Reparação escrita por Luhni


Capítulo 8
Consequências de uma nova vida


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Eu realmente peço desculpas por demorar a postar e sei que devo satisfações, por isso vim aqui! A minha demora se deveu ao fato de que eu tinha uma prova muito, muito, muito, muito difícil para fazer, Vocês sabem o que é TCC? Prova de faculdade? Prova de vestibular? Pois bem, essa que eu fiz era muito pior! x.x Então, eu estava muito estressada, com muita pressão e para piorar as coisas meu pai ficou doente e teve que ser internado as pressas no hospital. Tudo isso acabou me dando um bloqueio e eu só conseguia fazer trechos da fic. Mas agora as coisas se normalizaram e estou com mais tempo livre e com ideias para fic, por isso vou me dedicar a escrever! Não se preocupem! Além disso, eu também demorei porque tinha que postar primeiro um capítulo de SUOV 2 já que ela estava mais atrasada, mas nas notas finais eu falo mais sobre isso ^^


Também tenho que agradecer a todas as leitoras que mandaram review foi muito importante para mim lê-los, pois assim eu consegui me motivar a continuar e não demorar mais com o capítulo!
Mas ok, sem mais delongas...
Boa leitura!



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Em um piscar de olhos as coisas haviam mudado ao seu redor. Parecia que estava anestesiada e não conseguia mais compreender o que acontecia, lembrava-se de parar Sasuke e do olhar reprovador que ele lhe dera antes de virar as costas e pegar o corpo da irmã. Pouco tempo depois alguns ANBU’s apareceram, mas ela não recordava do que havia sido dito, apenas seguiu o Uchiha que rumava para sua casa.

A cena de destruição no campo de batalha, os corpos carbonizados e o cheiro de carne queimada era algo que ela nunca esqueceria, tão pouco as suas mãos que ainda continham o sangue da irmã, mas parecia que aquele não era o único cenário que ficaria gravado em si. Ao chegar à vila, o ataque já havia sido controlado, mas as consequências ainda se estendiam por onde passavam, corpos estavam estendidos ao chão, casas incineravam e pessoas corriam de um lado para o outro tentando minimizar os prejuízos, enquanto os feridos sangravam a espera de ajuda.

Mas ela não conseguia ajudar. Não naquele momento, por mais que quisesse estava sem chakra e permanecia com as mãos fechadas em punho para que ninguém visse o quanto tremiam. Fechou os olhos, tentando abstrair tudo ao seu redor, mas ao ouvir a voz da mãe, teve que voltar a realidade que se abatia sobre si. E os rostos lívidos de seus pais ao verem Sayumi nos braços de Sasuke agora também faria parte dos seus pesadelos. Sua mãe havia sido a primeira a correr e se debruçar sobre a primogênita. Mebuki gritava aos quatro ventos o nome da filha em prantos que não respondia.

Sasuke ainda murmurou algo desconexo como “eu não consegui protegê-la”, mas ela não entendeu muito bem, pois no minuto seguinte sentiu a face esquentar devido ao tapa que a progenitora desferiu contra si. Não se importou. Tão pouco resistiu quando a mãe voltou a lhe bater, o que a machucou foram as palavras ácidas e rancorosas proferidas:

– É sua culpa! – mais um tapa – É sua culpa! – outro golpe – Se você não tivesse fugido, Sayumi estaria em segurança! Está feliz agora? – gritava Mebuki descontrolada até ser detida por Kizashi que a abraçou fortemente.

Caiu de joelhos em frente aos pais, estava sem forças e não sabia como encará-los. Eles haviam acabado de perder uma filha, a filha perfeita, por sua culpa, por ter sido egoísta a ponto de não dar ouvido aos outros, não esperava uma reação diferente e tão pouco os questionava. Mas ela também estava exausta, ainda viu o pai murmurar algo, mas não foi capaz de compreender, sua vista foi escurecendo e internamente ela pediu para que Kami trouxesse a irmã de volta no seu lugar.

