Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 44
Pandora Saritovi


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Pandora Saritovi

Plain White T's - Hey There Delilah

Estava completamente escuro. Pandora tentou abrir os jogos, mas poeira entrou e os fez lacrimejar. Pandora sentiu os braços e pernas dormentes, doendo. Tentou se erguer, mas algo estava sobre seu corpo. Pandora jogou aquilo para o lado com toda a força que conseguiu e se sentou, observando a Rua da Cornucópia. A noite desaparecia e o Sol dava vestígios. Os destroços do salão estavam por todos os lados, mas ele não estava completamente destruído, apenas parte da frente. Ela conseguiu se concentrar, mas a cabeça ainda girava e os olhos ardiam. Quando finalmente venceu a tontura, era tarde demais. Não conseguia pensar em mais nada. Os corpos estavam em seus devidos lugares. Daniel permanecia sentado sobre a cadeira numa mesa de centro, mas caído e com um pedaço de telhado em seu ombro. Ellie estava deitada aos pés do balcão, com o corpo rodeado de poeira e cinzas. Havia um corte feio em seu braço, na parte interior, que ia da axila até o cotovelo. E... Rayseev. Ele estava perto e dela, mas... Onde? Rodou os olhos no chão, até encontrar um punho com um pulso e o braço presos embaixo de uma mesa. Seu coração começou a acelerar.

Se moveu, ignorando a dormência nos membros e as dores os músculos. Ergueu a mesa de cima da Rayseev, conseguindo ver seus cabelos negros cheios de cinzas. Tocou-os com cuidado, enquanto as lágrimas começavam a descer lentas por seu rosto. Enrolou os dedos nas madeixas e puxou-o para seu colo.

– Ray? – chamou, calma e serena. – Rayseev?

Ele estava imóvel, e não tinha movimentos de respiração. Seu peito não subia. O pulso não pulsava. A cor tinha sumido de seu rosto. E ele estava morto, gelado. Pandora ergueu o cadáver até o peito e o abraçou, sentindo aquela coisa mole e fria contra si. Ele tinha um grave corte na testa de onde vazava muito sangue, mas apenas metade de seu rosto estava manchado, a outra metade continuava emanando Rayseev. Pandora tocou os cílios longos e pretos que banhavam aqueles olhos. Fungou, segurando a vontade de chorar alto. Deslizou o dedão pela mação do rosto do menino.

– Ray...

Engoliu as cinzas, enterrando o rosto no peito da camisa de Rayseev. Ele não a acariciou, como faria caso estivesse vivo. Pandora o encarou novamente. Parecia tão sereno, tão calmo... Tão... Em paz. Desejava tanto que ele estivesse apenas dormindo, com um sonho doce, mas não. Rayseev estava morto, e parte dela também. O luto tomou seu âmago pela mão e a embalou até que o lugar ao lado do coração e apertasse e machucasse. Doía. O âmago doía. Pandora se permitiu chorar e enxugar as lágrimas em Rayseev, enquanto terminava o luto. Se levantou, soltando-o com delicadeza. O colocou deitado no chão e o cobriu com o casaco que usava. As pernas estavam bambas e quase caiu no meio do caminho. Já tinha passado por aquilo, o armazém dos Carreiristas. Mas... Tinha sido tão mais fácil. Pandora se perguntava porquê tinha sobrevivido a duas explosões e Ray não.

Chegou até o corpo de Ellie, também inerte, mas quando se aproximou o suficiente, viu alguns fios de cabelo da menina se movendo a frente das narinas e concluiu que estava viva. O ferimento emanara sangue por horas, mas apenas um filete. Agora estava calmo, mas ameaçava sangrar mais. Pandora conseguiu arrancar parte da manga da camiseta de Ellie que já estava rasgada e envolveu o local do ferimento. Aquilo não permitiria que ela usasse o arco por um bom tempo. Talvez tempo demais para a Arena. Quando a menina se moveu lentamente e abriu um dos olhos, sorrindo dolorosamente, pandora assentiu e apenas a beijou na testa, deixando-a. Se arrastou até Daniel, temerosa em cair novamente.

