Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 17
Rayseev Betschovick


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Rayseev Betschovick

Imagine Dragons - Radioactive

O começo nem sempre é o que queremos, principalmente com a história já em movimento, mas é aonde vamos parar quando falamos de Rayseev Betschovick. As pessoas são oprimidas pela Capital e são condenadas a uma vida de escravidão para sustenta-los. Mas nada se compara com a escravidão do Distrito 11. Os grãos. O Sol. A vida passa tão rápido diante de seus olhos enquanto se está colhendo aqueles grãos, debaixo do sol escaldante, castigando a pele. Não é raro trabalhadores morrerem de câncer ou de desidratação. Nesse meio, Rayseev nasceu com uma benção: Era negro. Resumidamente, seu corpo possuía mais melanina e por isso tinha mais proteção.

No Distrito 11 as pessoas eram como pássaros, e esses pássaros eram presos em gaiolas, sendo obrigados a cantar conforme seu mestre desejasse. Rayseev não consentia com isto. Não queria se tornar mais um escravo alienado da Capital, não queria viver sua vida, desperdiçar seus anos, para deixar aqueles idiotas em luxo. Ele nunca aceitou a vida que levavam no Distrito 11, mas isso não quer dizer que não se aliou a ela.

Foi num dia, quando a sorte praticamente fugiu dele. Nunca teve muita sorte, e isso veio de família, uma praga no sangue. Sua mãe se casou três vezes, todos os maridos mortos por “pegarem” frutas das cestas dos campos onde trabalhavam. Teve cinco filhos. A mais velha, do primeiro casamento, Rayseev e seu irmão, Craig, do segundo casamento e as gêmeas do último casamento. Craig e Rayseev eram muito parecidos, mas não gêmeos. Que maldita genética de merda, isso foi a perdição para eles.

Rayseev corria livremente pelos campos, burlando as cercas e explorando a floresta que se estendia, cheia de pomares e milharais, junto com seus amigos que também não concordavam com a vida do Onze. Craig nunca se atreveu a pensar em um dia burlar o trabalho. Era o mais velho e o responsável por trazer comida para casa, pois a primeira filha nascera cega e sem condições de trabalhar. Rayseev o odiava por isso. Ele era sempre correto, nunca pensava se o que faziam era certo ou errado, fazia as coisas pelo bem da família. Rayseev não podia nem mesmo olhá-lo enquanto ele pedia para o irmão parar com suas explorações. Mas ali estava: Um pássaro que tinha descoberto a liberdade, voado alto e se divertido com isso, ouvindo um pássaro ainda preso na gaiola, pedindo para ele voltar. Inimaginável.

Mas então, aconteceu. Durante uma de suas explorações, uma que durou até a noite, Rayseev e seu grupo de amigos foram pegos dentro de uma floresta de pomares, com mais cinco Pacificadores em busca de fugitivos do Distrito 12 que tinham sido vistos por ali. E é claro que seu azar de herança chamou os Pacificadores para onde Rayseev estava. Ele só correu, correu como nunca e não olhou para trás. Era rápido e conseguiu pular a cerca sem se prender nela. Quando caiu no chão de sua casa, as irmãs vieram levantá-lo e Craig apenas o encarou. “Te viram?”, perguntou, e com o silencio de Rayseev, obteve a resposta que já esperava. Naquela noite, em Praça Pública, todos os garotos que estavam com Rayseev foram mortos, e seus corpos permaneceram lá, apodrecendo, como aviso aos outros do Onze. E em um belo dia, sua herança novamente chamou um Pacificador que o reconheceu.

Rayseev foi levado para Praça Pública. Lá, Craig interveio numa luta corporal com o Pacificador que estava segurando seu irmão menor. E que desgraça! Craig empurrou Rayseev para longe do caminho e quando ele percebeu, Craig já estava lá, de joelhos, trêmulo, e com a nuca encostada na ponta de uma arma. Seu sangue se espalhou pela Praça, assim como foi com seus amigos. Aqueles vagabundos tinham confundido os dois, e agora Craig estava morto em seu lugar.

E ele era o homem da família, teria de sustentar. A mãe entrou em depressão. A irmã cega simplesmente começou a ignorá-lo e as gêmeas nem mesmo olhavam para ele, tentando evita-lo ao máximo. Rayseev se tornou responsável, sério e duro. Trabalho nos campos, debaixo do sol, colhendo grãos, um trabalho gratuito, para no final do dia buscar a ração humana que davam aos trabalhadores. Na visão do Distrito, ele se tornou um homem bom, uma pessoa com cabeça e responsável, maduro. Para ele, se tornou um escravo, teve de se curvar perante a Capital, para que sua família não sofresse o pior. Se curvou, como Craig tinha feito antes. Agora entendia o sentimento do irmão, de nem mesmo conseguir pensar em abandonar a vida de colhedor. Como iriam sobreviver sem a ração? Sem o trabalho? Mamãe, debilitada, a irmã cega e as gêmeas ainda pequenas demais para qualquer coisa... Mas já era tarde demais para dizer a Craig que ele tinha razão.

E então foi sorteado. Mas que desgraça familiar.

– Ray – Pandora estalou os dedos diante de seus olhos – Ray, está ai?

– Sim. – resmungou, piscando os olhos, retornando dentre os devaneios. – O que dizia mesmo?

– Acho que irei pedir Aliança para aquela baixinha ali – Pandora mostrou a pequena menina do Distrito 03 com o dedo. – Parece ser um bom partido.

