Reparação escrita por Luhni


Capítulo 20
Traidor


Notas iniciais do capítulo

Então gente! Tudo bem? Como prometido hoje saiu capítulo novo, YEYY!! XD
Muito obrigada a todas que comentaram, vocês são demais, ainda estou respondendo-os, mas já li todos os reviews e amei cada um!
O capítulo de hoje é dedicado a Fire Diamonds e a Dhey chan que recomendaram a fic, vocês são lindas e cada palavra que escreveram me comoveram e me fizeram pular de felicidade, muito obrigada por lerem a fic e espero que gostem deste capítulo também.

Boa Leitura a todos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513016/chapter/20

Mikoto ainda estava de boca aberta pela aparição da mais nova integrante do clã Uchiha. A figura de Sakura estava exatamente da mesma forma e ao mesmo tempo diferente, mas não sabia dizer o que havia mudado, pois logo seu foco tornou-se outro ao se questionar onde estava Hana e o que havia acontecido. Quis perguntar à rosada, mas ela já havia iniciado o combate e aquilo também a surpreendeu. Sakura não havia parado de lutar? Escutou um barulho mais ao longe, perto de umas árvores e se virou com medo de que fossem mais problemas, mas era Hana quem acenava na sua direção para que fossem por ali.

Um suspiro de alívio tomou conta de si ao ver que ela estava bem e não demorou em dizer as outras mulheres para a seguirem, inclusive Mebuki que ainda encarava a filha com assombro.

– Onde pensam que vão? – ouviu um shinobi correr na direção delas, mas foi interceptado por Sakura que chutou as costelas dele, fazendo-o uivar de dor.

– Continuem! – a rosada ordenou antes de voltar a atacar todos de uma vez. Não iria deixar que ninguém ficasse longe das suas vistas.

Seguindo as ordens da garota, correram em direção para onde Hana estava segurando um embrulho e Mikoto mais uma vez suspirou por ver que a neta estava bem também.

– Hana! – Mikoto a abraçou, sendo retribuída da melhor forma que pôde sem machucar o bebê em seus braços – O que aconteceu? Você...

– Estamos bem Mikoto-san. – interrompeu a sogra – Sakura achou melhor nós irmos para o monumento dos Kages quando recuperei as energias e então encontramos vocês. – explicou de forma rápida – Agora é melhor sairmos daqui – disse decidida ao olhar para a rosada que se esquivava de um ataque.

– Mas para onde vamos? E Sakura? – Mikoto indagou preocupada com a situação toda.

– Precisamos nos abrigar ou podemos atrapalhar a luta – Hana convenceu a sogra que reuniu todas para irem em direção a uma casa perto dali para verem o que fariam a seguir.

Os shinobis inimigos perceberam a movimentação das mulheres e ficaram furiosos com o fato de que uma única garota estivesse os impedindo. E Sakura estava impressionada com aqueles ninjas, sabia que estava fora de forma, mas eles apresentavam uma resistência incrível e mais, uma forma de esquiva que ela nunca pensou ver na vida. Eles conseguiam desviar de vários ataques seus, como se previssem os movimentos que faria, como se... como se estivessem sendo controlados.

De repente sua atenção foi para o único shinobi que permanecia imóvel em cima de um pequeno prédio, ele estava com os braços cruzados e seu rosto estava coberto, mas ela distinguiu muito bem a bandana da Vila da Areia com um risco no meio. Franziu o cenho, o que aquilo significava?

Antes que pudesse pensar em algo mais viu uma movimentação a sua direita e conseguiu desviar a tempo de dois ninjas que investiam contra si. Movimentava-se para a direita e a esquerda em uma destreza tão impressionante quanto a velocidade dos inimigos que atacavam. Estavam tão perto de si que por um instante Sakura jurou ter visto algo brilhar no braço de um dos adversários e se distraiu por segundos, mas isso foi o suficiente para que um pequeno arranhão fosse feito em seu rosto.

– Droga! – passou a mão no rosto para limpar o sangue e em seguida, moldou chakra na mão, acertando o peito do shinobi que derrubou mais três devido a força compelida.

Mais dois inimigos pularam em cima de Sakura, enviando uma chuva de kunais em sua direção. Enviou chakra para os pés, aumentando a sua velocidade e concentrou-se em evitar cada arma jogada em si. “Uma das habilidades requeridas para se tornar um ninja médico é conseguir esquivar de todos os ataques, afinal como um médico-nin pode salvar os outros se estiver morto?” A voz de Tsunade veio a sua mente e usou tudo o que aprendeu em seu treinamento ao longo dos anos em prática. Ela ricocheteava as kunais que conseguia e o que não era possível ela simplesmente se movia com uma graça e destreza que poderiam dizer que ela dançava em meio às armas.

Quando o ataque terminou, Sakura tinha apenas mais três arranhões no braço e na perna, mas nenhum ferimento grave. Levantou os olhos apenas para ver o mesmo shinobi lhe encarando com um brilho estranho no olhar.

– Tenho que admitir, não é qualquer um que consegue escapar de um ataque desses – o homem que continuava imóvel se manifestou pela primeira vez e Sakura notou que mais ninguém ousava lhe atacar.

– Eu não sou qualquer uma – afirmou para o shinobi da areia que pareceu gostar do que ouvira.

