Reparação escrita por Luhni


Capítulo 22
Nova missão


Notas iniciais do capítulo

Oi genteeee!! VOLTEI!! YEYY!
Desculpa a demora, mas quem me acompanha no Facebook sabe que o motivo de ter demorado a postar foi por problemas de saúde, mas agora eu tô de volta firme e forte! ^^
Muito obrigada a todos os reviews, MP's, recomendações que recebi e por todo o carinho durante esse tempo, vocês são demais e os melhores leitores de todos!!

Para quem quiser curtir a minha página no face e ficar sabendo dos babados, segue o link: https://www.facebook.com/LuHimeFanfiction?ref=bookmarks

Obrigada e espero que gostem do capítulo (tentei postar ontem no dia do aniversário do Sasuke, mas tá valendo como presente atrasado hahaha)
Boa Leitura!



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            Ao chegarem ao prédio encontraram Tsunade em sua sala, assim como Shizune, Kakashi, Shikamaru, Hinata, Itachi e os dois shinobis da Areia.

— O que eles fazem aqui? – Sasuke foi o primeiro a inquirir ao perceber que ambos estavam soltos.

— Calma, Sasuke. Eles não são nossos inimigos – Itachi tratou de acalmar o irmão que protestou novamente.

— Diga isso ao ver o que eles fizeram à Vila.

— Vocês começaram! – Temari disparou e Sasuke a olhou mortalmente.

— Chega Temari – o ruivo, Gaara, pronunciou tranquilo e a loira se conteve.

— Quietos todos! – ouviram Tsunade falar e em seguida observar cada shinobi até parar em Sakura que se mantinha calada – Quero que saibam que o que direi agora ficará sob sigilo. Apenas eu, vocês e os chefes dos clãs estarão cientes do que tenho a dizer e propor. Mas antes, Sakura! – chamou a rosada – Você foi a última a ser vista com Kabuto até Kakashi ir resgatá-la – e ao ouvir isso a rosada meneou a cabeça em direção ao albino como uma forma de agradecer, ainda não tinha ciência disso – Quero que me diga, ele falou algo a respeito do que estava acontecendo?

            Sakura suspirou ao se ver alvo da atenção de todos, porém não se deixou abater e com toda confiança disse em alto e bom som as palavras que lhe foram ditas antes de morrer:

— Yakushi Kabuto articulou esse ataque com a Areia, ele possui contatos com a Akatsuki e mais alguém – repetiu com exatidão o que Hayate havia lhe dito e Sasuke arregalou minimamente os olhos.

— Akatsuki? Aquela organização de nukenins? – indagou surpreso e a esposa meneou a cabeça, afirmando.

— Nós nunca tivemos qualquer contato com a Akatsuki – Gaara se pronunciou – Mas realmente planejamos o ataque em virtude de Konoha ter nos atacado – explicou e Shikamaru riu sem conseguir acreditar no que estava diante dos seus olhos.

— Por acaso não acredita em nós, preguiçoso? – Temari questionou um pouco irritada.

— Não é isso. Apenas fica claro que todos fomos enganados por Kabuto – disse e logo Naruto pediu que explicasse, mas Tsunade tomou a palavra.

— Era o que eu desconfiava. Kabuto e mais alguém tramou para que Konoha e Suna entrassem em guerra.

— Como isso, vovó?

— As histórias não batem, Naruto. – Shikamaru começou a explicar – Gaara e Temari vieram com o propósito de vingar os companheiros mortos em uma emboscada que nunca houve por parte de Konoha. Tramaram para que a nossa aliança se desfizesse.

— E depois mataram o Kazekage para que ninguém desconfiasse, assim Suna e Konoha sucumbiriam ao mesmo tempo em uma guerra – Tsunade finalizou, surpreendendo a todos com a revelação de que o líder de Suna estava morto.

— C-Como disse? – Temari indagou com os orbes marejados e ao ver o rosto penalizado de Tsunade se descontrolou – Não! Isso é mentira! Vocês o mataram! E agora querem se livrar da culpa! – bradou com força.

— Nós queríamos capturá-lo, matá-lo não estava nos nossos planos, precisávamos entender o que estava acontecendo. – disse em um suspiro para a garota – Eu sinto muito Temari, Gaara, no final houve perdas para os dois lados.

            Ninguém soube ao certo o que dizer, mas logo o choro de Temari era ouvido por todos. Quando Tsunade os chamou, nunca pensou em ouvir que o pai havia morrido. Não conseguia acreditar. Sabia que ele não era o melhor pai de todos, mas mesmo assim era o seu pai. Olhou para Gaara que parecia tão perdido quanto ela, porém nenhuma lágrima era derramada. Ouvia seu choro irromper pela sala, mas não conseguia se controlar. Caiu de joelhos no chão, enquanto escondia o rosto com as mãos. Tudo o que fez foi em vão, fora enganada e por causa disso seu pai estava morto.

            Estava tão machucada que não notou alguém se aproximar de si, apenas sentiu braços quentes a rodearem delicadamente e ao olhar quem a abraçava verificou ser a garota de cabelos rosados, Sakura, que chorava baixinho junto de si.

— Sinto muito... – murmurou, deixando Temari atônita. Por que ela estava se desculpando?

 - Por que…  – disse com a voz estrangulada devido ao choro – Por que você está chorando? – ela não entendia a menina na sua frente e o seu comportamento.

— Porque eu sei como você se sente, não é fácil perder alguém querido e todos nós também já perdemos alguém importante – disse ao separar-se da loira e indicou os companheiros atrás de si – Um pai, um amigo, um amor, um irmão – enumerou os diversos casos e Sasuke sentiu seu estômago embrulhar ao ouvir a menção a Sayumi.

Temari apenas encarava Sakura como se esperasse ver algum fingimento, mas tudo que ouvia da menina apenas reforçava as lágrimas que a rosada deixava transbordar pelo rosto. Ela estava sendo sincera em suas palavras e aquilo a comoveu. Nunca imaginaria que um inimigo pudesse ter tamanha compaixão, olhou para o irmão que também parecia surpreso pela fala da rosada.

— Eu posso estar falando bobagem e não saber nada sobre política, mas eu sei o sofrimento que eu passei quando perdi alguém e sei que… que o ódio não é algo que deve ser alimentado, ele não traz nada além de mais ódio. Então, por favor, entenda isso, não deixe que essa tristeza lhe consuma. – terminou de falar, observando a loira que parecia não saber o que dizer e foi o ruivo quem se pronunciou:

— Nós… - pigarreou para tentar organizar os pensamentos – Nós vamos dar um voto de confiança à Konoha, porém no momento é muita coisa para absorvermos, então, será que poderíamos…

— Claro, depois conversamos melhor, entendo que esse é um momento difícil para vocês – Tsunade se manifestou – E saibam que não são mais nossos inimigos, mas nossos convidados – finalizou para os irmãos que aquiesceram e se retiraram da sala.

