Reparação escrita por Luhni


Capítulo 27
O Sennin dos Sapos


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como estão? Com saudades da fic? Porque eu estava de postar e, mesmo querendo que o capítulo ficasse bem gigante, não me aguentei e tive que postar logo uma parte para vocês ♥ (mesmo assim o capítulo ficou grande e só por isso não me sinto tão mal XD) Muito obrigada a todos que estão comentando, favoritando, recomendando, falando para os outros da fic, curtindo a página no Fcebook... enfim, por vocês estarem lendo e acompanhando a fic! Vocês são ótimos e muito obrigada por terem paciência com essa autora que vos fala!
Muito obrigada e espero que gostem!
Nos vemos nas notas finais ;)
Boa Leitura!



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— Como pode fazer isso moleque? – bradou Fugaku ao filho mais novo ao ficarem longe das vista do resto do clã – Sabe o que fez?

— Ela não estava errada, pai! – retrucou – Eu já tinha dito que não iria castigá-la por salvar outras pessoas, isso é irracional!

— A questão não é essa! Não a trouxe aqui para que ela defendesse seus propósitos, o objetivo era ela mostrar respeito ao clã! – voltou a se alterar.

— E ela fez isso! Foi a mais paciente possível com todos do clã, sem deixar de ser ela mesma. – contrapôs Sasuke.

— Sasuke, você sabe que eu sempre serei grato à Sakura por ter salvado minha esposa e filha, – começou Itachi – mas o clã é muito tradicionalista e ouvir você permitindo que sua esposa poderia lutar e trabalhar, foi praticamente dar às costas para todos! – tentou fazer o irmão racionalizar.

— Então talvez seja hora do clã deixar de ser tradicionalista! – respondeu a Itachi que o olhou assombrado, não esperava essa atitude do seu irmãozinho.

— Por Kami, você está se ouvindo? Agora quer que sua mãe aprenda a lutar e vá em missões também? Sakura irá acompanhá-lo nas missões da ANBU? – Fugaku disse exasperado.

— Não quis dizer isso! Eu...

— Não? Foi exatamente isso o que disse! Quer colocar nossas mulheres na linha de frente? Quer que elas sejam um alvo no campo de batalha? – interrompeu Fugaku, furioso.

— Pai, se acalme – pediu Itachi.

— Como posso me acalmar? Seu irmão jogou os Uchiha’s na lama. Escute bem, moleque! – e apontou na cara de Sasuke que franziu o cenho, odiava quando o pai o tratava como uma criança – Enquanto eu for líder desse clã, as regras e tradições serão respeitadas, não vou permitir que a segurança da sua mãe ou de outra pessoa inocente seja colocada em perigo por sua inconsequência. Não deixarei que ninguém acabe com os Uchiha’s, nem mesmo você ou sua esposa.

— Eu não vou voltar atrás na minha palavra – Sasuke disse entredentes.

— Mas terá que respeitar a minha – Fugaku disse ao se aproximar do filho de forma ameaçadora – Sakura está proibida de sair da Vila para realizar qualquer tipo de missão e não poderá entrar em nenhum tipo de combate – ordenou e Sasuke estava pronto para discutir novamente, quando ouviu Sakura responder:

— Sasuke apenas disse que, caso haja algo grave na Vila eu posso intervir, sei que não me deu permissão para virar uma kunoichi – e os três homens se viraram para encará-la – Mas, por favor, permita que eu continue no hospital, eu quero poder ajudar os outros – e fez uma mesura ao mais velho que suspirou de forma exasperada.

— Eu queria resolver um problema, mas agora... – massageou as têmporas, mais calmo, pensando no que fazer a seguir – Agora, Yashiro terá mais facilidade de conseguir aliados para que eu saia, e eu ganhei outro problema. – sentou-se na cadeira que estava disposta ali perto.

— Pai, vamos para casa, descanse e depois vemos como arrumar tudo – Itachi disse e o mais velho aquiesceu, seu rosto parecia ter envelhecido dez anos de tanta preocupação e Sakura se perguntou o motivo daquilo. E como se ele estivesse lendo seus pensamentos, se voltou para ela:

— Lembra-se quando disse que às vezes tínhamos que fazer coisas que fossem contra o que queríamos? – indagou e a menina aquiesceu, deixando Sasuke curioso com o assunto da conversa, quando eles haviam conversado isso? – Essa é uma dessas situações, mas mesmo assim vou permitir que pelo menos trabalhe de forma temporária no hospital e vamos esperar para que eu consiga resolver tudo no clã. – suspirou derrotado e deu meia volta para sair do templo junto de Itachi, já fazia um bom tempo que a reunião se encerrara e eles ainda estavam ali, discutindo.

— É melhor voltarmos para casa também – Sasuke disse para a ex-Haruno que continuava pensativa com as palavras do sogro.

— Hai – e seguiu o marido até a saída.

            Do lado de fora a lua brilhava no céu e ambos caminhavam em silêncio, cada um perdido nos seus próprios pensamentos. Sasuke observava a esposa discretamente, o cenho franzido indicava que ela estava preocupada com algo, ele só não sabia se era com o clã ou com as palavras do pai. Suspirou ao perceber o que estava fazendo, aquilo passou a ser natural para si, queria saber o que ela pensava, queria entendê-la e depois dessa reunião desejava saber o que ela achava dele. Teria ela visto que havia mudado? Teria notado que fazia isso por ela? Podia voltar a se aproximar dela novamente, sem que ela o temesse? Com esse pensamento tentou ficar mais perto dela até os seus dedos resvalarem lentamente e como resposta viu Sakura tirar a mão rapidamente dali, como se ele a queimasse. Virou o rosto para o outro lado, frustrado, pelo visto já tinha a resposta para a sua pergunta.

            Sakura observava Sasuke de esguelha enquanto ele mantinha o rosto para longe de si, tanta coisa aconteceu nessa noite que ela nem sabia o que pensar primeiro, muito menos o que sentir. Resolveu então colocar todos os seus problemas para o fundo da mente e apenas chegar em casa e descansar um pouco. Ou pelos menos esse era o plano até ouvir ele falar consigo novamente.

— Está com fome? – indagou sem nem ao menos encará-la e ela arqueou uma sobrancelha, como se questionasse o que ele estava pensando.

            Como ela demorou para responder, voltou-se para ela e viu que também era observado. Pigarreou constrangido e novamente virou o rosto, estava se comportando como um idiota, pensou.

— Um pouco – comentou desconfiada e Sasuke continuou a olhar para frente.

— Poderíamos ir comer em algum lugar – e deu de ombros como se não se importasse com a resposta dela, mesmo que internamente torcesse para que ela aceitasse o convite.

— Está me convidando para jantar? – ela não conseguiu segurar as palavras dentro de si, e quando viu já havia dito aquilo. Arrependeu-se imediatamente ao ver os ombros de Sasuke ficarem tensos, ótimo, era agora que ele ficaria irritado consigo e seria rude.

— Eu... – hesitou sem saber ao certo o que responder, não esperava que ela o confrontasse dessa forma, mas realmente era um convite que fizera, ele poderia até ousar dizer que era um encontro, só não tinha coragem de admitir e ser rechaçado por ela – ...sim, quero dizer, assim você não precisa fazer comida e podemos relaxar um pouco depois dessa reunião – tentou se explicar.

            Ele parou e segurou o pulso de Sakura que ficou surpresa com o ato repentino, mas Sasuke novamente entendeu errado e a largou imediatamente, baixando os ombros como se estivesse arrependido. Ela observava cada ação do Uchiha com atenção e cada vez mais ficava confusa com tudo ao seu redor. Abriu a boca para dar a resposta ao marido, porém ambos foram interrompidos por uma voz estridente que os chamava.

— TEMEEEE! SAKURA-CHAN!! – eles só tiveram tempo de ver Naruto se jogar em cima dos amigos em um abraço coletivo. Sasuke grunhiu irritado e afastou-se rapidamente, mas Sakura não tivera a mesma sorte e foi abraçada fortemente pelo loiro.

— Dobe, largue-a! – e rapidamente puxou o amigo para longe da mulher que sorria enquanto puxava o ar com força.

— Oe, Teme! Não seja chato, não é Sakura-chan? – procurou consolo nos braços da amiga, envolvendo-a em outro abraço, apenas para ter a satisfação de ver Sasuke cerrar os dentes com raiva. Sorriu ao ver que o Uchiha estava com ciúmes de Sakura com ele.

— Naruto, pode parar de me abraçar? – Sakura começou a empurrar o Uzumaki que parecia estarrecido pela sua recusa, enquanto Sasuke tentava parar de sorrir – Você está fedendo! – brigou e usou um pouco da força para que ele a largasse.

— Ah foi mal, Sakura-chan! Eu estava treinando com o Ero-sennin – explicou e começou a esfregar o cabelo, um pouco sem graça pela reprimenda.

— Jiraya está na cidade? – Sakura indagou surpresa, enquanto Sasuke recordava-se da presença dele no gabinete da Hokage.

            Sakura não conhecia muito bem o mestre do Naruto, mas sabia da relação dele com o Sennin dos Sapos.

— Sim e o melhor ainda é que vou sair com ele para treinarmos! ‘ttebayo! – e abriu os braços como se comemorasse um grande feito.

            Sakura sorriu para o amigo, feliz, se havia algo que Naruto adorava era poder treinar e aprender alguma técnica nova. Ele se empenhava muito para conseguir alcançar o seu sonho de ser Hokage e ela acreditava que ele conseguiria realizá-lo um dia.

— E quando você irá para termos um pouco de paz em Konoha? – Sasuke debochou e sorriu ao vê-lo ficar indignado.

— Oe, Teme! – gritou Naruto – Eu sei que você vai morrer de saudades minhas, ‘ttebayo! – e agarrou o pescoço do Uchiha com força antes de se afastado pelo próprio amigo.

— Vai sonhando – murmurou irritado e logo Naruto e ele começaram a trocar as farpas de sempre.

— Naruto! – Sakura chamou a atenção do loiro que voltou-se para ela – Não respondeu a pergunta, quando vai treinar com Jiraya?

 - Ah! Eu saio amanhã cedo ‘ttebayo! – respondeu com um sorriso para a surpresa de ambos.

— Tão rápido assim? – Sasuke indagou, desconfiado.

— Já está com saudades? – brincou e como resposta teve apenas o resmungo do amigo – Poxa, nós acabamos de chegar e agora você sai em missão, nem conseguimos conversar direito – reclamou Sakura e Naruto sorriu abertamente para a amiga.

— Foi justamente por isso que eu vim procurar vocês! Por que não jantamos no Ichiraku Lamén? – sugeriu – Assim podemos conversar um pouco, o que acham? – indagou olhando de um para o outro com expectativa.

            Sakura trocou um olhar rápido com o marido. Ele havia acabado de sugerir que saíssem para comer, algo que ela iria aceitar de qualquer jeito, então ela não via mal nenhum que Naruto os acompanhassem, sorriu, concordando com a proposta, e Naruto nem ao menos deixou que Sasuke respondesse, saiu puxando a ex-Haruno para irem direto na barraca de lámen, enquanto o Uchiha bufava irritado. Ele não contava com a participação de mais uma pessoa naquele jantar, era um momento para ser somente dos dois, mas pelo visto teria que dividir Sakura com Naruto durante algumas horas. E todo o seu esforço de tentar ter um encontro com a mulher havia sido destruído.

            Suspirou ao ouvir a voz de Naruto o apressando e decidiu apenas seguir o fluxo e ficar ao lado da esposa, para que o Uzumaki não inventasse de fazer alguma gracinha.

            Ao chegarem no Ichiraku, Naruto gritou para o cozinheiro preparar a porção de sempre e sentou-se em um dos bancos, enquanto Sakura se acomodava ao seu lado. Havia mais um lugar do outro lado do Uzumaki, mas Sasuke preferiu ficar ao lado da esposa. Eles fizeram os seus pedidos e começaram a conversar amenidades. Naquele momento Naruto não podia estar mais feliz, seus dois melhores amigos estavam ali com ele. Sakura parecia mais leve, sorria e parecia se soltar cada vez mais ao lado de Sasuke. Enquanto que o Uchiha... sorriu ao ver o comportamento do amigo, ele ainda era fechado, mas se forçava a comentar algo com Sakura apenas para que ela tivesse que o responder de algum jeito, ele a observava a todo o momento, o olhar preocupado e atencioso dele deixou Naruto com a sensação de que tudo daria certo entre eles e ele torcia por isso.

— Naruto? Por que está sorrindo feito um bobo? – Sakura indagou risonha pela cara do amigo e este apenas deu de ombros.

— Estou feliz!

— Feliz? Com o que? – voltou a perguntar e Naruto ampliou ainda mais o sorriso.

— Vou sair para treinar com o Ero-Sennin, vou ficar mais forte e vocês estão se dando bem! Nem acredito nisso, estou muito feliz por vocês! – foi sincero e Sakura arregalou os olhos com o que foi dito.

            Sentiu as bochechas esquentarem ao olhar para Sasuke. Esperava que ele retrucasse, que dissesse que eles não estavam se dando bem, mas ele nada falou, apenas a encarou de volta, como se esperasse a sua resposta. Ele queria saber a opinião dela, era incrível como o que ela pensava fazia diferença para ele agora e queria saber se podia continuar tentando lutar por ela, se tinha uma chance.

            Ela refletiu sobre as palavras do amigo. A convivência entre eles realmente estava melhor, tanto que a espantava e a deixava desconfiada de tudo não passar de uma ilusão. Sorriu para Naruto, sem saber ao certo o que dizer e agradeceu aos céus ao ver Neji se aproximar do loiro para cumprimentá-lo.

