Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 34
Kristov Cornel


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Kristov Cornel

Owl City - Fireflies

Eu quero tirar um doze, mas não porque é um numero bonito, mas porque é a nota máxima. Normalmente eu não me dou bem com ser o melhor em algo, mas pretendo fazer o que for necessário. Os Idealizadores me deram um sete, mas é maior que seis, que é a metade de doze e por isso eu fiquei feliz. Sete é maior que doze, sete faz quatorze.

Enquanto repassava isso em sua mente, Kristov notou um movimento gracioso ao seu lado, e uma linda borboleta entrou em seu campo de visão. Era azul, de um azul mais azul que o céu ou o oceano. Ela era grande e quando Kristov a perseguiu, pousou gentilmente na fonte de água ao lado dele. O poço estava seco, mas o animal não se importou com isso, voou em círculos e entrou no poço, logo reaparecendo com as asas cheias de orvalho. Kristov ficou fascinado com tamanha beleza. Esticou a mão para tocá-la e a borboleta azul subiu em seu dedo, com as pequenas e finas perninhas se agarrando a sua mão. O dedo indicador a sustentava como se não pesasse nada. Então o aperto da borboleta ficou mais forte, mais, mais... Até que Kristov teve de balançar a mão no ar para se livrar dela. Tocou a pele avermelhada e roxa onde o animal tinha pousado.

– Ela é forte. – notou, enquanto observava o fundo do poço. Esticou o corpo por cima do parapeito, enquanto se inclinava e se sustentava sobre a corda do balde que antigamente foi usado para coletar água. – Será que tem algo ali...? – sua pergunta foi respondida quando Kristov caiu dentro do poço, afundando na água gélida e escura. Não era um poço seco? Que estranho, quando tentou jogar o balde para buscar água ele voltara cheio de areia... – Ei... Alguém me tira daqui? – gritou. – Tá gelado.

Mas não houve resposta que o atendesse. Kristov se pôs a esperar, volta e meia perguntando se havia alguém. Tinha fugido da Cornucópia no primeiro dia e não trouxera nada, nem mesmo chegou perto dos suprimentos. Estava morrendo de fome, mas sede não tinha, bebeu a água do poço até a barriga começar a pesar. As roupas estavam molhadas e, embora lá fora estivesse muito quente, ali dentro o frio fazia seu esqueleto tremer. Afinal, ele ficaria ali por mais quando tempo. Resolveu que iria escalar a parede interna do poço. A escuridão começara quando o Sol mudou de lugar no céu e apenas metade do poço era iluminado. Assim que conseguiu ver as primeiras estrelas, com os dedos em carne viva e sangrando, Kristov arriscou gritar novamente por alguém. Sem resposta. Olhou para os lados. Lá fora a temperatura abaixava e o poço também. A água começava a petrificá-lo no lugar, deixando sua pele dormente e a dor imperceptível. Assim que o balde foi jogado para dentro do poço e quase o atingiu, reclamou.

– Quem está ai? – perguntou a pessoa que jogara o balde.

– Kristov. Eu sou um tributo.

– Eu sei. – a pessoa deu uma pausa. – Você tentou se suicidar?

– Eu cai. – Kristov se esforçou para ver quem era, sem sucesso. – Me ajuda?

– Por que? Seria melhor deixa-lo aqui para morrer.

– EU sei fazer sopa.

A pessoa ficou em silêncio, e então o balde começou a ser puxado para cima.

– Se agarre na corda, vou puxá-lo.

Kristov o fez, e mesmo com muita dificuldade, conseguiram. Ele sorriu, dando pulos de alegria por voltar ao mundo. Talvez aquele abismo tivesse colocado uma espécie de pele impermeável pois não sentia o frio da noite, mesmo usando apenas sua cueca. Tirara a calça por causa do calor, mas agora não se lembrava de onde a deixara. Seu salvador deu um leve tapa em sua testa e Kristov ergueu os olhos para vê-lo, mas assim que o fez, abaixou novamente a cabeça. Não... Não conseguiria. Não podia olhar nos olhos de ninguém.

– Obrigado. Qual seu nome? – questionou, certo de que aquela pessoa era boa. Ficou certo disso por um breve tempo, até seu salvador pressionar uma adaga contra sua garganta. Kristov tentou se afastar, mas bateu no parapeito do poço e quase caiu lá dentro de novo.

– Sou Henry. – seu salvador resmungou. – E você disse que sabe fazer sopa.

– Eu sei. – concordou Kristov. – Prazer, Henry. Sou...

– Kris. Eu sei. – ele o cortou, assim como a adaga enquanto deslizava pelos ossos dos ombros de Kristov. – Estou com fome.

– Eu também. – Kristov olhou ao redor – E onde deixei minhas calças?

Seu salvador o soltou, fungando alto.

– E eu vou saber? – guardou a adaga. – Uma aliança? – ele questionou, ainda virado de costas para Kristov, desenfaixando uma atadura de sua mão direita. Kristov viu o machucado antes mesmo de Henry se virar, uma grande cicatrizes ainda por fechar abrindo caminho desde o dedão até as costas da mão. Henry estendeu a palma ferida em direção a Kristov. O menino percebeu a aproximação e se afastou. – Não vou te machucar, garoto – Henry se zangou, agarrando o ombro de Kristov a forma. – Uma aliança de sangue. É mais forte do que uma promessa.