–*-

2 anos depois

Levantou-se cedo, como era seu costume e fez sua higiene pessoal, arrumou o quarto e ajeitou o quimono simples no corpo, amarrando o obi com um pouco de dificuldade. Em seguida pegou a bolsa de pano que havia separado no dia anterior e respirou fundo antes de sair em direção à sala. Como sempre a casa estava silenciosa, o pai já devia ter saído e a mãe devia estar na cozinha, seguiu para o cômodo, encontrando Mebuki que lavava a louça suja do café.

– Oka-san estou saindo, quer que eu traga algo para a senhora? – indagou, mas não houve resposta. Mebuki apenas parou seus afazeres e esperou que Sakura saísse dali.

Suspirou e sorriu de forma forçada ao se despedir.

Andava calmamente pelas ruas de Konoha, muita coisa havia mudado em dois anos na vila e na vida de todos. Até hoje não sabiam explicar o que ocorrera naquele dia, mas todos os tratados com a Vila Oculta da Nuvem foram desfeitos e o clima de inimizade entre as duas nações somente aumentou com o tempo.

Notou que algumas construções estavam diferentes de antes e ela não pode deixar de associar isso com a sua própria vida, porque não importava se a casa houvesse sido destruída por dentro ou faltasse uma parte, sempre era reerguida e voltava a ter uma fachada bonita. Era exatamente assim que se sentia, remendada por fora e quebrada por dentro, mas continuava a seguir em frente da melhor forma que podia.

Passou em frente a floricultura dos Yamanaka’s, mas parecia que a loja ainda não havia sido aberta e decidiu retornar lá mais tarde. Durante esses dois anos a casa de Ino havia sido o seu refúgio por diversas vezes e a amizade e a consideração que tinha pela Yamanaka só fez aumentar nesse tempo. Continuou seu trajeto, observando todos a sua volta, alguns lhe cumprimentavam e pediam que ela os ajudasse com algum ferimento ou doença, mas ela apenas sorria para eles e se desculpava, dizendo que não podia por não trabalhar mais no hospital.

Sentia-se mal em negar ajuda a essas pessoas, mas elas sabiam que Sakura não era mais uma médica-nin em treinamento, há muito tempo tivera que sair do seu trabalho no hospital e por mais que ainda soubesse os jutsus, estava impedida por algo que ia além do seu controle. Apertou os punhos com força e sem parar ou se desviar de seu caminho continuou andando até chegar ao campo de treinamento que sempre frequentava.

Deixou a bolsa aos pés da árvore e desamarrou o quimono pesado que vestia, deixando a mostra uma blusa rosa e o short preto que sempre usava para treinar, guardou a outra vestimenta e retirou uma pequena fita a fim de prender os cabelos que estavam maiores do que o ela sempre permitia que crescesse. Colocou as luvas pretas e respirou fundo antes de iniciar uma série de golpes simples, queria apenas extravasar.

A verdade era que ela não conseguira deixar a vida de shinobi, aquilo era realmente o seu sonho e todas as vezes que desistira dele nesse meio tempo parecia que seu mundo desmoronava, porque no final o seu sonho foi a única coisa que lhe sobrara. Mas ela também estava quebrada demais para ser a antiga Sakura, então se focava em continuar da melhor forma que pudesse.

– Finalmente te encontrei! – uma voz exclamou, chamando a atenção de Sakura – Quanto tempo mais pretende continuar dessa forma?

– Tsunade-sama... – murmurou e em seguida retornou ao seu treinamento, ignorando a pergunta da mestra – A senhora não deveria estar na torre do Hokage? – rebateu com outra pergunta.