— Ah Neji! Você veio aqui também? – Naruto indagou ao ver o Hyuuga acompanhado da noiva, Mitashi Tenten, em breve uma Hyuuga.

— Sim, Tenten quis dar uma volta – respondeu e em seguida se virou para Sasuke e Sakura, fazendo uma leve reverência ao cumprimentá-los.

            Sakura sorriu ao ver que Neji estava realmente bem depois da missão, mesmo que todos tivessem dito que seu antídoto havia funcionado, era bom vê-lo e ter certeza que tudo dera certo.

— Então você é a famosa Sakura? – ouviu alguém falando consigo e observou a mulher ao lado do Hyuuga. Tinha cabelos castanhos, presos em dois coques, usava um vestido chinês, e os olhos, que pareciam segurar algumas lágrimas, eram da mesma cor que os cabelos.

— Sim – respondeu, sem entender o motivo dela parecer tão emocionada.

            Tenten sorriu mais abertamente e de forma impetuosa a abraçou apertado, enquanto vertias as lágrimas, sem conseguir aguentar mais.

— Obrigada... obrigada – murmurava com a voz embolada – Obrigada por salvar o meu Neji.

            Sakura, que ainda não tinha se mexido, lentamente correspondeu ao gesto da morena, abraçando-a de volta, enquanto murmurava que ela não precisava agir assim, que estava tudo bem, tentando acalmá-la de alguma forma. Nenhum dos três homens ousavam interromper a cena que seguia na sua frente. Quando Neji viu Naruto ali, acompanhado de Sakura e Sasuke, informara à noiva que imediatamente quis ir falar com eles. Porém, ele não esperava essa reação dela perante Sakura, mas ele mesmo devia ser capaz de agradecer, se não fosse o antídoto dela, provavelmente teria perecido naquela batalha.

            Sasuke, de início, ficara surpreso pelo comportamento da noiva do Hyuuga, mas sabia que aquilo deveria ser esperado, Sakura sempre fora querida na aldeia, ele sabia disso e sempre a admirou por conseguir o carinho das pessoas, por ajudá-las sem pedir nada em troca, ela era mais altruísta do que qualquer um que conhecera, a prova disso era ter se casado com ele, mesmo o detestando, mesmo que não a merecesse.

            Quando Tenten se afastou, ela sorria enquanto limpava as lágrimas, da mesma forma que Sakura. Neji aproveitou o momento e também agradeceu à medica.

— Só viemos aqui lhe agradecer, Sakura-san – Neji fez uma leve mesura que logo foi dispensada por Sakura.

— Por favor, pode me chamar de Sakura, somente – e sorriu novamente, convidando-os a se sentar com eles.

— Nós já estávamos de saída, só viemos cumprimentar vocês, mas espero poder vê-la novamente, Sakura – Tenten respondeu e em seguida ambos se despediram, deixando os três sozinhos novamente.

— Você conseguiu mais uma fã, Sakura-chan – brincou Naruto e Sakura corou, sem jeito.

— Claro que não, não fiz nada de mais – retrucou, mexendo os hashis no lamén de porco que comia.

— Você salvou a vida dele, se isso não é algo, então não sei o que é – Sasuke se pronunciou, atraindo os olhares de ambos.

— Hum... obrigada – hesitou antes de falar, afinal não sabia exatamente o que responder, mas tinha que admitir ao menos para si que havia gostado de ouvir aquilo de Sasuke.

— O Teme está certo! A Hina-chan e você foram ótimas naquela missão! – Naruto recordou da herdeira dos Hyuuga e isso chamou a atenção do casal que se entreolhou. Sakura sorriu divertida para Sasuke que retribuiu e em seguida voltaram-se para o Uzumaki que continuava a falar sobre Hinata e o quanto ela havia o surpreendido.

— E você já se despediu da Hinata? – Sakura interrompeu o loiro que a olhou confuso.

— Não, por que? Eu deveria?

            Sasuke teve vontade de bater no amigo, mas como Sakura estava entre eles, achou melhor apenas revirar os olhos com a idiotice. Como ele conseguia ser tão cego?

— Bom, ela sempre foi bem atenciosa com você, Naruto – Sakura começou a explicar devagar para que o amigo compreendesse – Acho que seria educado se despedir dela.

— Além disso, tem o fato de que, provavelmente, você vai ficar um bom tempo longe de Konoha, não? – Sasuke tentou ajudar a esposa a fazer o amigo entender.

— Não sei exatamente, vai depender do treinamento – respondeu ao lembrar das palavras de Jiraya, não havia uma data exata para voltarem e ele havia sido bem enfático nisso ao falar para Kushina sobre o treinamento.

— Então, pense em como a Hinata ficará triste por saber que você foi treinar e nem ao menos a informou.

— Você acha que ela vai ficar triste? – Naruto ecoou as palavras de Sakura, ele não queria que a Hyuuga se sentisse assim.

— Por Kami, ele é um tapado completo! – Sasuke murmurou apenas para a esposa que deu uma leve cotovelada nele enquanto tentava segurar o riso.

— Claro que vai, você devia se despedir dela – aconselhou Sakura o mais séria que pode.

— Tem razão Sakura-chan! Eu vou me despedir da Hina-chan, não quero ver ela triste, ‘ttebayo! – e bateu na mesa para dar ênfase no que dissera antes de se levantar e se despedir dos amigos.

— Não, espera Naruto! – Sakura ainda tentou gritar para ele, porém o loiro já se encontrava longe – Eu não disse para ir agora... – murmurou para si.

— É um idiota mesmo – Sasuke sorriu de canto ao ver a reação afoita do amigo – Vai ser chutado para fora do Distrito Hyuuga assim que botar os pés lá a essa hora – já podia imaginar a cena.

            Sakura suspirou e concordou com o Uchiha. Naruto era tão impulsivo às vezes.

— Acha que fizemos certo ao mandá-lo falar com Hinata? – ela começava a ficar preocupada, talvez fosse melhor não se meter no relacionamento dos dois.

— Hinata irá gostar, além do mais se ninguém ajudar esse dois, Naruto nunca vai descobrir que a Hyuuga gosta dele – comentou e Sakura sorriu para ele.

— É bem visível que ela gosta dele, não é? – só Naruto para não perceber os sentimentos de Hinata.

— Sim, alguns têm sorte de saber demonstrar o que sentem com facilidade – disse observando a face da rosada. Ela conseguia compreender que ele falava dele mesmo, porém por qual motivo lhe encarava daquela forma? Uma ideia passou pela sua cabeça, corou e imediatamente desviou o olhar, preferindo ignorar o pensamento.

— Er... acho melhor irmos para casa agora – comentou sem graça ao se levantar e Sasuke apenas aquiesceu.

            As coisas não haviam saído do jeito que Sasuke queria, mas tinha que admitir que nem tudo fora perdido com aquele jantar, talvez ainda tivesse uma chance de conquistá-la.

—*-

            Estava ansioso pelo o que estava por vir. Iria treinar com Jiraya como há tempos queria, mas ao mesmo tempo sentia o coração apertar por deixá-la. Ela lhe olhava com um sorriso enorme, sabia que queria o melhor para si, porém também sabia que ela iria chorar assim que saísse por aquela porta, quando ela ficaria sozinha.

— Eu prometo escrever todos os dias para contar o que está acontecendo! – prometeu, beijando as mãos finas.

— Não precisa se preocupar com isso, Naruto. Sei que não vai conseguir cumprir ‘ttebane! – Kushina respondeu e riu ao ver a cara indignado do filho – Você nem sabe como será o treinamento, pode ficar sem ter como se comunicar e está tudo bem – explicou com paciência.

— Não gosto de deixar a senhora sozinha aqui – e olhou a grande casa onde moravam somente os dois, já que o seu pai ainda estava em coma – Já sei! – exclamou ao ter uma grande ideia – Por que a senhora não vem conosco? Sei que o Ero-Sennin não vai se importar e...

— O que está dizendo, idiota? – a mãe lhe interrompeu, furiosa – Como se eu fosse deixar o seu pai nessa situação! – exaltou-se e Naruto sorriu envergonhado e amedrontado. Sua mãe realmente lhe dava muito medo quando estava assim.

— Desculpe, eu só... – tentou falar algo mais, porém novamente foi impedido ao sentir Kushina lhe abraçar fortemente.

— Eu te amo muito Naruto, mas não posso deixar Minato assim, ele precisa de mim – disse com a voz embargada – Por mais que me doa ter que ficar longe de você, sei que vai se cuidar e Jiraya estará com você, mas Minato... – as lágrimas já eram derramadas, sem conseguir se segurar – ...ele só tem a mim, agora.

            Naruto apenas retribuiu o abraço da mãe, sabia que ela estava certa, sabia que ela nunca deixaria o pai, não importava quantos anos se passassem sem que Minato tivesse dado um único indício de que acordaria. Eles se amavam tanto, que seu pai abandonou o clã Namikaze somente para ficar com a mãe, era por isso que não havia herdado o seu sobrenome, somente o de Kushina. A família deles se resumia aos três e sua mãe não poderia abandonar o Relâmpago de Konoha. Mesmo que isso a destruísse por dentro por esperar um milagre.

— Eu também te amo, mãe – murmurou para a matriarca que se afastou, limpando as lágrimas e sorrindo – Não fique triste, eu vou voltar em breve – sorriu o melhor que pode, sabia que o fato dela estar sensível desse jeito era também por causa dele.

            Uzumaki Kushina era uma mãe coruja e gostava de saber onde sua cria estava a todo momento, até porque Naruto não era uma criança qualquer e temia pela vida dele. Mas Jiraya havia a convencido que o melhor era ausentar Naruto de todos aqueles problemas e, sem o filho saber, concordara com o plano, mesmo que lhe doesse ficar longe dele.

— Fique mais forte Naruto e volte para casa, são e salvo – disse antes de beijar a bochecha do filho que aquiesceu.

            Ele teria que partir agora.

—*-

            A caminhada junto do sensei era chata e na maior parte do tempo ignorava o que Jiraya falava, pois a maior parte tinha a ver com mulheres ou os livros que escrevera. Eles já haviam saído de Konoha há tempos e ele ainda pensava na despedida que tivera com Hinata na noite passada. Sentiu o rosto corar de vergonha ao recordar que havia acordado todo o clã Hyuuga e sabia que seria teria sido expulso se Hinata não tivesse aparecido de camisola para salvá-lo dos guardas. Quem diria que a doce Hinata poderia ter um corpo tão... Balançou a cabeça para afastar tais pensamentos, ultimamente estava tendo esse tipo de pensamento com a amiga e ele não entendia o motivo, mas gostara de ver como ela o defendeu na frente dos outros Hyuuga’s. Sakura tinha razão ao dizer que deveria ir falar com Hinata, a menina ficara triste com a notícia de sua partida, mas ele também viu a satisfação nos olhos dela por ter ido até ali apenas para vê-la. Internamente, Naruto prometeu a si que faria mais visitas à Hinata, somente para ver o sorriso dela mais vezes.

— Ora, está prestando atenção? – Jiraya deu um tapa na cabeça do Uzumaki que reclamou de dor.

— Oe, Ero-Sennin!

— Estava no mundo da lua, garoto? Ou pensava em alguma garota? – indagou de forma maliciosa e Naruto sentiu o rosto arder – Oh, é uma garota mesmo, quem é? A rosadinha? – tentou descobrir e o Uzumaki bufou irritado.

— A Sakura-chan é só a minha amiga! Ela é esposa do Teme! – brigou com o mestre.

— Eh, mas até onde eu sabia eles não se davam tão bem assim – e colocou as mãos atrás da cabeça.

— Eles estão melhorando! – retrucou, defendendo o amigo – O Teme vai conseguir conquistar a Sakura-chan, ‘ttebayo!

— Pelo visto você torce pelo casal, não é? – brincou e Naruto aquiesceu – Mas se não é ela, então quem é? – e novamente se pôs a pensar até ter uma segunda ideia – Não vai me dizer que é a herdeira dos Hyuuga?

— O quê? N-Não! Somos amigos também – falou muito mais nervoso e Jiraya sorriu com a expressão do menino – Ora, deixe de ser fofoqueiro Ero-Sennin!

— Yare, yare! – colocou as mãos na frente em forma de rendição – Mas agora preste atenção, iremos até um local especial para que você possa treinar, o Monte Myōboku.

— Monte Myōboku? – piscou duas vezes, nunca havia ouvido falar desse lugar – Onde fica?

— É a terra sagrada dos sapos – explicou Jiraya – Geralmente leva um mês para chegarmos lá...

— O QUÊ? UM MÊS? – gritou Naruto perplexo.

— Deixe-me terminar! – ralhou com o garoto, batendo na cabeça dele – Mas como temos pouco tempo, iremos usar uma técnica de invocação reversa – suspirou, tentando organizar os pensamentos – Você irá ficar treinando por um tempo até eu voltar e...

— Como assim até você voltar? Ero-Sennin, não é você quem vai me treinar? – interrompeu Naruto já frustrado com o que ouvia.

— Eu tenho que fazer uma missão a mando da Godaime, enquanto estiver fora você ficará com os Sapos Sábios, eles farão o seu treinamento – cruzou os braços, já devia esperar que Naruto não fosse aceitar aquilo tão facilmente.

— Isso não é justo! Eu poderia ir com você e...

— Você não vai comigo, Naruto! – foi a vez de Jiraya o interromper – Escute, vão ser apenas alguns dias, provavelmente quando eu voltar você nem vai ter chegado na metade do treinamento e...