– Certamente... Você dará uma bela diversão – disse mais uma e em seguida Sakura chutava um shinobi que tentara lhe atacar por trás e mais uma vez algo chamou a sua atenção, dessa vez ela conseguiu ver com mais clareza: uma linha banhada em chakra.

– O quê? – disse arregalando os olhos, antes de se voltar para o encapuzado, seus braços continuavam cruzados, imóveis, mas ela percebeu uma mínima movimentação e algo reluzir ao mesmo tempo em que outro shinobi vinha em sua direção.

Abaixou-se ao ver dois punhos perto de si e girou nos calcanhares antes de dar um chute que pudesse acertar ambos os inimigos, mas de forma proposital diminuiu a velocidade do ataque somente para observar o que acontecia. E como previu os dois inimigos desviaram ao mesmo tempo, em uma sincronia irritantemente perfeita, enquanto que pequenas oscilações eram vistas dos dedos do shinobi encapuzado da areia.

– Desgraçado – vociferou. Aquele maldito estava brincando com ela? Ela finalmente havia entendido como todos os ninjas com quem lutava pareciam peritos em esquiva, como eles nunca cansavam ou pareciam agir com uma sincronia irreal. – Estão sendo controlados – murmurou.

Todos os shinobis pareciam vivos, mas os seus movimentos eram oriundos do comando que acontecia unicamente por uma pessoa, o ninja encapuzado da Vila da Areia. Ele era o chefe e quem estava determinando tudo o que acontecia com a luta. Todo esse tempo ele apenas estava brincando com ela, mas aquilo teria um fim. Agora ela sabia exatamente quem atacar. E foi com esse pensamento que correu em direção a ele, fazendo a combinação de mãos e no primeiro golpe dado em sua direção evaporou em uma nuvem de fumaça.

– Jutsu de substituição? – indagou perscrutando o campo de batalha para encontrar a rosada. Sorriu ao ver a menina correndo em direção a um dos shinobis que parecia mais desatento – Acho que essa técnica não vai ser muito útil – murmurou, mexendo levemente um dos dedos, afastando o ninja do ataque inimigo.

Movimentou os cordões de chakra mais uma vez e suas marionetes humanas voltaram a correr em sincronia, prontos para acabar com aquela luta de uma vez por todas. Sorriu com a perspectiva de ouvir os gritos da garota ao ser perfurada e ter seus ossos quebrados, sim, dessa vez ela não escaparia. Ele havia se surpreendido com as habilidades dela, então achava que poderia se divertir um pouco mais.

– Danna, onde você está? – ouviu lhe chamarem pelo comunicador e bufou, pensou em ignorar, mas sabia que quem lhe perturbava não permitiria tal feito – Danna? Danna! Danna!

– Estou ocupado Deidara – falou entredentes enquanto cercava com alguns shinobis a garota que parecia mais próxima.

– Danna, o líder está perguntando sobre como as coisas estão no seu setor? – indagou, ignorando a fala do outro.

Arquitetou um movimento de contra ataque, porém mais uma vez a rosada havia usado um jutsu de substituição e ele revirou os olhos, talvez aquela luta não fosse tão divertida como pensara já que a garota só sabia correr de seus ataques.

– Danna! – o outro gritou pelo comunicador e ele jurou que mataria Deidara depois.

– Aqui está tudo calmo, logo estarei na base.

– Certo, parece que tudo está correndo como planejado, mas Konoha não irá desistir tão fácil, então não demore muito ai, Danna – avisou pelo comunicador antes de desligar e ele suspirou aliviado, porém logo percebeu que não encontrava a menina em lugar nenhum.

Estranhou. Vasculhou o lugar com o olhar, onde ela estava se escondendo? Algum ataque surpresa? Olhou para baixo, vendo as suas marionetes humanas a procurando, tão confusas quanto ele. Será que fugira? Não, ela não parecia ser covarde se não nem teria entrado em uma luta contra tantos shinobis. Estalou a língua, não seria feito de bobo por uma garotinha, mexeu os dedos, dando comandos aos ninjas mais abaixo até que percebeu uma estranha sombra pairando acima de si.

Arregalou os olhos ao perceber do que se tratava, levantou a cabeça e apenas viu a garota voando em sua direção com a perna estendida pronta para acertá-lo.

– Shanaroo! – gritou enquanto desferia um ataque tão poderoso que fez a terra tremer e uma cratera enorme se formar no lugar onde antes era uma casa.

–*-

– Mas o que diabos foi isso? – Itachi indagou ao sentir o chão tremer – Um terremoto? – olhou para baixo a espera de mais algum abalo sísmico, porém tudo parecia tranquilo de novo, então o que havia sido?

Balançou a cabeça, tinha coisas mais importantes para pensar. Tinha que achar Hana e sua mãe, porém conforme corria pelo distrito Uchiha seu coração pesava cada vez mais ao ver a destruição por todo o local e não ver nenhum vestígio de sua esposa. E a aflição que sentia aumentou ao chegar até a casa da matriarca Uchiha e somente ver os destroços do que um dia fora o seu lar.

– Não... – murmurou ao correr para os escombros e ver se havia alguém soterrado.

– Itachi – ouviu a voz do irmão, mas não parou de escavar, precisava ter certeza que Hana e a mãe estavam seguras, que não estavam ali – Itachi! – sentiu o irmão segurá-lo pelo braço – Elas não estão ai.

– Como sabe? Você as achou Sasuke? – questionou com a voz um pouco elevada, tinha que se controlar. Observou o irmão, ele parecia cansado, mas não parecia preocupado como ele.

