Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 32
EXTRA - Ellie Foster


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Ellie Foster

Lucia - Days

Normalmente ela ficaria transtornada com toda aquela correria, mas conseguiu chegar tão rápido na Cornucópia que nem notou os outros tributos se empurrando e se cotovelando para subir as escadas. Logo mirou na primeira cabeça que viu, mas errou a flecha. Era um Carreirista, já o tinha visto treinando antes, e a segunda flecha também errou. Desistiu quando viu que não valia a pena correr atrás dele, mas demorou até Sarah surgir com Arabella e Pandora ao seu lado e elas fugirem dali. Cada uma tinha uma arma, Ellie conseguira seu tão sonhado arco e Arabella pegara um cinto com facas de arremesso, seis facas continha. Pandora, entretanto conseguiu apenas uma zarabatana que logo ficou nas mãos de Sarah e a pequena conseguiu uma mochila com uma garrafa de água quente, comida que duraria dois dias e cobertas. O deserto era muito frio à noite.

E a noite chegou. E Sarah parecia feliz demais dentro daquela despensa que tomaram como abrigo. Tinha sempre um sorriso brincando nos lábios e desenhava na areia com os dedos ossudos. Logo Pandora perguntou o que ela estava pensando e a resposta não surpreendeu:

– Agiremos hoje. Já tenho a estratégia. – contou. – Os Carreiristas esconderam os suprimentos no armazém perto da praça, como vimos hoje de tarde, mas eu tenho uma idéia. Precisamos de mais comida e água, somos em grande número para isso aqui – ela segurou a mochila nas mãos – E as cobertas não servirão a todas. Meu plano é: Acendemos uma fogueira bem longe do armazém dos Carreiristas e assim chamamos a atenção deles. Irão partir pro ataque, mas deixarão um guarda, provavelmente será Sylvester Cherishmont, ele é o mais inútil do bando. Arabella, você cuidará dele. Amarre-o em seu chicote do amor.

Arabella deu um sorriso de lado e fez positivo com a mão.

– Ellie ficará de guarda com o arco, se vir um dos Carreiristas, atire. Ficará escondida. Eu e Pandora somos as mais rápidas por isso iremos vasculhar o armazém e sair rapidamente. – concluiu Sarah. – Eliminaremos um dos Carreiristas, conseguiremos suprimentos para mais tempo e poderemos ficar algum tempo sem nos preocuparmos.

– É um ótimo plano, mesmo. – concordou Pandora. – Mas e se eles deixarem dois para vigiar?

– Então Ellie atira nos dois. Estará escuro, nem verão de onde as flechas vieram. Mas é melhor que Ellie fique na vigia, pois se algum outro Carreirista surgir ela poderá nos dar cobertura.

– E se eu não conseguir enfeitiçar o Sylvester? Ele pode ser como Aryon, um idiota cabeça dura e marrento.

– Não é. – Sarah sorriu – Por sorte este ai que descreveu é Viktor, o outro homem da Aliança. Sylvester é uma florzinha de lótus perto de Viktor. Tem uma inocência comovente, vai se apaixonar logo por você e então... – ela apontou para as facas de Arabella. A menina morena assentiu com hesitação. – Mais alguma pergunta?

– Agiremos hoje?

– Eles vão estar menos cautelosos por ser o primeiro dia e a maioria vai ficar fora de caminho pois não querem morrer logo no início. Temos de aproveitar isso para o plano ser um sucesso.

– Eu acho que você deveria ficar com Ellie, você tem uma percepção mais aguçada do ambiente, poderia prever os Carreiristas caso estivessem voltando. Eu consigo carregar umas três mochilas sozinha e mais alguma arma leve. – Pandora disse.

Sarah piscou os olhos grandes e negros. Os óculos em seu rosto pareciam deixa-la mais cansada do que estava.

– Você está querendo... Me proteger?

Pandora deu de ombros.