— ESTÁ DUVIDANDO DA MINHA CAPACIDADE? – gritou o loiro e em resposta Jiraya bateu novamente na sua cabeça.

— Seu idiota, pare de me interromper! – às vezes o Uzumaki conseguia o tirar do sério – Eu continuarei o seu treinamento após a missão, mas você deve ficar no Monte Myōboku até lá, e acredite os sapos são melhores mestres do que se pode imaginar.

            Naruto esfregava a cabeça para aplacar a dor, queria reclamar novamente, mas sabia que seria em vão. Jiraya estava decidido e, quem sabe, pudesse fazer uma surpresa para ele quando retornasse da missão e ver que havia completado o treinamento sem a sua ajuda. Com certeza o velho tarado iria ficar admirado das suas habilidades ninjas.

— Qual o problema com essa cara de idiota? – foi tirado dos seus pensamentos por Jiraya que estranhava o comportamento do pupilo. Em um momento estava furioso e no outro ria de forma muito suspeita.

— Nada, nada... – fez pouco caso – Então, como eu faço essa técnica de invocação reversa? – desconversou e Jiraya mordeu o dedo antes de invocar um sapo.

— Você precisa apenas ser engolido por um sapo – disse naturalmente enquanto o anfíbio que invocara abria a boca para comer Naruto.

— O quê? – gritara o loiro, tentando escapar. Ele não queria aquela experiência.

— E Naruto, – Jiraya chamou a sua atenção, fazendo com que parasse de se debater na boca do sapo, metade do seu corpo já estava pra dentro – tenho certeza que você irá se tornar um ninja formidável – e sorriu para o garoto que não entendeu o motivo daquelas palavras, mas antes que pudesse comentar algo o sapo terminou de engoli-lo, deixando Jiraya sozinho.

—*-

            O seu objetivo era simples: devia descobrir quem comandava a Akatsuki, qual o objetivo dessa organização e, principalmente, se estavam atrás de Naruto. Já havia se passado uma semana desde que deixara Naruto no Monte Myōboku e pelo o que os sapos lhe contavam Naruto até que estava se saindo bem, apesar de ter ficado furioso com a forma como foi levado até eles. Sorriu, realmente era um cabeça oca e hiperativo, mas sabia que ele se sairia bem, mesmo que demorasse um pouco. Enquanto isso, Jiraya andava de um lugar para o outro em busca de pistas, algo que o lembrava a sua vida de andarilho em busca de informações e inspiração para o seu livro.

            Chegava agora perto da Vila Oculta da Chuva, ouvira rumores sobre o Kage daquele lugar ter sido escolhido há pouco tempo e ficara curioso ao saber que Hanzou, o antigo Kage, havia saído do poder e também pelo fato de que ninguém ainda havia visto o rosto do novo líder, até agora. E, apesar desse fato estranho, a população praticamente endeusava o novo Kage e ele não entendia o motivo, afinal para Jiraya a vila continuava na mesma miséria de sempre, da última que soubera Amegakure enfrentava uma guerra civil que nem o próprio Hanzou fora capaz de extinguir. Suspirou, nunca gostou muito de Amegakure por causa do clima melancólico que a vila trazia consigo, mas era para lá que se dirigia agora e devia pensar em um modo de se infiltrar na Vila.

—*-

— Tsunade-sama! – Shizune entrou na sala da Hokage com a porquinha Tonton nos braços – Isso chegou de um dos esquadrões – e entregou o pergaminho selado.

— O que foi agora? – indagou preocupada e começou a ler a mensagem. Franziu o cenho em desgosto, ainda tinha aquilo. Suspirou ao terminar de ler e viu que Shizune parecia apreensiva a sua frente.

— Algum problema? – tinha que perguntar e Tsunade mordeu o dedo enquanto pensava na situação.

— Sim, Kakashi notou uma movimentação estranha na Vila Oculta da Nuvem quando foi em buscas de informações sobre a Akatsuki – foi sucinta e Shizune arregalou os olhos.

— Mas talvez não seja nada de mais, não é? – tentou parecer calma, mas a Hokage não tinha essa certeza.

— Na verdade, se o que está escrito aqui for verdade, talvez tenhamos uma guerra iminente com a Nuvem – foi sincera e viu a sua pupila ficar assustada.

— G-Guerra? – e apertou a porquinha em seus braços – O que a senhora vai fazer?

— Irei mandar um time investigar – olhou para Shizune de forma séria – Ainda não tive nenhuma resposta de Jiraya, ele também foi tentar descobrir mais sobre a Akatsuki, mas se eles estão trabalhando com Kumogakure... não posso deixar de lado um aviso desses.

            Tsunade pesava os prós e contra em enviar um esquadrão até a Nuvem, se fossem descobertos seriam acusados de espionagem e a relação com o Raikage, que já não era boa, podia piorar. Por outro lado, se o conteúdo da mensagem fosse verdadeiro, se o Raikage estivesse realmente organizando os shinobis para formar um exército, com certeza significaria um ataque a alguém e era fácil de adivinhar que o principal alvo seria Konoha. Com o primeiro ataque sofrido as divergências entre as duas grandes nações somente pioraram, e depois do Exame Chunin e com a descoberta que Kabuto era um traidor, ainda mais foragido, era óbvio pensar que ele poderia muito bem ter se aliado com algum desafeto da Folha. Fechou as mãos em punho, estava sem alternativas. Akatsuki, Kabuto, Nuvem... eram muitos problemas ao mesmo tempo. Ela tinha que fazer algo enquanto Jiraya não retornava com todas as respostas.

— Quem a senhora vai mandar para essa missão? – Shizune perguntou delicadamente ao ver que a mestra estava concentrada.

— Avise Kakashi que ele ficará responsável por essa missão, já que se encontra mais perto do local, e diga que enviaremos, Hyuuga Neji, Uchiha Itachi, Uchiha Sasuke e... – hesitou, pensando em mais alguém para completar o time.

            O byakugan seria útil para a investigação e os irmãos Uchiha’s eram os melhores no controle do Genjutsu, além do poder que eles continham, mas precisariam de alguém que fosse especialista em interrogatórios. Sorriu ao pensar em alguém, com certeza ele ficaria feliz de voltar à ativa depois de passar um período no hospital para se recuperar.

— Tsunade-sama? Mais alguém? – chamou Shizune, esperando o resto da formação do grupo para a missão.

— Morino Idate – decretou.

—*-

            Preparava-se para sair do hospital, verificava se não estava esquecendo nada. Na última vez havia ficado a maior parte do tempo na sala de cirurgia e quando deu por si, Sasuke já a esperava do lado de fora do hospital, e ela, na pressa, saíra correndo, somente ao chegar na frente e dizer que poderiam ir foi que notou que ele ria de si. Ria! Fazia muito tempo desde a última vez que o viu assim e tentou entender o motivo da graça, foi quando percebeu que ela ainda estava com os sapatos protegidos, com a touca cirúrgica na cabeça e a máscara cirúrgica no pescoço. Sentiu o rosto corar pela vergonha, mas logo ela também riu baixinho pelo comportamento e pediu para ele esperar mais um pouco enquanto trocava de roupa.

            Suspirou ao recordar daquilo. Ela não estava entendendo os seus próprios pensamentos nos últimos tempos. Fugaku cumpriu com a palavra de deixar que ela trabalhasse no hospital, ela ia trabalhar, e Sasuke a deixava no hospital e a trazia todos os dias para casa. Mas, estranhamente, ela não se sentia como se estivesse sendo vigiada por ele, era como se ele quisesse somente estar na sua companhia. Ele sempre perguntava como havia sido o trabalho e, de início ela até era sucinta, mas Sasuke sabia como ela gostava de falar, ele cutucava em determinados pontos e quando dava por si, Sakura já discorria animada sobre o seu dia. E ao chegarem em casa e notar o clima agradável que se instalava entre eles, ela ficava irritada consigo e tentava se manter afastada dele, mesmo que fosse atormentada pelos mais diversos pensamentos que, na concepção dela, eram incabíveis.

            Pegou a bolsa e rumou para a frente do hospital e, como sempre estava ocorrendo nessa semana que se seguiu, ele estava lá, escorado em um dos portões com os braços cruzados e o olhar perdido. Aproximou-se e ele logo notou a sua presença, mas diferente dos outros dias ele não tentou puxar conversa consigo, na verdade ele parecia irritado e tenso. Arqueou uma sobrancelha e abriu a boca para perguntar, mas impediu-se de finalizar o ato. Ela não devia se preocupar com ele. Se ele não queria lhe contar, que não contasse, mas não seria ela a começar uma conversa, disse a si mesma antes de bufar, sem entender porque estava irritada ou com quem.

            Sasuke a observava de esguelha e tentava formular algo para comentar sobre a sua próxima missão. Aquilo havia o pego de surpresa, ainda mais quando soube com quem formaria time. E isso estava o deixando nervoso ao ponto de não perceber quando chegaram em casa. Enquanto Sakura simplesmente não aguentava mais aquele silêncio, aquele clima pesado tão diferente dos outros dias, tão diferente do Sasuke que passara a conviver consigo de forma mais amigável.

— Qual o problema, Sasuke? – reuniu coragem para indagar. Se ele fosse grosseiro com ela estaria preparada, mas não ficaria sem falar nada. Afinal, não era dela ser assim.

            Sasuke encarou a esposa e ficou surpreso ao ver a forma como ela falara consigo, fazia tempo desde que ela questionara algo sobre si, que tinha interesse em saber algo sobre ele, como antigamente ela fazia. Sorriu de canto, feliz com a mudança, mesmo que mínima.

— Eu vou ter que ir em uma missão para Tsunade – foi sincero e ela arqueou a sobrancelha como se dissesse que tinha algo mais – Não deve demorar muito, mas... – hesitou sem saber o que falar e se achando ridículo por estar preocupado sobre como seria a reação dela.

— Mas? – questionou – Vai ser muito perigosa? – tentou ajudar o Uchiha a completar o pensamento, curiosa.

— Talvez, iremos espionar a Vila da Nuvem – foi sucinto, mesmo que quisesse não poderia contar os detalhes da missão para a esposa, mas ela compreendia isso, até porque sabia como era a vida de um shinobi.

— Entendo – suspirou – Quem irá com você?

— Itachi, Kakashi, Neji e... o Morino – falou o último nome com desprezo e viu a forma como o semblante dela se alterou, o que fez tudo ficar ainda pior.

— I-Idate vai nessa missão? – não conseguiu se controlar e a cara emburrada de Sasuke deixou claro que ele não havia gostado da menção, mas não se importava com isso, apenas com o fato de que ambos iriam em uma mesma missão. Juntos.

— Sim – disse à contragosto e viu Sakura apertar o punho em frente ao peito em um gesto que demonstrava o quanto estava apreensiva com aquilo. Ela estava preocupada com Idate e aquilo o atingiu tão forte que não queria mais ficar ali.

            Deu meia volta pronto para ir para o seu quarto quando a ouviu chamá-lo. Recriminou-se por dar ouvidos, mas mesmo assim virou metade do corpo na direção dela para indicar que poderia continuar a falar.

— Sei que não gosta de Idate, mas... – e dessa vez foi ela quem hesitou. Temia que a rixa entre os dois acabasse por atrapalhar a missão – Por favor, voltem em segurança dessa missão. Os dois – e em seguida fez uma leve mesura para a surpresa de Sasuke. Então ela se preocupava com ele também? O que isso significava? Mesmo que tivesse poucas esperanças, seu coração sofreu um solavanco com aquela possibilidade que começava a tomar conta dele e só conseguiu concordar antes de virar-se novamente e sair do cômodo.

—*-

            Sakura realmente não esperava aquela notícia. E sentia-se mal pela forma como Sasuke ficou ao demonstrar que se preocupava com Idate, mas não podia fazer nada. A primeira coisa que lhe veio à mente foram os dois brigando por alguma bobagem e estragarem a missão, ela não entendia o que acontecia consigo. Ela não queria que Idate se ferisse e nem Sasuke. E isso a deixava ainda mais confusa. Desde que Idate a beijara, naquele dia no beco, ela ficava se perguntando se fizera o certo, se devia ter aceitado vê-lo novamente, se devia ter permitido o beijo e, ao mesmo tempo, ela se recriminava por estar preocupada com isso, afinal ela, mais do que ninguém, merecia alguém que gostasse de si. Suspirou, dispersando os pensamentos ao ouvir Sasuke descer e parar na sua frente com uma pequena mochila nas costas.

— Eu já vou – disse à rosada que aquiesceu – Sakura, eu... – tentou falar, mas parou ao vê-la lhe estender um pequeno pacote.

— Caso sinta fome... – murmurou sem encará-lo.

— Obrigado – agradeceu ao pegar das mãos dela a pequena marmita.

— Sei que não sou boa cozinhando e...

— Para mim está ótimo – disse olhando diretamente para ela que se surpreendeu com as palavras e teve que encará-lo. Ela havia feito a comida com o intuito de... na verdade, nem ela sabia ao certo o porquê de fazer aquilo, apenas teve vontade de fazer, mas certamente não esperava que ele fosse agradecê-la.

            Ela sorriu e Sasuke continuou a encará-la até que ficasse constrangida com a forma intensa com que os olhos ônix não desviavam do seu rosto. Mas ele tinha que tentar.

— O que foi? – disse baixinho e ele se aproximou de si, ficou tão perto que Sakura deu um passo para trás, assustada com o rompante dele.

— Sakura, eu... quero que saiba que... – de repente a boca dele ficou seca e os orbes verdes pareciam assustados demais, mas se forçou a continuar após deixar a comida em cima de uma superfície qualquer – Eu quero que você me dê mais uma chance – pediu e como se fosse possível, Sakura arregalou ainda mais os olhos.