– Não, mas Sakura estava com elas – disse como se aquilo respondesse a todas as suas questões e Itachi teve que respirar fundo para não gritar com o caçula.

– Desde quando você enaltece as habilidades da sua esposa? – questionou e Sasuke franziu o cenho.

– Uma parte da casa continua de pé, então há chances delas terem escapado. – apontou para uma parte da casa e depois se dirigiu ao irmão – Se fosse pela oka-san elas continuariam aqui para nos esperar, mas Sakura deve tê-las convencido a sair, ela não consegue ficar parada por muito tempo. – explicou para o mais velho que finalmente parecia se acalmar.

– Você pode ter razão... – disse massageando a têmpora – Eu só espero que elas estejam bem – murmurou para si e em seguida se virou para o irmão – O que está fazendo aqui? Pensei que iria ajudar Naruto.

– Ele conseguiu se virar muito bem e agora está no hospital junto com o shinobi da Areia, mas depois eu explico isso, vamos procurar a oka-san e Hana – disse dando meia volta para sair daqueles escombros.

– E Sakura também – afirmou Itachi e Sasuke apenas deu de ombros, parecendo desinteressado, mas o mais velho sabia que não era exatamente assim que Sasuke se sentia.

Correu para alcançar o irmão e logo sentiram outro tremor na terra. Olharam-se em uma pergunta muda e seguiram na direção de onde viera aquele abalo. Não poderia ser um terremoto, não havia um padrão, então só podia ser um ataque, mas quem seria tão forte a ponto de fazer a terra tremer daquela forma? Itachi cerrou os punhos com força, não queria ter que parar de procurar a mãe e a esposa, mas seu dever como shinobi não deixava que ele simplesmente ignorasse aquilo. Ele só pedia para que elas estivessem seguras até que ele conseguisse achá-las.

–*-

– Deidara, como estão as coisas? Onde está Sasori? – indagou um homem com um manto negro cobrindo o rosto, enquanto observava Konoha ser sitiada.

– Tudo tranquilo, parece que o Danna está se divertindo – disse ao franzir o cenho – E eu gostaria de me juntar a ele também – falou ao moldar um pouco de argila nas mãos.

– Não. Nosso papel aqui é apenas observar – o mesmo homem repreendeu ao encostar-se à copa de uma árvore. Ao seu lado havia mais uma sombra que parecia apenas esperar pelas ordens do líder.

– Pensei que o nosso papel fosse capturar o jinchuuriki – Deidara disse, mas logo foi se arrependeu ao ver o olhar gelado do líder. Deu de ombros para tentar encobrir o medo que sentira.

– Nossos planos mudaram a partir do momento em que o jinchuuriki da Nove Caudas derrotou o Uma Cauda – uma voz melodiosa foi ouvida e Deidara virou-se para a chegada da companheira.

– Mas não foi melhor assim? Podíamos pegar dois de uma vez! – afirmou se irritando um pouco com as decisões do líder.

– Nosso plano era que ele trouxesse os dois jinchuurikis para nós, mas o plano falhou. O Nove Caudas se mostrou muito mais forte do que pensávamos e se o Uma Cauda não conseguiu derrubar o Nove Caudas, nossas chances acabaram por diminuir – explicou o líder – Além do mais...

– Além do mais? – indagou Deidara, curioso.

– ...Quero ver o que ele pretende com esse ataque, até onde pretende chegar e por mais quanto tempo ele pretende nos enganar – disse cerrando os punhos ao pensar na cobra com quem fizera um acordo.

Deidara não aceitava aquilo tão fácil, enquanto o Danna estava se divertindo observando todos os shinobis de Konoha e lutando contra estes, ele estava ali vendo o líder apenas indagar sobre o informante e como estavam as lutas. Estava prestes a abrir a boca para reclamar quando sentiu o chão tremer, desequilibrando-o um pouco.

– O que foi isso? – indagou, olhando para uma nuvem de poeira que surgia no centro de Konoha.

– Acho que aquela é a posição do seu querido Danna, Deidara – a mulher se manifestou de forma debochada – Acho melhor entrar em contato com ele – e em seguida foi em direção ao líder que parecia concentrado em descobrir o que havia acontecido.

–*-

Sorriu triunfante ao ver que seu treinamento não foi inútil como pensava durante esses anos, havia conseguido fazer um belo estrago e com certeza aquela luta acabara. Mas logo mudou de ideia ao ver a poeira baixar e arregalou os olhos ao ver que o inimigo continuava vivo, protegido pelo corpo de todos os shinobis que antes lutavam consigo. Aquele maldito havia matado os seus companheiros apenas para sobreviver? Cerrou o punho com força.

– M-Maldita! – vociferou ao expelir uma quantidade de sangue da boca e viu que seu braço esquerdo não estava em boas condições também. Ela havia percebido que ele controlava a todos? Por isso ela desviara a sua atenção com aqueles golpes bobos e quando percebeu que tinha o caminho livre, quando notou que havia se distraído, o atacou com força total. Sorriu de forma perversa com sangue escorrendo dos seus dentes.

– Vou arrancar esse sorrisinho da sua cara, desgraçado – disse antes de correr em direção ao shinobi que teve um pouco mais de dificuldade de desviar de um soco que formou outra cratera no chão.