Foram escoltados até outro cômodo, enquanto preparavam um lugar para passarem a noite e, ao se verem sozinhos, Gaara observou a irmã que ainda limpava os vestígios do choro. Ele não sabia ao certo o que falar, sabia que a irmã deveria estar sentindo mais do que ele a perda do pai, afinal ela conviveu mais com ele. No entanto, queria poder dizer algo e amenizar a dor que sentia, mesmo que não fosse bom em iniciar uma conversa.

— Em Konoha existem muitas pessoas interessantes não acha? – e Temari ergueu a sobrancelha para o irmão que continuou ao ver que detinha sua atenção – Primeiro, aquele shinobi, Naruto, e agora essa garota, Sakura…

— Você realmente acredita neles, Gaara? – Temari indagou ao se aproximar do mais novo que a encarou.

— Você não? – e a loira arregalou os olhos, antes de abaixar o olhar para o chão.

— Eu não sei… não acho que estejam mentindo, mas… – cerrou os punhos com força, estava confusa e não sabia mais em quem podia confiar.

— Eles são diferentes de nós, não sei dizer, mas quando escutei as palavras de Uzumaki Naruto, apesar de duvidar no início… – hesitou, tentando escolher as palavras apropriadas – Eu soube que ele era como eu, sentia a mesma coisa que eu, mas ao mesmo tempo era diferente. Ele lutava por algo maior, em prol dos outros – explicou, perdido em pensamentos – E agora essa garota falou que se sentia da mesma forma e até chorou pela morte de nosso pai…

— Gaara, o que quer dizer? – Temari questionou, apesar de já ter uma ideia do que se passava na mente do irmão.

— Eles não lutam pelos mesmos motivos que nós, talvez nós e Suna toda tenha muito a aprender com os Folhas e… eu quero conhecer esse outro lado. Um lado no qual uma criança não seja vista como arma e possa ter amigos – disse e em seguida sentiu os braços de Temari lhe apertando. Aquilo o surpreendeu de fato, mas não pode deixar de sentir-se reconfortado nos braços da irmã.

Durante anos Temari fora afastada do irmão por ordens do Conselho de Suna que afirmava que ele era um perigo para todos, ela ainda era uma criança e não entendia muita coisa, mas sempre soube dos poderes surpreendentes de Gaara e como ele ficava fora do controle às vezes. Porém, ela nunca imaginou como isso pudesse afetar Gaara, como ele se sentia ao ser excluído de sua família e sendo considerado um monstro por muitos, quando na verdade ele apenas estava perdido e sozinho.

— Perdão… – murmurou ao irmão, com as lágrimas novamente vertendo por seu rosto – Perdão, Gaara, por tudo… não vou mais deixar que ninguém faça mal a você, não vou mais deixá-lo sozinho, eu prometo – falou com a voz embargada.

Gaara não conseguiu dizer nada, era a segunda vez que Temari agia dessa forma protetora consigo, como se se importasse com ele, como se fossem uma família. E ele só podia torcer para que ela conseguisse cumprir essa promessa.

—*-

Após a saída dos irmãos Sabaku, Tsunade voltou a encarar a pupila que tentava esconder os vestígios do choro enquanto voltava para o lado de Sasuke que apenas a observava. Sorriu ao pensar como Sakura sempre a surpreendia. Aquela menina que conheceu sofreu muito ao longo dos anos, mas a determinação do Fogo era algo que estava impresso nela, assim como em Naruto, pensou olhando o afilhado que começava a indagar se a amiga estava bem ou se precisava de algo. Na verdade, passou o olhar ao redor dos shinobis que ali se encontravam, aquela geração prometia ultrapassar os shinobis do passado, pensou ao ver a herdeira dos Hyuugas, do clã Uchiha, Hatake e Nara.

O único que ainda preocupava Tsunade era Sasuke. O Uchiha tinha um comportamento muito inconstante e a sede de vingança dele poderia trazer enormes problemas para a Vila e todos ao seu redor, afinal ela mesma já havia presenciado outro companheiro sucumbir ao ódio e se tornar um nukenin. Balançou a cabeça para afastar tais pensamentos, ela sabia que poderia contar com Itachi para ajudar ao mais novo e havia também Naruto e Sakura.

— Eu estou bem, Naruto! – retorquiu Sakura – Você não precisa me esmagar! – disse tentando sair do abraço de urso do loiro, mas sem sucesso.

— Você estava tão fofinha falando, Sakura-chan! – gritava Naruto até ser separado da amiga por Sasuke. Bufou irritado, era a segunda vez que o amigo fazia isso – Teme! Eu estava com saudades da Sakura-chan, deixa de ser chato!

— Naruto-kun… – murmurou Hinata perto do Uzumaki e, assim, tentar acalmá-lo.

— Dobe, pare de ser irritante – resmungou e Sakura tentou distrair o amigo para que uma briga entre os dois não se iniciasse ali.

Sorriu com a interação dos três, a rosada em especial parecia deter toda a atenção do moreno e ela esperava que eles melhorassem aquele relacionamento de marido e mulher no qual estavam.

— Certo, acho que podemos voltar ao assunto – disse para chamar a atenção dos mais novos, que se voltaram para a mais velha – Eu não chamei vocês aqui apenas para saber sobre o que aconteceu no ataque de Suna. – disse encarando cada um dos jovens – Não sabemos como Suna vai reagir quando Gaara e Temari voltarem e nem sabemos se eles serão ouvidos, ou quem vai ser o próximo Kage, então precisamos nos preparar para qualquer tipo de retaliação.

— A senhora tem algo em mente, Hokage-sama? – Itachi questionou e a loira, cruzou as mãos em frente ao rosto enquanto pensava.

— Shikamaru! – chamou o herdeiro Nara que deu um passo para a frente antes de começar a falar:

— A Hokage-sama e eu pensamos em algumas estratégias, mas para isso precisamos contar com a ajuda de todos vocês. Nós vamos deixar Gaara e Temari voltarem para Suna e tentar explicar o que aconteceu, mas nesse meio tempo pode haver mais alguma surpresa deixada tanto por Suna quanto pela Akatsuki, já que agora sabemos que eles estão envolvidos, sem falar no próprio Kabuto que continua sendo rastreado.

— Não tô entendendo aonde você quer chegar Shikamaru, ‘ttebayo! – exclamou Naruto, frustrado pelo amigo dar tantas voltas.

— Ele irá nos dividir em equipes para missões, dobe – resumiu Sasuke.

— Por que não disse isso antes? – vociferou o Uzumaki e Shikamaru suspirou.

— Era o que eu estava tentando dizer, antes de ser interrompido… que problemático! – resmungou – Nós queremos que tanto o clã Uchiha, quanto o clã Hyuuga se encarreguem de serem os nossos olhos nesse meio tempo. Os dois clãs serão responsáveis pela guarda de Konoha – informou e tanto a Hyuuga quanto Itachi, aquiesceram.