Todos sabiam que o motivo do ataque a Konoha ter sido parado foi devido a determinação do hokage, Namikaze Minato. Ele fora o único a enfrentar o inimigo cara a cara e detê-lo, porém o preço para tal havia sido caro demais. Encontraram somente o corpo do Yondaime no campo de batalha, ele havia sido gravemente ferido e acabou entrando em coma depois da luta, nem mesmo Tsunade foi capaz de curá-lo. Assim, o adversário de Minato e o que havia acontecido ali permaneceram um mistério, a única esperança era se o próprio Hokage contasse os fatos, mas dois anos já haviam se passado e não houve nenhuma melhora no estado dele.

Por causa disso, o conselho de Konoha instituiu um novo Hokage de forma interina. Lembrava-se que Naruto fora um dos que mais protestara contra a decisão, pois acreditava veementemente que o pai acordaria, mas sua mãe Kushina, o convenceu de que a vila não poderia ficar sem um líder naquelas circunstâncias. Foi então que o cargo foi repassado para a sannin das lesmas, a princesa Senju Tsunade.

– Eles não sentirão a minha falta – afirmou e Sakura riu com deboche.

– A senhora é a Godaime! É claro que vão sentir a sua falta – explicou e viu a mais velha dar de ombros e ficar em posição de luta – Tsunade-sama? – questionou confusa.

– Você quer treinar, não é? Então eu serei sua oponente – a Senju disse e correu em direção a rosada que somente pulou para trás se afastando – Qual o problema Sakura? Está com medo de estar enferrujada? – desdenhou.

– Eu treino todos os dias – rebateu irritada, atacando a Senju.

– Mas não como deveria – contrapôs ao segurar o soco que a menina havia desferido e acertou-a na barriga, arremessando-a para longe. – Durante dois anos você fugiu...

– Eu não fugi! – interrompeu, contra-atacando e Tsunade somente se esquivava dos golpes.

– Você não aceita nenhuma missão, somente treina aqui escondida de tudo e de todos – segurou o braço da menina, forçando-a a lhe encarar – Diga que estou mentido!

– Eu não tenho a tenho a aprovação do meu pai, o que quer que eu faça? – disse entredentes.

– E quanto aos jutsus médicos? E quanto a ajudar no hospital? Seu pai nunca se opôs a isso – retrucou. Sakura tentava fugir de seu agarre, mas Tsunade não permitiria isso tão facilmente - Acha que não tenho a observado, Sakura? Acha que não vi os sinais há dois anos?

– Não sei do que está falando... – e desviou o olhar para o chão, desistindo de lutar.

Tsunade franziu o cenho com o que ouviu, ela ainda tentava esconder isso de si? Havia sido muito relapsa com a rosada nesse meio tempo e se sentia culpada por não ter ajudado antes, mas devido o coma de Minato, a pressão do Conselho em cima de si e todos os problemas que a Vila enfrentava, simplesmente não tinha tempo para averiguar se sua teoria estava certa. Além disso, pensara que Sakura estava somente muito sensibilizada com a morte da irmã e conforme a aprendiz foi se distanciando, mais difícil ficava de afirmar um diagnóstico, mas agora ela assumiria a responsabilidade por seus atos.

Largou a menina, pegou uma kunai e a aproximou do seu braço, encarando a pupila.

– O-O q-que está fazendo? – Sakura indagou com os orbes arregalados, mas Tsunade não respondeu apenas deslizou a arma na própria pele, abrindo um corte profundo e fazendo o sangue jorrar.

– Isso te enoja? Você sente asco ao ver isso? Não minta Sakura, posso ver suas mãos tremendo a quilômetros de distância e seu rosto pálido também.

Sakura respirava fundo, sentia seu coração se acelerar e o suor começar a escorrer por sua testa conforme observava o liquido carmesim pingar no chão, fechou os olhos tentando se acalmar e cerrou os punhos com força para fazê-los para de tremer. Como Tsunade havia descoberto isso?

