Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 43
Sarah Ah-Dom


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a ausência ontem, mas é que Quarta-Feiras para mim são corridas. Sai de casa 7:00 da manhã e voltei 24:00. Fui dormir às 1:00. Mas hoje tenho a tarde toda pra escrever! E sei que a música do capítulo é de anime e em japonês, nem todos gostam, e a música inicialmente ia ser Lumineers - Stubornn Love, mas essa daí ficou na minha mente a tarde toda e por isso...



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Sarah Ah-Dom

Free! - Splash

O céu estava claro e o Sol já ardia, quente. Sarah sentia o suor escorrendo pela nuca. Por sorte estava sem as roupas pesadas, por azar Aryon não era uma menina. Ou uma pessoa confiável. Preferia cozinhar dentro do casaco a se expor. Francamente, estava começando a se arrepender de ter tirado as roupas molhadas...

O som do canhão foi mais alto e longo do que de costume, e Sarah se mostrou atenta. Era um anúncio dos Idealizadores, provavelmente iriam juntar os doze tributos restantes. Aryon parou de amolar sua espada para ouvir. Quando o canhão parou de soar, a voz inconfundível de Caesar vibrou no fundo de milhares de gritos histéricos.

– Hoje! Hoje teremos nosso Vitorioso! – exclamou o homem, logo em seguida as vozes se abaixaram. – Hoje haverá um Banquete na Caixa d’Água, onde apenas os tributos que ainda possuem seus pares duelarão para decidir quem continua na disputa. E uma surpresa fascinante logo em seguida para enfim definir o vitorioso! – a vozes voltaram a vibrar. – Hoje, quando o Sol estiver no meio do céu, o Banquete terá começo.

Aryon ergueu uma sobrancelha.

– Katrine está viva. – comentou, erguendo a espada. – E seu aliado?

– Não. – deu de ombros. – Vamos para a tal Caixa d’Água? Poderemos fazer uma armadilha se formos rápidos.

– Você quer dizer explodir algumas coisas? – Aryon ergueu uma sobrancelha, sarcástico. – Antes de qualquer coisa, preciso saber se vai ficar do meu lado no Banquete.

– Eu? Meu parceiro não está vivo.

– Mas ninguém disse que os aliados não podem proteger uns aos outros – ele piscou. – Além disso quero ter certeza de que você não vai me apunhalar na sua armadilha.

– Não sou boa em luta, você sabe.

– Sim, eu sei. – Aryon se levantou. – Mas isso não quer dizer que vai precisar lutar. Apenas me dê cobertura. Será que consegue, Sarah?

– Seria mais fácil perguntar se eu não conseguiria.

– Ótimo, agora estou muito mais confiante – ele sorriu, belíssimo ainda com o sangue seco no rosto. Vermelho era uma cor que combinava bem com seus cabelos extremamente negros.

Sarah tinha mapeado toda a cidade, mas nada fez fora dela. Arabella tinha a convencido a não andar pelo deserto, poderia se perder com aquelas dunas que se moviam. Mas ao longe era possível ver a Caixa d’Água, um galão tão grande que poderia ser um oceano particular. Mas duvidava que houvesse alguém com coragem para ir até ele. Agora teriam de ter. Aryon rodava sua espada reta e fina na mão direita, enquanto Sarah balançava a caixa com os dardos envenenados. Poderia agora mesmo espetar um dardo em Aryon e ele não poderia fazer nada, além de cair morto. Sarah tinha consumido o veneno de pouco em pouco através da comida, escondida. Temia que desse errado, mas seu organismo começou a se acostumar com o veneno. Agora que as feridas de seu braço tinham se tornado grandes machucados, e Pandora identificou como catapora, ela tinha quase estremecido. “É uma coisa normal, todos têm.”. Não. Não era uma coisa normal para Sarah, podia significar vida ou morte. No segundo dia de Jogos sua garganta estava tão machucada que não conseguia engolir e tinha muita dificuldade em respirar, mas o veneno parecia eliminar essas coisas. Quando, algumas horas atrás, enquanto Aryon dormia, injetou um de seus dardos no próprio braço e nada aconteceu, soltou um suspiro aliviado. Seu corpo tinha se acostumado com aquilo e agora não iria mais precisar temer o veneno. Aryon não tinha como usar aquela arma contra ela. Sarah sabia que, se não tomasse logo os remédios, não sobreviveria mais cinco dias. Seu corpo estava pesado e completamente machucado, doía-lhe cada passo. Mas não fez cara feia, não demonstraria isso para Aryon. Se a visse assim... Poderia desistir da Aliança. Se descobrisse a sua doença... Não ousaria mais olhá-la.

