Presos no Walmart escrita por Lua


Capítulo 3
As pazes


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo, mas muito tempo... Muito tempo mesmo... Cá estou eu com o capítulo final deste Seddie.
Boa leitura.



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Eu olhei atônita.
– Qual o seu problema? - Falei quase num sussurro furioso.
– Sam? O quê? - Ele perguntou visivelmente confuso.
– Porra, Freddye, você acha que pode chegar dando uma de herói no meio desse caos terrorista, querendo me manter bem e ainda por cima acha que pode dizer que me ama? Que merda você tá pensando? - Despejei raivosa. - Que eu vou dizer que te amo também?
– Sam... - Ele começou a dizer assustado com minha explosão.
– Sam o caralho! Se você tem amnésia eu me lembro muito bem do que aconteceu pra eu te odiar, Benson. Você é um grande mentiroso, idiota, imbecil do inferno. Você devia ter ficado na droga da sua faculdade de gente rica. Que se foda que o mundo tá acabando você não vai ter nada de mim outra vez.
Ele me olhava magoado e confuso.
– Será que dá pra parar de me atacar e me dizer, por favor, o que eu fiz? - Ele pediu.
– VOCÊ FEZ A FESTA PORQUE A CARLY TE BEIJOU!
E a nuvem de confusão dispersou-se do seu rosto. Veio uma chuva de arrependimentos.
– Eu não sei o que posso te falar que explique aquilo. Nem eu sei explicar aquilo pra mim mesmo e qualquer justificativa me parece ridícula e sonsa... - Ele disse. - Mas eu não posso deixar de te pedir: me perdoa? Porque o que eu disse a pouco foi sincero.
Olhei naqueles olhos marrons que me atormentaram em tantos sonhos e percebi neles um cansaço profundo. De carregar aquele dia nas costas, tanto quanto eu.
– Acontece que o que eu disse também foi sincero. - Respondi e dei-lhe as costas.
Pela primeira vez no dia eu não estava com fome e ao invés de ir ao setor alimentício, fui para o de eletrodomésticos. Olhei pra trás algumas vezes conferindo a total ausência do garoto por quem me apaixonei na adolescência. Televisores e notebooks me pareciam agora em luto pelo programa que juntara todos nós. Relógios apontavam 11:38min. As lágrimas vieram fortes e gordas. Pesadas. Minha mãe finalmente fora embora com um namorado, mas eu não senti sua falta. Me criei basicamente sozinha e soube me virar muito bem. O amigo que ficou mais perto foi Gibby e onde ele estaria agora? Carly não mandava nem mesmo emails com frequência. Freddye se fora para estudar longe. As lembranças que antes pareciam mortas lhe sussurravam de telas escuras. Gibby sujo de comida em um dos programas, dança maluca, o Vitamina da Hora, o diretor do colégio e suas detenções, a feira em que beijei Freddie... O quarto de Carly com aparato de pesca e seu aparelho para roncos, o sofá da sala e Celebridades Embaixo Dágua. As esculturas de Spencer e seu problema com fogo. O elevador...
– Sam...
Sua voz me fez pensar em todas as vezes que estivemos juntos. Só nós dois. Aquilo tinha sido real, eu tinha certeza. Como ele pôde beijar a Carly então?
– Sam. - Ele estava mais perto. - Me escuta, por favor. Quando pedi pra voltar com você eu estava sendo sincero. Eu te amava e amo. Mas antes eu não estava pronto pra você. Prova disso foi meu ego masculino. Comemorei por ter beijado a Carly e ela me beijou pra colocar um fim naquela história. Foi um ponto final pra nós dois.
"E mesmo sem saber que você tinha visto aquele erro meu, eu me senti mal. Eu sabia que não te merecia. Então eu decidi me afastar de você. Com a sua negativa pelo telefone eu achei que você seguiria em frente. Eu devia ter conversado com você. Enquanto eu estava longe eu continuei te amando. Acompanhando teu crescimento no restaurante. Eu te amei, Sam. E sei que você não precisa de mim, mas se você ficar comigo eu vou te fazer sorrir todos os dias, cuidar pra que essas lágrimas não embalem teu sono. E se tudo acabar aqui... Sammy, se você ficar comigo agora, eu juro que serão os melhores minutos da minha vida. Porque você é tudo que eu preciso. Me perdoa?"
Eu ainda chorava, surpresa pela torrente de palavras. Virei pra ele que me olhava atentamente.
– Freddie, se forem nossos últimos minutos... O que gostaria de fazer?
– Isso. - E andando depressa, me segurou pela cintura e me beijou intensamente.
Algum tempo depois ele me soltou e olhou nos meus olhos buscando uma resposta.
– Desculpe pelo que eu disse. Eu te odeio mesmo. Mas amo muito mais. - Era tudo o que eu poderia dizer. Ele era bom com as palavras e não eu.
Mas ele entendeu perfeitamente. Eram 11:50min.
– Talvez sejam nossos últimos dez minutos, Sammy. Acho que as circunstâncias justificam meu pedido.
– Que pedido? - Perguntei confusa por já tê-lo perdoado.
Ele me abraçou forte, segurou meu rosto com uma mão e continuou me apertando com a outra.
– Quer casar comigo?
Eu o olhava literalmente sem ar. Ele sorriu, e eu tinha um sorriso enorme no rosto e não tinha percebi. Enlacei seu pescoço com força e o beijei selvagemente.
– Sim, eu quero.

