Depois de deixar-me cair naquele abismo, a única coisa que me passava pela cabeça era ele, o meu melhor amigo e aquele que eu amei desde pequeno.

“Eu te amo” – minhas ultimas palavra à ele. Como eu queria ter as dito antes, muito antes, quem sabe assim eu teria conseguido controlar essa parte obscura que habita dentro de mim.

Senti o impacto do meu corpo com a água, mas foi menos doloroso que achei que seria, e perdi a consciência em seguida.

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– Takeru. - Tsukito me chamou. – Ali. – apontou para o precipício, me virei a tempo de ver o corpo de Balder caindo na água. Comecei a correr, e quando consegui mergulhei. Fui nadando até o ponto que tinha o visto cair, e voltei pra baixo d’água nadando em direção ao fundo, até que o vi desmaiado, indo cada vez mais fundo.

Consegui com muito esforço fazer com que a água me desse um pouco mais de impulso e finalmente consegui o alcançar, e o puxei para cima o mais rápido que consegui.

Quando, enfim alcancei a margem o deitei na areia, e vi que Loki e Thor vinham correndo em nossa direção, não dei atenção e comecei a checar se Balder ainda estava vivo.

Seu pulso tinha pulsão e seu coração ainda batia, mas o que me preocupou foi o fato dele não respirar. Comecei uma massagem cardíaca, que não surtia efeito algum, até que Thor sugeriu que alguém deveria tentar fazer respiração boca-a-boca, logo sendo acatado por Loki.

– Eu vou tentar. – disse e se ajoelhou ao meu lado. – Continue com isso. – pediu. E assenti que sim.

Ele recolheu o máximo de ar que consegui e se curvou até o rosto do loiro, tapando seu nariz e mandando para dentro do mesmo todo ar que conseguiu, levantando em seguida mantendo os olhos no amigo desmaiado.

Continuei com a manobra de antes, tentando salvar aquele que se tornou nosso amigo.

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– Balder. – chamei. – Balder, você não pode morrer. – sussurrei. Enchi novamente meus pulmões de ar e o mandei para dentro da boca dele ao passo que Takeru continuava com a massagem cardíaca. Mas não adiantava, ele não acordava e eu já estava ficando desesperado.

Era o meu Balder ali, o meu melhor amigo, aquele único que não me rejeitava, que deveria ficar sempre ao meu lado, que prometeu isso. Era aquele a quem eu comecei a amar no passar dos anos, aquele que eu não conseguiria viver sem.

Refiz o movimento, e mandei mais ar para dentro dele. Sentia as lágrimas se acumularem em meus olhos. Mas eu não iria desistir, eu tinha que salvá-lo ao menos uma vez.

– Balder! – gritei. Já não suportando mais. Ele não acordava! As lágrimas começaram a cair, deslizando sobre meu rosto e caindo para o dele. Ele precisava acordar. Eu não teria sentido sem ele.

– Continue Loki. – Takeru falou e eu rapidamente refiz. Foram necessárias mais algumas manobras de ambos, até que conseguimos o fazer respirar novamente, depois de tossir muito ele conseguia respirar com um pouco de dificuldade, mas ainda estava vivo, mesmo ainda estando desmaiado.

Levantei-me e o peguei em meu colo.

– Obrigado Takeru, se não fosse por você ele teria morrido, eu não conseguiria salvá-lo. – agradeci e comecei a andar em direção ao prédio do instituto. Se pudesse teria corrido, mas com o loiro em meus braços eu tinha medo de derrubá-lo, ou de fazer qualquer movimento brusco e o acordar.

Após cerca de dez minutos eu já tinha conseguido alcançar as instalações do prédio e agora quase corria para a enfermaria. Eu precisava me certificar do porque ele não acordou ainda. Sentia as lágrimas voltando novamente aos meus olhos e estava ficando com a visão turva, parei e o arrumei em meu colo limpando os olhos em seguida e comecei a correr, o desespero era maior que o medo.

– Eu preciso de ajuda. – gritei assim que abri a porta e o coloquei suavemente na cama, retirando as roupas molhadas o mais depressa que consegui e então o coloquei debaixo dos cobertores, ele estava gelado e seu corpo tremia mesmo que pouco.

Não sei de onde a enfermeira surgiu, mas pediu para que eu me retirasse do quarto, insisti para que pudesse ficar, mas nada feito, ela realmente me chutou para fora.

E agora, ela estava lá dentro, há quase uma hora, e não tinha me dado noticias nenhuma. Depois de esmurrar a porta algumas vezes me deixei levar e sentei-me do outro lado do corredor em frente à porta, apoiado na parede e com os olhos fixos para o sinal de qualquer movimento.