A pele estava mais sensível por causa da chuva de sangue. Agora o a lã interior do casaco roçava os machucados e os fazia arder e coçar. Sarah tinha de se controlar para não gritar. Aryon mais a frente sinalizava que ela deveria correr mais rápido, e Sarah apressou o passo, sentindo os óculos caindo do nariz. As lentes estavam manchadas de sangue, mas ela não tinha nada para limpar, além da saliva, mas odiava o cheiro que depois ficava. Mesmo assim conseguia ver direito.

– Sarah?

Levantou os olhos, temendo que Aryon tivesse descoberto algo, mas ele apenas apontou para o grande pilar que saía da areia, erguendo-se majestosamente e suportando um galão enorme. Um tubo grosso e grande estava ligado ao galão e ia até abaixo da areia. Sarah observou com cuidado, e então percebeu algumas gotas perto da junção de um tubo ao outro.

– Está cheio. – disse.

Aryon a encarou e perguntou como descobrira. Sarah mostrou a ele e o menino concordou. Sarah fechou os olhos. Ainda sentia a pele coçando e os óculos grudentos no rosto, mas tinha de se focar no plano. Algo... Algo... Que pudesse servir de armadilha. Tinham um reservatório de água cheio, mas visivelmente fechado para o resto da cidade, com exceção a algumas partes. Uma caixa de fósforos com sete palitos e Aryon. Olhou ao redor. As dunas de areia formavam pequenos morrinhos, e logo em seguida se erguiam tão alto que poderiam ser uma montanha, e então desaguavam como o mar, como uma onda que termina na praia. Sarah apertou os olhos, franzindo a sobrancelha e criando uma ruga no meio da testa. Se ao menos pudessem manipular a arena e formar uma barreira com ela...

– Acho que sei o que podemos fazer – Sarah anunciou, e Aryon se iluminou.

– O quê?

– Podemos afogar os tributos.

– Como?! Isso é um deserto! – Aryon lhe deu um peteleco na cabeça. – Não tem como afogar. E mesmo assim, o chão sugaria a água antes de se tornar um mar.

– Mas se fizéssemos um buraco, uma espécie de bacia onde não houvesse como escapar subindo...

– Você quer dizer prender os tributos num grande buraco e afogar eles com a Caixa?

– Exatamente. Podemos voltar até a cidade e pegar um pouco de pólvora, é só colocar nos pés da torre e quando o fogo alcançar vai explodir, fazendo o reservatório cair e a água... E o tubo de enchimento do reservatório também está funcionando, ele poderia bombear ainda mais água quando a torre caísse. E se isso fosse possível...

– Os tributos não poderiam sair de lá, pois seria alto demais para alcançarem e morreriam. – ele concluiu – é brilhante, embora estejamos no deserto e, mesmo que cavássemos um buraco grande até o meio-dia, as dunas de areia se movem e o vento iria trazer mais areia ainda. Não dá pra criar um buraco e deixa-lo vivo num deserto.

– Estou pensando... – Sarah respirou fundo. – E se... Colocássemos um pouco de pólvora perto da bomba que trás a água, logo abaixo do tubo e a explodíssemos no momento em que os tributos estivessem aqui? A explosão iria assustá-los, e logo em seguida nós explodiríamos a Caixa, o que os pegaria de surpresa. O desespero vai fazê-los não pensar no que está acontecendo e se afogariam. E a bomba, se for frágil como a cidade, poderia explodir junto, criando um lago. Se estivesse fundo o suficiente...