— Kakashi! – tomou a palavra a Godaime – Eu irei enviá-lo em uma missão muito especial, quero que recolha informações sobre a Akatsuki e traga para mim o mais rápido que puder. Quero saber quem são esses shinobis e quais as suas habilidades e o que querem com a Vila.

— Hai!

— Naruto, você irá acompanhar Gaara e Temari até Suna, será a escolta deles, junto de Hinata. – apontou para os dois – Hinata, durante a viagem fique atenta a qualquer movimentação, faça um rastreamento na área e, por favor, cuide para que Naruto não cause nenhum problema – pediu para em seguida ser bombardeada por reclamações barulhentas de Naruto enquanto a perolada sentia o seu rosto ferver com o pedido da Godaime.

A verdade era que Tsunade ainda estava preocupada em deixar Naruto sair em uma missão fora da Vila, mas sabia que o próprio Uzumaki não iria permitir que o deixassem de fora, então o melhor era mandá-lo para uma missão que ela considerava como a mais segura e mais rápida. Além de, claro, mostrar a Suna que confiava neles ao mandar o jinchuuriki de Konoha para escoltar o deles.

— Pare de reclamar Naruto! Ou então, eu juro que mando você para uma missão de rank D! – vociferou Tsunade ao ver que o rapaz ainda não havia parado de falar.

— Não precisa se irritar, oba-chan! – disse retraído atrás de Hinata que parecia querer desmaiar a qualquer momento se não fosse por Sakura ampará-la.

— Então, pare de gracinha e vá logo arrumar as suas coisas! – dispensou a Hokage, olhando não só para ele, mas como para os outros shinobis que também já tinham sua missão designada.

Assim, sobrou somente, Shikamaru, Sasuke e Sakura que estava indecisa se também deveria sair ou permanecer na sala, afinal ela não poderia ajudar em mais nada, além de dar o depoimento sobre o que Hayate descobrira antes de morrer, ou pelo menos não poderia fazer mais nada sem o aval de Sasuke. Olhou para o marido que continuava à espera da Godaime e Sakura resolveu virar-se para ir embora, porém foi só dar um passo direção a porta para Tsunade chamar a sua atenção.

— Sakura, onde pensa que vai? Eu ainda quero falar com você! – disse e em seguida voltou-se para o Uchiha – Com os dois, na verdade.

— Tsunade-sama? – inquiriu Sakura e a mestra sorriu para si antes de falar com o Uchiha. Era ele quem deveria ser convencido primeiramente.

— Sasuke, eu não preciso dizer que muitos pontos de Konoha foram atacados e precisam de reconstrução, não é? O clã Uchiha é um deles – e ao ver o moreno aquiescer, continuou – Muita gente perdeu o lar e muitos civis e shinobis foram feridos durante essa invasão…

Sasuke arqueou uma sobrancelha, uma parte dele não estava gostando do rumo daquela conversa. Olhou para a rosada ao seu lado que parecia confusa e voltou a olhar a Senju que lhe encarava seriamente.

— Por que não chega logo ao ponto, Hokage-sama? – indagou e a loira sorriu para si de forma debochada.

— Eu tenho uma missão para você e sua esposa, Uchiha.

— Sakura não é uma kunoichi – rebateu rapidamente.

— Então, entenda como uma missão para você e um pedido para ela – e em seguida observou a rosada – Sakura, sei que acabou de deixar o hospital, mas você deve ter visto como as coisas estão desorganizadas por lá.

Sakura meneou a cabeça, concordando. Havia muita gente nos hospitais e os médicos e enfermeiras pareciam não estar dando conta de todos e isso estava causando muitos problemas.

— Estamos com poucos iryou nin, eu mesma estou tendo que fazer diversos plantões, mas com todos esses problemas, receio que não poderei mais ficar tanto tempo no hospital. Por causa disso, e porque confio nas suas habilidades médicas eu gostaria que você ajudasse no hospital, por um tempo – frizou.

— Eu… – começou a responder, mas logo seu olhar foi para Sasuke, que arqueou uma sobrancelha como se indicasse que deveria falar de uma vez – Sasuke, você havia me pedido para ajudar os outros no dia do ataque, então…

— Está pedindo a minha autorização? – indagou para a garota que sentiu o rosto corar e ela teve vontade de negar, ao invés disso apenas murmurou:

— Eu só não quero sofrer com as consequências por tentar ajudar os outros – e Sasuke franziu o cenho ao ouvir aquilo. Sabia que ela estava se referindo a ele próprio e ao incidente com o mangekyou sharingan.

Olhou para a rosada. Novamente percebeu algo diferente nela. Ela não o responderia dessa forma há algumas semanas atrás, nem ao menos tentaria pedir que aceitasse o pedido da Hokage. Porém, ela também continuava recuando, não lhe olhava diretamente nos olhos e mantinha aquela postura fechada perto dele e mais uma vez aquilo o incomodou.

— Você pode verificar o que Sakura estará fazendo e também selecionaremos os horários mais favoráveis a você – Shikamaru resolveu intervir ao ver que o Uchiha somente encarava a esposa e nada respondia.

— Entenda, Tsunade-sama, Sakura é uma Uchiha agora e ela tem um papel diferente das outras mulheres da Vila – iniciou, observando a Hokage – Ela não é uma kunoichi – decretou e Sakura cerrou os punhos ao ouvir isso, mas logo arregalou os olhos com as palavras proferidas a seguir – Entretanto, sei que ela tem habilidades que são necessárias para Konoha no momento e como não envolve luta ninja, eu permito que ela ajude no hospital.

— Sasuke? – chamou o marido, surpresa, que a olhou de esguelha, mas logo a ignorou novamente.

— Ótimo, então Sakura, você pode começar quando?

— Eu… – hesitou, ainda processando a informação – ...quando a senhora quiser! Posso começar agora e…

— Daqui a três dias! – novamente a voz de Sasuke se fez presente e ela franziu o cenho, sem entendê-lo. Em um momento ele era legal e a permitia ajudar no hospital e no outro ele voltava a querer lhe impor regras.

— Como quiser – Tsunade disse observando o garoto atentamente. – Agora, eu também tenho uma missão para você, Sasuke.

— Sakura, me espere do lado de fora – pediu para a rosada que teve vontade de contestar, mas o máximo que fez foi inflar as bochechas como uma criança e bufar antes de sair, afinal sabia que poderia ser pior falar algo. Poderia perder a chance de trabalhar novamente no hospital.

Sasuke apenas sorriu de canto ao ver a careta da esposa e Tsunade arqueou uma sobrancelha ao ver esse comportamento do rapaz.

— Por que não deixou sua esposa ouvir? Não teria nenhum problema – questionou, curiosa.

— Quanto menos ela souber melhor – disse ao se aproximar da mesa – Ela já tem problemas demais para eu acrescentar mais um – sussurrou o final, mas a loira conseguiu ouvir.

— Certo… – pronunciou desconfiada antes de continuar – Nós mandamos alguns ANBU’s para rastrear Kabuto e parece que conseguimos uma pista de onde ele possa estar – Shikamaru abriu um mapa na mesa, indicando uma parte do mapa.

