Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 21
Rayseev Betschovick


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Rayseev Betschovick

Bastille - Things We Lost In Fire

Normalmente não se atrevia a ficar perto demais de Carreiristas, mas aquele menino estava mais afastado dos outros Carreiristas, talvez nem fizesse parte da Aliança. Em todo caso, Rayseev queria aprender a manusear as mãos para matar, pois não podia confiar em armas na Arena. Muitas vezes os Idealizadores não as disponibilizavam, e confiar em seus Patrocinadores estava fora de cogitação. Aquele menino era muito bom em achar pontos fracos em seus adversários, embora fosse pequeno e nem um pouco forte como seus oponentes. Rayseev era o próximo a confrontá-lo. Dois instrutores desmaiados, um imobilizado completamente, e outro quase morreu asfixiado.

– Boa luta, garoto – Aryon disse, se distanciando o suficiente. Rayseev tinha avaliado o estilo dele, embora fosse muito variado, ele tinha um certo nexo de movimentos. Aryon era um rapaz normal, embora viesse do Um, um Distrito com Academia. Não tinha participado de uma.

Quando sentiu que ele estava tomando fôlego para se concentrar, agiu. Aryon nunca atacava, preferia que seu oponente o fizesse. Rayseev também não gostava de começar os ataques, mas não queria demorar demais. Queria ser rápido e preciso. Sabia os pontos fracos dele, mesmo depois de ninguém conseguir atingi-los. Aryon era fácil de decifrar após seis lutas atentamente observadas.

Viu a brecha em Aryon. Ele era destro, logo preferia se defender com o braço direito, mas tecnicamente não sabia o que fazer com o esquerdo, e o usava para manter o equilíbrio. Rayseev voltou para a esquerda, segurando o braço esquerdo de Aryon e o puxando para baixo. O menino tentou agarrar seu pescoço com a mão, livre, mas Rayseev estava prevenido para aquela tática comum do garoto e levantou o braço desocupado para tirar Aryon de ação. Os dois foram para o chão, Rayseev por cima, Aryon por baixo. Aryon estava vermelho, ofegante, transparentemente afobado e desesperado. Seu cérebro não fazia mais ligações entre as coisas. Rayseev sorriu, as rédeas escorregaram de suas mãos e agora a luta estava sendo dirigida por ele.

Quando agarrou o pulso do braço esquerdo de Aryon e o cotovelo de seu braço direito, uniu os braços acima da cabeça do menino, e ele gemeu de dor. Não era tão flexível quanto outros Carreiristas, afinal ele era um jovem sem treinamento como todos os outros ali. Rayseev imobilizou-o quando conseguiu segurar os dois pulsos de Aryon com uma única mão, que era duas vezes maior que a fina e magra mão do garoto. Ele era tão pequeno que o próprio peso de Rayseev deveria estar esmagando seus pulmões. Quando, enfim, notou que a luta estava vencida, sentiu que escorregava com os joelhos para o peito de Aryon, e ele estava com a boca aberta, respirando e guardando o máximo de ar que conseguia. Antes de pensar no que ele faria, sentiu a batida na nuca, e caiu para o lado, desorientado. Viu, com um vislumbre, que Aryon tinha erguido uma das pernas, como apoio, e a outra estava esticada, com o joelho alto. Embora não fosse flexível, a abertura foi fácil para ele pois Rayseev estava despreparado.

– Ótimo. – exclamou ele, se levantando e movendo os braços em círculos. – Você está bem?

Rayseev assentiu, embora sentisse uma leve tontura. Tentou levantar-se, mas quase caiu para o lado. Aryon o apoiou.

– Quer que eu te leve para a enfermaria?

– É só uma tontura. – respondeu.

– Entendo. Sabe, percebi que você estava observando-me. Avaliou meus atos e descobriu minhas fraquezas. – disse, normalmente, como se fosse fácil admitir que tinha fraquezas. Um Carreirista um tanto estranho na opinião de Rayseev. – É bom para avaliar os outros? – perguntou, e não esperou respostas. – Que tal uma aliança? Tem uma?

Rayseev congelou, e logo amoleceu.

– Não, por enquanto.

– Ótimo! Seria muito bom trabalhar com você na Arena. Seu nome é...?

– Rayseev.

– Diferente. O meu é Aryon. – o garoto sorriu, um tanto mais infantil do que deveria ser – Sabe, eu recusei aliança com os Carreiristas e com alguns outros tributos de Distritos menores...

– Distritos menores seriam do cinco para cima?

– Exato. Não me encare mal, mas na escola aprendi a chama-los de Distritos Menores, ou Inferiores. Voltando: Esses tributos que eu dispensei eram muito bons, melhores do que eu ou do que você. – Aryon falou. – Mas tinha noção disso e acreditavam em suas habilidades para vencer os Jogos. Autoconfiança. É veneno para certos momentos e uma benção para outros, mas prefiro acreditar na força do veneno. Você é um alvo fácil para qualquer um deles, e eu também seria. Mas eu não tenho confiança em mim. Sei o que posso fazer, mas não vou confiar inteiramente em mim. E você não confia inteiramente em você, tanto que me estudou para saber como me desarmar. Quero tributos assim ao mesmo lado, como você.

Rayseev assentiu. Aryon, de repente, se tornou alguém muito maduro. Talvez mais maduro que ele próprio, mas logo sorriu com seus dentes irregulares e ele viu novamente sua infantil forma de criança e concluiu que Aryon era uma espécie de mente madura presa num corpo de criança. Tecnicamente, o mesmo que a aliada de Pandora, Sarah.