– Mas como iremos colocar o fogo debaixo da areia?

– Aprendi a criar pequenos envios de carga elétrica utilizando algumas coisas que se eu tivesse... Poderia ser a faísca necessária para acender o fósforo.

– Tenho de admitir que é um bom plano.

Sarah sorriu. Sabia que era um plano muito bom. Embora tivesse 65% de chances de falhar. A areia podia não explodir do jeito que ela imaginava, na verdade não sabia como o fogo acontecia na areia, nunca parou pra procurar num livro. Mas sabia que o Sol escaldante poderia gerar energia se tivesse uma placa de vidro de prêndola. Mas era um material caro demais... E seu mentor não estava enviando nem mesmo os remédios, como poderia enviar uma peça assim? Sarah se esforçou ao máximo. Já tinha feito na escola quando tinha dois anos um carrinho de controle remoto movido a batatas, mas isso era fácil e ao mesmo tempo difícil demais. Onde arrumaria qualquer tipo de alimento? Poderia fazer algo como um atrito, duas rochas se chocando. Mas debaixo da areia?

– Aryon, você pode pedir ao seu mentor para lhe enviar uma placa de vidro de prêndola?

– Um vidro de quê?

– Prêndola. Ele capta a energia solar. É uma placa fina que possui um fio bem longo e transparente junto. Se for colocado ao redor de alguma coisa e a prêndola estiver carregada 100%, há um botão que gera faíscas, ou melhor, uma carga. Se o fósforo acender com a faísca, a explosão será certa.

Aryon a encarou e concordou com um meneio lento. Ele se afastou. Sarah sentiu a pele formigar mais ainda e aproveitou que Aryon não estava por perto para abrir o casaco e coçar a pele com as unhas sujas. Estavam bem longas, fazia tempo que não as roía... A barriga tinha manchas vermelhas, mas os principais ferimentos estavam em suas coxas e virilha e seus braços. Por sorte o rosto ainda não tinha sido atingido, nem o pescoço. Os calcanhares ela escondia nas meias e as botas ajudavam. O calor fazia seus pés suarem e o suor ardia nos ferimentos da sola. Era difícil andar. Sarah tinha dores musculares intensas nas costas e nos braços, seus dedos estavam em carne viva e as unhas feriam ainda mais os machucados, fazendo-os sangrar, mas pelo menos aliviava o formigamento.

De repente sentiu o vento jogar areia contra os óculos e algo se prendeu entre seus dedos, enquanto fechava o casaco. Quando limpou as lentes e encarou aquilo que tinha se prendido, abriu um sorriso satisfeito. A dádiva tinha um pequeno paraquedas preso ao seu redor. Era uma caixa pequena, na verdade, onde não caberia a prêndola. Mas quando o abriu, viu algo que realmente não fazia sentido: um relógio.

Quando se virou para Aryon, para mostrar o que tinha ganho, viu nas mãos dele um paraquedas também, maior e com muitas coisas. Quando se aproximou, conseguiu identificar os comprimidos e a prêndola, enrolada ao lado de um óculos novinho de aro vermelho. Sarah tomou a prêndola da mão de Aryon e junto os comprimidos. Abriu uma capsula e mastigou a seco.

Sentiu a garganta seca, e caiu de joelhos. A areia grudou aos ferimentos abertos e os fizeram arder. Sarah sentia como se agora pudesse respirar com mais facilidade, um efeito melhor até do que o veneno. O formigamento parou alguns minutos depois, quando Aryon se sentou ao seu lado na areia e observou o relógio que ela tinha ganho.

– Acho que sei o que quer dizer. – ele disse. – Eu estava querendo um relógio.

– As dádivas vieram invertidas... – ela disse, ainda com a garganta seca.

– Não, - ele rolou os olhos do relógio para os ferimentos a mostra dentro do casaco de Sarah. – É para cuidarmos um do outro.


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Notas finais do capítulo

E então, será que o plano dará certo? :3