Depois da morte de Sayumi, Sakura percebeu que havia algo errado, pois passou a ficar incomodada com sangue quando tentara retomar suas atividades no hospital, suas mãos tremiam, achava que fosse vomitar e todas as imagens que tentava enterrar daquele dia voltavam mais fortes do que nunca. Então, ela pensou que precisasse de tempo para se curar, para que tudo voltasse ao normal, por isso saiu do hospital, se afastou da sua mestra e preferiu treinar sozinha.

– Onegai, cure isso... – pediu apavorada se abraçando e Tsunade acatou o pedido da menina, envolvendo-a em seus braços.

– Você ficou com trauma depois da morte de Sayumi e não consegue mais ver sangue, não é mesmo? – sussurrou para ela, mas Sakura não respondeu, apenas tremia mais nos braços da Senju – O fato de terem me nomeado Hokage me trouxe muitas dores de cabeça, mas agora eu estou aqui. Deixe-me te ajudar. – pediu enquanto acariciava as madeixas rosadas para acalmá-la.

– Lie, a senhora não pode me ajudar com isso, eu...

– Eu também tinha fobia de sangue. – interrompeu a menina.

– C-Como? – questionou se afastando da loira que suspirou de forma melancólica.

– Uma pessoa que eu amava muito também morreu bem na minha frente e eu fiquei com essa fobia – começou a explicar – Por muitos anos eu não consegui realizar nenhum jutsu médico, mas continuava a tratar dos outros quando não envolvia sangue e aos poucos, conforme estudava, fui capaz de iniciar um tratamento adequado e superar esse medo.

– Eu não sabia disso – murmurou Sakura mais calma.

– Sakura, me deixe te ajudar! – pediu – Sayumi não iria querer ver você desse jeito.

Suspirou ao ouvir aquelas palavras. Sayumi provavelmente ficaria preocupada consigo se continuasse com aquele medo, sorriu com desgosto ao pensar que se sua irmã estivesse viva ela não teria esse problema. Afastou-se de Tsunade e começou a recolher as suas coisas, evitando olhar a pequena poça com o sangue da sua mentora. Muita coisa havia mudado desde a morte de Sayumi e mesmo que tentasse seguir em frente, uma parte dela havia sucumbido ao medo e ela não soube a quem recorrer, até agora. Olhou para sua mão se sentindo incapaz de fazer qualquer coisa, fechou-a com força, não queria mais se sentir dessa forma. Voltou-se para a loira que somente a observava e sorriu confiante, era a primeira vez que voltava a sorrir daquele jeito em anos.

– Está bem Tsunade-sama! Eu aceito sua ajuda!

Sakura havia prometido seguir em frente para a irmã e ela tentou fazer isso, mesmo se sentindo incompleta, mas agora estava na hora dela se reerguer de verdade e começaria voltando a fazer o trabalho que sempre admirara na Senju: salvar vidas. Quem sabe, dessa forma, ela não amenizava a culpa por ter deixado a irmã morrer?

–*-

Tinha que admitir que se sentia mais leve depois da conversa com a mentora. Tsunade havia lhe prometido marcar alguns exames e que começariam semana que vem com o tratamento e ela, apesar de estar assustada, também estava ansiosa com a perspectiva de ter um pouco da sua antiga vida de volta. Talvez não conseguisse ir a missões, mas não deixaria seu sonho morrer. Sorriu novamente aquele estava sendo um bom dia.

– Parece que ele voltou...

– Depois de todo esse tempo?

– Sim, e parece que está mais assustador do que nunca – ouviu o cochicho entre duas senhoras e não pode deixar de ficar curiosa com o assunto da conversa.

De quem será que elas estão falando? se perguntou e notou que outros moradores também comentavam a volta dessa pessoa, porém qualquer murmúrio foi cessado ao ver a figura de Uchiha Itachi caminhar um pouco apressado em sua direção. Um pequeno arrepio percorreu sua espinha ao ter uma ideia sobre quem todos estavam falando. Sasuke. Imediatamente mudou de direção a fim de ir para a floricultura dos Yamanakas, mas o moreno havia sido mais rápido.