– Danna, o que foi esse terremoto? – ouviu indagarem, mas ele estava mais focado em desviar dos ataques mortíferos da rosada. Os olhos verdes dela brilhavam ferozes e ele sorriu, realmente gostaria de se divertir com ela. O líder está mandando batermos em retirada, vamos finalizar o plano, seja lá o que estiver acontecendo, deixe para lá e retorne.

Arrancou o comunicador do ouvido, não iria mais se distrair. Como desejava estar com Hiruko, ele seria uma armadura perfeita, porém como tinham que se infiltrar na vila foi forçado deixar sua marionete. Abaixou-se do gancho de direita da rosada e com braço direito fez com que duas marionetes atacassem Sakura, dando-lhe tempo para se afastar. As marionetes lançaram kunais contra a garota que apenas conseguiu se proteger com os braços em frente ao corpo. Sorriu ao ver o sangue manchando várias partes do corpo dela. Nenhum corte era mortal, mas serviria para o seu propósito.

– Isso não vai adiantar – a garota disse e ele se surpreendeu ao ver os machucados dela se fecharem.

– Uma médica-nin? – ele devia parar de se surpreender com ela, mas cada vez mais ela parecia se tornar mais interessante. Quem diria que essa garota que usava apenas um quimono rasgado e parecia uma civil comum, poderia lhe chamar a atenção?

Estava tentado a lutar a sério quando percebeu que outros shinobis corriam para ali. Amaldiçoou sua falta de sorte, mas com seu braço em condições tão deploráveis não seria possível lutar contra tanto shinobis, mesmo tendo suas marionetes. Suas marionetes. Resmungou ao ver que várias delas foram destruídas pela rosada.

– Está com sorte garota, você vai viver... um pouco mais – disse com um sorriso estranho no rosto e Sakura apenas se lançou contra ele. Não iria deixá-lo fugir. Sentiu a visão embaçar e as pernas fraquejaram por um segundo, mas foi o suficiente para ser surpreendida por mais quatro marionetes e não teve tempo de reagir.

Fechou os olhos com força, esperando o ataque, que não veio. Abriu os olhos, confusa por seu inimigo ter parado de atacar e surpreendeu-se ao ver ao ver o símbolo do clã Uchiha na sua frente.

– Sa-Sasuke? – olhava ainda em choque para o moreno que eliminara ao mesmo tempo as quatro marionetes com uma lança moldada da técnica do chidori.

Sasuke apenas a observou por cima do ombro, notando os ferimentos leves espalhados pelo corpo e a roupa retalhada que usava. Em seguida virou-se observando o campo de batalha, em busca do inimigo, mas ele parecia ter fugido.

– Onde estão minha mãe e Hana? – indagou para a rosada que arregalou os olhos, procurando ao redor pelas outras mulheres.

– Eu as achei, não se preocupe, estão todas bem – ouviram a voz de Itachi e logo um grupo saiu de dentro de uma casa abandonada.

Hana vinha nos braços do marido enquanto segurava um pequeno embrulho. Mikoto e Mebuki vinham logo atrás, sendo seguidas pelas demais mulheres. Todas pareciam bem e Sakura suspirou aliviada. Ela havia conseguido protegê-las e como se um peso fosse tirado de seus ombros, sentiu as pernas vacilarem e teria ido ao chão se Sasuke não a amparasse. Olhou para o moreno, surpresa por ele ter lhe ajudado, mas não conseguiu dizer nada já que logo foram interrompidos.

– Sakura! Sasuke! Graças a Kami vocês estão bem! – Mikoto disse ao se aproximar e a rosada voltou a firmar seus pés no chão e se desprendeu do Uchiha que logo foi abraçado pela matriarca.

– Está tudo bem, oka-san – disse Sasuke retribuindo o gesto da mãe.

– Oh querido! Se não fosse por Sakura não teríamos conseguido chegar até aqui – disse Mikoto, sorrindo para a rosada que corou enquanto Mebuki apenas se mantinha longe, observando a cena, sem saber o que dizer.

– Não foi nada Mikoto-san, eu...

– Lie! Se não fosse por você, Sakura, eu não sei se conseguiria trazer minha filha ao mundo – Hana se manifestou ainda nos braços de Itachi que parecia determinado em deixá-la ali.

– Eu sempre vou estar débito com você Sakura – Itachi disse olhando da rosada para o pequeno bebê que descansava no colo de Hana. Sua filha e sua esposa estavam bem e aquilo era tudo que importava.

– N-Não precisa disso Itachi-kun – disse apressada e Sasuke apenas estalou a língua, chamando a atenção para si.

– Não é hora para isso, temos que levá-las para um abrigo e depois temos que voltar para terminar com os shinobis restantes. –disse e Itachi concordou com o irmão, encarando a esposa que revirou os olhos.

– Eu estou bem e consigo andar sozinha – Hana falou, mas Itachi apenas a ignorou, mantendo-a em seus braços. Não a largaria até que a deixasse em um lugar seguro junto com a filha.

– Sasuke, Itachi! – a discussão entre marido e mulher se findou com a aparição de Kakashi – Que bom que eu os achei. Precisamos de reforços na torre da Hokage – disse ao se aproximar dos Uchiha’s.

– Tsunade-sama está bem? – Sakura perguntou preocupada com a mestra e o albino sorriu por cima da máscara.