— O q-quê? – gaguejou sem acreditar no que ouvia.

— Eu quero que esse casamento dê certo! – disse e a encarou tão sério que ela nem podia abrir a boca para dizer que era uma brincadeira, porém ela ainda era incapaz de digerir aquilo.

— O que está dizendo? – e afastou-se dele atônita – Como assim?

— Eu pensei e acho que podíamos... podíamos... – céus, como dizer aquilo? Ele não havia planejado nada daquilo, mas ao ver o obento que ela prepara para ele, simplesmente não aguentou mais. Ela se preocupava com ele, ela já conseguia conversar com ele sem ter medo de si, ele tinha uma chance. Sabia que tinha. E não queria perder mais tempo, não queria perdê-la. Fechou as mãos em punho se achando ridículo e sem saber como continuar.

— Por que isso agora? – ela indagou de forma abrupta.

— O quê? – e foi a vez dele ficar confuso e Sakura passou a mão no rosto antes de começar a andar de um lado para o outro.

— Por que isso agora? E-Eu não entendo.

— Por que? Porque eu... – mas as palavras ficaram entaladas dentro de si, Sakura estava assustada, ela não iria lhe entender, talvez estivesse estragando tudo, mas agora tinha que seguir adiante. Deu um passo para a frente e segurou no braço dela, forçando-a a parar de andar e encará-lo – Porque eu acho que já sofremos demais, nós dois. Porque eu estou cansado de viver nas sombras com esse... ódio dentro de mim. – porque eu estou cansado de fingir que não sinto nada por você, quis completar.

            Sakura não conseguia emitir um único som, estava perplexa com aquilo, não imaginava que ele fosse lhe propor algo dessa magnitude. Observou o rosto de Sasuke com atenção, ele estava tenso, o rosto sério, mas os olhos continham algo que nunca havia visto nele, nem quando ele estava com Sayumi: medo, fragilidade, esperança e algo mais que ela não quis se aprofundar em descobrir. Como alguém que conhecia a vida inteira poderia mudar tanto na sua frente? Aquele não era o Sasuke que estava acostumado a ver, ele não era frio ou indiferente, mas também não era o Sasuke que conhecera quando criança, ou pelo menos não totalmente e ela não conseguia formular uma única palavra para dar como resposta.

 - Sei que você está chocada com isso, – e riu de nervoso – acredite quando digo que eu também estou, mas... – ele foi ousado a ponto de colocar uma mecha de cabelo dela para trás da orelha e em seguida olhou dentro da imensidão verde que eram os olhos dela – ...mas eu não podia sair daqui sem deixar isso claro. Não precisa me dar uma resposta agora, apenas pense. E eu vou respeitar qualquer decisão sua – finalizou para que ela soubesse que não a estava forçando a nada.

            Ao terminar de falar apenas pegou o obento dado a ele e saiu da casa, deixando uma Sakura trêmula e confusa para trás.

—*-      

            Jiraya finalmente conseguira entrar na Vila Oculta da Chuva, graças a um jutsu que o permitia ficar dentro de um sapo e não ser detectado por ninguém. Ele devia admitir que a segurança da vila estava muito maior do que na última vez em que estivera ali. A chuva caia sem cessar enquanto andava pelas vielas do lugar, e tirando o ambiente melancólico que o lugar transmitia, com todos aqueles prédios de ferro, não parecia ter nada de errado ali, se ele ignorasse o fato de que os habitantes pareciam ainda mais desconfiados, como se tivessem medo de algo.

            Andou até um restaurante e conseguiu a informação de que alguns shinobis de baixa patente acabavam de chegar a Amegakure e soube que aquela era a melhor oportunidade de conseguir tirar alguma informação sobre a Vila e o seu novo líder. Ele só não esperava ser interceptado por aquela pessoa. Desviou de um ataque e sentiu um pequeno corte na bochecha, sorriu, haviam conseguido atingi-lo com algo tão bobo quanto papel. E ele só conhecia uma pessoa capaz de usar um jutsu como aquele. Aquela que ele pensou ter morrido há muito tempo.

— Konan – disse e viu o corpo formado de papeis da antiga pupila parar bem na sua frente. Ela continuava com os cabelos roxos curtos e usava o manto da Akatsuki. E não pode deixar de sentir o seu coração se apertar ao compreender que ela tinha relação com o estado atual da Vila da Chuva e com o ataque feito a Konoha.

— Jiraya – respondeu a mulher sem nenhuma expressão no rosto, parecia nem ao menos se importar com ele. Tão fria e insípida quanto uma folha de papel.

— Você se tornou uma bela mulher – elogiou e em seguida viu diversos papeis tomarem a forma de kunais e virem na sua direção.

            Ele desviou com habilidade e rapidamente formou os selos para expelir uma quantidade de óleo em cima de Konan, ela ficou surpresa com o ataque e antes que pudesse fazer algo viu o cabelo de Jiraya se expandir e formar diversos espinhos, capturando a kunoichi que não conseguia utilizar normalmente o seu jutsu devido ao óleo que a atingiu.

— O que você fez? – indagou calmamente, tentando se libertar.

— Eu somente a incapacitei, pois tenho algumas perguntas a fazer a você, Konan – respondeu e estranhou ao ver a mulher sorrir para si. – O que houve com Nagato e Yahiko? – indagou, mas ela se manteve calada – Por que se uniram à Akatsuki? Por que estão atacando Konoha? – ele continuava a questionar, porém nenhuma resposta era ouvida.

— Acho que não irei responder nada. Você não entenderia os nossos propósitos – disse ainda sorrindo e Jiraya fez os cabelos apertarem o corpo da jovem que nem ao menos demonstrava dor.

— Eu não quero te machucar, Konan, mas eu irei, se for preciso – foi resoluto.

— Não irá não – outra voz foi ouvida e em seguida Jiraya viu uma bola de fogo vindo na sua direção. Para se proteger, soltou Konan e saltou para trás, separando-se do inimigo. – Konan, afaste-se – ordenou para a mulher que aquiesceu e saiu dali, deixando os dois a sós.

            Encarou o intruso e arregalou os olhos ao ver o Rinnegan naquele que deveria ser o seu pupilo, porém havia algo estranho. A aparência daquele homem na sua frente era a de Yahiko, com os cabelos curtos espetados e alaranjados, o mesmo rosto que conhecera, mas o Dōjutsu pertencia a Nagato. Jiraya começou a refletir sobre o que aquilo significava, seria Yahiko capaz de matar o amigo para ficar com os olhos de Nagato e obter o Rinnegan? Mas recordava-se que era Nagato o mais poderoso dos três, então como pudera perder? Cada vez mais ficava confuso com o que acontecia e o que era a Akatsuki e seus integrantes.

— Yahiko? Ou Nagato? – disse para si, mas o homem a sua frente conseguiu ouvir e responder:

— Nenhum dos dois, sou Pain.

— Pain... o que aconteceu com vocês? Pensei que haviam morrido!

            Recordava-se dos três órfãos que encontrara durante a Terceira Guerra Ninja: Yahiko, Nagato e Konan. Eles haviam perdido os pais devido à guerra e vagavam pelo território de Amegakure como se fossem ladrões, roubando o que viam pela frente para sobreviver, enquanto fugiam de todo e qualquer shinobi, independente de qual vila pertenciam. Quando Jiraya os encontrou, ficou apiedado, eram tão novos, tão frágeis e estavam tão famintos que não aguentariam muito tempo. Na época, Orochimaru, seu companheiro de time, sugeriu que os matasse de uma vez, que seria o certo, que seria a melhor forma de mostrar misericórdia para com eles. Porém Jiraya negou e mandou Tsunade e Orochimaru voltarem para a Konoha enquanto passava um tempo com os órfãos.

            Jiraya tomou para si a missão de ajudá-los a sobreviver, ensinou-os ninjutsu, genjutsu e taijutsu para que pudessem se proteger quando não estivesse mais ali, e descobriu nos olhos de Nagato, o Rinnegan, um Dōjutsu tão poderoso que foi criado a lenda de que os detentores deste poder foram enviados do céu para tornarem-se o "Deus da Criação", que iria acalmar a desordem do mundo, ou o "Deus da Destruição", que iria reduzir tudo ao nada. Jiraya pensou que fosse sua missão levar aquela criança escolhida para o bom caminho, ele seria o mestre do responsável por salvar o mundo e viu que fez o certo ao ficar com as crianças. Ele os criou e viu que Nagato era uma criança pacífica que amava os seus companheiros, o sonho deles era fazer do mundo um lugar melhor e Jiraya tinha esperanças que eles conseguissem.

            Por um tempo, Jiraya viveu em paz com aquelas crianças, era como se o mundo começasse a entrar nos eixos pelo simples fato de ver que Nagato seria capaz de trazer equilíbrio a tudo novamente. Porém, ainda havia uma guerra lá fora e, quando Konoha precisou dos seus serviços, deixou as crianças, tinha consciência de que agora elas conseguiriam sobreviver. Desejou sorte para eles e foi para o seu destino, tentar melhorar o mundo até que Nagato estivesse pronto para assumir o seu próprio destino.

            No entanto, nem tudo ocorreu como Jiraya previu e anos mais tarde ouviu que os seus três pupilos haviam criado uma organização, que estavam ajudando os outros e aquilo o encheu de orgulho, até que outra notícia chegou até ele. Nagato, Konan e Yahiko havia caído em uma emboscada, eles haviam sido mortos e todas as esperanças de Jiraya se extinguiram. No final, ele não havia encontrado o escolhido, e não pudera salvar os três jovens que acolheu e amou como se fossem seus filhos.

— As coisas mudaram Jiraya-sensei – Pain respondeu e Jiraya franziu o cenho com a resposta vaga.

— Vocês queriam mudar o mundo! Torná-lo um lugar melhor e agora... agora destroem vilas, matam inocentes, são meros mercenários! – retrucou furioso, mas não deu nenhum passo para atacá-lo, queria respostas mais que tudo.

— Iremos trazer paz ao mundo, iremos acabar com as guerras sem sentido, através da dor – Pain disse, deixando Jiraya atordoado – As pessoas morrem e cada vez que um ente querido morre, a dor faz com que sejamos mais fortes.

— Isso não faz sentido, abandonar todo o amor por isso...

— Você não entende pois é um mero humano – Pain o cortou, a voz imponente demonstrando superioridade – Eu consegui amadurecer e evoluir, eu não sou um simples humanos – e olhou para as próprias mãos e em seguida as fechou fortemente em uma demonstração de poder – Eu tenho um poder que vai além, eu sou um deus e minhas ações são absolutas, eu vejo as coisas de um modo diferente.

— Pain, você criou a Akatsuki com que propósito? Se quer tornar o mundo um lugar pacífico, por que está atrás das bijuus? – indagou, ele ainda não sabia se aquela organização estavam atrás dos jinchuurikis, mas sabia blefar e havia dado sorte ao ouvir a resposta do ex-aluno.

— Bom, você vai morrer de qualquer jeito, então vou lhe contar o meu propósito. Irei usar as bijuus para criar um kinjutsu – e Jiraya arregalou os olhos ao imaginar a proporção do poder que esse kinjutsu teria – Assim eu terei poder para devastar uma nação em segundos, será a maior arma de todos os tempos.

— Como criar uma arma dessas acabaria com a guerra? – Jiraya acusou – Isso irá somente intensificar os conflitos.

— Há disputas por todas as nações, mas com o kinjutsu em minhas mãos o poder seria completo, eu dizimaria milhares e só precisaria conceder tal poder a alguma nação – começou a explicar – A morte e a dor fariam as pessoas temerem e terem aversão à guerra e as lutas teriam um fim. A dor irá amadurecer o mundo, mas para isso o mundo deve conhecer a verdadeira dor, foi por isso que aceitei participar desse plano.

— Do que está falando? – Jiraya estranhou a última fala do shinobi – Esse plano não foi criado por você? Há mais alguém envolvido com a Akatsuki?

— Acho que já falei demais, está na hora de você morrer, sensei – disse e em seguida fez alguns selos com as mãos – Kuchiyose no Jutsu! – e logo um imenso inseto com presas grandes e fortes foi em direção a Jiraya.

—*-

            Corria distraído, seus pensamentos estavam em Konoha, mais precisamente em Sakura e no que havia dito a ela antes de sair. Sentiu o rosto arder só com o pensamento, não devia ter sido tão impulsivo, afinal ele nunca agia assim e ela ficara assustada consigo, de novo. Ele devia ter estragado tudo mais uma vez. E como seria quando voltasse? E se ela o rejeitasse? Como continuaria a encarando depois de tudo? Para ele só havia uma possibilidade: rejeição. Ele não conseguia imaginá-la aceitando o que disse, não sem ter uma longa conversa com ele, uma conversa que implicaria em ele dizer o que sentia e, por Kami, ele não se sentia preparado para falar sobre isso com ela. Tentava demonstrar da melhor forma que podia e mesmo assim falhava em fazê-la entender que havia mudado, como conseguiria dizer o que sentia? E será que mesmo que conseguisse dizer, ela acreditaria nos seus sentimentos?

— Sasuke! – ouviu Itachi o chamar – Concentre-se na missão! – brigou com o mais novo que fechou a cara, odiava quando o irmão falava consigo como se ainda fosse uma criança – Depois você terá tempo para pensar na Sakura – brincou e viu o mais novo grunhir irritado antes de aumentar a velocidade e se afastar.