– Sim, parece mesmo. – Ray concordou, lembrando-se da luta da garota contra o rapaz do 10. Ray não teve sorte, teve de lutar contra o rapaz do dois e isso o fez desmaiar em dois segundos. – Poderia pedir para mim também?

– Claro – Pandora sorriu, como era costumeiro. Uma moça extrovertida e muito carismática, amável e gentil. Deveria ser uma das preciosidades do Distrito Onze, alguém que ele só teve a oportunidade de conhecer ali, dentro dos Jogos.

Ele tinha optado por ficar sozinho, no começo, mas assim que começou a conversar com Pandora e a conhece-la, notou que seria impossível não se apegar às pessoas ao seu redor, tanto os mentores quanto os outros tributos. Quando chegaram no Hotel dos Tributos, querê-la por perto era mais comum do que conversar com seu mentor e discutir estratégias para os Patrocinadores. E Pandora simplesmente era um diamante que brilhava, sempre alegre e mostrando o lado bom da vida. Era o tipo de pessoa que desejava ser, que um dia foi, e que agora sentia saudades. Pandora era um pássaro solto, livre, e ele a invejava por isso, pois sabia como era a liberdade. O quanto era preciosa e o quanto seu preço era alto. Seus amigos, seu irmão. Tudo por sua culpa.

Rayseev treinou com as lutas corpo a corpo. Era eficiente, forte e resistente, tudo por causa do trabalho cansativo nos campos e suas aventuras. Pandora era tão flexível e forte quanto ele. Ela tinha sido colhedora também, e por isso seus músculos eram mais desenvolvidos. Ela conseguia combinar sua agilidade com os golpes de perna, que eram muito eficazes. Rayseev preferia usar as mãos pois não tinha um equilíbrio tão bom assim, mas Pandora conseguia saltar com graciosidade e cair como um gato, silenciosamente. Talvez seja isso que fez a pequena menina do Distrito 03 aceitar aliança com Pandora e com ele não. Não podia culpa-la, ele próprio não se via como alguém muito propenso a vitória.

– Eu queria tanto poder ter aliança com você. É uma pessoa tão legal... Mas não posso trocá-lo pela Sarah, entende, não?

– Claro – Rayseev sorriu, amarelado e tristonho, embora realmente entendesse. – Mas não se preocupe, dificilmente conseguirei sobreviver ao Banho de Sangue, mas se sobreviver e voltarmos a nos encontrar...

– Não vou te matar – Pandora disse antes dele completar a sentença. – Nem se pudesse, não mataria. É do Onze, não? É povo do meu povo. – e sorriu – E é meu amigo, certo?

Seu coração congelou, e então derreteu.

Não podia se apegar assim, não podia! Mas era impossível não se afeiçoar com Pandora. Ela era bonita, de pele mulata, cabelos volumosos, um rosto típico do Distrito 11. Alta, de corpo elástico. E tinha de admitir: Pandora lembrava-lhe a sua época de juventude, de irresponsabilidade, e a sensação de sempre reviver isso quando estava com ela era ótima.

– ...mas será que não é possível nem mesmo uma aliança com alguém do oito ou nove? Do doze...

– Ray não é muito popular, tanto com os tributos quanto com os Patrocinadores. Nem mesmo os comentaristas falam nele. – desculpou-se o mentor de Pandora, Boulivar.

– Mas nem mesmo alguma coisa para chamar atenção, uma surpresa, talvez se nós... Tentássemos... – ela insistiu.

– Compreendo sua vontade por ajudar Rayseev, mas... Eu não posso fazer nada, querida. Não é sempre que um tributo se destaca ou mesmo consegue aliança com alguém de fora... E além disso, sou seu mentor, e faço o que é melhor para você, não para ele.

– Você conhece Vínia, ela nem mesmo se importa com Rayseev! – Pandora se alterou, agora se curvando sobre a mesa, apontando o dedo para o nariz de seu mentor. – Ela vive em seu próprio mundo, prefere ficar perdida na Capital do que aqui no Hotel, ajudando.

– Não precisa se incomodar comigo, Pan... Eu já aceitei uma morte rápida e talvez dolorosa. – Rayseev sorriu, agora totalmente dentro da conversa. Tinha sido atacado pelos devaneios de novo e por isso perdeu metade da discussão.

– Não, você não pode aceitar! – ela gritou com ele.

Ray a encarou, enquanto permanecia em silêncio, e Pandora continuava a fuzila-lo com seus olhos amendoados. Por fim, caiu na gargalhada. Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa, mas então abriu um sorriso fraco, e logo riu de leve. Alguns minutos depois estava rindo com ele.

– Não se preocupe comigo. Não tanto assim.

Ela mostrou um sorriso tristonho e assentiu, enquanto deixava a sala. O mentor de Pandora se remexeu. Ele e Rayseev nunca tinham se dado muito bem.

– Pare de se envolver com ela – pediu, educadamente, enquanto se levantava – As mulheres se apegam mais rápido e mais firme.

E o deixou. Rayseev apenas suspirou profundamente e soltou uma risada sarcástica, tentando voltar pra seus devaneios, sem sucesso. Era impossível sem ela.


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Notas finais do capítulo

Ai você descobre que a leitora não shippa SarahxAryon, SapphirexViktor, mas sim PandoraxRayseev. :3 Que amor, hahahahaha. MANDEM REVIWS! FAVORITEM! RECOMENDEM (só se eu merecer e,e')