Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 39
Henry Martin


Notas iniciais do capítulo

Bom capítulo! E desculpe por ontem, não pude postar.



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Henry Martin

The Fray - Love Don't Die

Enquanto colocava suas novas lebres para cozinhar, Kristov amontoava suas flores e Sylvester arrumava a fogueira. Tinha se assustado quando o menino contou que sabia como fazer uma fogueira sem levantar fumaça demais, e até ficou agradecido, afinal era terrível ter de comer aquelas coisas cruas. Sempre que fazia isso, ânsias de vômito o tomavam e ele tinha de segurar a comida no estômago a força. Mas agora estava tudo bem. Pegou a primeira lebre e começou a tirar sua pele com a adaga que tanto guardava. Sylvester chegara sem armas, sem nada em mãos, além de seu sorriso agradável e sua fala mansa. Henry ficou muito atento a isso. Kristov não tinha medo do novo aliado, mas nem tivera medo dele, então nãos e preocupou com isso. Por outro lado, Kristov era um enigma ainda para Henry, tentava descobrir se o menino era bobo mesmo ou se fingia. Henry estava se sentindo desconfiado demais. Desde que entrara na Arena não parava quieto com o pescoço, olhando em todas as direções, dormia cerca de quatro horas por noite, temia ser morto durante o sono. Não gostava de quando Sylver ou Kris se afastavam, ou conversavam muito, poderiam tramar algo contra ele. Ou então o perigo surgisse e eles não estivesse ali para ajuda-lo... Henry ainda não sabia se confiava nos aliados, mas com certeza estava mais seguro com eles.

– Por que você saiu da Aliança, mesmo? – perguntou a Sylvester, quebrando o silêncio.

– Eles iriam me matar uma hora. Não mato pessoas, nem gosto de vê-las machucadas... E eu deixei uma aliança inimiga entrar no nosso armazém de suprimentos, eles nunca me perdoariam. – Sylvester terminou de arrumar a fogueira e então levantou seus olhos claros. Henry o achava monstruoso. Era totalmente o oposto de todas as pessoas do Distrito 1 que tinha visto. Feio, com feições brutas e um olhar maléfico. Entretanto era também o total oposto dos Carreiristas do Um, doce, gentil e um perfeito idiota.

Henry decidiu que gostava dele.

– E você acha que eles vão procurar você?

– Não, tenho certeza que nem pensam em mim. – Sylvester sorriu – Se está preocupado com sua segurança, não fique, eles sabem que sou um peso morto e não se preocupam em vir me matar. Preferem se focar na Aliança que roubou nossos suprimentos.

– Sim... – concordou Henry. “Essas alianças estão se enfrentando como se fosse uma guerra. Um exército dá o ataque e o outro quer revanche. Os desertores vão para águas mais calmas e de repente uma aliança pacífica está no meio do fogo.”, mas se limitou a continuar a despelar a lebre.

Esperava que o cataclismo não alcançasse-os. Era uma aliança sem fins mortais, não sabiam manejar armas e o único que treinou foi Sylvester, uma maria-mole de merda. Kristov ainda que fosse um mistério, não iria fazer muito estrago num carreirista treinado e Henry não confiava em sua adaga o suficiente para não temer o pior. Um negativo de mão cheia, só conseguia imaginar quando sua morte iria chegar. Quatro dias de Jogos Vorazes, treze tributos vivos. Aquilo era quase metade. Todos os dias mortes aconteciam, e desde que viu o rosto de sua companheira no céu, Henry soube que aquilo era mesmo real. E doloroso.

Sylvester tomou a lebre de sua mão e a colocou sobre a grade da janela de uma casa que ele tinha pego. As chamas lamberam a carne e o cheiro que subiu encheu as narinas de Henry. Sentia o calor do fogo, mesmo que fosse noite, o vento não corria ali onde estavam, protegidos por paredes. Sylvester virou a carne e Henry pôde ver as marcas da grade naquele pedaço tão encharcado de sangue. O líquido vermelho borbulhava com o calor e alguns pequenos estalos soavam. De repente Kristov entrou correndo e Henry viu em sua mão algo branco e pesado. Seus olhos se arregalaram, levou a mão ao cabo da adaga e se colocou na frente das costas de Sylvester, que nada via.