— Suspeitamos que o Kabuto esteja nos arredores da Vila da Cachoeira – o Nara disse apontando para o local – Não sabemos se ele pretende se fixar no local ou se está a procura de algo, mas ele foi visto por lá, mais de uma vez.

— O que eu devo fazer? – cerrou os punhos ao saber que a missão envolveria Kabuto, e recordou do seu último encontro com ele.

— Sua missão é se infiltrar na Vila da Cachoeira como um civil e tentar descobrir se Kabuto está mesmo ali e o quê ele planeja nesse local.  – Tsunade informou e Shikamaru tratou de continuar:

— É uma missão de espionagem e pode durar um pouco de tempo, por isso é bom pensar bem Uchiha-san, talvez tenha que ficar longe de casa e de sua espo…

— Isso não é um problema – interrompeu Sasuke, fitando o Nara que suspirou.

— De qualquer modo, não precisa nos dar uma resposta agora e você poderá escolher um parceiro para lhe auxiliar nessa missão – resolveu encerrar Tsunade – Pense se quer a missão, não é assassinato— frisou – Você terá que se reportar a todo momento para mim e daremos os comandos do que deve fazer a seguir. Sua missão só estará finalizada, quando eu decidir, entendeu? – e o Uchiha aquiesceu – Certo, então está dispensado.

Sasuke deu meia volta para sair quando ouviu a voz da Hokage mais uma vez.

— Você tem uma semana para me responder, Sasuke.

—*-

Sakura esperava meio carrancuda do lado de fora e ao ver o marido sair, começou a acompanhá-lo de volta para casa. Andou ao lado de Sasuke que parecia perdido nos próprios pensamentos, e ela estava curiosa para saber o que sua mestra queria com Sasuke, mas não questionaria, devia evitar conflitos e ela realmente queria voltar ao hospital, para trabalhar, é claro. Ficara realmente emocionada ao ouvir o pedido da Hokage e, muito surpresa, por Sasuke ter permitido. Ele estava diferente, mas não conseguia entender o quê havia mudado em tão pouco tempo nele, mas esperava que as coisas pudessem melhorar entre eles.

Estava tão concentrada que acabou tropeçando e iria ao chão se não fosse Sasuke segurar o seu braço.

— E ainda queria trabalhar agora... – ouviu-o murmurar antes de soltá-la e voltar a caminhar.

Sakura apenas arregalou os olhos e ficou a observar as costas do Uchiha, que parou e a encarou por cima do ombro. Apressou o passo e voltaram a caminhar em silêncio, enquanto uma pergunta rondava a mente de Sakura: Ele havia impedido que trabalhasse por estar preocupado com a sua saúde?

—*-

Dois dias se passaram desde que voltara para casa no Distrito Uchiha. Sakura tinha que admitir que realmente fora melhor ela não começar a trabalhar imediatamente, ainda estava fraca e o fato de poder dormir na sua própria cama era algo que a revigorava. Era estranho sentir isso, mas era como se aquela casa começasse a fazer parte dela, mesmo que nada tenha mudado fisicamente. Olhou para a varanda onde Sasuke afiava sua katana e não pode deixar de admirar a cena e novamente seus pensamentos foram para ele.

Ele estava diferente… mais calmo, ele não parecia desprezá-la da mesma forma. Claro, ele também não se aproximava, mas aquele ar ameaçador que sentia nele parecia ter desaparecido, o que ela agradecia internamente. Por vezes teve a impressão também que ele a observava mais, mas talvez fosse apenas ela imaginando coisas, afinal ele sempre a ignorava.

— Está queimando. – a voz dele chamou a sua atenção, que desviou rapidamente o olhar com medo dele ter percebido que o encarava.

— O-O que disse? – indagou do sofá da sala, um pouco nervosa.

— Tem algo no fogo? Está com cheiro de queimado – explicou com o cenho franzido e Sakura teve que piscar duas vezes antes de se dar conta do que estava acontecendo.

— Ahhh o almoço! – exclamou antes de se levantar e correr para a cozinha rapidamente, mas não sem antes bater o pé na quina do sofá, novamente – Porcaria de sofá! – blasfemou baixinho e Sasuke apenas revirou os olhos ao ver a rosada desesperada, mesmo que um sorriso de canto se desenhasse no seu rosto. – Consegui salvar, graças a Kami! – ainda a ouviu exclamar.

Naquela mesma tarde, eles receberam a visita de Itachi, Hana e a da pequena Megumi, algo que agradou demais Sakura, afinal desde o dia em que trouxe a mais nova Uchiha ao mundo não havia visto a bebê.

— Nossa como ela está grande! – disse ao pegar Megumi no colo, olhava embasbacada para a criança.

— Sim, e graças a você, Sakura! – disse Hana, agradecendo mais uma vez a rosada que corou.

— Não foi nada! – sorriu e voltou sua atenção para Megumi.

— Na verdade, viemos aqui pois temos um convite a fazer aos dois – Itachi se pronunciou, encarando o irmão e a cunhada.

— Convite? – Sasuke questionou.

— Sim, isso já estava decidido antes mesmo da Megumi nascer, então viemos saber se aceitam serem os seus padrinhos? – explicou Itachi para a surpresa de ambos, mas não precisou esperar nem dois segundos para Sakura explodir de felicidade.

— Claro que aceito! – disse em um rompante, mas logo ouviu Sasuke pigarrear ao seu lado e soube que não deveria ter respondido. Seu sorriso murchou e olhou para o marido – Quero dizer… eu… - ficou sem saber ao certo o que responder.

Sasuke por um momento não pode deixar de notar a diferença na expressão de Sakura, fazia muito tempo que ele não a via tão radiante e alegre, parecia a mesma garota de anos atrás. Mas ao notar que não poderia dar aquela resposta sem o aval dele foi o suficiente para ela voltar a ser aquela mulher apática e triste de alguns meses antes.

— Seria uma honra sermos os padrinhos da Megumi – declarou e ao olhar para a esposa foi recompensado com um grande sorriso, um que era comum receber antigamente. Há quanto tempo ela não sorria dessa forma? Desviou o olhar irritado com o rumo dos seus pensamentos, por que estava prestando atenção nessas coisas?

— Ficamos muito felizes em ouvir isso, não é Itachi? – Hana falou ao segurar a mão do marido que aquiesceu, intrigado com o que via na sua frente.

— Ah! Ouviu, Megumi-chan? Eu vou ser sua madrinha! – exclamou Sakura contente – Não se preocupe, pois eu vou te proteger sempre! – começou a conversar com a pequena em seus braços, enquanto os pais desta se divertiam com a cena – E quando você estiver em apuros com o seu pai ou a sua mãe, pode sempre vir me procurar!

— Desse jeito você vai acostumá-la mal, Sakura! – falou Hana rindo da cunhada que nem ao menos ligou e continuou a falar:

— E quando você crescer e ficar cada dia mais bonita e quiser conversar sobre garotos eu também estarei aqui!