– Sakura! – chamou e a menina suspirou ao ver que não podia escapar, deu meia volta e encarou o moreno.

– Olá Itachi – disse forçando um sorriso.

– Sasuke voltou – foi direto ao assunto e Sakura percebeu que, mesmo ele não querendo demonstrar, ele estava preocupado com isso.

– Quando?

– Tem uma semana – afirmou e ao seu redor ela conseguiu ouvir que os burburinhos haviam recomeçado, pelo jeito eles só souberam da chegada dele hoje.

– Certo, então eu vou passar lá para fazer uma visita – respondeu com uma falsa alegria para não levantar suspeitas, mas aquilo de certa forma trouxe um acalento a Itachi que meneou a cabeça em agradecimento – Como está Hana? – indagou ao passar a andar ao lado do Uchiha.

– Ela está bem, está de quatro meses já – informou para a surpresa de Sakura, da última vez que vira Hana ela tinha somente dois meses de gravidez. Não havia percebido que tanto tempo se passara.

– E vocês já sabem o sexo do bebê?

Itachi olhou a menina de esguelha, ela estava mais falante que o normal e o semblante dela também estava diferente das outras vezes que conversaram, quando sempre se mantinha apática e quieta. Ele só não sabia dizer se isso se devia ao fato dela estar nervosa por ir ver o Sasuke ou outra coisa. Sorriu minimamente ao pensar na possibilidade dela ter voltado a ser a Sakura animada e falante de antes.

– Não, Hana quer que seja surpresa – respondeu.

– Vou ver se a visito um dia desses... quero dizer, se você permitir – emendou rapidamente ao se lembrar que Hana por ser uma Uchiha devia ter a permissão do marido para fazer a maioria das coisas.

– Você sempre será bem vinda em minha casa e Hana vai adorar ter sua companhia, principalmente agora que estou ocupado por causa do Sasuke – disse murmurando a última frase, porém ela foi capaz de ouvir.

As coisas deveriam estar difíceis no clã se Itachi estava tendo que se indispor com o irmão e ela também não pôde deixar de pensar em Hana e como devia ser um problema para a ex-Inuzuka ter que se sujeitar a vontade de outra pessoa, mesmo que essa pessoa fosse Itachi. Não conseguia se ver casada com alguém de um clã tão tradicional quanto o Uchiha. Balançou a cabeça para afugentar esses pensamentos e logo adentraram os portões do imponente clã Uchiha.

Seguiram até a casa principal do clã e foram recebidas por Mikoto que abraçou Sakura fortemente e começou a lhe explicar a situação. Depois da morte de Sayumi, Sasuke havia mudado drasticamente, de um rapaz introspectivo ele passou a ser frio e distante, com uma raiva e dor que parecia corroê-lo por dentro. A família, com receio de que ele ficasse doente, insistiu para que voltasse a realizar missões e, mesmo não sendo a sua vontade, ele sabia que não poderia sucumbir, pelo menos ainda não, então acatou o pedido. As missões, então, acabaram por se tornarem os únicos momentos em que as coisas pareciam fazer sentido na vida de Sasuke, pois bastava cumprir ordens e ele podia se desligar um pouco da sua dor, mas, depois de um tempo, receber qualquer missão não era o suficiente.

Sasuke começou a pedir missões de assassinato, as mais difíceis possíveis e de preferência que fosse alguém da Vila Oculta da Nuvem. Ele trazia junto de si uma raiva e uma vontade quase insana de se vingar de todos os moradores da Vila da Nuvem pelo o ataque que acabou com tudo a sua volta e levou sua Sayumi. Sem saber exatamente como lidar com o jovem, permitiram que ele entrasse na ANBU na esperança de fazer aquela escuridão diminuir do seu coração, porém não fora isso que aconteceu. As missões passaram a ser mais longas, o que o agradou imensamente, e os boatos sobre sua crueldade com os inimigos passou a ser espalhado por toda Konoha, o Demônio Uchiha¸ como o chamaram, foi criado depois que Sasuke foi visto voltando para casa com as vestimentas cobertas por sangue.

