Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 41
Sarah Ah-Dom


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Sarah Ah-Dom

Pharrell Wiliams - Happy

Sarah não podia deixar de lado o quanto tinha se assustado com aquilo. De repente uma adaga se colocou diante de seus olhos e ela pensou que vomitaria seu coração, fígado e pâncreas, com uma pitada de bile e rim. Mas por sorte Pandora conseguiu domar seu animalzinho. Já estava ficando cansada da história daqueles dois. “Não o machuquem, ele pode ser útil na Aliança”, ela tinha dito. Sarah trocaria mil Rayseevs por Arabella. Mas tudo bem, quem sabe poderiam usá-lo mesmo. Mas o que mais a preocupava era a ausência de Aryon. Rayseev negou ter se separado do aliado e explicou o que acontecera. Sarah quase apalpava a mentira nisso. Aryon se arriscando para seus aliados...? Que piada! Mas a maior comichão não era esse, e sim um bem ameaçador: Daniel se juntara a aliança. Sarah até podia prever o que aconteceria com Aryon e Rayseev, mas aquele menino não.

– Está chovendo! – Ellie exclamou observando a rua da praça.

Sarah sentiu aquele ardor percorrendo o peito e se atirou para a porta da frente. Quando viu o chão molhado e as gotas escorrendo do telhado, praticamente os óculos escorregaram da ponta do nariz e se atirou na chuva. Poderia dançar até que os pés doessem, mas a chuva não era fresca, muito menos tinha sabor de água. Mas quem se importava? Sarah ergueu a cabeça, deixando o vento frio levar seus cabelos, que já se grudavam ao rosto. A pele estava sensível e ardia, mas quem se importava? Ellie foi para a chuva junto, agarrando-a pela cintura e a levantando em seu ombro. Sarah sentiu a cabeça caindo quando Ellie a girou vezes seguidas. Ao tocar o chão novamente, as botas fizeram poças vermelhas no chão. Sarah ouviu sua gargalhada antes de compreender que ela estava saindo. Ellie também ria com intensidade e da porta do salão o casal de pombinhos observavam, ambos com sorrisos nos lábios. Sarah voltou para o salão, logo atrás de Ellie.

Ninguém disse uma palavra. Sarah se despiu pouco se importando com as presenças ali. Com um balde de água da privada, limpou o sangue dos braços e tocou a pele avermelhada. Por um breve momento pôde ver um flashback de quando se corou Princesa Vermelha no quarto de sua avó, mas a insanidade já lavara suas memórias e agora Sarah não queria vê-las em seus atos do presente. Ellie se limpou com uma toalha que estava no balcão do salão.

– É uma chuva de ácido. – disse Pandora, fechando a porta da frente.

– É uma chuva de sangue. – Sarah a corrigiu, vestindo seu casaco novamente, sem as antigas roupas por baixo. – Uma chuva de sangue! Sangue vermelho! – e soltou uma risada – Veio para mim.

Não viu o olhar que passou pelo rosto de Pandora, mas quem se importaria se achavam-na louca. Sarah tinha se dado conta disso fazia alguns minutos. A morte agora não a assustava. Queria nadar naquela chuva de sangue fervente, sentir a pele borbulhar e arder, até cair dos ossos. O cabelo grudar no rosto, caindo, cheirando a queimado. Queria se sentar logo no seu trono de sangue. A chuva viera para lhe dar um gostinho do que a esperava. Tinha de se livrar logo daquelas pessoas, mas não agora. Sarah suspirou. E pensar que quase me apeguei a esses idiotas!

Por pouco.

Quando Aryon e Daniel entraram no salão, encharcados e ofegantes, Sarah sentiu novamente aquele calor da felicidade tomando seu peito. Aryon! Finalmente o tinha encontrado! Procurara tanto, mas no final ele veio ao seu encontro. Que romântico. Podia sentir o sangue fumegando na pele dele.

– Bem vindos! Bem vindos! – saltou para a mesa mais próxima. – Bem vindos ao meu cabaré!

– Mas que... Ray! – Aryon apontou acusadoramente para o aliado, que estava muito próximo a Pandora. – Você me traiu! Deixou essas vadias entrarem aqui!

Sarah soltou uma gargalhada e pulou para a mesa seguinte.

– Vadias? Somos seu harém, meu amado Aryon. Agora deixe que nós o enviemos para o paraíso que você merece. O inferno.

Aryon a encarou e então abriu um sorriso arrogante. Estava tão lindo com o sangue escorrendo pelo rosto.

– Enlouqueceu, minha adorada Sarah? Foi minha beleza que encheu sua cabeça de parafusos soltos?

– Com certeza que não foi sua beleza. – Sarah fechou o sorriso, farta daquela brincadeira. – Ellie, mate-os.

Rayseev disse algo como “não” e Ellie concordou com um meneio. Essa era boa. Agora sua aliança questionava sua liderança. Aquelas vadias não viam que Aryon as mataria assim que pudesse? Nem Rayseev poderia negociar. E Sarah não aceitaria motim. Voltou-se para Aryon.