— Não precisa exagerar, Sakura – disse Itachi arqueando uma sobrancelha, não havia gostado da menção da filha junto da palavra “garotos”. Sakura apenas riu ao encarar Itachi.

— Pelo visto você vai ter muitos problemas com o seu pai, Megumi-chan! – suspirou de forma dramática e continuou – Mas não se preocupe, quando você estiver querendo se encontrar com um garoto, pode vir até mim que eu irei dar um jeito de despistar esse Uchiha ciumento! – brincou e Itachi começou a reclamar:

— Como é? Sakura não ouse fazer isso! – falou nervoso enquanto a rosada ria da cara do mais velho e Hana tentava apaziguar os ânimos do marido.

— Calma Itachi, ela está brincando, não é Sakura? – questionou de forma ameaçadora – Além disso, Megumi é um bebê ainda, não existe nenhum pretendente para ela.

— Ainda, mas ela terá porque será a mais bonita de todas e milhares de garotos irão cortejá-la e eu a ajudarei a escolher o melhor dentre eles e… – continuou a inventar histórias somente para ver Itachi irritado e Hana o acalmando.

Sasuke permaneceu à margem da conversa, mas tinha que admitir que não esperava ver o seu irmão mais velho, sempre tão centrado e calmo, perder a cabeça por uma das gracinhas de Sakura, mas conhecendo-a bem, talvez não fosse somente uma brincadeira. Era bem capaz da rosada ajudar Megumi a se meter em problemas quando crescesse, mas não pode evitar o riso baixo ao ver aquela cena tão estranha para si, geralmente era ele próprio quem sempre estava perdendo a calma com Sakura.

Itachi parou de brigar com a cunhada ao ouvir a risada do irmão e aquilo chamou a atenção das duas mulheres que também encararam Sasuke. Sakura foi a primeira a rir junto do moreno e logo Hana os acompanhou, enquanto Itachi apenas sorria, o coração transbordando de alegria. Não acreditava que estava vendo o seu irmãozinho daquela forma… tão leve e sem sombras no rosto. Não se recordava da última vez que ouvira o irmão rir assim e imediatamente olhou para Sakura.

— Acho que vou ter que dobrar a minha atenção em Megumi com você por perto Sakura – disse com um sorriso no rosto que logo foi retribuído pela rosada.

— Quem diria que Uchiha Itachi seria um pai tão zeloso com a filha – Sasuke se pronunciou pela primeira vez.

— Espere até ter a sua própria filha e você saberá o que estou sentindo, otouto – debochou Itachi e imediatamente Sasuke e Sakura trocaram um olhar, antes de virarem a cabeça para o lado oposto um pouco envergonhados com o que o fora dito implicitamente.

— Isso não vai acontecer – resmungou Sasuke taciturno e Sakura abaixou a cabeça, voltando sua atenção a Megumi ao entender as reais palavras proferidas pelo marido.

—*-

Era hoje. Finalmente iria voltar a trabalhar no hospital e estava ansiosa e nervosa demais com isso. E se ela não conseguisse ajudar ninguém? E se ela voltasse a ter medo de sangue? E se algo desse errado ou Sasuke decidisse que deveria ficar em casa?

— Virei buscá-la no horário indicado – informou Sasuke, assustando Sakura que apenas aquiesceu e voltou a olhar para a fachada do prédio e engoliu a seco, sem conseguir se mover – Está na hora – disse, tentando fazê-la ir de uma vez, porém a rosada parecia estar grudada no chão. Suspirou, irritando-se e virou-se para ir embora.

Sakura nem ao menos notou a saída de Sasuke, mas ouviu muito bem o que ele disse para fazê-la sair do transe em que estava.

— É melhor entrar se não quiser voltar comigo! – aquelas palavras foram suficientes para retomar o controle e adentrar os portões. Ela não iria desistir, respirou fundo e começou a andar.

            Dentro do hospital as coisas estavam mais agitadas do que imaginava. Havia muitas pessoas espalhadas na recepção da entrada, algumas enfermeiras corriam de um lado para o outro, enquanto as atendentes tentavam organizar os feridos. O que havia acontecido ali durante os três dias que estivera fora?

— Com licença… – chamou uma das atendentes que estava prestes a mandá-la embora quando viu quem era.

— Sakura-san, graças a Kami! Estávamos esperando por você! – disse agarrando o braço da rosada e praticamente a arrastando para dentro de outra ala.

— O-O que aconteceu? O hospital não estava assim! – tentou entender enquanto a recepcionista continuava a lhe puxar.

— Alguns shinobis que estavam em missão de reconhecimento foram atacados perto de Suna e outra equipe de shinobi foi atacada na volta de outra missão, é só o que sabemos – tentou explicar da forma mais prática possível – E como estamos com muitos feridos, não estamos conseguindo lidar com todos.

Sakura apenas aquiesceu e seguiu a mulher que parou em frente a uma sala de cirurgia. Engoliu a seco e olhou a recepcionista que já chamava alguém para falar consigo. Não demorou muito e Shizune apareceu ali com ar cansado, provavelmente estivera trabalhando a noite toda.

— Sakura! Que bom que está aqui, eu preciso da sua ajuda – disse rapidamente e a menina confirmou com a cabeça, ainda um pouco nervosa com o que viria. – Esse shinobi chegou gravemente ferido, meu chakra está quase se esgotando e eu preciso que me ajude nessa cirurgia.

— Qual o estado dele? – indagou indo com a mais velha para dentro de uma sala a fim de se preparar para a cirurgia enquanto a recepcionista voltava correndo para a entrada do hospital.

— Está com duas costelas fraturadas, houve uma perfuração no pulmão esquerdo por causa disso. A perna direita também está quebrada, clavícula trincada, existe uma prefuração no ombro esquerdo, além de cortes e escoriações pelo corpo – explicou Shizune. Sakura engoliu a seco novamente, o estado daquele shinobi era muito ruim. – Sakura, acha que consegue? – indagou a morena ao ver o receio da mais nova.

— Hai! – confirmou, reunindo toda sua força.

Terminaram de se preparar e ao sair em direção para o lugar onde aconteceria a cirurgia Sakura se deparou com última pessoa que esperava ver.

— Mika-san! – murmurou ao ver a idosa arregalar os olhos inchados pelo choro enquanto se aproximava de si.

— Sakura! Por favor, salve-o! – implorou à menina – Salve o meu neto, salve o meu Idate, por favor! – disse antes de cair de joelhos e voltar a chorar. Sakura ficou atônita e olhou para Shizune que abaixou o rosto.

Não podia ser. Não. O shinobi que iria ser operado. Aquele em estado crítico e que necessitava da ajuda dela… era Idate? Desespero ameaçou tomar conta dela, mas Shizune a trouxe de volta ao dizer:

— Sakura, controle-se, Idate precisa que você seja forte agora – e em seguida voltou-se a idosa – Não se preocupe senhora, vamos fazer o nosso melhor para salvá-lo – e em seguida chamou a garota para que iniciassem a cirurgia.

