrolou o Prêndola.

– Como devo colocar esta coisa? - ergueu a cabeça para Sarah.

A menina mexia no outro lado da Prêndola, no painel fino, programando a peça. Aryon ouviu a voz novamente ecoando em sua mente. "Devem cuidar um do outro". Era isso que os mentores queriam? Sorriu. Cuidar de Sarah? Era tarefa fácil demais.

Sarah demorou um pouco, mas ergueu seus óculos para ele e respondeu um rápido "De qualquer jeito, idiota, desde que os fios estejam perto da pólvora". Ele assim fez. Jogar areia no buraco era muito mais fácil do que tirá-la e logo não havia sinal de nada, além do fio transparente que se ligava ao painel.

– Não podemos ficar muito longe, o fio não é tão grande. Talvez seja preciso ativar ainda perto da bomba e sair correndo.

Aryon a encarou.

– E só agora você diz isso?

Sarah devolveu o olhar de tédio.

– Numa aliança as pessoas estão prontas para se sacrificarem umas pelas outras, isso se chama família.

Aryon revirou os olhos e voltou-os para a Caixa, alta.

Sentia-se incerto naquele momento, aquele plano poderia dar errado, ele poderia morrer e ele não desejava morrer. Não aquela altura dos jogos, havia sobrevivido até os finalistas, traído seus aliados por causa daquela garota e eles já estavam com o plano em mãos. Sarah devia saber o que estava fazendo, e ela estava certa, confiança era crucial numa aliança. Poderia listar diversos casos em que desconfiar de seu aliado teve um resultado fatal. "Merda, ter de confiar numa garotinha", pensou, mas nada disse, apenas fitou novamente a garota que fazia os últimos ajustes da armadilha:

– Tem certeza que isso vai dar certo? - perguntou com um tom um pouco rude - sabe que isso pode nos matar não é mesmo.

Sarah o olhou com um sorriso cabisbaixo:

– Sim, ele vai dar certo, é claro que existem as probabilidades dele falhar, mas temos de correr o risco. Você quer vencer não quer?

Aryon não queria confiar nela. Sarah exalava veneno, assim como uma serpente. Mas era menor e menos percebível, era uma aranha, daquelas que ninguém julga se capaz de levar grande veneno, mas quando pica...

O Sol era escaldante e sentia como a pele fritava. Logo ele estaria no centro. Aryon olhou para o relógio. Menos de vinte minutos para meio-dia. Os Tributos já estavam a caminho.

Enquanto trabalhavam dois canhões soaram, e Aryon desejou que fosse Katrine. Sua companheira era forte, independentemente de ser Carreirista ou burra. Ela treinou para isso, e estava sedenta de vontade de matá-lo. Aryon sabia o que ela pensava: "Como um garoto que nunca foi a Academia poderia estar entre os dez finalistas? Pois estava. E Aryon sabia que culpa disso era seu aliado, Rayseev, um belo lutador, que morreu, infelizmente e felizmente. Sarah também não estaria viva se não fosse por sua aliança. Ela foi muito inteligente, uniu o útil ao agradável. Uma combatente, uma vigia e uma manipuladora. Eram muralhas perfeitas, mas mesmos os Castelos mais fortes caíram com o passar do tempo. Agora ela só tinha a ele, e Aryon poderia matá-la quando quisesse.

E não era como se sentisse receio disso.

Os olhos de ambos se encontraram. Chegara o melhor momento de todos, ele sabia que a Capital devia estar fazendo altas apostas. Aquele momento sempre chegava, o momento em que os parceiros de distrito tinham de lutar até a morte. Katrine esboçou um pequeno sorriso aos seus aliados, como se disesse: " Aryon é meu!". Ela sacou uma adaga e começou a andar na direção do garoto que manteve-se firme em sua posição, não tinha medo dela. Mesmo nunca tendo treinado ele chegara até ali, isso mostrava o quão habilidoso ele era e não seria uma carreirista que o mataria, ele iria sobreviver, tinha que sobreviver, não poderia morrer, ainda mais nas mãos de Katrine. A carreirista sacou uma adaga de algum lugar e sorriu para ele. Aryon cerrou os punhos colocando-se na frente de Sarah, apesar de ela ser uma cobra era sua aliada, e aliados sempre protegem uns aos outros.