— Temperamental, não? – Idate falou do outro lado do primogênito dos Uchiha’s, seu semblante mostrava o desagrado de ter ouvido a conversa.

— Sim, sugiro que não o irrite – aconselhou Itachi e viu o Morino sorriu de forma debochada.

— Como se eu tivesse medo dele – e Itachi arqueou uma sobrancelha, perguntando-se qual o problema daquele shinobi com o seu irmão para dar uma resposta como essa.

            Idate bufou irritado e seguiu Sasuke ultrapassando-o e viu o irmão acelerar, entrando em uma espécie de disputa infantil de quem era mais rápido. Olhou para Neji que deu de ombros e decidiu que seria melhor ficar de olho nos dois.

            Correram por mais algumas horas até chegar no lugar indicado por Kakashi, estavam sendo guiados por um dos seus cães ninjas. A princípio nenhum deles compreendeu o motivo de não irem direto para a Nuvem, afinal o caminho a ser percorrido duraria quatro dias seguidos, mas ao se aproximar do local indicado entenderam que devia haver algo que não sabiam ainda. Viram o Hatake parado em frente a uma caverna, segurando um dos seus livros eróticos e o pequeno grupo se aproximou.

— Kakashi! – Neji foi o primeiro a dizer e o albino cumprimentou todos com um aceno de cabeça – Estamos aqui, então, qual o problema? – foi direto e o Hatake suspirou, guardando o livro.

— Iremos mais para o sul e seguiremos direto durante o dia, devemos chegar amanhã de manhã no local se corrermos durante toda a noite.

— Não iremos para a Nuvem? – Idate indagou confuso com a localização dada.

— Não, eles se locomoveram para uma base, iremos verificar o que eles estão escondendo por lá – explicou.

— Eles estão muito perto de Konoha – Itachi comentou, preocupado.

— Sim, mas eles não estão no nosso território, – cruzou os braços – escolheram uma fronteira, uma terra de ninguém, pois sabem que não temos jurisdição e nem qualquer outra nação. – foi sucinto mas todos compreenderam o que ele queria dizer, se houvesse uma luta ali, nenhuma nação poderia intervir, mas pelo menos também não poderiam ser acusados de espionagem, talvez tivessem uma chance, apesar de Kakashi estar com um mau pressentimento quanto ao que descobririam.

—*-

            Jiraya desviou com certa dificuldade, seu oponente era realmente forte, tão forte que ele foi forçado a ativar o modo sennin honorável, invocando os dois sapos sábios para conseguir emparelhar as suas forças. E ele odiava usar aquele jutsu, pois como não conseguia equilibrar o seu chakra com a energia natural, além de precisar da ajuda dos sapos, sua aparência acabava se modificando, seu nariz ficava mais achatado, seus dentes estavam mais afiados, seus olhos pareciam com os de um sapo, bem como suas mãos e pés. Era frustrante ter que se transformar dessa forma, mas Pain realmente parecia ter a força de um Deus e agora entendia como ele teria sido capaz de derrotar Hanzou. E mais surpreso ficou ao ver que ele acabara de invocar mais duas pessoas para a luta e que ambas também detinham o Rinnegan.

— C-Como? – murmurou sem entender, mas logo voltou sua atenção para o combate quando um dos oponentes, que detinha cabelos compridos alaranjado veio em sua direção. Ele bloqueou o chute com facilidade e em seguida fez os sinais com as mãos para formar o seu ataque – Jutsu Banho Fervente – e expeliu junto com os dois sapos uma rajada de óleo, fogo e água enquanto pulava para longe e via o terreno onde lutavam se encher de óleo quente.

            Porém, assim que o seu jutsu se desfez, pode ver uma fenda no chão e os três oponentes intactos. Era para todos estarem queimando, mas a facilidade com que o seu ataque fora anulado foi impressionante para si. Franziu o cenho ao ver que estava admirando as habilidades do inimigo e resolveu tentar um golpe mais direto, impulsionou o corpo para a frente e abriu a mão esquerda, formando um dos golpes que aprendera com seu pupilo, Minato.

— Rasengan! – gritou enquanto uma grande esfera espiral de chakra formou-se rapidamente. Tão grande que era capaz de fazer um rombo no chão e destruir diversos prédios de uma só vez.

            No entanto, não houve nenhum tipo de destruição, pois um dos shinobis entrou na frente do seu jutsu absorvendo completamente aquela grande massa de energia. Amaldiçoou internamente aquela habilidade, mas resolveu que poderia tirar proveito da situação ao ver que os outros dois oponentes estavam desprotegidos. Desapareceu rapidamente e tentou atacar Pain por trás, que permanecia parado enquanto os outros dois lutavam, usou o jutsu Kebari Senbon e o seu cabelo se eriçou e começou a disparar agulhas freneticamente, era um dos seus jutsus mais rápidos e não teria como Pain desviar, já que nem ao menos tinha ciência de onde estava. Porém novamente se surpreendeu ao ver  Pain invocar um animal atrás de si apenas para servir como escudo.

            Como eles conseguiam isso? Indagou-se. Não pareciam ser meros clones, observou que apenas um servia como absorvedor de jutsus, enquanto outro apenas usava de invocações para atacar, mas Yahiko não podia usar todos os elementos para atacar, somente Nagato havia dominado todos os elementos de uma única vez, seria Pain, Nagato então? Então qual o motivo de se parecerem com Yahiko? E por que cada um usava somente um elemento e não diversos ninjutsus de naturezas diferentes?

— O Rinnegan está os ajudando – ouviu o velho sapo do lado direito do ombro, Fukasaku – Enquanto você o atingiu, os outros dois permaneceram com a visão voltada para você. Eles viram o que se sucederia e aquele que estava de costas só precisou se defender. Deve haver alguma forma de comunicação entre eles devido o Rinnegan. – explicou e Jiraya aquiesceu, agora fazia mais sentido, mesmo que ainda quisesse saber como todos tinham o mesmo Rinnegan.

— Jiraya-chan – foi a vez da velha Shima falar no seu ombro esquerdo – Precisa pensar com cuidado nos seus próximos passos, esses adversários... – porém a velha não pode terminar de falar visto que uma sombra veio na direção de Jiraya que teve que desviar rapidamente do ataque.

            Interceptou o ataque e com uma kunai e cuspiu fogo na direção do shinobi de cabelos compridos, acertando os olhos dele. Menos um sem a visão do Rinnegan, pensou, confiante e em seguida saltou ao ver um cachorro de várias cabeças lhe atacar. Fez os sinais com as mãos e invocou Gamaken, um grande sapo vermelho que sempre levava consigo uma espada e um escudo em mãos. Enquanto o grande sapo digladiava com o outro animal, Jiraya afastou-se, correndo para um lugar mais seguro para pensar em uma estratégia melhor. Aquela luta lhe renderia mais algum tempo.

—*-

            Quando a luta entre o grande sapo e o cachorro terminaram, com ambos desaparecendo sem forças para continuar o embate, Pain e os outros dois passaram a se movimentar em busca de Jiraya. Eles sabiam que o ex-sensei estava planejando algo, mas qualquer coisa que tentasse seria inútil, ele podia ser bom em taijutsu e ninjutsu e mesmo assim perderia para o seu poder, até porque não estava nem usando toda a sua força. Sorriu, talvez, devesse mostrar o poder de um deus para Jiraya. Entraram por uma passagem repleta de canos e, calmamente, passaram a observar o entorno. Um ruído começou a ser ouvido e notou se tratar do coaxar de sapos.

— Um genjutsu? – indagou para si e os três começaram a correr em direção ao som, porém quanto mais se aproximavam, mais percebiam que eram afetados pelo ninjutsu – Isso não vai ser o suficiente, sensei – comentou ao ver a figura parada mais à frente.

            Jiraya começou a fazer os selos e lançou uma rajada de fogo. O inimigo à sua direita lançou-se na frente para absorver o ataque enquanto que o que estava à sua esquerda aproveitou para subir pela parede, em outra direção, e atacar Jiraya por trás. Pain iria segui-lo, para atacarem juntos, mas percebeu a tempo que se tratava de uma armadilha ao ver o outro ser engolido por entranhas de sapo e ficar preso na parede. Desviou do ataque e ao chegar perto do ex-sensei viu que tratava-se somente de um clone que se desfez e o ataque feito se extinguiu, deixando o outro Pain chegar até si.

            Olharam para ver onde Jiraya poderia estar, já estava ficando cansado daquela brincadeira. E ao ver um vulto se mexer aproveitou para terminar com aquilo, mas o barulho feito pelos sapos que estavam nos ombros de Jiraya se tornou insuportável. Seus olhos começaram a revirar em todas as direções, ele não tinha mais noção de espaço ou do que estava acontecendo, viu que os outros dois também estavam na mesma situação. Havia cometido um erro. Jiraya conseguira pegá-lo em um genjutsu.

            Jiraya ao ver o corpo dos três no chão não hesitou ao fincar uma espada em cada corpo. Agora estava acabado. Se ele havia errado ao ensinar a arte ninja para Yahiko e Nagato, agora havia pagado por seu erro. Tivera que matar o próprio pupilo. Mas ainda faltava Konan. Suspirou, nunca gostara de matar mulheres, mas se fosse preciso, se ela não colaborasse, faria de tudo para proteger Konoha e seus entes queridos. Começou a andar em direção à saída daquela passagem com um objetivo em mente, tinha que terminar aquela missão.

— Não abaixe a guarda tão facilmente, sensei – ouviu uma voz dizer atrás de si e só teve tempo de virar o corpo antes que uma grande explosão o pegasse.

            Uma grande cratera foi feita e Jiraya foi lançado para fora do lugar. Sentiu uma dor lancinante do lado esquerdo do corpo, urrou de dor enquanto o sangue espirrava para todo o lado. Ele nem ao menos conseguiu ver como fora atingido. Ao ver que estava caindo, e que seus ferimentos seriam ainda piores, caso não fizesse algo, tentou aterrissar da melhor forma que podia e agradeceu ao ter a água para amortecer sua queda.

— Jiraya-chan! – Fukasaku chamou a sua atenção ao ver o estrago feito– Seu braço! – disse enquanto Jiraya estava preocupado em recuperar o fôlego, havia sido por pouco que não morrera.

— Eu sei – comentou, segurando com força o que restara dele – Mas não posso fazer nada no momento – e sorriu nervoso, as coisas haviam se complicado agora, pensou ao ver a fumaça se dissipar e aparecer seis inimigos, inclusive os três que havia matado há pouco, todos com o Rinnegan ativado. – Quem são vocês? Como podem ter o Rinnegan?

— Você realmente não entendeu ainda, não é, Jiraya? – uma outra voz se fez presente e o Sennin dos Sapos arregalou os olhos ao reconhecer a figura ao lado dos shinobis com Rinnegan.

— V-Você? – indagou sem acreditar e viu o mesmo sorriso presunçoso se formar no rosto dele. – Então é você que está por trás da Akatsuki! – acusou.

— Ora, só estamos trocando favores, Jiraya – e deu de ombros – Não vejo nenhum mal nisso – sorriu, como se fosse uma cobra prestes a dar o bote.

— Orochimaru, você ainda deseja vingança contra Konoha, depois de todos esses anos? – bradou furioso para aquele que reconheceu como amigo há muito tempo.

— Quando eles tiveram a oportunidade de me fazer Hokage, disseram que eu não servia para o cargo, que não poderia liderar um país – cruzou os braços e olhou prepotente para o ex-companheiro de time – Então eu decidi que iria provar que poderia destruir um.

— Então é isso... – e sorriu pesaroso ao ver no que o amigo havia se transformado – Você está fazendo isso por vingança a Konoha...

— Eu somente me aproveitei de uma oportunidade – e isso fez Jiraya se perguntar o que mais ele estava escondendo. – Quem diria que fazer uma guerra seria tão fácil?

            Jiraya arregalou os olhos com o que fora dito e em seguida voltou-se para Pain e depois para Orochimaru novamente. Sua mente trabalhava a mil por hora tentando encaixar todos os fatos que acabara de descobrir. Se eles estavam trabalhando juntos, Orochimaru sabia sobre o plano de Pain para as bijuus? E qual o motivo da Akatsuki concordar em trabalhar com Orochimaru, o que eles ganhariam com isso? Orochimaru não pisava na Vila há muito tempo, desde que fora considerado um nukenin, mas sabia que ele ainda devia ter influência, talvez Kabuto fosse um aliado e facilitado a comunicação para que pudesse entrar durante o exame Chunnin. Mas isso seria o suficiente para que trabalhassem juntos? Devia ter algo mais, talvez ele soubesse de algo a mais sobre essa organização.

            Pela forma como o Sennin das Cobras falara, algo já estava em andamento quando resolveu se aliar à organização. E era óbvio o motivo de ele querer ficar por perto da Akatsuki: o Rinnegan, e o seu incrível poder. Jiraya ainda se perguntava como poderia haver tantos Dōjutsus, olhou novamente para Pain e em seguida seu olhar se focou em cada um dos usuários do Rinnegan, havia uma semelhança a mais entre eles que até o momento não havia conseguido perceber. Então era isso. Já sabia quem era Pain. O quebra-cabeça estava quase todo formado, mas se estivesse certo, também sabia que a ganância por poder de Orochimaru faria com que a Akatsuki se tornasse uma inimiga dele em breve e como uma cobra ele pretendia apunhalá-los pelas costas.

— Chega de conversa – Pain disse e em seguida os seis shinobis partiram para atacar o Sennin dos Sapos, enquanto Orochimaru apenas presenciava a cena.

