Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 38
Rayseev Betschovick


Notas iniciais do capítulo

Sim, outro do Ray.



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Rayseev Betschovick

Ed Sheeran - I See Fire

O céu ainda era belo, mas Rayseev decidiu voltar para o abrigo que ele e Aryon tinham feito em frente a praça da Cornucópia, não voltavam para lá desde a explosão, e Aryon quase disse em voz alta ofensas para os Carreiristas por não terem morrido. Rayseev gostava do salão, uma grande sala com balcões e mesas, cadeiras e cornos de cerveja. Garrafas todas vazias e com teias enormes, mas ainda assim aconchegante. O escritório do Saloon era recoberto com um tecido nas paredes que evitava a entrada do vento frio da noite, e lá é que dormia. Aryon gostava também de usar a mesa de revólveres, onde pólvora e armas estava, mas tão antigas que nenhuma funcionava.

O salão possuía alguns moradores desejados, como ratos e ratazanas, e eles as comiam. O único local com água era o banheiro, e apenas a descarga possuía água e, por mais nojento que fosse, eles pegavam a água com vontade usando os cornos. Rayseev sentiu uma forte rajada de vento levando seus cabelos e suas roupas para leste. A jaqueta fazia falta, mas o que mais lhe faltava era a grande camisa de lã que havia deixado no abrigo de Daniel. Não se atreveu a voltar para lá, era o lado para onde as Carreiristas tinham ido, mas de toda forma guardou aquilo na mente como um lembrete para fazer mais tarde. O salão era velho e o telhado estava tão baixo que apenas Aryon conseguia andar normalmente lá dentro, mas mesmo com aquela forte ameaça da queda, escolheram o lugar. Aryon pensara rápido na Cornucópia: ninguém entraria aqui.

Desceu do telhado pelas mesmas caixas. Com os pelos eriçados e os ossos tremendo, Rayseev pressionou os dedos nos braços cruzados e correu para o outro lado da rua, sem olhar para os lados. Não tinha certeza de estar indo para o lugar certo, afinal dobrara tantas esquinas que nem se lembrava de onde Aryon e Daniel estavam. Rayseev apertou o passo, sentindo que algo o seguia. Um coelho, ou uma serpente de areia. Mas poderia ser um tributo. Se atreveu a tomar o lugar mais inadequado: subiu em uma janela aberta e a usou para alcançar o telhado, subiu e se colocou de pé sobre as telhas. Ali tinha uma vista linda da cidade inteira. Desde as minas de carvão até as dunas de areia nômades. Localizou-se através da Cornucópia, que era mais alta que qualquer casa. Estava na metade do caminho em direção ao abrigo.

Com cuidado, pisou sobre as telhas e usou a proximidade dos casebres para saltar de um para outro. Mais de uma vez quase escorregou e várias telhas que quebraram debaixo de seus pés, mas Rayseev continuava ligeiro e furtivo. Era como pular de um galho para outro de grandes árvores. Havia uma no Distrito 11 que era preciso mais de dez pessoas para abraçar. Ele chegou no telhado do salão quando a Lua atingiu seu ponto máximo de luminosidade. As estrelas pareciam aquecer aquela noite fria, ou era apenas a adrenalina que sentia. A respiração era cortante, o ar entrava gelado e quase não saía. Tinha de alternar respirar com a boca e com o nariz. Mas não parou um segundo. Escorregou para o chão, caindo com um pouco de mau-jeito, mas nada que o fizesse cair. Deu a volta no salão e entrou pela porta da frente. Lá o calor era tão bom que quase parecia verão. Um cantinho dos campos do Distrito 11, mas logo esqueceu, quando a verdadeira temperatura o atingiu. Apenas um pouco mais quente que a noite lá fora.

Rayseev colocou as adagas sobre o balcão principal e tirou as botas. Esticou os pés e limpou a areia dos vãos. As meias estavam cheias de areia. Embora sua camiseta grudasse ao corpo, empapada de suor, estava extremamente fria. Rayseev foi ao banheiro, usá-lo. Era complicado urinar na Arena, ainda mais sem saber se haviam câmeras, mas não podia deixar de fazê-lo. O frio tornava a situação ainda mais complicada. Perguntava-se por que não havia um revestimento de tecido no banheiro também. Quando terminou (conseguiu), saiu do pequeno banheiro e não se preocupou em lavar as mãos ou dar descarga, só o fazia para beber água e por isso economizavam. Nunca se sabe quando a água iria acabar.