Sakura respirou fundo e seguiu Shizune sem conseguir proferir nada. Ela tinha razão, devia manter a calma. A vida de Idate dependia dela. Cerrou os punhos com força ao ver com os próprios olhos o estado do rapaz, havia muito sangue e ela não sabia por onde começar. Ele estava tão pálido, tão abatido que em nada parecia com aquele garoto alegre e intrometido que vivia lhe irritando. Seus olhos marejaram, mas ela se impediu de chorar, tinha que ser forte. Iria salvá-lo, não importava como.

— Vamos começar – ouviu a voz de Shizune e em seguida as instruções dadas enquanto emanava chakra pelo corpo de Idate.

—*-

Limpou o suor do rosto e foi sentar-se ao lado do irmão. Estavam trabalhando desde cedo na reconstrução das casas do clã e, apesar de terem feito bastante coisa, muito ainda faltava ser feito. Todos estavam empenhados em ajudar, os homens trabalhavam na construção enquanto as mulheres ficavam responsáveis por trazerem comida e cuidar das crianças.

— Acha que foi melhor deixar Sakura de fora? – indagou Itachi ao ver o olhar do irmão nos outros Uchiha’s – Isso só vai fazer com que os outros achem que ela não está ajudando.

— Ela está trabalhando no hospital, é uma forma de ajuda – disse dando de ombros e o irmão mais velho arqueou uma sobrancelha.

— É, mas ajudar Konoha, não significa ajudar o clã – explicou com o cenho franzido – E, infelizmente, os Uchiha’s tendem a preferir os seus à Vila.

— Eles não podem fazer nada, afinal a decisão foi minha. – retrucou Sasuke ao levantar-se e ir em direção a mãe para pegar uma bebida, encerrando a conversa com o irmão.

Continuou a trabalhar o dia todo e já estava quase anoitecendo quando seguiu em direção ao hospital para buscar Sakura. As palavras do irmão volta e meia voltavam a permear os seus pensamentos, mas tinha a certeza de que Sakura seria mais útil no hospital do que fazendo algum tipo de serviço doméstico. Conseguia imaginá-la queimando comida ou então tropeçando e deixando cair tudo, sorriu de canto e balançou a cabeça, era melhor mesmo ela ficar no hospital.

Mesmo assim não pode deixar de se preocupar com o fato de como seria a reação dos outros Uchiha’s com essa decisão. Afinal, muitos não gostavam da rosada pelo fato de não ser a esposa que todos estavam acostumados. Cerrou os punhos, sem entender o porquê de estar se importando com isso.

Entrou no hospital e evitou pensar em qualquer bobagem. Parou na recepção e informou que esperava por Sakura e estranhou o fato da recepcionista parecer um pouco nervosa.

— S-Só um minuto, vou chamá-la - gaguejou antes de sair e resolveu esperar ali mesmo.

—*-

Sentia-se esgotada, mas não podia parar. Suor escorria do seu rosto e suas mãos doíam pelo fato de realizar o jutsu por horas seguidas, mas ela não desistiria até que ele estivesse estável. Haviam conseguido fechar as feridas, ajeitar a clavícula e a perna, o problema maior havia sido as costelas que perfuraram o pulmão e causaram uma hemorragia interna. E agora estavam tentando conter essa hemorragia enquanto retiravam o osso de dentro do pulmão.

— Ele está perdendo muito sangue – ouviu um médico dizer.

— Vamos preparar uma transfusão – disse Shizune atenta aos movimentos de todos.

— Há muito sangue no pulmão, está obstruindo as vias aéreas – outro médico se pronunciou.  “Merda!” pensou Sakura e emanou mais chakra para tentar fechar a abertura e evitar que mais sangue entrasse.

— Ele não vai respirar dessa forma! – uma enfermeira informou - Você não pode fechar essa abertura! – exclamou indignada com a atitude da rosada

— Precisamos drenar o sangue de dentro dele, rápido! – Sakura se pronunciou pela primeira vez, enxugando o suor do rosto, ignorando a enfermeira.

— Mas como se você fechou a abertura? – indagou um dos médicos, estava claro que ele não tinha habilidades ninjas.

— Você não está em condição de fazer esse procedimento Sakura – Shizune disse, já sabia o que a rosada pretendia e isso iria esgotar o chakra da mais nova que estava evidentemente cansada.

— Somente nós duas, aqui, temos habilidades ninjas para fazer essa cirurgia, Shizune. E entre nós duas eu sou a que está com mais chakra – explicou calmamente para a morena que avaliou o que fora dito.

— Se você passar mal ou ver que não pode ir adiante eu tomarei o seu lugar – disse antes de voltar-se para resto da equipe – Precisamos de uma vasilha com água, agora!

Sakura sorriu brevemente pelo voto de confiança de Shizune, mas logo voltou seu olhar para Idate.

— Eu vou salvar você, Idate... – murmurou tocando levemente o rosto do rapaz, antes de iniciar o procedimento, sob o olhar atento de Shizune.

—*-

Bufou irritado ao ver que se passara meia hora e a mulher não havia retornado, assim como  Sakura também não havia aparecido. Começava a se arrepender dessa ideia dela trabalhar no hospital, iria exigir que ela não o fizesse esperar da próxima vez, isso se houvesse outra vez. Droga, odiava que o fizessem esperar, ela sabia disso. Levantou-se da poltrona onde estava e, cansado de esperar, começou a andar pelos corredores do hospital, assim que a visse a arrastaria para casa.

Havia realmente muita gente ali necessitando de ajuda, mas não conseguia encontrar Sakura e quando indagava a alguma enfermeira, elas apenas diziam não saber e voltavam ao trabalho. Estava quase desistindo quando viu Shizune sair de uma sala e ir falar com uma senhora que começava a chorar copiosamente. Esperou que a conversa acabasse e ficou de frente para a morena que se surpreendeu com a presença dele.

— Sasuke-san!

— Onde está Sakura? – foi direto e a morena hesitou ao responder – O que houve? Diga de uma vez! – mandou já sem paciência.

— Não foi nada, Sakura realizou uma cirurgia muito complicada, por isso o atraso – explicou – Sinto muito, acabamos agora e Sakura acabou desmaiando de cansaço.

— Onde ela está? – tornou a perguntar e a morena o guiou até uma porta e quando abriu pode ver a rosada dormindo serenamente em um sofá.

— Ela está esgotada, mas vai ficar bem, apenas gastou muito chakra de uma só vez e precisa dormir – Shizune voltou a falar. Estava com receio do Uchiha proibir Sakura de voltar ao hospital por vê-la nesse estado.