Por causa das histórias que ouvia a respeito de Sasuke, Sakura passou a frequentar mais a casa dos Uchiha’s, ela se sentia culpada pelo o que acontecera e pelo comportamento do moreno, então tentava amenizar de alguma forma ao ficar com Mikoto que cada vez mais se desesperava por ver o filho daquela forma. Já fazia mais de um ano desde a última vez que Sakura soube que ele estava em Konoha, mas não conseguiu vê-lo, pois ele passou todo o tempo trancado dentro do quarto e soube pela matriarca Uchiha que ele sempre se mantinha assim quando estava em casa.

– Ele não come nada faz dias, se recusa a sair do quarto e não fala com ninguém, Sakura-chan! – Mikoto dizia abraçada a Sakura enquanto chorava, preocupada com o filho – Eu não sei mais o que fazer!

– Onde está o Fugaku-san? – Sakura indagou, tentando acalmá-la com Itachi ao seu lado.

– Ele saiu em missão dois dias depois que Sasuke voltou, por isso fui pedir ajuda a Itachi – explicou, secando as lágrimas.

– Eu vou ver como ele está – disse Itachi, deixando as duas mulheres a sós e seguindo para o quarto do irmão.

– Não se preocupe Mikoto-san. Itachi vai dar um jeito, tenho certeza! – tentou parecer confiante para a morena que suspirou.

– Sakura-chan as coisas não vão bem, parece que Sasuke está se afundando cada vez mais... tenho medo que ele... – não conseguiu terminar a frase, só de pensar que seu filho estava se matando aos poucos parecia quebrar o seu coração.

Mikoto havia voltado a chorar e Sakura se sentia impotente ali sem saber o que dizer ou fazer, mas de repente a atenção de ambas se voltou para o barulho que vinha de outro cômodo da casa e dos gritos que começavam a serem ouvidos. Preocupada com o que pudesse estar acontecendo entre os filhos, Mikoto correu até chegar a porta do quarto do caçula e a viu quebrada, enquanto Itachi vociferava com o mais novo que nem ao menos reagia ou lhe encarava.

– Sasuke! Pare com isso! Reaja! – chamou Itachi mais uma vez, segurando Sasuke pela gola da camisa. Ele havia quebrado a porta por não aguentar ficar mais sem respostas, mas mesmo assim seu irmão continuava naquele estado de torpor como se ninguém estivesse ali com ele.

– Querido, onegai... – pediu Mikoto ao ver o filho daquele modo e Sakura ficou atônita com a cena, parecia que havia um cadáver naquele lugar.

Cerrou as mãos com força e mais uma vez o remorso a tomou ao ver o estado em que ele estava e como tudo o que acontecera estava atingindo a todos ao seu redor. Porém, agora, ela daria um jeito de tentar remediar seus erros.

– Mikoto-san, Itachi... – chamou a atenção dos dois Uchiha’s que a encararam – Por favor, eu posso conversar com o Sasuke-kun a sós?

O pedido da rosada havia pegado os dois de surpresa, mas como não sabiam mais como lidar com Sasuke resolveram acatar o pedido e saíram do quarto, permanecendo no corredor. Sakura fechou mais uma vez a porta, mesmo sabendo não adiantaria de muita coisa por estar quebrada. Em seguida, foi em direção ao moreno que estava deitado, encarando o nada, e ficou de frente para ele.

– Quanto tempo mais pretende ficar assim? – indagou cruzando os braços, mas não teve resposta. Suspirou, sabia que ele lhe ouvia então voltou a falar – Sasuke-kun, sei que está sofrendo, mas não pode continuar assim e...