Ray...?

Rayseev sentiu aquele frio cortando novamente seus pulmões. Os pelos da nuca se arrepiaram e um choque percorreu a espinha, enquanto seus ouvidos ficavam atentos. Os joelhos se negavam a virar, mas virou. Não encontrou ninguém, mas o coração já tinha acelerado no peito e a adrenalina voltava a percorrer as veias. Será possível? Estava ficando louco? Agora mesmo tinha ouvido a voz de...

– Ray! – agora soava mais perto e mais alegre.

Quando aquele voo agarrou seu pescoço, ele se contorceu. Os braços o sufocavam, esmagavam sua garganta, tentando asfixia-lo, e ele acotovelava a pessoa. Não, não pode ser, pensou. Quando finalmente conseguiu domar os pulsos de seu agressor, que era incrivelmente magro, Rayseev se virou, pronto para encarar quem quer que fosse. Na verdade, quase qualquer pessoa. Menos ela.

– Pan...! – gaguejou, agarrando-a e a rodando. Não era um ataque, mas sim um abraço. Que idiota ele era! Mas se esqueceu de pedir desculpas quando ouvira as gargalhadas de Pandora. Ela sorria, com os cabelos girando. – Fiquei com tanto medo de não te ver mais.

– Eu também. – disse, enquanto era colocada de volta ao chão.

Rayseev duvidava. Ela nem mesmo parecia tímida. Quer dizer, Pandora nunca foi tímida, não? Então não podia esperar outra coisa dela. Soltou um suspiro suave e realizado, enquanto se obrigava a soltá-la. Rayseev queria perguntar muitas coisas a ela: Onde ficou escondida; Seus companheiros sobreviveram; Estava com saudades dele... Esta última não era tão importante, mas mesmo assim tinha curiosidade. Mas antes que fazer, algo se moveu pela direita e Rayseev notou, empurrando Pandora por entre as mesas quando a flecha assobiou ao lado deles. Droga!, se esgueirou pelas mesas, colocou as mãos nos cabos das adagas que deixando balcão e se levantou, tentando encontrar a pessoa que tinha atirado aquilo.

– Espere, Ray! – Pandora correu para ele, mas Rayseev viu primeiro.

Se jogou pelo balcão, onde atrás havia uma menina, com uma arma em mãos. Estava escuro demais para Rayseev ver o que era, mas parecia o arco. Trincou os dentes, avançando sobre ela. Envolveu os braços na cabeça dela e colocou uma adaga no pescoço e a outra na nuca. Ela arquejou e respirou fundo, enquanto seus olhos se abriam bem.

– Rayseev! – pandora saltou o balcão, impressionantemente, afinal ele era alto demais até para Rayseev. – Não! – segurou seus ombros, o puxando para trás.

Rayseev caiu no chão e ergueu os olhos para ela.

– Eles quase nos mataram.

– Era um dardo tranquilizante, iria apagar você por uma hora apenas. – Pandora suspirou – Ela é minha aliada, Sarah.

Rayseev encarou a garota, que agora percebeu ter olhos negros e redondos por trás de óculos de aro vermelho. Por cima do balcão uma sombra de outra garota surgiu, e esta sim carregava um arco, com aljava, Sarah tinha apenas uma zarabatana. Rayseev bufou alto.

– Não precisava me sedar. – resmungou, se levantando. “Droga, Pandora, poderia ter matado essa Aranha, se não fosse por você...”. Aryon detestaria ouvir isto. Decidiu que não contaria a ninguém.

Mas agora não era hora para atacar ninguém. Estava cercado, e se machucasse alguma delas, Pandora nunca o perdoaria. Maldito amor.


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Notas finais do capítulo

E o suspense continua, de quem era o canhão? :3 Comentem, ainda falta muito pros 500 reviws!!