            Eles vieram de encontro a si, em uma luta corpo a corpo, provavelmente achando que nada poderia fazer, mas ele não era chamado de Sannin à toa. Começou a desviar e usava a mão restante e as pernas para contra-atacar. Em um determinado momento conseguiu se aproximar do Pain que mais parecia Yahiko, podia ser um tolo, mas ao menos tentaria fazer algo para mudar a situação.

— Preste atenção nos aliados que faz – disse ao ter seu golpe interceptado pelo oponente. Viu uma barra de ferro sair da mão de Pain e acertou-lhe no ombro direito. Cuspiu sangue, e Fukasaku retirou rapidamente a arma de si, seus sentidos estavam mais lentos e havia perdido muito sangue, mas não desistiu e novamente tornou a atacar, iria fazer o seu máximo – Nagato! – chamou e o Pain com quem lutava franziu o cenho com o nome chamado – Orochimaru, ele vai...

            Mas antes que pudesse terminar a fala, viu o próprio se aproximar de si e agarrar a sua garganta tão forte que sentiu estraçalhar.

— Desculpe Jiraya, mas não posso permitir que estrague os meus planos – a cobra sussurrou para si antes de largá-lo no chão.

            Pain olhou do ex-sensei para Orochimaru e estranhou o comportamento ofensivo, o que Jiraya lhe diria que teve que ser impedido pelo outro Sannin?

— Acho que está na hora de terminar com isso, não é mesmo? – Orochimaru disse com um sorriso e em seguida os outros Pain’s perfuraram o corpo Jiraya com diversas barras de ferro, atingindo os órgãos dele que ficou sem ter como se mexer, enquanto agonizava no chão.

— Jiraya-chan! Jiraya-chan! – Shima e Fukasaku, os dois sapos que permaneciam em seus ombros, gritavam para o shinobi atingido, mas ele quase não podia ouvir, seus sentidos o deixavam lentamente.

— É, Jiraya, você sempre foi um imbecil – a voz de Orochimaru chegou até si, bem distante – Uma grande falha, como sempre. Falhou em conseguir o amor de Tsunade, eu não voltei para Konoha como você queria, e ainda não conseguiu proteger Minato – debochou, sabendo que essas seriam as últimas palavras que Jiraya ouviria – E em breve toda a Konoha sucumbirá – finalizou antes de se afastar junto com o Pain.

              Como contrapor verdades? Pensou amargamente. Orochimaru havia sido o seu amigo há muito tempo, quando ele virou um nukenin, prometeu a si mesmo que o traria de volta, que eles voltariam a ser os Sannins de Konoha, que lutariam juntos novamente. Quanta ironia morrer nas mãos de um amigo dessa forma. Quanta ironia morrer pelas mãos de um discípulo como Nagato. Ele realmente havia fracassado. Sempre acreditou que um shinobi se media não pela vida como levava, mas pelo o que ele conseguiu fazer antes de morrer. E ele não conseguira nada, como Orochimaru dissera a si.

            A imagem de Tsunade lhe veio à mente, como queria vê-la mais uma vez, mesmo que brigasse consigo, somente para mais um beijo, somente para estar ao lado dela mais uma vez. Ela ficaria furiosa consigo por não voltar, sorriu tristemente. Em seguida surgiu a imagem de Minato, com a lembrança do pedido que fosse o padrinho de Naruto e que pudesse dar o nome de um dos seus personagens ao bebê que iria nascer. Ficara tão tocado com o ato que não pudera negar e uma relação de afeição começou a se criar com o pequeno Naruto.

            Recordou-se também de todo o caminho que o jovem Uzumaki trilhara para conseguir ser um shinobi tão honrado e forte quanto o pai. Naruto nunca desistiu, não importava que não fosse o melhor shinobi na sua classe e quantas vezes tivesse ouvido que nunca seria como Minato, ele sempre insistia que um dia seria Hokage. Se antes achava que Nagato era a criança da profecia, agora via que não, ele poderia ter um poder imenso, mas um shinobi não é medido pela quantidade de jutsus, e sim pela coragem que tem. Sim, Naruto... Naruto era o predestinado que traria paz àquele mundo, e, assim como seu discípulo, ele como mestre, também não podia desistir. Forçou o braço a levantar e, como não conseguiu falar, devido ao ataque de Orochimaru, Fukasaku rapidamente se colocou na frente dele, sabia o que devia fazer.

            Naruto teria que treinar sozinho a partir de agora e internamente desculpou-se por isso. Mas sabia que ele teria o apoio dos amigos, assim como Tsunade. O mais importante era que eles estivessem bem, o mais importante era que, ao final, Orochimaru não conseguisse vencer. Sorriu enquanto usava as suas últimas forças para escrever uma mensagem codificada nas costas do sapo.

            Um estrondo foi ouvido e em seguida o seu corpo foi jogado na água. Pelo menos havia feito a sua parte, havia conseguido enviar a mensagem para Tsunade. Sorriu novamente, sabia que ela ainda teria problemas para resolver, mas ele cumprira com a promessa, descobrira quem estava ajudando a Akatsuki e quais os seus planos. Agora, poderia abaixar a sua pena, seu conto finalmente teria chegado ao fim e essa reviravolta final fez com que ficasse feliz e sem arrependimentos. Viveu a vida da melhor forma que pode e conheceu as mais diversas pessoas, viajou o mundo, mas seu lar sempre seria Konoha e seu coração sempre pertenceria à Tsunade. Agora, o sapo do poço iria para o grande oceano e quem sabe quantas aventuras mais ainda teria? Sorriu, estava para começar o conto de Naruto Uzumaki, e Jiraya sabia que seria uma aventura épica com um grande herói, um herói melhor do que ele foi.

—*-

            O pequeno grupo de ninjas estava à espreita enquanto via shinobis da Nuvem se posicionarem naquela campina. Havia diversas tendas, alguns ninjas andavam de um lado para o outro carregando caixas e mais caixas, do outro lado alguns homens que imaginaram se tratar de superiores conferia se tudo estava em ordem. Vez ou outra uma mensagem chegava por meio de um pássaro e os lideres voltavam a bramir ordens para que se apressassem. Eles estavam organizando algo, mas ainda não tinham ideia do que poderia ser exatamente.

Neji— ouviu Kakshi no comunicador, assim como todos que estavam estrategicamente separados em determinados pontos para observar melhor o que acontecia enquanto tentavam reunir informações – Na tenda ao sul, dois shinobis acabaram de entrar e pareciam afoitos. Tente ver se descobre algo com o byakugan.

— Certo – foi a resposta de Neji antes de ativar sua kekkei genkai – Há três pessoas na sala – começou a reportar – um deles está bem agitado enquanto mostra um pergaminho. Algo aconteceu.

Consegue descobrir o que é? — Itachi indagou do outro lado, usava o sharingan para acompanhar os passos de outros ninjas que levavam caixas e mais caixas para uma espécie de depósito. Assim que conseguisse uma brecha ele iria entrar ali.

— Não, mas o superior está bem exaltado após ler o pergaminho. Os outros dois saíram de lá, estão indo na sua direção Sasuke – informou Neji.

Entendi, irei segui-los – informou o Uchiha.

— Espere – murmurou Neji ao ver que havia mais alguém na tenda que antes não reparara.

O que houve? — foi a vez de Idate se manifestar, ele era o que estava mais próximo do Hyuuga.

— Tem mais alguém lá. – como ele não conseguiu percebê-lo antes? Ele não estava ali, tinha certeza. O rosto estava coberto, mas o manto era muito visível: Akatsuki – Tem um cara da Akatsuki ali com o ninja da Nuvem.

Merda!— ouviu Kakashi praguejar e em seguida Neji viu o ninja responsável pelo comando sair da tenda, o homem da Akatsuki não estava mais ali. Decidiu segui-lo. – Neji, o que está fazendo? — indagou o Hatake.

— O Akatsuki sumiu, o shinobi que estava com ele está se movimentando, vou tentar ver para onde ele vai – informou com os olhos atentos ao seu alvo.

Tome cuidado— disse e em seguida voltou-se para os outros companheiros – Não podemos perder tempo, vocês já sabem o que fazer, mantenham contato — ordenou e todos aquiesceram. Aquela missão começava agora.

—*- 

            Sakura suspirou pelo o que parecia a décima vez. Fazia somente um dia desde que Sasuke saíra em missão, mas ela não conseguia parar de pensar nele. E em Idate. E isso a estava frustrando. Quando fechava os olhos vinha a sua mente a imagem de Sasuke, como ele estava diferente consigo. Não havia mudanças físicas nele, apesar dela notar que ele estava mais leve, mais calmo e acessível. Ele sorria mais, mesmo que fossem somente um simples levantar dos lábios, e ele conversava mais consigo também. Sorriu, desde quando Uchiha Sasuke puxava conversa com ela? Desde quando ele vinha lhe dar satisfações? Era algo incrível demais para que acreditasse, mesmo assim... mesmo assim ela sabia que ele estava se esforçando.

 

“Eu quero que esse casamento dê certo!”

            As palavras dele ecoaram na sua mente. Por que ele resolveu mudar agora? O que havia mudado tanto nele? Tudo já estava bem diferente desde aquela missão no país da Cachoeira e... não, devia ser honesta consigo, essa mudança já ocorria antes, ou então nem ao menos teria sugerido o seu nome para acompanhá-lo na época. Levantou-se da cama rapidamente e decidiu espairecer um pouco fora de casa, só porque não tinha plantão não significava que precisava ficar ali, sozinha. Foi em direção à saída, mas parou por um momento e observou as coisas ao seu redor. O sofá que mudara de posição, a mesinha, as poltronas estavam em lugares que ela escolhera, até mesmo havia colocado alguns vasos perto da varanda. Antes, aquela casa pertencia à Sayumi, eram as coisas dela, arrumadas do jeito dela, a própria Sakura acusou Sasuke, há algum tempo que ele estava fazendo daquele lugar um mausoléu para a irmã, mas agora... agora ela conseguia se ver ali. Agora não era mais a casa de Sayumi e Sasuke, era a sua e a dele.

            Afugentou os pensamentos e saiu de casa rapidamente. Dessa vez não havia “carcereiros”, pensou com alivio. Sasuke nem ao menos lhe dera alguma ordem sobre não sair de casa e isso só significava que ele estava confiando em si. Confiança. Será que ela também podia confiar nele? Apertou os punhos com força, hesitando, querendo encontrar motivos que a fizessem continuar a pensar que ele era um monstro, que ela devia se afastar, mas ao invés disso, outra imagem sobrepujou todas as más lembranças. Por mais que quisesse esquecer, por mais que tentasse não pensar, era impossível para ela esquecer o rosto dele naquele dia, no dia da reunião do clã Uchiha e a forma como ele a defendeu.

            Suspirou, sentindo o coração bater mais forte, da mesma forma que sentiu naquele dia. Nunca imaginara que pudesse ver Sasuke ficar ao seu favor e contra a família dele. Ele que sempre respeitava as regras, sempre defendia as tradições do clã com unhas e dentes, havia enfrentado todo o clã e lutado por ela, disse que a apoiaria, a ajudaria a lutar pelo o seu sonho. Ele até discutira com o pai! Como ela podia ignorar isso? Como podia reagir àquilo? Estava tão confusa naquele dia, tantas coisas passavam pela sua mente e pelo o seu coração que ela se assustou ao senti-lo se aproximar, mas conforme jantavam seu coração ficava cada vez mais leve ao lado dele, enquanto se divertiam juntos ao lado de Naruto. Mas novamente ela preferiu guardar aquilo para si e não pensar em nada... até ontem, com as palavras dele e a missão que realizaria com Idate.

            Ela não imaginava que ele fosse propor algo como aquilo, muito menos sabia o que responder. Se ela quisesse se vingar poderia negar o pedido, mas seria sensato fazer isso, quando ele oferecia paz? Ou melhor, será que ela queria negar? E ao mesmo tempo pensava em Idate, o beijo e como havia prometido vê-lo de novo. Parou de andar ao ver que estava em frente a floricultura dos Yamanaka’s e sorriu, ela, mesmo que inconsciente, sempre recorria à Ino e esperava que a amiga pudesse lhe ajudar de novo.

— Seja bem-vin... Testuda! – Ino interrompeu a saudação ao ver que Sakura quem se aproximava.

— Isso é jeito de receber uma cliente? – indagou tentando parecer calma, quando dentro de si ocorria um rebuliço.

— Você não é cliente – pontuou a Yamanaka e viu quando a amiga se aproximou do balcão onde estava. Ino deu uma olhada rápida pela floricultura e ao ver que não havia ninguém puxou uma cadeira para a amiga e em seguida se acomodou atrás do balcão, fingindo arrumar alguns arranjos – Então, o que houve?

— Eu não posso mais visitar uma amiga? – indagou querendo parecer desinteressada, mas a loira apenas arqueou uma sobrancelha – Tá, ok, aconteceu algo sim... – e bufou irritada por nunca conseguir esconder nada de Ino.

— Eu sabia! Mas primeiro, me diga, Sasuke sabe que está aqui? – e voltou a ajeitar as flores como se tivesse receio de tocar no nome do Uchiha.

— Não, ele foi para uma missão... – começou a dizer – ...com o Idate – e imediatamente a Yamanaka virou o rosto surpresa.

— Não acredito! – a boca estava aberta em total incredulidade, mas Sakura somente aquiesceu – Certo, então posso deduzir que tem algo a ver com isso o motivo da sua visita?

— Eu só... estou confusa – e passou a mão no cabelo para demonstrar – Queria conversar.