– O que foi Aryon?- Katrine riu em deboche, segurando sua adaga com firmeza- por acaso está com medo de mim?

– Nunca teria medo de um acéfalo como você!

– Veremos quem é o verdadeiro acéfalo daqui!

A garota avançou em sua direção, as mãos dela agarravam a adaga com firmeza. Aryon desviou-se rapidamente, poucos segundos que salvaram sua vida. Katrine deslizou os pés no chão seco e árido e virou-se para ele novamente pulando para cima do garoto. Ele pôs-se em posição de combate. Bastava lembrar tudo o que sabia. Katrine ficou a poucos centímetros dele, estava prestes a matá-lo, ela ergueu a adaga que cintilou com o sol, não, ele não poderia morrer, não ali. Com a mão esquerda segurou o braço de Katrine torcendo-o. A garota deu um rodopio conseguindo livrar-se de Aryon e fazendo um pequeno corte em sua mão. Ela grunhiu enquanto voltava a atacar, ela nunca desistiria e ele também não.

Katrine segurou a adaga com a ponta para baixo pronta para cravá-la em Aryon, para isso ela deu um pequeno salto. Aryon foi rápido o suficiente para reagir, ela tinha feito um movimento errado e ele tinha de aproveitar-se daquilo. Quando a garota saltou ele jogou o próprio corpo contra ele e ambos rolaram pelo chão árido da arena.

Agora os dois estavam caídos no chão, como se uma bomba de adrenalina tivesse sido acionada em seu corpo. Aryon levantou-se em um salto, agarrando a adaga que fora jogada no chão ele pôs em cima da carreirista. Pôs os seus joelhos por cima dos braços dela e ergueu adaga. Ele viu nos olhos dela pedidos de misericórdia. Engraçado, uma carreirista que até então queria matá-lo agora implorava pela sua misericórdia.

Mas os olhos marejados de Katrine despertou nele uma emoção que ele nunca tinha sentido. Seria pena? Não, não podia deixá-la viver, ela era sua oponente, um peão que precisava ser eliminado do jogo. Mas aqueles olhos... Não, não podia fraquejar. A adaga ainda estava erguida, ele fechou os olhos e a enterrou com força no peito da carreirista.

O seu sangue escarlate jorrou manchando toda a sua roupa, enquanto o sonoro tiro de canhão ecoava por toda a arena, Katrine havia partido, e ele já se considerava um carreirista, nascera para os jogos, querendo ou não era o seu destino, matar os outros tributos e vencer, aquele era o seu objetivo. E ele iria cumpri-lo, custasse o que custasse.

Quando se virou para ver os outros Carreiristas, os encontrou lutando, eram os dois do Quatro, mas nem mesmo se encostavam, parecia uma bela luta, uma luta de encenação. Não queriam se machucar de verdade. Aryon olhou por cima do ombro, onde Sarah o encarava, com seus grandes olhos castanho-chocolate atrás dos vidros do óculos de aro vermelho. Ela era pequena, tão pequena, com os cabelos castanhos caindo sobre o peito... E estava toda manchada de feridas.

– Levante-se e prepare a explosão, aqueles ali não vão ficar fingindo por muito tempo. Aproveite enquanto são só os dois, logo outros tributos chegam. – mandou, e ela obedeceu.

Aryon notou o quanto estava bêbada de surpresa e medo. Medo de morrer, afinal uma Carreirista tinha jorrado sangue ao seu lado, e surpresa ao vê-lo defende-la. Sorriu para o nada, pegando novamente o relógio e observando a hora. Cinco minutos para o meio dia. A luta demorara tanto assim? Parecia que passaram-se apenas segundos... Era a adrenalina!

Guardou o relógio no bolso e notou o ferimento na mão. Um fino corte que não iria interferir em nada, talvez uma leve dor quando fosse empunhar a espada, mas nada muito grave. Aliás, sua espada, tinha deixado ela encostada na Caixa, um erro fatal. Se estivesse com ela talvez Katrine nem tivesse tido a chance de se aproximar. Mas agora não era hora de pensar em seus erros, tinha de se concentrar no presente, na explosão. Logo o banquete começaria e ai sim o perigo rolaria. Aryon tinha certeza que os outros tributos estavam escondidos esperando a hora chegar, mas Katrine veio antes mesmo, deveria ansiar por vê-lo. Mulheres sentem saudade tão facilmente...