– Sofrendo? – a voz do Uchiha se fez presente, interrompendo-a e logo em seguida uma risada um pouco sádica reverberou pelo local – Desde quando você sabe o que é isso? Apenas vá embora – e Sakura retorceu a boca ao ouvir aquilo.

– Não! – retrucou – E não pense que você é o único que sofreu com a morte da Sayu... – mas foi interrompida ao sentir o braço de Sasuke contra o seu pescoço, sufocando-a. Ele havia a pegado de surpresa, não imaginava que fosse tão rápido.

– Não diga o nome dela! – disse entredentes com o sharingan ativado – Não diga que sofreu com a morte dela, porque você não sabe de nada! – vociferou.

“E nem você!” quis retrucar para ele. Sasuke estava cego a tudo o que acontecia a sua volta por causa do luto, mas aquele não era o momento para causar mais intrigas, ela estava ali para tentar minorar os problemas.

– Sei que me odeia e não me importo com isso – disse firme, encarando os orbes rubros antes de continuar – mas pelo menos aja como um humano e sinta as coisas, não fuja desse mundo por medo! – bradou e sentiu o aperto do Uchiha aumentar.

No fundo aquelas palavras também serviam para ela. Ela também havia fugido dos seus problemas e, provavelmente, se Tsunade não tivesse conversado consigo mais cedo, talvez ainda estivesse na mesma situação.

– Você não sabe como me sinto, então cale-se!

– Não, mas eu sei como sua família se sente! Vejo isso todos os dias desde que você foi embora! E quando você volta é assim que os trata? – gritou, já não conseguia controlar o tom de voz e notou que Mikoto e Itachi observavam assombrados a cena, mas ela tinha que continuar. Então, respirou fundo e falou de forma mais calma – Você ainda tem pessoas especiais ao seu lado, pare e pense um pouco nelas e como elas se sentem ao ver que você está se destruindo!

Sasuke até abriu a boca para retorquir o que Sakura dissera, porém por mais que quisesse não conseguiu e aquilo o irritou excessivamente. Como ela ousava lhe dizer essas coisas? Pensar nos outros? Não fora a ela a primeira a não pensar em ninguém quando fugiu? Então porque não conseguia responder? E por um momento se sentiu confuso.

– Sasuke... – Mikoto pronunciou chorosa e foi então que ele recobrou a consciência de que estava prensando a rosada contra a parede que continuava com aquele olhar altivo como se nada estivesse acontecendo.

– Vá embora daqui... – murmurou Sasuke para Sakura, soltando-a.

– Sayumi não gostaria de ver o monstro que você se tornou... – sussurrou, porém Sasuke foi capaz de ouvir.

– Saia! Me deixem sozinho! – bradou ao expulsar todos do quarto e bater a porta, ficando sozinho. Queria pensar, precisava se acalmar e descansar um pouco.

“Sayumi não gostaria de ver o monstro que você se tornou...”

Mas aquelas palavras não paravam de rondar a sua mente e torturá-lo.

–*-

Sakura respirou fundo, massageando o pescoço, ainda bem que aquilo não iria deixar marcas, pensou.

– Gomen Sakura-chan...

– Não tem porque se desculpar, Mikoto-san – afirmou Sakura – Eu que devo fazer isso, afinal não consegui ajudar... – disse desanimada.

– Não tem problema Sakura, você já fez muito ao conseguir fazê-lo falar e se movimentar um pouco – Itachi sorriu em uma tentativa de aliviar o clima fúnebre que pairava entre as duas mulheres.

Sakura apenas meneou a cabeça em concordância e após conversarem mais um pouco se despediu, informando que devia voltar para casa, mesmo que não fosse exatamente a sua e sim a de Ino. Itachi se ofereceu para acompanhá-la até a saída do clã já que também devia ir ver Hana e no momento não poderia fazer mais nada pelo irmão.