            Ino sorriu para a amiga e segurou a mão dela, tentando transmitir um pouco de calma e confiança. Sakura suspirou e retribuiu o gesto iniciando a sua narrativa. Fazia certo tempo desde que vira Ino e tivera a oportunidade de conversar a sós com ela, por isso teve que explicar o que havia acontecido enquanto estava somente ela e Sasuke na vila da Cachoeira e depois que ela havia voltado para Konoha, contou sobre como Sasuke a tratava e o que houve com Idate ao se encontrarem. Ela corou ao comentar sobre o beijo do Uchiha e ficou ainda mais envergonhada ao falar sobre o de Idate devido a toda a circunstância envolvida. Ino tentava não comentar nada para não atrapalhar, via a dificuldade de Sakura de falar sobre aquilo, mas estava bem surpresa com o que ouvia.

            Surpresa, pois não esperava aquele tipo de atitude de nenhum dos envolvidos. Ela sabia que Idate tinha uma queda pela amiga, mas nunca imaginou que ele fosse chegar as vias de fato e se confessar, e ter a coragem de beijá-la sabendo que já era casada, muito menos imaginou que Sakura fosse capaz de corresponder ao rapaz, afinal nunca viu a ex-Haruno demonstrar que sentia algo por ele e, mesmo que sentisse algo, era correta demais para se permitir ter encontros escondidos, mesmo que só tivesse sido um. Mas talvez estivesse mais impressionada ao ouvir Sakura falar sobre Sasuke, a amiga contou como ele estava diferente, como ele a tratava e Ino não conseguia acreditar, sua boca estava aberta há muito tempo e não conseguia fechá-la, principalmente depois de ouvir o que ele havia pedido a Sakura antes de sair em missão.

— Não acredito... – murmurou para si – Estamos falando do mesmo Uchiha Sasuke? Aquele conhecido como Demônio Uchiha? – indagou e Sakura aquiesceu.

— É como eu disse, no início também não acreditei e... ainda não sei se acredito – comentou desviando o olhar da amiga, não queria que Ino a achasse uma idiota por simplesmente acreditar no Uchiha e esquecer tudo o que passou.

— E o que vai fazer? – foi a vez dela questionar e viu Sakura apertar os punhos com força e dar de ombros – Sakura! Tem que tomar uma atitude! Decidir o que quer! – brigou como uma irmã mais velha faria e a rosada suspirou.

— O problema é que eu não sei como decidir... – e em seguida levantou o rosto para encarar a Yamanaka – Como eu sei quem é melhor? Quer dizer, Idate seria a escolha mais óbvia, afinal ele, mesmo com aquele jeito irritante, me aceitava como sou e...

— E ele também demorou muito para perceber o que sentia – interrompeu Ino de braços cruzados – Ele achou que você fosse esperar para sempre?

— Não é assim... – Sakura disse com um bico.

            Sabia que Ino não gostava muito de Idate, na verdade ela também não gostava de Sasuke, então ambos deviam estar empatados na visão da loira. Para Ino, Idate havia sido um covarde, quando Sayumi falecera ele simplesmente sumira por um bom tempo, demorou muito tempo para voltar a falar com Sakura e as conversas eram tão insípidas devido ao estado depressivo da ex-Haruno que ele preferiu se afastar novamente. E ele somente voltou a se mostrar a interessado quando viu que Sakura estava melhorando, sem a ajuda dele. Por isso, ela não perdoaria o Morino. Ele não era um companheiro para a amiga e não sabia se conseguiria ser.

            Por outro lado tinha Sasuke, alguém que sempre fora especial para a vida de Sakura, alguém que a ajudara a treinar e a crescer como kunoichi, mesmo que no fundo ele soubesse que ela teria que desistir daquele sonho, mas Sasuke também fora responsável por quebrar a rosada diversas vezes e Ino também não o perdoaria por isso. Ela havia avisado para não deixar o pequeno botão de flor morrer e por pouco a amiga não floresceu, mas mesmo com todas as adversidades Sakura se transformava em uma bela flor. A diferença era que Sasuke, agora, parecia incentivar cada vez mais esse florescer.

— E também tem o Sasuke... ele nunca foi assim e eu... – falou de forma hesitante, sem saber ao certo o que dizer, mas palavras não eram necessárias quando Ino conseguia ver claramente o que a íris verde refletia: medo.

            Sakura tinha medo de se apaixonar. Tanto por Sasuke quanto por Idate. Ela nunca havia se apaixonado, isso era óbvio, e tinha medo de cometer um erro se deixasse isso acontecer, caso se deixasse levar por um sentimento tão estranho e que insistia em querer crescer. Ela devia pensar que se desse um passo maior com Sasuke poderia estar confundindo as coisas. Talvez, ele ainda fosse apaixonado pela irmã falecida e Sakura serviria apenas como alguém para repor o lugar. Sakura tinha medo de chegar a amar Sasuke e não ser correspondida, não passar de uma sombra de Sayumi. Por outro lado havia Idate, um rapaz que prometia felicidade depois de tanto sofrimento, mas que talvez não pudesse cumprir a sua promessa, caso se entregasse a ele e Idate falhasse, não seria igual a Sasuke no final? Talvez Sakura apenas quisesse enganar seu coração ao ver em Idate alguém que poderia lhe fazer feliz e tinha medo de no final só magoar aos dois.

            Ino conseguia ver os sentimentos da amiga de forma nítida, mas ela não se achava no direito de intervir naquela escolha, o que poderia dizer? E no meio desse dilema, sabia que Sakura desejava ouvir um conselho, uma palavra amiga, algo que pudesse acalentá-la de alguma forma, mas o que ela falaria?

— Com licença! – ouviram uma voz falar e ambas se sobressaltaram, assustadas, por estarem muito concentradas.

— Seja bem-vinda! – Ino disse e novamente se surpreendeu ao ver Haruno Mebuki na sua frente. Imediatamente o seu olhar se voltou para Sakura que parecia tensa, mas nada falou. Pigarreou e tentou sorrir de forma natural – Como posso ajudá-la?

— Gostaria de um buquê de rosas – Mebuki comentou e Sakura suspirou. Aquelas eram as flores favoritas da irmã.

— Claro, só um instante – disse e, mesmo a contragosto, teve que sair de perto da amiga para ver o pedido.

            Um minuto de silêncio se fez presente entre as duas e era óbvio que estavam desconfortáveis. Sakura se questionava o quanto a mãe havia escutado da sua conversa com Ino e o que ela pensaria de si. Mordeu os lábios nervosa. Como ela era ridícula, estar falando do marido e de alguém que poderia ser considerado como um amante seu. Sua mãe deveria estar se preparando para brigar consigo, para dizer o quanto se envergonhava dela e talvez merecesse ouvir por ser tão estúpida a ponto de comentar algo assim em um lugar relativamente público.

            Enquanto Sakura parecia em um conflito interno consigo, Mebuki ficou ao seu lado, vendo a filha de cabeça baixa, preocupada e inquieta, e soube que não poderia ignorar isso. Ela não queria ter ouvido a conversa, mas foi impossível não ouvir uma ou duas coisas ao entrar e ver as duas moças conversando tão absortas que nem ao menos perceberam a sua presença. E ela ficou preocupada com o que estava acontecendo com a filha, quem diria que a sua menininha que só pensava em lutas iria se apaixonar? Queria tanto ajudar, poder sentar com ela como fez com Sayumi e conversar sobre o que ela sentia e foi por isso que decidiu. Mesmo que a filha a odiasse, mesmo que Mebuki não tivesse o mínimo de direito de interferir na vida dela novamente, mesmo que devesse se manter afastada depois de todo o mal que fez, ela não iria se afastar.

— Eu não pude evitar de ouvir a sua conversa com Ino – disse e viu Sakura se enrijecer. Suspirou, a filha não devia nem suportar ouvir a sua voz, mas diria o que tinha que dizer - Sei que não deveria me meter, mas...

— Não deve mesmo – Sakura murmurou, interrompendo a mãe que franziu o cenho.

— O que disse? – indagou e viu a filha se levantar e encará-la pela primeira vez desde que entrara na floricultura.

— Não deve se meter na minha vida – foi mais firme e viu Mebuki abrir a boca para contestar, mas nada foi proferido. Sakura estranhou e a mãe sorriu tristemente e de forma resignada.

— Você sempre foi tão decidida, nunca precisava da minha ajuda e nas raras vezes em que precisava corria para Sayumi e não para mim – recordou e sentiu os olhos se encherem de lágrimas, mas não iria chorar na frente da filha que parecia surpresa com suas palavras – Mas eu conheço você melhor do que ninguém – e viu a mais nova pronta para protestar, porém não permitiu e voltou a falar – Mesmo que você não queira admitir sabe de quem puxou essa teimosia – e sorriu apontando para si – e é por isso que eu preciso dizer que não deve ter medo, você nunca teve, afinal.

            Sakura arregalou os olhos ao ouvir as palavras da mãe. Não imaginava que ela fosse lhe falar algo desse tipo. Não era uma reprimenda, mas um conselho. Há quanto tempo isso não acontecia? Era verdade que sempre corria para Sayumi quando as coisas davam errado, mas era porque sabia que a mãe dificilmente a embalaria e diria que estava tudo bem. Haruno Mebuki tinha uma grande qualidade e um grande defeito ao mesmo tempo: a sinceridade. Ela podia ser muito rígida, mas sempre dizia o que pensava às filhas, se Sakura cometesse um deslize, como acontecia frequentemente, Mebuki diria, sem poupar a filha. Por isso ela sabia que o que ouvia agora também era sincero.

            Antes que pudesse reagir de alguma forma, Ino apareceu com um ramalhete de rosas e entregou a Mebuki que pagou no mesmo instante. Ela se despediu com uma leve reverência da Yamanaka, em sinal de agradecimento, e deu meia volta indo em direção à porta, quando, de repente, parou e voltou-se novamente à filha.

— Mas... caso esteja em dúvida sobre o que sente – Mebuki começou e Sakura novamente arregalou os olhos – Apenas se pergunte com quem você se sentiria livre.

— Como assim? – quando deu por si as palavras já haviam escapado e Mebuki deu um pequeno sorriso.

— Quando eu me apaixonei por seu pai foi assim, eu sabia que tudo havia mudado em minha vida, mas ao mesmo tempo... eu nunca havia me sentido tão livre, era como se eu tivesse conseguido tudo o que sonhara, pois eu estava ao lado dele – comentou – É um pouco difícil de explicar, mas pense, quem pode libertar o seu coração?

            Sakura arfou tentando digerir as palavras da mãe. De alguma forma aquilo fazia total sentido para si e ao ouvir imediatamente a imagem de um rapaz invadiu a sua mente, recordando-a de um momento específico. Fechou a mão com força em frente ao peito.

— Sakura – ouviu a voz da mãe lhe chamar e a encarou novamente – Hoje iremos visitar a sua irmã, caso queira se juntar a nós – convidou de forma hesitante e Sakura também hesitou por um momento.

— Mais tarde eu passo por lá com vocês – decidiu por fim, desviando o olhar da mãe que sorriu um pouco magoada, mas considerou um pequeno avanço o fato da filha não lhe negar totalmente.

— Estaremos esperando – foi a última coisa que disse antes de sair.

            Observou a silhueta magra andar do outro lado da rua e logo pode avistar o pai a esperando. Sorriu inconscientemente ao vê-los daquela forma. Eles sempre foram muito unidos e se amavam, apesar das diferenças entre ambos.

— Ok, você pode me explicar o que eu perdi aqui? – Ino se manifestou, atraindo a atenção de Sakura que deu de ombros.

— Quem entende Haruno Mebuki? – indagou, mas ela sabia a resposta para essa pergunta, pois mesmo que negasse, Sakura também era quem mais conhecia a mãe.

—*-

            Sasuke observava o seu alvo com precisão, ele havia seguido os dois shinobis até o momento em que se separaram dentro do grande acampamento e Idate prontamente se manifestou para ficar responsável de continuar a seguir um dos ninjas, o que irritou profundamente Sasuke.

— Não precisa – Sasuke disse pelo comunicador.

Como se você mandasse em mim— ouviu-o retrucar.

— Você só irá atrapalhar, posso me virar sozinho – disse planejando fazer um kage bushin.

Um deles está quase saindo da área, posso capturá-lo e interrogá-lo— contestou novamente.

— Você pode colocar tudo a perder, isso sim – repreendeu o Uchiha, sua paciência no limite.

Está duvidando das minhas habilidades?— Idate também parecia bem irritado.

O que está acontecendo? Parem com essa infantilidade! Estão atrapalhando a missão!— ambos ouviram Itachi brigar – Eu descobri algo— disse mais calmo e se focando ao que estava na sua frente. Sasuke apenas bufou descontente enquanto escutava o irmão.

Reporte Itachi— Kakashi disse, agradecendo por não ter que intervir na discussão entre o Uchiha mais novo e o Morino.

As caixas que eles estão carregando são armamentos, diversas armas ninjas estão sendo estocadas. Há também suprimento médico e rações.

Para quantos?— Kakashi indagou.

O suficiente para alimentar uma vila e pelo visto esperam passar fome por um bom tempo.

Neji, conseguiu descobrir algo com o líder?— Kakashi começava a juntar as peças e o que se construía na sua mente não era nada bom para Konoha.

Negativo. Pelo visto ele está somente tentando descontar a raiva em alguns shinobis de patente baixa.— o Hyuuga comentou entediado enquanto via a cena a sua frente.

Não vamos mais perder tempo! Kakashi, deixe que eu capture o inimigo, ele terá informações valiosas e assim finalizamos isso de uma vez.— Idate voltou a falar e Sasuke que pensava não existir pessoa mais irritante do que Naruto, agora estava reavaliando o seu julgamento.