– Não precisa se preocupar com ela, acredite – e em seguida voltou-se para os irmãos – Ainda há alguns shinobis naquela área para neutralizarmos e tememos que eles consigam chamar reforços ou peguem reféns por causa do contingente de pessoas que estavam ali para o exame chunnin.

– Precisamos levar as mulheres para o abrigo primeiro. – Itachi afirmou e Kakashi passou a mão no cabelo, não planejava encontrar tantas pessoas ali.

– Sim, mas... – não sabia o que fazer exatamente.

– Eu posso levá-las – Sakura interrompeu a conversa mais uma vez, atraindo os olhares para si.

– Sério? Isso seria de grande ajuda – Kakashi falou surpreso com a audácia da rosada na frente de todos.

– Sakura, acho que isso é um pouco demais para você sozinha – Itachi disse inseguro, ignorando a fala de Kakashi.

– Bom, mas eu já estava fazendo – retrucou contrariada e Sasuke arqueou uma sobrancelha com aquele comportamento, o que havia perdido durante o tempo em que esteve longe? – Além do mais, Mikoto-san e minha mãe podem me ajudar.

– Eu concordo com ela Itachi, então pare de ser desconfiado – Hana se manifestou, tentando sair do colo do marido - Você mesmo disse que estaria em débito com ela, então mostre um pouco mais de gratidão! – brigou e Itachi apenas suspirou ao depositá-la no chão.

Sua mulher quando queria sabia como deixá-lo com vergonha, mas ele apenas queria poder ficar ao lado delas e protegê-las, isso não era errado! Entretanto ela estava certa, Sakura era capaz de cuidar das mulheres e o abrigo não estava tão longe, tinha que dar uma chance a sua cunhada.

– Está certo... por mim tudo bem, então... Sasuke? – indagou ao irmão, ele precisava dar o aval para aquilo acontecer.

Sasuke apenas encarou a esposa que devolvia o olhar de forma firme e ao mesmo tempo parecia mendigar que atendesse a um pedido mudo.

– Eu consigo Sasuke – ela murmurou para ele que somente aquiesceu, dando permissão.

– Então é melhor se despedirem antes de irmos – Kakashi disse enquanto observava Sasuke, ainda não acreditava que aquela garota havia o convencido a fazer algo. Por isso quis ver como seria a despedida entre os dois, quem sabe não descobria um pouco mais sobre a relação dos dois?

– Tome cuidado – murmurou Itachi para Hana antes de dar-lhe um beijo e acariciar o rosto da filha que dormia tranquila.

– Você também – disse Hana e em seguida deu espaço para Mikoto falar com o primogênito.

Sakura apenas observou Mikoto falar com Itachi e em seguida com Sasuke, assim como Hana que também se despediu do cunhado. Pensou em ir falar com Itachi, mas foi surpreendida ao ver o marido na sua frente. Tencionou o corpo com a aproximação dele, ele iria reclamar consigo por ter lutado? O que ela devia dizer? Aquele não era o momento para enfrentá-lo, mas não queria se mostrar fraca diante dele, então o que fazer?

– Quando deixar minha mãe e as outras em segurança... – disse observando a rosada que lhe olhava confusa e um pouco temerosa – ... vá em direção ao hospital de Konoha e ajude quem precisar – Sakura arregalou os olhos com o que ouviu e abriu a boca para falar:

– V-Você quer que eu lute? – e Sasuke franziu o cenho na mesma hora.

– Não confunda as coisas. Mas nesse momento precisamos de todas as pessoas disponíveis que possam ajudar. – ela ainda pensou em responder àquilo, mas Sasuke apenas lhe deu as costas e foi direção a Kakashi que parecia um pouco decepcionado.

–*-

– O tempo está acabando – disse por um comunicador – Podemos finalizar o plano? – indagou enquanto observava pela janela mais pessoas chegarem ao hospital já lotado de feridos.

– Sim, já temos o suficiente, mas lembre-se de acabar com o Kazekage, ele pode ser um empecilho – afirmou alguém do outro lado.

– Sim, Kimimaro e o quarteto já sabem o que deve ser feito, porém, senhor, perdemos o jinchuuriki da Areia.

– Hum... isso é uma pena, mas eles que se resolvam depois. O importante é que nós conseguimos o que faltava. Livre-se de quem nos atrapalhar e depois volte a reportar – informou antes de encerrar a ligação.

– Hai – e voltou a olhar para a janela a tempo de ver algo que lhe chamou a atenção.

–*-

Depois que Sakura deixou todas a salvo ela partiu em direção ao hospital conforme Sasuke dissera. Não somente porque ele dissera para ir, mas porque queria ser útil. Mesmo que não fosse para lutar, ela poderia ajudar os feridos e ela sabia que o hospital também podia ser alvo de algum ataque e muitos não conseguiriam se proteger. Forçou as pernas e sentiu as coisas ao seu redor rodarem, apoiou-se na parede, perto de um beco, o que era aquilo? Estava se sentindo estranha há um tempo.

Balançou a cabeça e respirou fundo antes de se recompor e voltar a andar, mas a conversa entre duas pessoas a fez estancar no lugar.

– Então você é o traidor – afirmou uma voz um pouco rouca que logo tossiu de forma fraca – Eu já estava desconfiando, porém só consegui ter a confirmação depois dessa sua ligação.

– Então eu já era suspeito? Suponho que o meu telefone estava grampeado então? – indagou de forma calma a outra pessoa e Sakura arregalou os olhos ao ouvir aquela voz. Ela sabia de quem era, mas aquilo não podia ser verdade.