– Vê? Completamente indisciplinadas.

– E você que confiava tanto em suas muralhas... Onde está Arabella, a Formosa?

– Morta. Irresponsável.

– E Ellie, a Justa?

– Provavelmente se embebedou de piedade.

– Pandora, a Sensata?

– Provocou a morte da Formosa, acho que não caberia no título de sensata, algo como “A Cabeça-Dura”.

– E onde está Sarah, a Astuta?

Sarah ergueu uma sobrancelha.

– Está aqui, diante de seus olhos.

– Pois só vejo uma Aranha.

– Tem pimenta na língua, caro Aryon.

– É agradável que tenha percebido, admirável Sarah.

– E o que fazemos com indisciplinados?

– Bem... Os piratas tem seu código de conduta. Diz que aquele que não realizar seu papel, ir contra o capitão ou realizar motim será abandonado numa ilha solitária com apenas uma garrafa de água e um revolver com uma bala.

– Pois bem. – Sarah o empurrou rapidamente. – Não podemos nos dar ao luxo de entregar uma bala a cada um.

Aryon deu um sorriso leve e saiu pela porta, Sarah o acompanhou. Tirou do bolso a caixa de fósforo que tinha. Haviam 8 palitos ainda sem serem usados, e Sarah esperava não precisar usar mais que um para acender logo aquele barril que ficava na entrada do salão. Colocou a chama na boca do barril, e saiu correndo em disparada, sentindo os pés de Aryon vindo logo atrás de si. A chuva não tinha passado e Sarah sentiu o calor que emanava do casaco. Aryon, por outro lado, usava roupas leves demais para protegê-lo da chuva. Bem, Sarah não tinha mais nada além do casaco e de sua zarabatana com os dardos envenenados. Estava nua por baixo da jaqueta e no momento não se arrependia de ter feito isso. Não esperava que Aryon fosse aparecer justo agora e com uma proposta tão boa. Quando a explosão balançou o casebre que estavam passando por perto, Aryon a empurrou para o chão, e telhado e paredes da casa caíram sobre eles.

Sarah sentiu quando sua cabeça foi esmagada pelo entulho. Os braços de Aryon envolviam-na com delicadeza. Levantou-se, ouvindo canhões. Não era o seu, sabia. Estava no topo de uma pilha enorme de destroços e pedaços da antiga casinha. Sentiu as bochechas queimando, enquanto enterrava as mãos no entulho e puxava o peito da camiseta de Aryon. A chuva havia parado, e Sarah não sentia mais dor. O rosto de Aryon estava pálido e sangue escorria de sua boca num fio vermelho. Estava mole e gelado. Sarah o moveu, tentando acordá-lo. Só falta esse idiota estar morto!

– Não fique tão desesperada, Sarinha. – ele sorriu, soltando as mãos dela de sua camiseta.

– Não é desespero, é medo. – corrigiu – Não gostaria de abandonar minha aliança e logo em seguida minha nova aliança acabar.

– Admita que estava louca pensando que morri.

– De certo modo. – se levantou – Vamos sair daqui antes que algum Carreirista venha.

– Sim – Aryon concordou e então sorriu – Hoje foi um dia bem agitado na Capital.

Sarah entendia. A Capital se animava com mortes e quanto mais ação num dia na Arena, mais festa. Isso era a mesma coisa que dizer que a Arena estava tendo muitas mortes hoje. Gostava de como Aryon conseguia entender seus comentários obscuros e como se comunicavam através deles, embora odiasse a forma como Aryon se convencia. Sarah o abandonaria caso fosse preciso o mais rápido que conseguisse. Não fez isso com Pandora e Ellie? Aryon também estava disposto a abandonar a aliança, assim como fez com Rayseev e Daniel. Sarah orou ao Deus de Vovó para que Daniel tivesse morrido na explosão. Aquele menino era um calo em suas costas.

– Venha, princesa. – ele estendeu a mão, descendo pela pilha de sucata – Creio que ninguém nunca a tratou como uma.

– De fato, embora eu mereça.

– Merece – concordou, com o mesmo humor sarcástico que ela. – E eu serei seu fiel cavaleiro, agora que as três mosqueteira se desfizeram.

– Os três mosqueteiros eram quatro. O quarto nunca foi mencionado, já os outros três... Prefiro ser a quarta e deixar o papel de principal para minhas antigas aliadas.

– Morreram.

– Espero que sim – disse, observando a rua da praça. – Tem algum outro abrigo?

– Sim. – Aryon concordou com um pequeno meneio. – Me daria a honra, minha princesa?

– Embora não seja merecido de tal honraria, é claro.

Aryon sorriu e lhe deu o braço para segurar. Sarah sabia que antes que piscasse ele apunhalaria, mas sempre quis que alguém a tratasse com carinho. Mesmo que por agora, e mesmo que fosse dele, aproveitaria.


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Notas finais do capítulo

Começo do capítulo: Sarah dá uma crise de loucura
Final do capítulo: Sarah explode sua aliança.
Que divertido. Querem mais?