Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 18
Pandora Saritovi


Notas iniciais do capítulo

E ai você percebe que a autora está super shippando os tributos quando coloca dois capítulos deles... Haha. Boa leitura.
Obs: Eu escolhi a música me baseando na letra, então leiam a letra por favor.
Obs²: Eu adoro a parte do violino pois quero tocar um dia! (Ainda estou treinando, haha).



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Pandora Saritovi

Pandora Hearts - Parallel Hearts

Pandora abraçou o travesseiro, enquanto os lençóis se enrolavam em suas pernas e os braços apertavam-se, os dedos inquietos, enrolando-se nos pelos do braço, que não deixou que sua equipe de preparação aparassem. Se encolheu, voltando a ser criança. As lágrimas escorreram dos olhos até o colchão, formando manchas pequenas. Chiou, tentando evitar sons desnecessários. Ninguém precisava saber.

Não queria morrer. Queria viver o suficiente para pensar “Agora já está bom”. Enrolou-se mais ainda nas cobertas, tentando se esconder do mundo e do que o futuro lhe trazia. Os Jogos Vorazes nunca se mostraram tão assustadores. Pandora tinha treinado algumas vezes sozinha, junto com Goldy, para se fossem sorteadas, coisas amadoras. Goldy possuía um péssimo senso de coordenação motora e quando foi sorteada... Pandora não pensou duas vezes. Não deixaria sua gêmea morrer, ela iria para os Jogos trazer uma vida melhor para a família pois tinha mais chances. Mas nunca pensou no outro lado da moeda. A morte. O fim de tudo. O fim de todos os seus sentimentos, de tudo o que era. Odiaria que Goldy morresse, pois assim ela não poderia mais amar Pandora, pois seus sentimentos voltariam para as cinzas e não existiriam mais.

Quando notou, um fraco feixe de luz inundou a escuridão do quarto. Era o Sol, nascendo por trás dos edifícios da Capital. Ele iluminava tudo, jogando sua luz e deixando que as cores vibrantes dos edifícios colorissem o céu, como um arco-íris. Ela ainda estava deitada, apenas observando enquanto o astro se movia lentamente para cima. Sabia que minutos se passavam, mas ela não se importava. Poderia ficar deitada na cama para sempre, e adoraria isso. Talvez, se se machucasse... Não, com certeza não. A Capital arrumaria um jeito de transformá-la em uma Pandora novinha em folha.

Quando já tinham se passado horas desde o nascer do Sol, a porta se abriu com um ruído e ela se segurou para não pular de susto. Era uma avox, depositando uma troca de roupa na cadeira próxima a cama. Pandora se levantou, olhando-a de lado. Era uma garota, de longos cabelos negros e olhos azuis vívidos. Ela tinha os lábios costurados com uma linha grossa e negra, a pele branquíssima e os lábios azulados. A avox sustentou seu olhar, com os olhos mortos que tinha estampados no rosto.

– Você sabe o quanto tem sorte? – ela perguntou, enquanto levantava os lençóis e os desenrolava das pernas. – Apenas perdeu a fala... Eu perderei minha vida e tudo o que sou.

A menina não expressou qualquer sinal de que tivesse ao menos ouvido seu murmúrio, mas quando Pandora pensou que ela tinha se tornado uma estátua, virou-se completamente e se ajoelhou aos pés da cama, tocando levemente as bochechas dela, onde as lágrimas tinham secado, e então com os lábios imóveis, se inclinou, beijando-lhe a testa. Foi um beijo de fios grossos, lábios ressecados e duros. Mas quando Pandora a viu saindo pela porta do quarto, percebeu que foi o beijo mais consolador e sentimental que já recebera. Olhou para as roupas na cadeira e balançou a cabeça.

Vestiu-se com o uniforme que tinham enviado e se adiantou para a copa do apartamento, onde as avox ainda serviam a mesa e ninguém tinha se levantado. Passou sem olhá-las, nem mesmo para procurar a avox de antes, ela se direcionou para os elevadores, apertando os botões todos de uma vez, na esperança de algum já estar esperando. Batia os pés impacientemente no chão, com os braços cruzados sobre os seios que ainda tinham o que crescer. Quando ouviu o elevador começar a se mover para ir busca-la, ficou impaciente. Vamos, venha logo, seu lerdo! Mas ele parecia não ouvir seus pensamentos. Quando estava prestes a desistir e procurar as escadas, sentiu uma mão pesada e grossa, calorosa e calejada, caindo sobre seu ombro.

– Onde está indo? – perguntou Rayseev ao pé do ouvido.

Os pelos de seu braço se eriçaram, não esperava que alguém a visse. Relutante, se virou para encará-lo.

– Onde mais iria? Estou indo para as salas de treinos.

– Acho que ninguém estará lá para te ensinar. – Ray sorriu, como sempre, gentil.

– Eu só quero uma espada grande o suficiente para entrar no meu coração e estraçalhar ele.