– Olhe o que enviaram para nós. – Kristov ergueu um saco. Era sal grosso. Henry piscou, ainda absorvendo e guardou a adaga. “Céus, estou ficando paranoico...”.

Sylvester, que se mostrava muito habilidoso na cozinha, distribuiu o sal grosso pela carne e o cheiro ficou tão impregnado no ar que um alto ronco subiu da barriga de Kristov, que conseguiu convencer Sylver a lhe dar um pedacinho primeiro. O menino se sentou entre as pernas de Henry (sem autorização) e encostou-se no peito do mais velho, lambendo os dedos e fechando os olhos, sonolentamente.

– Ele parece muito apegado a você. – comentou Sylvester, sem tirar os olhos da carne.

Henry encarou aquele emaranhado de cabelos logo abaixo de seu nariz e apenas suspirou.

– Deve achar que sou a mãe dele.

Sylvester sorriu e tirou um pedaço da grade, mordendo-o. Aquilo atiçou ainda mais a fome de Henry. Quando é que poderia comer?

– Kris foi bem reservado comigo, e quando tentei segurar as folhes para ele, se afastou rapidamente. Acho que ele tem um pouco de medo das pessoas. Volta-e-meia ele gagueja e simplesmente não olha em nossos olhos.

– Minha mãe era autista, e tinha quase os mesmos sintomas de Kris. Não sei se é trauma, ou se ele finge, mas me lembra ela. Não que essa seja uma lembrança agradável.

– E qual seria uma lembrança agradável? – Syl ergueu uma sobrancelha.

– Emma... – Henry encostou a cabeça na parede e fechou os braços ao redor de Kristov, tentando se abraçar. – Minha namorada...

Sylvester ergueu os olhos, arregalados. Henry sorriu com a surpresa dele. “É tão difícil me imaginar gostando de alguém? Pois gostava daqueles dois.”.

– Fui criado com ela quando meus pais morreram. – contou Henry, sem entender porquê. – Os pais dela me aceitaram como a um filho e por muito tempo só a vi como uma irmã. Mas... Você sabe, a gente cresce e nosso corpo muda. Passamos para a adolescência e “descobrimos” coisas. Emma não tinha vergonha de se trocar na minha frente, mas era uma garota de doze anos, e eu tinha quinze. Minha mente era muito mais maléfica que a dela – e soltou uma risada fraca. – Não, eu nunca relei a mão nela, se é isso que quer saber. – ele dirigiu um olhar divertido para Sylvester, que apenas ergueu as mãos em rendição. – A questão era que eu nunca tinha visto nenhuma mulher como uma... Mulher. Muito menos Emma. Mas então ela começou a namorar um tal King e eu... Fiquei tão irritado... Ela disse que era ciúmes de irmão mais velho. Que vadia, me chamava de irmão sendo que só pensava nela de noite.

Sylvester lhe entregou um pedaço de carne, mas Henry continuou antes de mordê-lo.

– Eu tinha um irmão de sangue, ele era da mesma idade de Emma, e isso me preocupava, os dois eram bem íntimos. Isso até eu descobrir que meu irmão não gostava da mesma fruta que eu. – e então riu. – Fiquei tão paranoico em relação a ela que cheguei a arrasta-la de um encontro com seu namorado. Então eu contei o que sentia. E ela apenas sorriu e disse que era impossível. Isso me machucou, mas só deixou o que eu sentia mais forte. Quando o namorado dela a traiu, Emma veio chorando para mim. E eu a confortei. Sei que isso só aconteceu por ela estar frágil e carente, mas... Tinha de aproveitar. Ela deve estar querendo me matar agora. – Henry percebeu que tinha contado demais e abaixou a cabeça, envergonhado.

– E na Colheita...

– Namoramos escondido porque os pais dela não aceitariam, mesmo não sendo irmãos de sangue, e ela mesma tinha vergonha. Às vezes me dizia que era melhor terminar tudo, mas consegui enrolar até a colheita. Quando fui para a sala de despedida, ela apareceu com seus pais e se jogou em um abraço, e me beijou, na frente deles. Aquilo me deixou tão feliz... Queria ter uma foto dela, ou algo para tê-la por perto. Me faria mais forte.

Sylvester soltou uma risada gentil.

– Se fosse mais forte os Carreiristas se borrariam.


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Notas finais do capítulo

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