— Está claro que estamos em desvantagem aqui, não podemos agir sem pensar – Sasuke contrapôs e sorriu ao ouvir o Morino bufar.

Eu sei disso, não sou idiota e...

— Pois não parece – debochou ao interromper a fala do outro companheiro.

O que está acontecendo entre vocês? Isso não é hora para discutirem — Kakashi falou no comunicador, mas foi ignorado.

Qual o seu problema Uchiha? Está tentando me diminuir? Pois saiba que sua esposa iria discordar de você a respeito das minhas habilidades — Idate disse furioso, sem ao menos pensar no que estava dizendo, somente queria atingir o Uchiha e humilhá-lo como ele parecia disposto a fazer consigo.

            Porém, no momento em que proferiu as palavras e mais nada foi dito pelo comunicador, soube que havia exagerado. Sasuke do outro lado rangia os dentes com força e apertava a espada como se sua vida dependesse disso. Ele não acreditava no que o Morino dissera, com todos escutando a conversa, definitivamente aquele garoto era mais irritante do que Naruto e não duvidava que se ele estivesse na sua frente, provavelmente voltaria para Konoha gravemente machucado.

— Deixe.a.Sakura.fora.disso – rompeu o silêncio sepulcral ao falar com a voz pesada, tentando se controlar.

Eu não...— Idate tentou formular algo, mas ele não sabia o que dizer, não iria retirar as suas palavras.

Chega, os dois!— Itachi bradou junto com Kakashi ao ver que eles continuariam a discussão.

Esse não é o momento para lavar a roupa suja – pontuou o Hatake e em seguida tentou retomar o foco – Idate tente capturar o shinobi, caso algo dê errado nos avise imediatamente— ordenou e ouviu o Morino concordar – Sasuke, você está mais perto, dê cobertura, espero que esse show entre vocês não atrapalhe a missão, entendido?— foi ríspido, tinha que mostrar que não admitiria erros por conta de problemas pessoais entre eles.

— Hai – foi a única coisa que o Uchiha conseguiu pronunciar.

Itachi e Neji fiquem nos seus postos, caso seja necessário vocês ajudarão Idate e Sasuke— e suspirou ao ver que ainda tinha algo para resolver – Eu irei seguir o outro ninja, no lugar do Sasuke. Não desliguem os comunicadores e avisem qualquer problema, entendido?

            Todos confirmaram e partiram para fazerem a sua parte na missão. Foi rápido que Idate conseguiu alcançar o alvo, ficou surpreso ao vê-lo sozinho adentrando um caminho entre as árvores e o abordou. Não havia sinal de Sasuke e pensou que ele tivesse decidido abandoná-lo, sorriu despreocupado, o Uchiha realmente não faria falta. Saltou para perto do shinobi com uma kunai em riste, mas o outro foi o rápido o suficiente para desviar e contra-atacar com diversas senbons. O corpo de Idate foi atingido e em seguida uma nuvem de fumaça se formou, deixando no lugar apenas um tronco de árvore.

— Substituição – comentou o shinobi enquanto os olhos varriam todo o perímetro em busca do inimigo.

            Ouviu o farfalhar de algumas folhas e disparou novamente senbons na direção do som e conseguiu observar a bandana da Vila Ninja: Konoha. Quer dizer que eles já estavam sabendo dos seus planos? Isso deveria ser reportado imediatamente. Tentou fugir da luta, era mais importante que os seus superiores soubessem sobre a falha, mas Idate não permitiu. Fez os sinais com as mãos e em seguida lançava uma bola de fogo em direção ao inimigo.

— Não vai escapar tão fácil – disse ao ver o ninja da Nuvem saltar para trás, a fim de se proteger do fogo, mas o seu foco estava somente nas chamas e por isso não foi capaz de perceber as shurikens voando em sua direção.

            O inimigo urrou de dor, o sangue jorrava de seu corpo, mas ele não seria derrotado tão facilmente. Levantou-se e encarou Idate com determinação, a brincadeira acabava ali.

— Se você quer do jeito mais difícil – sorriu e em seguida sacou a espada que estava presa às costas e correu em direção a Idate.

            Idate colocou-se em posição de defesa, mas antes que pudesse entender o movimento do inimigo, ele desapareceu da sua frente, em uma velocidade impressionante, e reapareceu a milímetros de si.

— Droga! – Idate disse ao sentir a espada acertar o seu ombro – Desgraçado! – vociferou e jogou uma kunai no ninja, para afastá-lo, no entanto somente o acertou de raspão.

— Terá que fazer melhor do que isso – disse fazendo alguns selos e imediatamente a lâmina fincada no seu ombro foi envolta por raios, e o Morino que urrou de dor, caindo de joelhos diante do inimigo – E aqui será o seu fim, Folha.

            Idate ainda estava atordoado pelo choque, havia subestimado o inimigo e estava pagando o preço. Agora não conseguia se mexer, seu corpo tremia e iria morrer muito em breve, sem nem ao menos ter a oportunidade de levá-lo para o inferno consigo. Viu o oponente puxar a espada de seu ombro e soube que seria o seu fim. Fechou os olhos e teve o vislumbre do sorriso de Sakura. Ficou à espera do golpe, mas ao contrário do que pensava nada o atingiu. Abriu os olhos e ficou surpreso ao ver uma pequena estrutura roxa, como se fosse um esqueleto envolvê-lo, olhou para o lado e viu Sasuke com o sharingan ativado.

            O Uchiha observou com superioridade o Morino, como se o chamasse de idiota por ter atacado sem nem ao menos pensar nas consequências e Idate nem ao menos poderia retrucar. Abaixou a cabeça envergonhado e Sasuke voltou sua atenção para o inimigo que parecia se dar conta que a luta não seria tão fácil contra dois ninjas de Konoha, principalmente sendo um deles um Uchiha.

            Tentou fugir, mas quando deu por si o chão começava a se movimentar e ele afundava cada vez mais, ele não entendia o que tinha acontecido, mas a terra parecia areia movediça. Tentou sair dali e agarrou um galho, mas gritou ao ver este se transformar em uma cobra e quando deu por si todo o seu corpo ficou tomado de cobras que serpenteavam ao seu redor, se enrolando e apertando cada vez mais no seu corpo.

            Idate apenas via com pavor o ninja à sua frente gritar de dor enquanto sucumbia no genjutsu lançado por Sasuke. Havia sido tão rápido que o inimigo nem ao menos tivera chance de escapar. Não demorou muito para que o ninja da Nuvem desmaiasse e Sasuke selou o corpo do rapaz dentro de um pergaminho. Pelo menos haviam conseguido capturar o shinobi.

— Vou ter que carregá-lo também? – debochou ao ver o estado deplorável do Morino que reuniu o resto de orgulho que ainda tinha e forçou as pernas até ficar de pé. – Hum, melhor sairmos daqui, você chamou muita atenção com aquele jutsu de fogo – comentou e Idate se sentiu ainda mais humilhado pelo Uchiha.

Sasuke, Idate, tudo bem por aí? — Kakashi indagou pelo comunicador.

— Sim, conseguimos o capturar o ninja – informou Sasuke – Mas acho que não teremos muito tempo até que descubram o que aconteceu – disse olhando as marcas da batalha no terreno.

Não tem problema, já reunimos bastante informação e agora temos alguém para interrogar. Neji, Itachi— chamou os outros dois que responderam imediatamente – Assim que puderem saiam daí, nos encontraremos no local onde nos iniciamos a missão.

            Após a ordem todos aquiesceram e Sasuke e Idate foram os primeiros a chegar ao local indicado. Entraram na caverna e ficaram a esperar o resto do time, nenhum dos dois dirigia a palavra ao outro e enquanto Sasuke verificava a caverna, Idate sentou-se para observar o ombro que ainda sangrava.

— Urgh! – grunhiu de dor ao tocar no ferimento, tinha que conseguir um pano para estancar o sangue.

— Aqui – ouviu o Uchiha se manifestar e novamente se surpreendeu ao vê-lo estender para si uma atadura.

            Idate hesitou por um momento antes de aceitar o que seria o seu curativo e viu Sasuke sentar-se à sua frente com o olhar preso na entrada da caverna. Idate olhou da atadura para o marido de Sakura e não pode evitar que determinados pensamentos invadissem a sua mente. Ele estava incomodado com a presença de Sasuke e não conseguia compreender a atitude do Uchiha e quando deu por si já estava indagando:

— Por que? – o Uchiha o encarou brevemente, parecendo desinteressado, mas mesmo assim respondeu:

— Por que, o quê?

— Por que me salvou? – completou a pergunta o encarando de forma séria e ao vê-lo somente erguer uma sobrancelha, rangeu os dentes antes de voltar a falar – Por que me salvou quando podia ter simplesmente se livrado de mim?

— Queria ter morrido? – Sasuke procurou desviar o foco da conversa, mas Idate não permitiu.

— Sabe ao que me refiro. Sem mim, seria muito mais fácil conquistar Sakura, então por quê? Você disse que lutaria por ela e eu com certeza não teria hesitado em deixá-lo lá – debochou e Sasuke sorriu de canto.

— Essa é a diferença entre nós. – e Idate bufou irritado com a hipocrisia.

 - Não se faça de santo, não quando é conhecido por ser um Demônio— fez referência ao apelido dado a Sasuke durante uma de suas missões. – Me matar ou deixar que me matassem não representaria um peso na sua consciência.

            Sasuke franziu o cenho com a frase dita e não pode deixar de pensar que aquele apelido mais parecia uma lembrança de um passado antigo, pertencia a um antigo Sasuke, alguém muito diferente do que via agora, mesmo que apenas meses separassem a última vez que fez julgo ao nome Demônio Uchiha. Olhou para o Morino e o encarou sério e nada falou durante um tempo. Idate, já cansado de esperar por uma resposta, se pôs a arrumar o ombro da melhor forma que pode.

— Você tem razão – Sasuke disse de repente, atraindo a atenção do outro que parara o que estava fazendo.

— No quê? – arqueou uma sobrancelha confuso com as palavras ditas pelo Uchiha.

— Tem razão ao dizer que eu realmente não teria nenhum problema em deixar que te matassem naquela hora – explicou e olhou para o ombro ferido de Idate – Na verdade, até agora, quando estamos sozinhos, seria muito fácil te eliminar e, acredite, você não teria a mínima chance – debochou e sorriu ao ver, mesmo que minimamente, que havia conseguido atingi-lo.

— Então por que me ajudou? – perguntou novamente.

— Porque isso a deixaria triste – respondeu e de todas as repostas que Idate esperava ouvir do Uchiha, aquela nem ao menos passou por sua mente. – Porque por mais que eu deseje a sua morte, isso a machucaria e eu prometi a mim mesmo não cometer mais esse erro.

            Após isso, Sasuke o deixou para recepcionar o irmão que chegara e avaliava ambos com o olhar, verificando o estrago feito. Idate nem ao menos teve tempo de processar o que foi dito, mas sabia que a presença do mais velho dos Uchiha encerrara definitivamente aquela conversa. Mas uma coisa Idate tinha certeza, Sasuke era mais perigoso do que pensava e ficou nervoso com o que isso poderia significar para si e seu relacionamento com Sakura.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Eu adorei dar uma ênfase no Jiraya, mas confesso que foi bem trabalhoso, tive que assistir várias vezes a cena da luta dele para ficar parecido, mas como vocês podem ver eu mudei algumas coisinhas e, sim, foi proposital. E com ele descobrimos muitos segredos de quem está por trás do ataque a Konoha... não que fosse um mistério que era o Orochimaru, pelo menos eu acho que estava bem na cara quando coloquei o Kabuto como cúmplice XD Mas vocês sacaram o que o Jiraya queria dizer ao Pain antes de morrer? Uma dica, estamos lidando com uma cobra e ainda a veremos dar o bote. Além disso, Jiraya foi o primeiro de alguns personagens que se despedirão e no próximo capítulo vocês poderão ver como os outros personagens irão lidar com isso.
Também tenho que dizer que adorei escrever todas as cenas entre a Sakura e o Sasuke e que o Uchiha me surpreendeu muito, enquanto escrevia, ao fazer essa proposta para a Sakura, pois eu não havia planejado isso e eu fiquei tão perdida quanto a Sakura sobre o que deveria ser a resposta, mas eu adorei esse jeito dele de tentar se aproximar e mostrar um pouco o que sentia. E o que falar dessa última cena entre ele e o Idate? A resposta madura dele me fez ver o quanto o personagem, que antes só pensava em vingança, evoluiu e fiquei muito orgulhosa dele ^^ (autora babona XD)
Também aproveitei esse capítulo para mostrar o que a Sakura sentiu com tudo o que estava acontecendo, a confusão com os sentimentos, o medo de se apaixonar, de acreditar novamente no Sasuke e, principalmente, de se permitir sentir o que sentia. Ela precisava de um conselho amigo e mesmo que a Ino fosse ajudar, acho que a Mebuki foi mais certa no que ela disse e quando a frase surgiu eu fiquei achando que combinava perfeitamente com outro momento que está por vir entre a Sakura e o Sasuke (olha o spoiler XD), mas claro que isso não significa que a Sakura perdoou a mãe completamente, então ainda vai ter que acontecer umas coisas ai.
Enfim, já falei demais e quero saber de vocês... o que acham que vai acontecer a seguir? O próximo capítulo já está sendo escrito, mas como o capítulo é enorme, talvez demore um pouquinho, mas como sempre, vou fazer o meu melhor para que vocês gostem do capítulo e para não demorar muito.

Beijos e até a próxima!