– Onde arranjou este machucado? – perguntou Kristov.

– No mesmo lugar onde você vai arranjar o seu se não fechar essa boca.

Kristov tratou de ficar quieto. Não que fosse muito falante, mas sinceramente se cansara de ficar dentro daquele poço. Um vento cortante o fez estremecer. As pernas magrelas e finas estavam expostas ao frio da noite e agora ele começava a temer que teria sido melhor ficar dentro do poço. Henry, por outro lado, não se importou com o frio, vestia um grande agasalho de pelos de lobo, lã e outras coisas quentinhas. Suas calças eram justas ao corpo, embora parecessem quentes, e as botas cobriam todo o tornozelo. Sentiu uma pontada de inveja. Quando Henry começou a andar, Kristov foi atrás, não queria ficar ali no frio sozinho, ainda mais agora que tinha alguém para protege-lo. Quando Henry entrou num empoeirado armazém extenso em comprimento, Kristov pensou que ele estaria levando-o para dentro de uma casa, quentinha e confortável. Mas assim que viu a única mochila jogada no chão, com o cobertor dobrado em dois servindo de colchão e a garrafa de água vazia, concluiu que na verdade Henry tinha muito menos do que ele.

– Minha intenção era ficar sozinho, por isso não espere muita mordomia – o companheiro avisou, se sentando no chão duro, sobre o cobertor. – Bem, lar doce lar. – e retirou de dentro do casaco um lagarto do deserto. O animal estava mordo, mas a cabeça continuava lá, pendurada, as patas eram pequenas e descarnadas, e o lagarto em si parecia já ter apodrecido fazia tempo, sem carne ou órgãos além dos ossos e da pele grossa. Henry usou a adaga para despelar o animal e quando o abriu Kristov notou que estava enganado, havia muitos órgãos e carne ali. Henry limpou o animal, com experiência. Talvez já tivesse comido outros lagartos. Quando terminou, entregou um pedaço do tamanho da mão de Kristov a ele e logo se lançou a devorar sua metade. Kristov encarou aquela coisa crua, cheia de sangue e nojenta.

– Eu vou comer isso desse jeito mesmo?

Henry terminou de rasgar um pedaço da carne que mastigava e virou os olhos verdes escondidos pelos cabelos negros em direção a ele. E então abriu um sorriso, de dentes manchados de sangue e restos de carne.

– Eu disse para não esperar mordomias. Fogo é algo que não podemos nos dar ao luxo pois se os Carreiristas...

–...Virem o fogo vão saber onde estamos e irão vir atrás. Eu sei. – Kristov deu de ombros. – Vi quando foram até aquele casebre pegando fogo.

Henry sorriu, quase se divertindo com aquilo. Os Carreiristas tinham sido pegos numa armadilha, até onde Kristov sabia, e seus suprimentos todos foram explodidos, junto com eles. Kristov estava seguindo-os e viu quando aconteceu. Foi aquela menina, a que ele gostava, que deu a ordem para a outra atirar no barril de pólvora. Kristov sentiu as bochechas ruborizando ao se lembrar da doce e astuta Sarah...

– Anda, se não comer, eu como por você.

Não tinha nada a fazer além de devorar aquela carne crua de nariz e olhos fechados, e quando terminou nem notou o gosto metálico na língua, apenas a barriga cheia. Mas o frio ainda era impetuoso e invadiu o armazém, escolhendo suas pernas nuas para afligir. Encolheu-se, desejando lembrar onde tinha deixado as calças. Henry estava lambendo os dedos e limpava sua adaga na sua calça, sem se preocupar com o sangue. Os retos do lagarto foram jogados para um canto, onde mais alguns restos estavam depositados.

– Já encontrei uma ratazana e um camaleão. Acredite, os camaleões aqui são enormes. – ele contou a Kristov.

– Você comeu um camaleão?

– Morreria de fome se não fizesse. Além disso, o quê que tem?

Kristov reprimiu os lábios, apertando-os fortemente. Não se importava em comer lagartos e ratos grandes, mas camaleões e borboletas não. Era animais coloridos e alegres, e adorava como eles se misturavam no ambiente, sumindo de vista de seus predadores, assim mesmo como ele. Kristov se encostou na parede, enfiando os pés gelados e descalços nas cobertas. Meio minuto depois estava se enrolando nela, enquanto tremia dos pés a cabeça. Frio.

– Então, você quer ver a Baixada? – Henry se levantou e caminhou até a janela que deixava o vento frio entrar. – Três pessoas morreram hoje.

Kristov se levantou para olhar os rostos no céu. Eram todos tributos que ele não conhecia, embora fossem apenas vinte e quatro. Cinco já tinham ido, diminuindo o número para dezenove, agora mais três. Restavam dezesseis. Distrito 3. E os dois do Distrito 10. Essa era a baixada.


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Notas finais do capítulo

Mandem reviws e recomendem! :3 Vamos fazer um objetivo? Se a fanfic passar dos 500 reviws eu re-faço o Distrito 14 e a Arena YHG3!