Sasuke não disse nada, pegou a esposa nos braços e colocou-a nas costas, como fazia quando ela era criança, e saiu dali sem ouvir mais nada do que Shizune falava. Suspirou enquanto a levava para casa, parecia que havia sido transportado no tempo, quando ela treinava até a exaustão para desafiar o patriarca dos Harunos e ele sempre a carregava quando adormecia no campo de treinamento. A única diferença era que ela estava maior, o corpo dela estava diferente e ela suspirava baixinho contra o seu ouvido, quase como um agrado e arrepiando-o levemente.

Parou no meio da rua com esse pensamento e resolveu ajeitá-la nos braços, passando-a para sua frente, não iria dar certo carregá-la nas costas se continuasse desse jeito. Passou um braço pelas pernas dela e outro segurou os ombros, trazendo-a para perto, apoiou a cabeça dela em seu ombro que se aconchegou mais nele. Ela realmente parecia cansada, pensou ao observar o rosto adormecido dela, mas também tinha percebia que ela parecia imensamente feliz com algo e ele logo deduziu que o motivo era ter voltado a fazer algo que tanto gostava. Sorriu ao ver o quanto ela era boba, qualquer mulher se agradaria com uma joia e Sakura parecia se contentar em trabalhar até a exaustão.

— Idate… – ouviu o murmúrio da garota e foi o suficiente para desmanchar o sorriso no rosto dele. – Idate… - ela falou mais uma vez, segurando a camisa de Sasuke mais uma vez e ele revirou os olhos, bufando baixinho. Por que ela estava sonhando com aquele intrometido? Era por causa dele que ela parecia feliz?

—*- 

No outro dia Sakura havia voltado ao hospital e Shizune não podia estar mais feliz com isso. Realmente pensara que Sasuke a proibiria de voltar a trabalhar e ela precisava de toda mão de obra disponível. Sakura não entendeu o motivo da morena parecer tão aliviada, mas realmente ficou pensativa quando lembrou-se do “marido”. Quando acordara no dia anterior ela já estava em casa, deitada na sua cama e ao indagar o Uchiha, este apenas disse que foi buscá-la e como estava desarcordada a carregou até ali.

Porém percebeu que o Uchiha estava mais mau humorado do que o normal. Parecia irritado e voltou a lançar aqueles olhares frios e de desprezo para cima de si, sem qualquer motivo aparente. E isso foi o suficiente para Sakura se afastar novamente. Não iria retrucar, mas também não se aproximaria do moreno dessa forma, mas foi inevitável falar com ele no outro dia para que a levasse para o hospital. Ouviu-o bufar e reclamar baixinho, somente isso e, em seguida a acompanhou até o grande prédio branco no centro de Konoha, dando-lhe uma única ordem: não se atrasar na hora de ir embora e não estar desmaiada.

— Sakura, pode ir ver alguns pacientes? – Shizune indagou, encerrando os pensamentos da rosada sobre o estranho humor do Uchiha.

— Claro! Não temos nenhuma cirurgia hoje? – e a outra discípula de Tsunade suspirou.

— Parece que só faltam três serem realizadas, entretanto são bem mais fáceis do que a de ontem, que era uma emergência – disse com certo alívio.

— E… como ele está? – questionou um pouco tímida, chamando a atenção da mais velha que sorriu.

— Por que você não dá uma olhada com os seus próprios olhos? – e entregou várias pranchetas contendo os prognósticos de vários pacientes, entre eles, Sakura conseguiu ler o nome de “Morino Idate” na primeira ficha de atendimento.

— E-Eu vou ter cuidar dele? – falou surpresa com a quantidade de trabalho e aidna ter que ver Idate depois da cirurgia.

— Pensei que iria gostar, afinal você parecia tão preocupada com ele ontem, até chorou quando a cirurgia terminou e…

— E-Eu não chorei! – interrompeu Sakura com a face corada – Eu só… fiquei feliz porque deu tudo certo – retrucou baixinho e Shizune sorriu de forma maliciosa.

— Então não tem motivo de não ser sua médica, não é? – e Sakura foi incapaz de retrucar.

Deu meia volta para iniciar o seu trabalho, divertindo Shizune, mas logo o seu sorriso sumiu ao pensar que tudo poderia se complicar caso Sakura desenvolvesse algum sentimento por Idate. No final, talvez não tenha sido a melhor das escolhas deixar que ela cuidasse do rapaz, entretanto ela, assim como Tsunade e muitos outros amigos da rosada, achavam que Sasuke não dava o devido valor a garota e Sakura mais do que ninguém merecia alguém disposto a trazer um pouco de amor e acalento ao seu coração.

—*-

Sakura passou o dia vendo pacientes, cuidando de alguns casos mais delicados e ajudou Shizune em mais uma cirurgia. Faltava uma hora para Sasuke vir buscá-la e ela ainda não havia ido ver Idate. Ela sabia que estava sendo boba por não ir vê-lo, devia ser profissional, mas as palavras de Shizune não a deixavam raciocinar direito, além disso ela não entendia o motivo de ter ficado nervosa com aquela brincadeira. Ela e Idate eram apenas amigos e ela havia se preocupado com ele da mesma forma se fosse Naruto, não é mesmo?

Suspirou ao ver que estava em frente ao quarto de Idate. Estava sendo ridícula, provavelmente só estava assim pelo fato de que da última vez que o vira nem ao menos lhe dirigiu a palavra, preferindo se esconder atrás de Sasuke por estar com medo que o marido lhe machucasse mais uma vez. Sentiu o rosto esquentar com a lembrança e teve vontade de sair dali mais uma vez.

— Pare de ser idiota! - disse para si mesma – Eu quero vê-lo… ver se está bem e, quem sabe…

— Falando sozinha, Sakura-san? – uma enfermeira indagou, assustando a garota que negou, nervosa, e em seguida se dirigiu a porta para sair do corredor o mais rápido possível.

Entrou no quarto ainda com o rosto quente por terem lhe ouvido, mas logo notou que Idate estava acordado e tentava se levantar da cama, mesmo não tendo condições de fazer tal esforço.

— Você ficou maluco? Não pode se levantar dessa cama! – bradou, segurando os ombros do rapaz que ficou surpreso por vê-la ali.

— Sakura? – disse com a voz rouca, havia acordado há pouco tempo.

— ...Oi – disse timidamente ainda segurando os seus ombros e ao ver que ele não oferecia nenhuma resistência, largou-os antes de pigarrear – Então, como está se sentindo?

— O que está fazendo aqui? – respondeu com outra pergunta e Sakura sorriu ternamente para si, o que o deslumbrou por um momento.

— Estou cuidando para que você não jogue todo o meu trabalho de ontem fora – e a expressão de confusão de Idate lhe deu vontade de rir.

— O que quer dizer?

— Você estava muito mal. – começou a ficar com a voz embargada – Quebrou a perna e duas costelas, fraturou a clavícula, seu pulmão foi atingido – e pegou a ficha dele para tentar se concentrar em outra coisa – Foi realmente difícil, eu pensei, várias vezes que… eu não ia conseguir salvá-lo – foi impossível não deixar que uma pequena lágrima escorresse do seu rosto, antes de voltar a sorrir – A sua sorte é que sou uma médica-nin muito competente. – e mais lágrimas foram derramadas.