– Ah, não seja dramática – ele riu de leve, enquanto dava um passo em frente, em direção ao elevador – Eu vou com você.

Ela fungou, emburrada, entrando no elevador também.

– Não recomendo que veja minha adorável morte.

– Eu vou para te impedir – Rayseev se encostou na parede do elevador, charmoso como sempre. Sua pele negra brilhava de oleosidade, mostrando que tinha suado de noite. Os músculos dos braços cruzados estavam sobressaindo pela roupa fina do pijama que não tinha tirado. Desviou os olhos para outro lado, ruborizada.

Ele tinha mãos grandes e quentes. Sorriu, e eram calejadas e grossas por causa dos trabalhos nos campos, assim como as dela. Se obrigou a apertar o botão que os levariam para o subsolo, onde as salas de treino estavam. O som do elevador descendo era irritante, mas o assovio despreocupado de Rayseev era mais ainda.

– Você já pensou em como iremos morrer? – ela perguntou – Tanto eu quanto você. Pra você sair de lá, terá de me ver morrer. Pra mim sair, a mesma coisa com você. – então engoliu em seco, sentindo-se tremendamente boba – E eu não quero morrer.

– Nem eu. – Ray concordou, enquanto olhava para os números dos andares passando por eles, enquanto desciam. – Mas vai ter de ser assim. Vinte e três morrerão.

– E se não morrerem? E se todos simplesmente não se matassem?

– Então seriamos atacados por bestantes, até que um ficasse vivo – Ray respondeu, simples.

– Mas... E se todos então se matassem, sem vitorioso?

– Então os Jogos acabariam e no ano que vem haveria outro, com uma pena de mortalidade muito mais rígida do que a de hoje. – ele mostrou um sorriso cansado. – não tem como nos livrarmos disso, Pan.

Ela se curvou, sentindo os ombros tremendo. Por que não podia simplesmente fazer algo para mudar tudo aquilo? Acabar com os Jogos de uma vez, provocar uma Revolta... Ela queria fazer algo para ajudar seus Distritos, seu povo, Goldy. Quando estava prestes a morder os lábios para evitar as lágrimas, sentiu-se puxada e logo estava num abraço doloroso de Rayseev. Ele a envolvia com força, de fazer seus braços doerem ao lado do corpo, mas mesmo assim confortável e caloroso. Consolador. Quase desejável.

Pandora se fez sorte, sem devolver-lhe o abraço e sem chorar. Era impossível se soltar, afinal Ray era muitas vezes mais fortes e seus braços estavam imobilizados, mas quando ele a soltou, apenas se distanciou e voltou a se encostar na parede do elevador, até que a porta se abriu. Pandora não disse nada sobre isto, até porque ainda absorvia tudo. Quando saiu para a sala de treinos, se obrigou a lembrar o que tinha vindo fazer ali, sem sucesso. Quando ouviu o som de lâminas se chocando e de gritos, percebeu que não eram os únicos ali embaixo. Se agacharam ao lado de caixas com pesos e observaram. Garotos e garotas se enfrentavam, rindo e fazendo piadas do tipo “Sua espada está meio enferrujada” e “Que força de menina, hein?”.

Carreiristas. – sussurrou Rayseev, enquanto olhava para eles. Pandora o observou. Estava próximo demais, assim como antes para abraça-la. Ele era bonito a seu modo, com a cabeça raspada para facilitar no trabalho sobre o Sol escaldante do Distrito Onze. Mas os olhos eram o melhor. Tinham um mistério, como se prometessem guardar um segredo. Negros, tão negros que pareciam conter tudo e ao mesmo tempo serem vazios. Agora brilhavam por baixo dos cílios pretos.

– Estão treinando? – ela perguntou, algo óbvio, mas Ray não fez piadas, apenas assentiu. – Até mesmo eles acham que têm de treinar mais.

– Estão se avaliando. Observando as falhas um dos outros. Os Carreiristas sabem que terão de se matar uma hora, e o melhor nisso de se fazer uma Aliança é que você acaba conhecendo mais os erros e falhas de seu oponente.

– Inteligente – ela teve de concordar. – São... – contou mentalmente – Três meninas e dois meninos.

– Se me lembro bem, são os dois do Quatro, os dois do Um e a menina do Dois.

Pandora não respondeu, e depois de algum tempo já olhando para os Carreiristas, ela se arrastou para longe das caixas, de volta ao elevador, que continuava de portas abertas.

– Vamos embora, não tem como treinarmos aqui. – ela o chamou.

– Não – Rayseev se inclinou mais sobre as caixas, movendo –as alguns segundos a frente. Pandora ficou apavorada, temendo que os Carreiristas ouvissem, mas estavam longe demais e por sorte não ouviram. – Quero observá-los.