– Sarah, o pêndulo está pronto? – perguntou.

– Prêndola! – ela corrigiu, mas estava muito menos venenosa do que normalmente. Sarah, a Aranha, parecia finalmente ter sido espagada e se tornado uma borboleta. Ruborizada, seus dedos se perdiam ao tentar terminar de programar a tal peça. Quando finalmente ergueu os olhos, não o olhou, mas sim a dupla de Carreiristas que se enfrentavam. – Estão nos ignorando.

– Estão conversando. – ele interrompeu. – Logo ficarão cansados. Eles sabem que somos presas fáceis. Mesmo Katrine sabia, mas ela me subestimou demais...

Sarah não respondeu. Não parecia querer. Aryon poderia dizer que isso era outra coisa. Enquanto o Sol se colocava a centímetros do centro do céu, naquela imensidão azul, Aryon colocou as mãos sobre os olhos e tentou ver o horizonte, mas não identificou nenhum outro tributo. Dois tinham morrido, sobrando quatro. Não sabia quais morreram. De repente o desespero o tomou e os pelos de sua nuca se eriçaram quando a jaqueta foi puxada para baixo com força demais.

Mas era apenas Sarah.

O-Obrigada. – sussurrou, seus óculos escorregando pela ponta do nariz, até que ela teve que levantá-los novamente. Aryon sorriu. Sarah era uma boneca fácil de se brincar, bonitinha, robótica e manipulável. Tirando o fato de ser muito mais inteligente que uma boneca, e ele necessitar mais dela do que de um brinquedo. “Cuidar um do outro”, se lembrou. Sarah cuidaria dele, caso fizesse o mesmo. Ele fez, não fez? Protegeu-a. Agora ela tinha que fazer seu papel.

– Aliança é como uma família, não?

Sarah ergueu a cabeça, encarando-o. Então sorriu. Sorriu um sorriso verdadeiro. Aryon sabia que tinha ganho sua confiança, e era disso que precisava para confiar nela. Sarah subiu na Caixa D’Água, olhando para o céu e para sua posição. Aryon pegou o relógio do bolso e viu as horas, eram dois minutos para meio-dia.

– Quanto tempo teremos para correr?

– Cerca de dez segundos, estaremos longe o suficiente para a explosão. – ela respondeu, colocando a placa fina diante de seus olhos. – Os outros não chegaram.

Aryon soltou um suspiro, não queria causar uma explosão tão grande para apenas dois tributos, mesmo que fossem Carreiristas. Mas quando já estava prestes a dizer a Sarah para que apertasse logo o botão, avistou um vulto entre as dunas de areia. Se esforçou para vê-lo, mas não conseguia diferenciar seu rosto. O Casal Carreirista estava já ofegante e sem um arranhão. A Capital deve estar adorando isso, mas os Idealizadores não aceitarão apenas isso. Logo alguma coisa aconteceria para obriga-los a lutar. Aryon se virou para Sarah, entretida em seu brinquedinho. Soltou o ar que prendia, sem nem mesmo notar. Tinha de fazer aquilo, e faria. Aryon era o nome do futuro vitorioso, não Sarah. Enquanto ela observava os dados e a programação, certificando-se de tudo estar certo, Aryon agiu.

O vulto se tornou um rapaz, o rapaz se tornou Daniel. Ele escorregou por entre as dunas, quase morto, sedento, suando. Areia se grudava em sua pele, e os Carreiristas quando o viram, foram ataca-lo. Talvez achassem Daniel um alvo mais vulnerável que ele e Sarah, e de fato era. Mas Aryon não tinha tempo de pensar agora, tinha de agir. Sentiu uma pontada de culpa, uma dor no peito, mas não podia hesitar agora, e não iria.

– Aperte o botão. – mandou.