Idate não conseguia acreditar no que ouvia. Parecia que havia acordado em um mundo paralelo, no qual a Sakura que conheceu havia retornado e estava ali na sua frente. Ela havia feito a sua cirurgia e salvara a sua vida? Por Kami, ela estava chorando com medo de que ele morresse? Nunca em seus mais loucos sonhos conseguiu imaginar essa cena. Mesmo sentindo dor, mesmo sabendo que não deveria, não conseguiu evitar puxá-la pelo braço para abraçá-la o mais forte que suas mãos conseguissem.

— M-Me desculpe-e… – Sakura falou com a voz embargada, enquanto sentia Idate acariciar seus cabelos.

— Não tem o que desculpar, você salvou a minha vida e está aqui… é tudo o que preciso no momento. Obrigado – recuou para olhar nos olhos dela. Sakura sentiu as bochechas esquentarem pelo modo como ele a olhava e afastou-se rapidamente, sem saber como agir.

— Idate… – murmurou constrangida – Espero que possamos voltar a ser o que éramos antes – e o rapaz franziu o cenho.

— E o que éramos antes? Pois pelo o que me lembro não éramos exatamente amigos – retrucou e a rosada aquiesceu.

— Mas poderíamos ser agora… – e viu Idate suspirar contrariado – ...não quer? – ele teve vontade de dizer que queria ser mais do que um simples amigo, mas ao invés disso, respondeu:

— Podemos ser amigos, para começar – e sorriu ao vê-la mais animada - E a minha avó? – resolveu iniciar outra conversa com a garota antes que indagasse o que queria dizer com aquilo e se era alguma brincadeira dele.

—*-

Era a segunda vez que esperava Sakura e dessa vez sabia que a culpa era dele por chegar mais cedo, mas como terminou o seu trabalho no clã e sua mãe queria falar com Sakura sobre a cerimônia que fariam em homenagem a Megumi, resolveu ir buscar a esposa antes. Porém, novamente ela parecia ocupada demais para recebê-lo e mais uma vez ele não aguentou esperar e seguiu o corredor em busca da rosada, afinal Shikamaru dissera que poderia acompanhar as atividades da rosada. Ele só não esperava ter que ouvir e ver toda aquela cena entre a “esposa” e o Morino.

Cerrou os punhos, tentado a interromper aquele momento, mas controlou-se. Não tinha motivo de fazer escandâlo, não é mesmo? Não existia a menor possibilidade dele passar por esse vexame como se fosse um esposo traído. Afinal, não ligava para Sakura, só estava furioso pelo fato que ele havia a proibido de ver o outro shinobi e não esperava que eles se encontrassem no hospital e ficassem tão próximos. Desde quando Sakura parecia gostar desse Idate? Ela havia mentido para si quando disse que eram apenas amigos?

Ouviu a proposta dela e suspirou em alívio ao ouvir que a rosada queria unicamente a amizade do ninja, mesmo que este claramente não desejasse somente esse status na vida da mulher. Ainda assim ele conseguiu perceber que Sakura se importava demais com ele, estava muito próxima a ele e chorara e o abraçara como nunca tinha feito com outro, na sua concepção. Bagunçou os cabelos, estava se importando mesmo com aquilo? Sakura era casada consigo, Idate não tinha como fazer nada, não importava o que ela ou ele sentiam.

Fechou os olhos, recordando-se da ameaça do rapaz. “Se não cuidar direito dela, irei tomá-la de você”. Franziu o cenho e saiu dali com passos firmes.

—*-

— Sasuke, chegou mais cedo? - indagou Sakura ao ver o Uchiha com os braços cruzados no portão do hospital. Ele a fitou seriamente, estudando as suas feições e ignorando a pergunta dela.

Sakura revirou os olhos ao ver que o humor dele não estava dos melhores, mas resolveu não ligar e começar a caminhar. Estava muito feliz pela cirurgia de Idate ter dado certo e por terem voltado a se falar. Era incrível como ele conseguia conversar sobre qualquer coisa com ela e distraí-la de tal forma que todos os problemas pareciam longe. Sorriu, era bom contar com um amigo como ele, pensou satisfeita por ter dado o melhor de si, seus esforços não foram em vão e também estava contente de ver que ela parecia ter superado o seu trauma de sangue. Ficou tão perdida em pensamentos que não notou que o olhar de Sasuke continuava sobre si.

—*-

Já fazia quatro dias que Sakura estava indo para o hospital. Todos os dias cuidava dos feridos e fazia visita aos pacientes para saber como eles estavam, além de ajudar em qualquer emergência e parecia que os problemas no hospital iam se ajeitando. Durante as suas visitas sempre deixava Idate por último para poderem conversar um pouco, além de que se tratava de um caso mais delicado e era necessário um olhar mais atento. Ficava feliz em perceber que ela e Idate estavam se dando melhor do que esperava, era bom trabalhar no hospital e ter a companhia de alguém como ele.

Hoje também era o prazo final de Sasuke dar a resposta à Tsunade, por isso quando pegou a esposa no hospital, informou-a que iriam antes até a torre da Hokage. Sakura seguiu o marido sem questionar nada, apesar de estar curiosa dele levá-la até lá. Ele continuava estranho com ela e Sakura já não conseguia mais entender a cabeça do Uchiha sem que começasse a sentir dor de cabeça. Ele era muito instável e ela preferiu evitar problemas com ele, estava finalmente fazendo algo que gostava e não estava disposta a jogar tudo no lixo com uma briga boba. Ao chegarem a sala de Tsunade, a Senju tratou de ir direto ao ponto, afinal já imaginava o assunto da conversa.

— Então, Uchiha, tem uma resposta para mim? – indagou, perscrutando o moreno.

— Sim, eu aceito a missão – afirmou para o alívio da Godaime que necessitava de um bom shinobi para que tudo desse certo. Enquanto Sakura olhava para o Uchiha se perguntando qual era essa missão tão misteriosa.

— Ótimo! E quem irá com você como parceiro? – Sasuke apenas sorriu de canto antes de responder calmamente:

— Uchiha Sakura – e aquilo foi um choque para ambas as mulheres no recinto.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Acho que esse capítulo foi algo bem bonitinho do meu ponto de vista, teve vários momento SasuSaku, algo no estilo de começar a reparar mais no companheiro e ver mudanças sutis de comportamento cada um. Quem acha que o Sasuke tá com ciúme e não quer assumir levanta a mão? o//// kkk Idate já deu o primeiro passo, mas pelo jeito o Uchiha não vai deixar isso barato, apesar de não querer dar o braço a torcer, mas o que vocês acham que vai acontecer nessa missão? E qual o motivo dele escolher a Sakura? Acho que muita gente já sabe essa resposta, mas vai que alguém ainda não percebeu, né?
Gente é isso, vou tentar não demorar tanto dessa vez ;D
Beijos e até a próxima!