Ela entendeu. Rayseev queria ver quais eram seus defeitos e suas falhas. Era inteligente de sua parte, mas Pandora ainda não podia concordar totalmente. E se os pegassem ali? Como ficariam? Na lista negra dos Carreiristas, com certeza, e isso não era coisa boa. Enquanto se obrigava a voltar para o lado de Ray, ela sentiu como se algo passasse por cima de sua cabeça, um vulto talvez. Se sentiu observada, mas não pelos Carreiristas.

Os pelos de seus braços se eriçaram.

Não esperava encontra-la aqui. – ouviu a voz fina e suave, ao mesmo tempo baixa num sussurro, falando ao pé de seu ouvido.

Se virou para Ray, ele parecia não ter ouvido nada, continuava a olhar para os Carreiristas, mas quando voltou a cabeça para o lado oposto, teve de segurar um grito de terror. Sarah sorriu, quase inocente, enquanto descia da parede, onde tinha escalado e provavelmente ido pelo teto até onde os Carreiristas estavam. Estava observando-os a tempos e mesmo a distância percebeu a aproximação dela e de Ray. Quanto mais tempo passava com Sarah, mais medo tinha dela.

– Eu digo o mesmo – tentou não falhar a voz, chamando a atenção de Rayseev, que olhou dela para Sarah e então deu de ombros, voltando a ver os Carreiristas.

Sarah riu fraco esse inclinou sobre as caixas.

– É um belo ponto para observar, mas lá em cima é melhor – ela indicou o teto, onde uma rede grossa e preta se estendia por todo o teto da sala de treinos, onde Sarah tinha se segurado. – Você era colhedora, não? Sabe escalar árvores?

– Sei – Pandora concordou, relutante.

– Então venha comigo. – a pequena subiu pela parede, como se fosse simples, colocando os pés e as mãos nas falhas da parede da sala de treinos. Pandora olhou para Rayseev, que estava mais interessado nos Carreiristas, e seguiu o caminho que Sarah tinha feito, usando as mesmas pedras. Percebeu que não tinha perdido a prática, ainda conseguia subir e encontrar lugares de apoio facilmente. Ao chegar nas amarras no teto, se sentou nelas e olhou para Sarah, que engatinhava e direção aos Carreiristas. Elas estavam mesmo fazendo isso? Se alguém as visse...

Mas continuou, tomando cuidado para não se prender e algumas partes das amarras. Quando já estavam bem perto do grupo, Sarah se virou para vê-la e indicou um lugar acima da cabeça de todos, onde engatinhou até e se deitou sobre as amarras, encaixando o rosto em uma das aberturas. Pandora respirou fundo, sentindo o sangue zunir nos ouvidos. Coragem! Foi até Sarah e se deitou ao seu lado.

É mais corajosa do que pensei. – Sarah sussurrou, fazendo com que Pandora tivesse um mini ataque cardíaco. Como ela ousava conversar bem em cima das cabeças dos Carreiristas? – Será mais útil do que esperava.

Pandora assentiu, trêmula, enquanto voltava a observá-los. Voltou a cabeça para onde Rayseev estava, e ele ainda não havia notado-as ali em cima.

Sarah se levantou, engatinhando para longe deles, e Pandora a seguiu. O tempo todo olhou para baixo, temendo que aqueles mortais tributos as vissem, mas não aconteceu. Quando desceram pela parede e chegaram ao lado de Ray novamente, ele ergueu os olhos para as duas e se levantou.

– Vamos embora, Pan, temos de tomar o café da manhã.

Pandora assentiu, enquanto o seguia e acenava para Sarah, que sorriu para ela. Gentil como uma leoa. E então se jogou na parede, voltando a escalar. Quando as portas do elevador se fecharam, Pandora soltou um suspiro aliviado.

– Essa menina me assusta às vezes. – confessou.

– A mim também – Ray concordou, desinteressado e indiferente.

Permaneceram em silêncio no elevador, apenas com o ruído dele se movendo para cima. Talvez fosse vergonha do que tinha acontecido mais cedo no mesmo elevador, e realmente Pandora ainda ficava encabulada ao lembrar, mas... Se sentia ainda mais desconfortável naquele silêncio. Por fim, se esticou até o botão para parar o elevador e voltou-se para ele.

– Amigos?

– Como? – Rayseev não esperava por isso.

– Sem essa coisa de constrangimento e esse silêncio horroroso. Odeio ser ignorada, ainda mais por você.

Ele, se pudesse, teria ruborizado, pois seus olhos se desviaram e ele se mexeu desconfortável, mas respondeu:

– Claro.

Pandora sorriu, apertando o botão para o elevador voltar a subir. Não disseram mais nada, mas agora o silêncio era agradável, como um segundo abraço.

Pandora Saritovi


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! E a Aliança mais votada como a mais forte foi a Aliança Carreirista, por isso um dos membros da Aliança Vermelha MORRERA no primeiro dia de Jogos (isso não significa que será na Cornucópia, no Banho de Sangue, ou qualquer horário específico). Beijos da Meell e shippem muito PandoraxRayseev