– Não só isso. Ellie ficaria melhor com você. E além disso, se algo der errado, somente eu vou morrer. A Aliança é comandada por você, então não faria muita diferença se faltasse alguém como eu, mas se faltar você...

– Você é especial, Pan – Arabella interveio – É a melhor em combate, e a mais ágil. Eu sou boa manipuladora e Ellie é ótima em mira. Sarah é o nosso cérebro, todas nós formamos uma equipe maravilhosa. Já percebeu? É por isso que Sarah só chamou a gente, porque juntas conseguiremos acabar com os Carreiristas, e feito isso, ninguém poderá acabar com a gente. Vamos eliminar um de cada vez, e então nos tornaremos as Carreiristas.

– Combinadas? Ótimo. Vamos preparar o lugar para o incêndio. – Sarah se levantou, subindo o capuz por cima da cabeça. Era tão miúda naquele agasalho que poderia facilmente ser confundida com um garoto.

Ellie não se pronunciou, não tinha o que dizer, preferia ficar de vigia do que atuando ativamente no plano. Mesmo querendo ser forte, tinha aquele frio na barriga de quando ia fazer uma prova importante no colégio. Não sabia como arrumara coragem para atirar durante o Banho de Sangue, talvez a adrenalina tinha ajudado, mas não podia ter certeza. Cinco tributos morreram, e de acordo com o céu e com Sarah (que decorara todos os tributos, seus nomes, rostos e distritos) eram Louise White, do Nove, Ellie Look, do Seis, os dois do Seis e Natasha Ruller, do Doze.

Sarah falava sério quando pediu um lugar afastado. Quase no deserto, onde a areia formava dunas, havia um pequeno casebre de dois cômodos. Lá, ela decidiu, colocariam fogo. Sarah era boa em fazer fogo com pedras e galhos, mas não havia nem isso, nem aquilo, teriam de usar outra coisa para o atrito. E enquanto pensavam, o paraquedas desceu do céu, trazendo com ele uma arma e uma caixa de fósforos. A dádiva estava nomeada em um papel que dizia ser de Pandora. A arma era uma grande foice de lâmina curva. Pandora ficou muito aliviada com a arma pois era a única ainda sem uma arma para usar. Ellie contou as flechas em sua aljava, oito. Tinham sido dez, mas usara duas para matar o garoto. “Que não morreu”, recordou, emburrada, ajudando Sarah a espalhar o fogo pela casa abandonada. Logo o fogo era visível das janelas e causava um belo ponto de iluminação no meio da escuridão.

– Vamos sair daqui logo. – chamou Arabella.

Correram de volta por entre os becos e ruelas, até chegar a praça da Cornucópia. Sarah tinha andado por todos os lados da cidade abandonada mapeando o lugar em sua memória e assim sabia exatamente por onde ir, sem se perder. Novamente Ellie sentiu que aquela menina era um pouco anormal. Tinha habilidades especiais sem precisar de armas para usá-las, como Pandora, mas mesmo assim era medonha com seu senso de desconfiança e sua autoconfiança. Ellie ainda não sentia que Sarah confiava nela ou sequer na Aliança.

A praça estava vazia. O armazém era iluminado com um lampião e os Carreiristas conversavam alto, sem medo de que alguém pudesse encontra-los. “Quem temeriam?”, Sarah talvez. E algum outro tributo louco e esperto o bastante para desafiá-los. Pelo menos deveria temer. Sarah encontrou uma casa do outro lado da praça onde as duas podiam se esgueirar para trás da cerca de varanda, quase invisíveis. Pandora se preparou também, aquecendo os músculos. Arabella observou o momento em que os Carreiristas perceberam a fogueira e decidiram ir ver o que era, que tributos teriam sido burros o bastante para fazer uma.

– Deixaram Sylvester de vigia, como você previu. – Arabella sorriu para a pequena, que apenas concordou com um meneio. – Sarah nunca erra.