Então nos beijamos. E beijamos e beijamos sem pensar que os Estados Unidos pudessem estar ruindo ante sua mania de grandeza. Porque naquele instante, naquele exato instante em que os cinqüenta e nove minutos no relógio digital da prateleira zeraram para o meio dia muita coisa aconteceu.
Nos esmagamos num abraço de amor inteiro, não havia nada que nos separasse, não havia briga, não havia alianças, mas éramos marido e mulher, não havia planos, mas havia o agora e ele estava naquele abraço. A porta da frente foi jogada longe por uma explosão ensurdecedora, mas Freddie nem sequer se assustou, me abraçou e enfiou o rosto nos meus cabelos, dizendo tudo o que eu precisava pra ter paz no meio do fim do mundo.
– Te amo, Sammy.
– Te amo, Fred. - Respondi com a boca colada no seu ouvido.
Os olhos fechados me impediram de ver, mas os ouvidos reconheceram o barulho de passos e gritos arruaceiros.
Uma garota punk cheia de piercings portando um baseado aproximou-se correndo e Fred se pôs na minha frente. Alcancei o canivete na bolsa rápido. Poderia morrer por um ataque terrorista, mas não nas mãos de uma punkzinha qualquer. Mas as intenções dela não eram violentas. Ela ofegou um pouco parada a poucos metros e depois de recuperar-se um pouco nos disse:
– Era um blefe. Foi tudo um golpe de um racker chamado Nevel Papperman. Ele conseguiu apagar o país inteiro, mesmo o pentágono. Prenderam ele, claro. - Ela ria daquilo como se fosse a maior piada do mundo enquanto Fred boquiaberto mirava a garota. - As pessoas estão aproveitando a anarquia momentânea. Está um caos lá fora. É como o fim do mundo.
Ela se afastou sorrindo alucinada.
– Nevel? - Perguntou Freddie ainda em seu estado de choque.
– Ela talvez estivesse drogada. Vamos sair daqui, Fred. - Segurei sua mão e antes de dar um passo ele me interrompeu.
– Ainda aceita o meu pedido? Porque se disser que sim, e quando instaurar em alguma ordem nesse caos, vai ter que me aguentar pela vida inteira.
– Acho que posso lidar com isso. Eu ainda tenho minha meia de manteiga. Me lembre de agradecer ao Nevel. - E dito isto, o beijei. O primeiro beijo de outra parte de nossas vidas.


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Notas finais do capítulo

*-*
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