E Sarah obedeceu, apertando o painel da Prêndola com o dedão da mão direita. “Dez segundos”, Aryon viu o cronômetro em sua mente. Saiu correndo, mais que suas pernas poderiam aguentar. Corria como se sua vida dependesse disso, e realmente dependia. Atrás de si ele podia sentir a areia se levantando conforme corria. Seus olhos se irritavam conforme a areia entrava e logo lacrimejaram. Antes que Aryon chegasse aos sete segundos, caiu, engolindo tudo o que estivesse a sua frente. Lágrimas escorriam por sua bochecha, areia se grudava em seu rosto e cabelos. A areia estava quente, o Sol escaldante. Olhou para trás, olhou para lá. Os Carreiristas nem mesmo notariam a explosão, mas Sarah sabia. Sarah já podia ver sua morte certa. Ela estava caída de joelhos, chorando mais que seus pulmões podiam aguentar. Vermelha, seu rosto era um borrão de lágrimas, seu pulso preso a Caixa com o relógio de Aryon. A Prêndola havia caído de suas mãos, e quando Aryon ouviu a explosão na bomba de água, um calor se lançou no ar, mas apenas dois segundos depois a estrutura da Caixa começou a ruir. Realmente havia um pequeno oceano ali dentro. E Sarah estava certa, a bomba se abriu com a explosão e um jato de água torrencial emanou da areia. Aryon desejou apenas uma gota daquela água. O concreto soterrou a imagem de Sarah antes que pudesse vê-la novamente e Aryon se levantou depressa, voltando a correr, cegamente.

Numa aliança as pessoas estão prontas para se sacrificarem umas pelas outras, isso se chama família.”

Eu a protegi naquela luta, então você me devia algo. As pessoas estão mesmo dispostas a se sacrificar, Sarah?, mas já não podia perguntar isso a ela. Quando enfim chegou a cidade abandonada, os canhões ainda não tinham soado. Talvez por serem muitas mortes ao mesmo tempo, ou então porque teriam uma morte lenta. Mas quando veio o primeiro, o segundo o seguiu, e o terceiro e o quarto. Quatro canhões, quatro tributos. Todos haviam morrido. O que fazia sobrar... Três.

Mas Aryon não estava disposto a ir correndo atrás deles, precisava de um banho, precisava de água. Enquanto vagueava como um vagabundo em busca de uma torneira que tivesse água, concluiu que a caixa e a bomba eram fonte de toda a água que a cidade recebia, e quando foram explodidas, a cidade parou de ser abastecida. O que o deixava sem água. Aryon cerrou o pulso. Forçou os olhos, terrivelmente irritados, mas só o que conseguia ver eram borrões. “Talvez meu castigo seja esse, ficar cego e morrer”. Mas não era, francamente! Encontrou o poço perto de algumas flores azuis com borboletas. Não notou as borboletas e flores, claro, mas nós notamos. Bamboleou até lá, apalpando o ar para ter certeza de que não havia obstáculos a frente. Quando chegou ao poço, enfiou o balde lá dentro e o jogou sem piedade. Agarrou a corda e a puxou. O balde estava cheio. Podia sentir a alegria contagiar seu peito.

Quando retirou o balde do poço, enfiou as mãos e lavou o rosto. Era água, podia sentir. Água fresca, fria. Mesmo com o deserto ardendo em chamar, a água continuava fresca. Quando a visão melhorou, olhou o balde. Sim, era água. Talvez aquele fosse o único poço de toda a Arena. A única fonte de água que não dependia da bomba. Quando a água se esgotou, lançou o balde novamente e terminou de se lavar. Estava molhado, com as roupas grudando no corpo, mas se sentia muito melhor. Só notou que a espada estava em sua mão esquerda quando a mesma caiu. Aryon nem mesmo se preocupou com ela. Mas agradeceu mentalmente por tê-la pego.

Se levantou e caminhou calmamente até a praça, onde a Cornucópia se erguia, majestosa. Eram ele e mais quatro tributos na Arena. O fim estava próximo, mas não aconteceria agora. Subiu até o quarto andar da Cornucópia, o topo, e se deitou com a espada ao lado. Secar naquele sol era fácil. Mas quando fechou os olhos, sentiu um vento frio tornar tudo mais escuro. E quando voltou a abri-los, uma nuvem cobria-o. Não uma nuvem de chuva, mas nuvem branca. Parecia que alguém estava gostando muito dele...


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Notas finais do capítulo

Recebemos mais uma recomendação, do Fabian! :3 Obrigada, lindo, é muito emocionante pra mim. Agora a YHG1 tem 7 recomendações, igual a YHG Inicial! Hehe. Não me lembro certinho os reviws, mas eram cerca de 400 ou 500! :3 Comentem os fantasmas, favoritem, recomendem os que ainda não recomendaram! E pensem logo nas suas fichas que logo a YHG2 começa! Beijos da Meell.