Ele parecia muito melhor. Quando tirou o pedaço de telhado que estava sobre seu ombro, notou que não havia danos. Daniel estava apenas desacordado, respirando, sem machucados pelo resto do corpo, estava numa boa temperatura e Pandora decidiu não movê-lo. Quando voltou para Ellie, perguntou se a menina podia se mover, e ela concordou. As duas saíram do meio das ruínas do Saloon e foram até a praça da Cornucópia. O armazém do outro lado da rua estava nas mesmas condições. Ellie ajudava Pandora, dando-lhe o ombro para apoiar, mas não conseguia movimentar o outro braço ferido. Isso a preocupou.

– Você acha que Sarah está bem?

– Sarah? Não a vi. – respondeu Pandora.

– Espero que esteja bem.

– Estranho... O que causou a explosão? Eu só vi Sarah empurrando Aryon com força, como se fosse bater nele, com raiva, e então Rayseev... – abaixou os olhos. – Ele me empurrou para o chão... Como se já tivesse visto o que aconteceria...

Ellie pensou um pouco e então uniu as sobrancelhas.

– Sarah e Aryon... Os dois não estão aqui. Eu aposto que armaram alguma coisa. Conhecendo Aryon e Sarah... É óbvio que eles fizeram tudo isso.

– Você acha mesmo que... Não, Sarah é nossa aliada!

Era. – Ellie a corrigiu. – Agora estamos sozinhas. Mas ela não faz falta, na verdade. – Pandora ouviu isso, mas conseguia apalpar a dor na voz de Ellie. Ellie foi a mais apegada a Sarah desde o início dos Jogos.

As duas olharam ao redor e concluíram que seria melhor deixar Daniel e fugirem. Pandora não queria mais formar aliança com ninguém além de Ellie. Não podia mais confiar. Restavam menos de quinze tributos agora e todos estavam sádicos pela vitória, seriam capazes de tudo, e adorariam trazer emoção a Capital. Os Dois Carreiristas do Dois, os dois Carreiristas do Quatro, o Carreirista do Um. Estavam vivos. Sarah era uma mente diabólica de fazer armadilhas e tinha um coração mais frio que a noite do deserto. Pandora se lembrou de quando a menina exibiu os machucados na pele e ela concluiu que era catapora. Ellie logo se prontificou em ajuda-la a cuidar daquilo e Arabella também achou ótimo ajudar. Mas agora não conhecia mais essa garota. Ela deixara Arabella morrer, abandonou duas aliadas e as explodiu, sem pensar duas vezes. Embora, é claro, seja por isso que ainda estava viva. Se não fosse a explosão os Carreiristas teriam estraçalhado seu corpo. Daniel não era uma ameaça até onde vira, estava desarmado. E havia mais dois tributos de outros distritos que Pandora não se recordava, mas que também nunca os tinha visto. E havia Henry, o garoto que derramou suco de laranja em sua lasanha durante os Dias de Treinos na Capital.

Andaram o máximo que conseguiram, até que o céu ficasse claro. Ellie desabou em uma cama em uma casa abandonada que optaram por abrigo. Lá Pandora encontrou latas de sopa em um armário e a pia da cozinha possuía água encanada. Quando trouxe o café da manhã para Ellie, ela quase saltou de felicidade. Fazia quase vinte e quatro horas que não comiam. Enquanto ficaram com Sarah, conseguiram caçar alguns coelhos e até mesmo uma vaca que Sarah conseguiu tirar leite antes de matar. Mas todas as outras estavam secas e semi-mortas.

– Você acha que esses tributos esquecidos são tão importantes assim? Não os vimos, talvez tenham receio de morrer ou matar.

– Ou estão apenas esperando o momento certo de surgirem no final da matança e vencer. – Pandora rebateu.

Ellie concordou com um meneio.

– Quando as pessoas na Arena se tornaram tão inconfiáveis?


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Notas finais do capítulo

Sim, estamos no fim! :3 Mas ainda tem capítulo pela frente. E quero agradecer aos leitores Kaochi e Salamandra que recomendaram! Amo vocês.