– O que vocês planejam? – ignorou a pergunta e voltou a questionar. Precisava ganhar tempo até que a pessoa que contatara chegasse. Era uma droga estar doente e tão debilitado naquele momento. Não teria muitas chances.

– A sua morte – disse e em um piscar de olhos sumiu da frente do shinobi, reaparecendo na frente deste com as mãos envoltas em chakra, moldadas na forma de um bisturi.

Tudo havia acontecido rápido demais. O som de uma lâmina cortando algo foi ouvido junto com um gemido de dor e Sakura em um impulso correu em direção ao beco para verificar o que tinha acontecido. Kabuto transpassava a mão sobre o peito de um shinobi de cabelos castanhos e olhos escuros que também acertara o médico na barriga, porém o corte não parecia tão profundo quanto o dele.

– M-Merda – disse ao se afastar e sentiu-se ser segurado por alguém.

– Você está bem? – ouviu perguntarem, mas sua vista estava embaçada demais, apenas distinguiu um vulto rosa em cima de si e em seguida algo quente e reconfortante espalhar por seu corpo – Eu vou te salvar!

Ele sorriu perante aquela frase, era uma garota bem determinada, porém havia coisas mais importantes do que a vida dele e ela era a única ali.

– Y-Yakushi Kabuto... – ofegou com a dor, mas continuou a falar - ...a-articulou esse a-ataque com a Areia – disse com um pouco de dificuldade.

Sakura por um breve momento parou o que estava fazendo para se digerir aquela informação, mas tão logo viu o sangue jorrando da boca do shinobi desconhecido, voltou a concentrar chakra com um pouco de dificuldade enquanto observava Kabuto sorrir para si enquanto curava o seu próprio ferimento. Ele nem ao menos tentava esconder.

– Não adianta me olhar assim Sakura-chan – disse com desdenho para a menina – É uma pena que as coisas tenham chegado a esse ponto, mas eu não posso deixar Hayate vivo depois que descobriu o meu pequeno segredo, da mesma forma como também não posso mais deixá-la viver. – e começou a andar lentamente para perto dos dois.

Sakura não sabia o que fazer se parasse com o tratamento aquele shinobi, Hayate, iria morrer, mas se não fizesse nada os dois teriam o mesmo destino. Sentiu uma mão em seu braço e o ninja apenas sorriu para si.

– Não... vo-você precisa viver... não deixe que-que eles vençam – disse franco antes de tossir mais – Kabuto tem contatos com... com a Akatsuki e... mais alguém... por favor... repasse isso para a H-Hokage – e antes que Sakura pudesse responder algo viu Hayate se levantar rapidamente e empunhar a espada em direção a Kabuto que quase não teve tempo de desviar do golpe.

– Desgraçado! Morra de uma vez! – bradou o médico antes de formar os bisturis de chakra e rasgar a garganta do shinobi.

– Não! – gritou Sakura ao ver o corpo inerte do shinobi aos pés de Kabuto. Mais uma vez não conseguira salvar alguém, cerrou os punhos com força – Maldito! Você enganou a todos nós! – disse com lágrimas no rosto e algo se acendeu em sua mente – Espere... Foi você quem lutou naquele dia, o shinobi de cabelos brancos...

– Você sempre foi muito observadora – e sorriu de forma prepotente para o horror de Sakura que sentiu as pernas tremerem. Seu corpo parecia não responder mais aos seus comandos, mas não parecia ser somente pelo medo que sentia de ver aquele shinobi que tanto a atormentou em pesadelos.

Ali estava um dos responsáveis pelo ataque que ocorrera há dois anos. Kabuto era o um dos culpados pela morte de Sayumi. Ele estava a todo esse tempo dentro da vila. Convivendo com todos. Conversando com ela. Ele havia medicado Sasuke, não... não, ele havia envenenado Sasuke e ela o salvou. Agora entendia tudo. Naquele momento Sasuke era um empecilho pelo o que estava quase descobrindo em uma missão, por isso nenhum medicamento que ele dera era eficaz. Nunca foi a intenção de Kabuto permitir que Sasuke continuasse vivo.

– V-Você... porque fez isso com a sua própria vila? – indagou meio atônita.

– Acho que você não seria capaz de entender, mas eu apenas sigo ordens – e deu de ombros, irritando ainda mais a rosada. Que raio de resposta era essa?

– Eu...eu – cerrou os punhos com força, os dentes trincavam de raiva – Eu nunca vou te perdoar! – gritou e em seguida correu em direção ao albino com o punho brilhando com chakra.

Kabuto desviou do golpe a tempo e preparou-se para contra-atacar quando notou o corpo da menina convulsionar e ela cair na sua frente, cuspindo sangue. Gargalhou ao ver o estado da menina.

– Pelo visto você não vai ser capaz de fazer muita coisa contra mim desse jeito. – e observou os esforços inúteis de Sakura se levantar e cair novamente – Deixe-me perguntar, como seu médico é o meu dever – ironizou ao se aproximar da rosada – Você começou a sentir fraqueza, tontura, vertigens depois de algum ataque?

Sakura arregalou os olhos com o que ouviu. Não podia ser. Kabuto alargou o sorriso ao ver que estava certo e ele já até sabia quem era o responsável por isso.