Naquela noite, quando estava deitado na cama, olhando a TV e ouvindo os comentaristas oficiais dos Jogos comentando sobre cada Tributo e dando alguns detalhes sobre os treinos, imagens tiradas e entrevistas com alguns dos Idealizadores que observavam os treinos e os instrutores, percebeu que a porta de seu quarto se abria lentamente, e quando o nariz de Pandora surgiu na porta, ele sorriu e a chamou com um gesto de mão. A garota entrou, sorridente.

– Então arranjou Aliança? – ela perguntou, se sentando ao seu lado na cama.

– Sim.

– Fico feliz por isso, Ray, não estará tão sozinho, não é? – e sorriu, radiante.

O peito de Rayseev congelou e então se derreteu. Ah, merda de amor.

– E sua aliança? - perguntou, tentando evitar olhar seu sorriso tão caloroso.

– Sarah adicionou um membro hoje, Ellie, do Distrito 5. – Pandora contou.

– Interessante... E essa menina tem alguma habilidade especial para despertar o interesse de Sarah?

Pandora riu, entendendo o ponto em que Rayseev queria chegar.

– Ela é boa com arco e flecha.

Ray assentiu, sentando-se na cama, e então desligando a TV. Pandora era bonita naturalmente, mas estava usando seu pijama de seda, um tecido fino e leve, que deixava seus seios pequenos e firmes mais salientes do que normalmente ficariam. E ela usava uma bermuda curta nas pernas longas e finas que deixavam a pele em marrom-clara a mostra. Seus braços com os pelos pretos e grossos, que ela não permitira que cortassem... Rayseev adorava tudo.

– Você quer conversar sobre algo? – ela perguntou, quebrando o silêncio. Rayseev percebeu que tinha se perdido em seus devaneios novamente. – Por que não me conta sua vida? O que fazia antes dos Jogos?

– Colhia café numa fazenda de grãos. – ele informou, sem interesse.

– Eu também colhia em uma fazenda de café, mas era em um pomar de laranjas. O cheiro era tão bom, e as folhas cobriam o Sol. Subir nas árvores era fácil e acho que é por isso que consigo escalar tão bem.

– Meu peso não deixaria que eu subisse em árvores muito fracas. – ele comentou, olhando os braços grossos e as canelas finas. Embora fosse alto e forte, era magrelo e tinha pernas finas, como as de Pandora. E mesmo assim era pesado.

– Você tem alguma família? – perguntou ela.

Rayseev lembrou de sua irmã cega, das gêmeas, da mãe em depressão, de sua tia... e de Craig. Suspirou profundamente e fechou os olhos, se concentrando. Abriu a boca:

– Eu fui o terceiro entre cinco filhos. Minha irmã mais velha nasceu cega e não podia trabalhar. Meu irmão mais velho era trabalhador e logo foi para a fazenda da qual falei. As gêmeas eram ainda bebezinhos quando eu também fui trabalhar, elas ainda nem têm idade para a Colheita... Minha mãe é mãe solteira, e trabalhava também. Mas quando Craig e papai morreram em períodos tão próximos... Entrou em depressão e parou de trabalhar. Como único homem, tive de trazer o sustento, junto com uma tia que nos ajudava... Mesmo assim eu nunca poderei pagar minha dívida. Mesmo que ganhe os Jogos e leve todo o dinheiro para eles.

– Que dívida grande é essa que fez?

– Eu... – Rayseev respirou fundo, sentindo náuseas e logo os olhos marejados – Eu matei meu irmão.

Pandora o encarou, e então se moveu surpresa para trás.

– Por favor! Eu não quis! Eu juro, eu nunca quis isso. Mas... Ele se colocou na minha frente, e me empurrou, quando eu vi... Já estava na Praça... – Rayseev colocou a mão sobre o nariz, tentando evitar as lágrimas.

Pandora se levantou. Ótimo, ela vai embora, nunca mais vai falar comigo e eu irei me culpar eternamente por ter matado meu único irmão. E uma ponta de esperança invadiu seu peito quando a sombra dela se aproximou da cama, mas quando a porta se fechou secamente e ele compreendeu que ela estava correndo para longe, seu peito se fechou. Olhou ao redor. Estava sozinho. Como sempre estivera desde a morte de Craig.

Fechou os olhos, sentindo mais lágrimas escorrerem quentes por seu rosto e logo, quando uma toalha úmida e quente tocou sua testa, pensou que estaria suando e com febre, mas ao abrir os cílios, viu Pandora com os dois mentores, e eles estavam observando-o. Rayseev os ignorou, voltando seus olhos para a garota, que limpava seu rosto das lágrimas. Sorriu, que idiota. Então a segurou, com as mãos grossas desenhando seu queixo e seus lábios, e quando a puxou levemente para si, ela veio, e continuou se inclinando, sem resistência. E logo, o segurou também. Rayseev a alojou em seu peito, sentindo-a quente como o Sol, e o abraçando. Queria beijá-la. Queria segurá-la assim para sempre. Não podia acreditar que tinha se apaixonado justo agora, e justo por ela. Sabia que jamais pararia de amá-la. Pandora era o tipo de pessoa que qualquer um amaria, e por isso, ninguém a deixaria.

Lá, naquele quarto, com os mentores ao lado da cama, e Pandora em seus braços, Rayseev jurou amor eterno. Pobre coitado.


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Notas finais do capítulo

o/ Adoro romances onde não rola beijo nem coisas melosas, mas apenas o desejo de algo que não se há coragem de fazer. E, claro, quem não gosta de um amor não correspondido? :D Beijos e hoje eu prometo fazer mais um. Talvez até um extra comemorando os 200 reviws da Fanfic!