Às vezes eu erro... – ela sussurrou, embora tão baixo que apenas Ellie conseguiu escutar. Sarah, ao dizer aquilo, parecia fraca, com uma voz trêmula, quase sofrida. “Teria ela errado uma previsão importante?” então observou sua aliada com mais atenção. “Talvez ela tenha previsto uma outra pessoa na aliança. Ou então... Ou então outra pessoa a previu.”. Conhecendo Sarah como conhecia, a última alternativa parecia mais válida. Um gênio orgulhoso não gostava de ser vencido.

Ellie então piscou, atônita. “Acabei de prevê-la. Sarah é tão simples assim? Parecia tão complicada e oculta...”, mas antes de concluir o pensamento, viu o vislumbre de alguém andando em direção à praça, Arabella entrou em ação. Sylvester estava na porta do armazém, com uma espada em mãos, ele parecia quase em pânico ao ver que a menina se aproximava.

Sarah soltou uma risada fraca ao seu lado e sussurrou às suas duas companheiras:

– Ele esperava que não precisasse defender os suprimentos de ninguém. Ele detesta matar.

– Então não precisamos mata-lo – Ellie soltou – Por que não o colocamos na Aliança? Ele é um Carreirista, seria útil.

– Útil em quê se não sabe matar? – Sarah questionou, com uma sobrancelha erguida. – É um fardo, isso sim. E além disso, se traísse seus aliados, seríamos as primeiras na lista dos Carreiristas.

Arabella começou uma conversa agradável com o menino e aos poucos ele foi abaixando a espada, até que ela o tocou no ombro e gargalhou. Ele a acompanhou. Em poucos minutos Arabella já o tinha em suas mãos e os dois conversavam animadamente, andando próximos a Cornucópia. Ele estava de costas para o armazém, e com um sinal de Sarah, Pandora se esgueirou pela praça e entrou no armazém.

– Prepare o arco. – Sarah disse a ela.

Ellie o fez, meio desajeitada. Olhou para os dois lados da rua, mas não havia movimento entre eles. Arabella não usou suas facas, apenas o manteve ocupado numa conversa amigável.

– Mate-o logo, antes que perceba... – Sarah disse baixo, talvez fosse um pensamento alto.

Mas Arabella não o fez. Enquanto isso Pandora jogava mochilas para fora do armazém e saiu dele com uma espada. Isso, o plano foi um sucesso, Ellie se animou. Pandora já estava cruzando a praça, com as mochilas nos braços e a espada na cintura. Sarah estreitou os olhos e então seus olhos ficaram inquietos atrás dos óculos de aro vermelho.

– Estique a corda. – ela mandou.

– O que foi? O que houve?

– Descobriram... – sussurrou para Ellie e então Pandora chegou ao lado delas.

– Consegui. – disse – Acho que poderia ir até lá de novo. – e se levantou. – Falem para Arabella continuar com a conversa fiada.

– Não! – Sarah gritou, mas era tarde demais, Pandora atravessou a praça e entrou no armazém. Sarah se levantou, chamando a atenção do Carreirista, que apontou para ela e para Ellie. Arabella cerrou os olhos e apunhalou-o nas costas, fazendo-o arquear e gritar de dor. Ele caiu para frente, se contorcendo. – Aquela idiota... – Sarah correu até a praça. – Arabella, tire Pandora do armazém. Ellie... Ellie... – ela se virou para a menina, Ellie podia jurar que haviam lágrimas se formando naqueles olhos tão grandes e negros. – Atire.

Ellie olhou, mas não havia ninguém na rua. Pandora e Arabella demoravam enquanto Sarah retirava a faca das costas do menino e rasgava o agasalho dele em tiras.

– O que está fazendo? – perguntou Ellie.

Mas a pequena não respondeu, entretida em seu curativo. De dentro do bolso de seu casaco tirou um tubo, uma pomada, e espalhou o creme no machucado nas costas de Sylvester. Ele gemeu, mas não se moveu. Talvez entendesse o que ela fazia. Ellie não entendia, porém. Quase gritou para que Sarah o matasse logo, mas não o fez. Será que Sarah está... Apaixonada? Não, jamais. Sarah falou que era para Arabella matar Sylvester, então não temia a morte dele. Mas talvez... Ela tinha um novo plano em mente, e talvez Sylvester fizesse parte dele. Isso fazia muito mais sentido. Sarah enrolou as faixas do agasalho dele ao redor de seu corpo e recolocou o agasalho no menino. Ele soltou um suspiro, quase aliviado.