– Vou entender isso como um “sim”, então minha cara seu diagnóstico é fácil, você foi envenenada e tem apenas algumas horas de vida. É uma pena – e chutou a barriga de Sakura que se contorceu – Ah e que fique claro que cada vez que você se mexe o veneno se espalha mais rápido.

– D-Desgraçado... – e em seguida foi chutada novamente por Kabuto.

– Se você for uma boa garota eu posso acabar com o seu sofrimento – disse e a menina olhou para ele, sem acreditar no que falava – O quê? Não acredita? Eu posso acabar com isso facilmente... – e levantou o punho para mostrar o chakra sendo moldado – ...basta eu matar você.

Sakura tentou recuar, mas seu corpo se tencionou e por um momento perdeu o foco, sua vista escureceu e convulsionou em mais um espasmo, regurgitando sangue. Aquele outro shinobi havia lhe envenenado e ela nem percebera, logo agora que havia descoberto quem era o traidor, logo agora que tinha decidido lutar. Ela não podia morrer, mas enquanto via Kabuto se aproximar e seu corpo cada vez mais fraco, percebeu que não tinha forças para escapar.

– Adeus, Sakura-chan – Kabuto disse avançando sobre a menina, porém foi impedido por uma kunai que zuniu perto do seu rosto. Olhou para o lado, irritado com mais uma interrupção. – Pelo jeito Hayate conseguiu mesmo avisar alguém, não é Kakashi? – murmurou.

Kakashi apenas observava a cena com o cenho franzido, seu amigo Hayate encontrava-se jogado no chão em meio a uma poça de sangue e um pouco mais afastada estava Sakura que parecia fazer um grande esforço para se manter acordada, mas pelo menos estava viva. Voltou seu olhar para Kabuto que corria em sua direção e preparou-se para o combate, mas diferente do que pensara o médico esquivara-se, pretendendo fugir.

– Não vou permitir! – bradou ao jogar diversas kunais na direção do outro albino, porém já era tarde e Kabuto já evaporava em uma nuvem de fumaça.

Kakashi pensou em correr atrás dele, devia estar perto, mas ao ouvir o murmúrio de dor vindo da menina, parou. Não iria deixá-la morrer. Não podia deixá-la morrer. Não iria mais abandonar seus companheiros para completar uma missão. Além disso, eles já tinham alguma coisa com o que trabalhar e Sakura era sua prioridade agora. Suspirou, pensou que a menina ficaria em segurança depois que ela se encarregou de levar todas as mulheres para o abrigo, afinal as coisas pareciam se acalmar. Porém, ficou surpreso ao ser contatado por Hayate e mais ainda ao ouvir do que se tratava o chamado. Finalmente ele descobrira quem estava traindo Konoha.

Sentiu a pulsação da menina e em seguida colocou-a nos braços delicadamente. Ela realmente parecia um ímã de problemas, não esperava encontrá-la ali, mas talvez se ela não estivesse ali nem saberia quem fora o culpado pela morte de Hayate. Passou pelo companheiro sem encará-lo, depois iria homenageá-lo de forma apropriada.

– Não morra Sakura... Sasuke ainda precisa de você – sussurrou antes de correr para o hospital com a garota.

–*-

Algumas horas depois as coisas haviam se acalmados em Konoha. Tsunade observava o que restara de seu escritório. Toda a cidade havia sido abalada, mas as perdas foram mínimas e isso já era o suficiente para aplacar um pouco a raiva que sentia. Mas se o maldito do Kazekage não tivesse escapado de suas mãos no último minuto poderia estar se sentindo bem melhor. Massageou as têmporas ao recordar que havia mais alguém em quem gostaria de pôr as mãos: Kabuto. Aquele traidor maldito.

– Tsunade-sama – ouviu Shizune lhe chamar – Todos já foram informados sobre a traição de Yakushi Kabuto.

– Ótimo! Eu quero a cabeça desse verme em uma bandeja. Ele não deve ter saído dos arredores de Konoha ainda – cerrou os punhos com força – E como está Sakura? – indagou preocupada com a pupila. Sakura era uma aluna querida, alguém em quem tinha plena confiança e carinho, e agora se tornava uma informante importante já que só ela poderia informar se Hayate descobrira algo mais.

– Acho que conseguimos estabilizá-la agora. O veneno foi difícil de reconhecer e mais ainda de descobrir um antídoto, então mesmo medicada está sendo observada caso haja alguma mudança no quadro clínico. – informou a morena ao se aproximar com um porquinho no colo.

– E os dois shinobis da Areia?

– Estão sendo tratados e mantidos em constante vigilância. – respondeu Shizune.

– Eles vão ter que explicar muita coisa ou então o tratamento que terão não será nada agradável e eu mesma vou garantir isso – estalou os dedos ao se virar e a assistente tremeu ao ver o péssimo humor em que a Hokage se encontrava.

–*-

Observava as madeixas rosadas espalhadas pelo travesseiro se mexerem constantemente. Ela não parecia nada bem. Suava e remexia-se a todo instante, porém já havia sido informado que o estado dela demoraria um pouco para se restabelecer, afinal fora envenenada e estavam avaliando se o antídoto faria efeito, assim como foi feito com ele. Franziu o cenho. Não pensara que aquilo pudesse acontecer. Quando fora informado que a mulher estava no hospital, pensara apenas que ela estava tratando os ferimentos da batalha, e não que estivesse acamada da forma como estava. Tão debilitada. Tão frágil.