– Loki. – Thor me chamou.

– O que foi? – perguntei.

– Você precisa trocar de roupa essa está molhada. – respondeu se sentando ao meu lado. – O que faremos agora? – perguntou.

– Eu não sei. Mas eu não consigo matá-lo. Espero que consigamos achar outro jeito. Minha existência sem a dele não teria sentido algum. – sussurrei.

– Eu sei que não conseguiria. E mesmo se conseguisse, não o faria, não é?

– Provavelmente não, ele é importante demais para mim. E mesmo que matá-lo fosse o único jeito de salvá-lo dele mesmo, eu seria egoísta o bastante para não o fazer.

– Mesmo que isso significasse o fim de tudo?

– Mesmo que significasse o fim de tudo, eu preferiria ser morto por ele, a o matar.

– Entendo. Mas do mesmo jeito, você tem de trocar de roupa, ou acha que você não ficará doente se não o fizer?

– Mas... – comecei.

– Mas nada. – interrompeu. – Como você pretende cuidar e ajudar ele se você não conseguir nem se mexer?

– Tudo bem. Eu vou. – concordei me levantando e corri pelo corredor até o quarto.

Cheguei lá rapidamente, e corri trocar de roupa, nem me dei o trabalho de escolher, peguei a primeira que achei e substitui a que estava pela seca. E voltei correndo novamente até a enfermaria, quando cheguei lá a enfermeira estava conversando com Thor, me dirigi rapidamente até os dois.

– Como ele está? – interroguei rapidamente. – Posso vê-lo?

– Acalme-se Loki. – Thor me chamou a atenção, o olhei com uma cara emburrada e ele rodou os olhos.

– Ele está bem, e sim pode vê-lo. – respondeu, e eu entrei no quarto sem dizer mais nada.

Ele estava deitado com o rosto virado para o lado oposto a mim. Aproximei-me da cama e me apoiei na mesma para me certificar que ele não estava dormindo.

– Como você está? – perguntei o fitando.

– Por mim estaria morto. Mas parece que meus planos não deram certo, e eu estou bem. – respondeu fingindo indignação

– Que bom que eles não deram certo. – sorri e ele me olhou sorrindo, mas logo entristeceu a expressão novamente.

– Mas isso põe em risco todos vocês Loki. – disse desviando o olhar. – E se eu não conseguir controlar? Você sabe o que aconteceria.

– Se isso acontecer eu vou estar lá para fazer você voltar, como eu sempre fiz. – garanti e me sentei ao lado dele na cama.

– Mas eu não quero mais te machucar. Você é importante demais para que eu o machuque. – sussurrou e vi que seus olhos começavam a marejar.

– Você sempre me salvou independente se iria ou não se machucar, agora eu vou salvá-lo. – sussurrei e sequei seus olhos.

– Eu quero poder controlar esse meu outro lado. Mas eu não sei como.

– Eu sei, você tem que entender como funcionam os sentimentos do coração humanos, por isso você foi mandado para cá. – contei.

– Mas como eu vou fazer isso? Eu não consigo nem me entender! – exclamou.

– Eu posso te ajudar nisso. – sorri de canto. – Até porque se você tentar se matar novamente, você vai estar colocando um fim no meu motivo de existência, e então estaria me matando junto com você. – confessei.

– C-c-como assim Loki? – perguntou com os olhos arregalados.

– Eu amo você Balder. E você é só meu, para sempre. – respondi e acariciei seu rosto me aproximando calmamente.

– Loki... – murmurou e corou. Abri meu sorriso e fiquei a milímetros da boca dele. O olhando fixamente nos olhos.

– Para sempre Balder, eu vou estar sempre com você. – falei e selei nossos lábios começando um beijo calmo e que por mim poderia durar a eternidade. Levei ambas as mãos para o meio do cabelo dele e o puxei para mais perto, enquanto sentia ele segurar minha camisa com força.

Me afastei lentamente, aproveitando cada pequeno contato que conseguia captar. Dei um pequeno beijo no canto de seus lábios e me afastei um pouco mais para poder o olhar.

– Eu te amo Loki. – falou abaixando o olhar. – Me desculpe por não ter falado antes, e por ter feito o que fiz.

– Isso não tem problemas Balder. Nós vamos ter muito tempo juntos. – afirmei e dei um beijo leve em sua bochecha. – Não esqueça que a nossa promessa é eterna. – segurei seu queixo e o fiz olhar para mim. – Afinal, nós também merecemos mais uma chance. – completei. Ele sorriu e me puxou para outro beijo, um pouco mais rápido que o anterior, mas não poderia deixar de ser ótimo. É eu poderia passar a eternidade com ele que nunca me cansaria.