– Espero que se lembre disso no futuro – ela falou, se levantando. – Chame as meninas, logo eles chegarão... Merda! – ela se virou para a esquerda, onde no final da rua sombras surgiam, revelando quatro tributos. – Ellie, atire!

Ellie tentou, mas as mãos de repente começaram a tremer e a flecha caiu da corda. Se abaixou rapidamente para pegá-la, mas não conseguia encontrar naquela escuridão. Tateou o chão de madeira da praça, em vão. Quando ouviu os Carreiristas e seus pés apressados, se jogou no chão junto com Sarah que a agarrou. Lá, elas passaram despercebidas, junto com os cadáveres dos outros tributos mortos no Banho de Sangue. Os Carreiristas passaram ao lado delas e entraram no armazém.

– Pandora... Arabella... – Ellie balbuciou, começando a sentir-se nauseada.

– Há pólvora... – Sarah sussurrou. – Ellie, há barris de pólvora ali do lado do armazém! – e então tirou do bolso a caixa de fósforos. – Dê-me uma flecha.

Ellie demorou a entender a linha do raciocínio de Sarah, mas quando o fez, percebeu o quão espinhosa aquela menina podia ser.

– Não! Pandora e Arabella estão lá dentro. – ela gritou para a pequena, que apenas deu de ombros. – E daí? Vão morrer por nós. Vocês aceitaram o plano e os riscos d falha dele, agora arquem com as consequências. Ou você atira, ou te deixo aqui para morrer com elas.

Ellie gaguejou, sentindo como se uma bofetada tivesse acertado seu rosto. Quando percebeu, Sarah lhe entregava a flecha ardente e ela a colocava na corda do arco. Respirou fundo. Arabella e Pandora morreriam mesmo se não houvesse explosão, os Carreiristas as matariam, então ela só estava acrescentando nomes a lista de mortos. Seus olhos se fecharam, e soltou a flecha, que infelizmente acertou o alvo. O barril não explodiu de imediato, o que deu tempo de Sarah e ela saírem de lá, mas quando o fogo atingiu o conteúdo dentro do tal... O rugido da explosão foi tão alto que Ellie pensou que teria destruído milhares de metros além do armazém. Os suprimentos estão todos destruídos. Além do que temos, do que Pandora conseguiu pegar, apenas nós poderemos sobreviver por mais tempo...

Sarah se armou com a foice de Pandora e com duas mochilas, deixando Ellie com seu arco, duas outras mochilas e com a espada que Pandora trouxe. Mesmo que a explosão fosse alta, as labaredas não chegaram até a praça, e Sylvester Cherishmont se salvou. Enquanto voltava para o abrigo da aliança, Ellie deixou seus lamentos a Pandora e Arabella. Um canhão soou enquanto entravam no abrigo.

– Vão agonizar? – perguntou a Sarah, temerosa da previsão da assassina. Ellie não conseguia mais pensar nela como outra coisa, além de assassina. Embora tivesse sido ela quem soltou a flecha e embora Sarah tivesse feito o curativo em Sylvester. – Onde conseguiu a pomada?

– Na Cornucópia. Pensei em manter em segredo para caso vocês tentassem me matar enquanto dormia... – ela respondeu, e com uma pausa infeliz, continuou – Pelo jeito que o próximo canhão está demorando, a explosão não foi forte o suficiente para matar a todos, mas o fogo irá consumi-los caso não saíam de lá.

– Será que Pandora e Arabella sobreviveram?

– Há muitas chances. – ela concordou. – Mas se estiverem presas no entulho do armazém...


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Notas finais do capítulo

Adoro esse suspense...