Mikoto acenou enquanto via o filho e a Haruno se distanciarem, suspirou, queria tanto que as coisas melhorassem. Kami podia trazer alguma luz para o seu filho, poderia ser pequena, ela não se importava, contanto que houvesse alguma claridade que pudesse guiar Sasuke para longe daquela escuridão em que estava mergulhado. Fechou a porta e virou-se para ir em direção a cozinha, tinha que fazer algo para ver se o caçula se alimentava, mas tomou um susto ao vê-lo ali, encostado na parede lhe observando.

– Qual o problema? – indagou, desviando o olhar para o chão.

– Sasuke... você... você saiu do quarto... – murmurou ainda abismada e o moreno apenas deu de ombros.

– Eu tinha que sair alguma hora e como quebraram a porta... – deixou a frase sem final e voltou a observar o teto.

– Filho, você está bem? – inquiriu um pouco hesitante ao se aproximar de Sasuke, ele parecia tão fraco – Não devia ter ficado tanto tempo sem comer... – murmurou tristonha, mas Sasuke pôde escutá-la.

– Então faça algo que eu como – disse ao ir em direção a cozinha e sentando-se a mesa da cozinha.

Mikoto levou um tempo para absorver o que estava acontecendo, mas foi só o filho arquear uma sobrancelha como se dissesse “você não queria que eu comesse?” que ela voltou para a realidade e se pôs a preparar a comida. Ela não conseguia acreditar, haviam feito de tudo para que Sasuke saísse daquele quarto, imploraram, brigaram, discutiram, ameaçaram, mas nada surgira efeito, porém foi só Sakura aparecer e dizer meia dúzia de palavras que ele estava ali, como se nada tivesse acontecido.

Terminou de esquentar a sopa de tomate que ele tanto gostava e o serviu antes de voltar para o fogão, iria aproveitar aquela chance e fazê-lo se alimentar direito, ainda o ouviu resmungar algo sobre a sopa estar quente, mas ela não conseguia tirar o sorriso do rosto, talvez Kami tivesse atendido as suas preces e mandado um raio de luz para o seu filho, agora bastava que essa luz se expandisse dentro da vida de Sasuke até tirá-lo por completo da escuridão. E ela já tinha uma ideia de como fazer isso.


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Notas finais do capítulo

Então gente, o que acharam? Esse capítulo foi somente para preparar vocês para o que está por vir e situá-los no que aconteceu depois do ataque a Konoha, gostaram? Por favor não me matem por ter deixado o Minato em coma, acreditem eu já estou chateada comigo mesma por ter feito isso (ele é um dos meus personagens favoritos *_*), mas era necessário, afinal a Tsunade tinha que se tornar a Godaime e se afastar da Sakura para todo o complexo da rosada poder se desenvolver...notaram as mudanças, falando nisso? Talvez algumas ainda estejam sutis, mas depois elas vão aparecer melhor ^^ E o que dizer desse Sasuke? A parte dele ter ido pra ANBU foi inspirada no anime e no que aconteceu com o Kakashi e como isso não ajudou em nada na melhora para ele superar a perda dos companheiros XD Eu só piorei um pouquinho hehe.
Mas e ai, acho que vocês já sabem o que vai acontecer, não é? Ou pelo menos quem vai dar uma mexida na vida da Sakura e do Sasuke agora, não? Por favor me digam se gostaram e se tiver alguma dúvida podem mandar ^^

Ahh sobre as postagens, como eu também estou escrevendo outra fic, eu decidi que iria postar no domingo uma e no outro domingo a outra. Entenderam? Ou seja, se estou postando hoje, provavelmente dia 12 estarei postando novamente Reparação, assim eu tenho tempo de escrever e tentar não atrasar as duas! ^^

Bom é isso gente, não desistam da fic e nem dessa autora que, mesmo atrasando, escreve com todo o carinho do mundo para vocês!

Beijos e até a próxima!



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