Balançou a cabeça, estava ali há horas e ele ainda não entendia o motivo disso, talvez fosse o fato de que a enfermeira pediu que não a deixasse sozinha e somente ele estava por perto. Suspirou, olhando por fora da janela. As coisas estavam uma bagunça na vila e ele ali dentro, observando Sakura. Era melhor fazer algo útil antes que sua mente viajasse e começasse a inventar mais problemas. Então, saltou para fora do quarto, deixando Sakura sozinha.

Andava pelas ruas vendo as pessoas começarem a juntar o que sobrara das suas coisas. Casas estavam reviradas, móveis quebrados, algumas residências pegavam fogo e quem podia trazia um balde para ajudar a diminuir as labaredas, provavelmente os bombeiros deveriam estar em outro local, afinal os danos eram vistos em vários pontos da vila. O exame chunnin fora arruinado, mas agora eles sabiam quem era o traidor, quem estava repassando as informações para o outro lado. Fechou o punho com força. Kabuto. Se tivesse a oportunidade de encontrá-lo...

Um corvo voou a seu encontro, chamando sua atenção e soube que era uma mensagem do irmão por causa da ave. Pegou a pequena mensagem presa em uma das patas e leu.

Reunião emergencial na sede aos arredores do clã Uchiha.

É obrigatório!

Itachi.

– E mais essa agora... – bufou consigo antes de dispensar o animal e seguir para o distrito. As coisas também deveriam estar fervilhando por lá.

–*-

– Onde está seu irmão? – Fugaku indagou ao primogênito. Estavam em uma das casas onde eram feitas conferências do clã, já que a casa principal, lar de Fugaku e Mikoto, estava destruída.

– Já deve estar chegando. Mandei um corvo enviar a mensagem – afirmou para o pai que parecia cansado. E não era para menos, depois de sofrerem um ataque e ter que passar parte do dia lutando e preocupado com a esposa, ao voltar para casa ainda teve a infelicidade de descobrir que seu lar estava destruído. Seu pai mais do que nunca precisava descansar, e não ter que presidir mais uma reunião.

– Sua mãe está com Hana, não é?

– Sim, nenhuma das duas gostou de saber que nos ausentaríamos mais algumas horas – disse para o pai que suspirou.

– Eu também não queria me ausentar, mas com toda essa bagunça é melhor acalmar os ânimos – e observou alguns Uchiha’s se juntarem ao redor de uma pequena mesa.

– Fugaku, quanto tempo mais teremos que esperar por seu filho? – indagou Yashiro, um Uchiha que devia ter a mesma idade de Fugaku, mas seus cabelos já tinham uma tonalidade mais grisalha.

– Mais nenhum minuto – Sasuke disse ao irromper pela porta, chamando a atenção de todos. Meneou a cabeça levemente em cumprimento e em seguida foi para o lado do irmão e do pai.

– Então vamos começar – Fugaku pronunciou, ignorando Yashiro e suas reclamações – Esta reunião foi marcada com a finalidade de que todos saibam que, mesmo com as dificuldades, nenhum Uchiha ficará desamparado. Aqueles que perderam suas casas ou estiverem precisando de ajuda podem contar conosco.

– E a quem você vai recorrer, Fugaku? Sua casa não foi destruída? – Yahiro comentou de forma mordaz.

– O que meu pai quer dizer é que os Uchiha’s se ajudam mesmo quando a situação não é das melhores. – Itachi retrucou encarando Yashiro – E não precisa se preocupar, pois meu pai e minha mãe estão acolhidos em minha casa, Yashiro-san – disse encarando o mais velho que parecia ficar mais irritado.

– Mas não deixa de ser ridículo o chefe do clã passar por um vexame desses – fez pouco caso e sorriu ao ouvir que alguns companheiros concordavam consigo.

– Tragédias não escolhem as pessoas, Yashiro – Fugaku tomou a palavra, já sabia que Yashiro iria querer se aproveitar dessa situação. Ele estava louco para derrubar Fugaku do poder e ficar em seu lugar como líder do clã – E um verdadeiro líder sabe que antes dele, deve-se pensar nos outros por isso estou aqui e não me lamuriando por uma casa perdida.

Sasuke sorriu de canto ao ver Yashiro ficar com o rosto vermelho de raiva enquanto outros Uchiha’s apoiavam o pai.

– Nossa prioridade agora é juntar o que sobrou para reconstruirmos o clã e procurar o responsável por tal tragédia, o traidor Yakushi Kabuto. – Fugaku continuou a falar, atraindo a atenção de todos – Precisamos nos fortalecer em meio a essa crise. Nossas tradições, nossas famílias devem ser preservadas para que continuemos unidos nesse momento.

– E quanto a Sasuke? – ouviu Yashiro dizer e Sasuke arqueou uma sobrancelha, sem entender o motivo de ter sido citado. Itachi também encarou o irmão como se pudesse lembrar o que ele havia feito de errado.

– O que tem o meu filho? – o chefe do clã indagou e Yashiro sorriu ao levantar-se.

– A esposa de Sasuke descumpriu tradições do clã e mesmo que estejamos em uma situação anormal, como você mesmo disse Fugaku, nossas leis devem ser cumpridas por todos.

– Do que está falando, velho? – Sasuke se manifestou sem se importar em ser educado.

– Soube que sua esposa estava no campo de batalha. Ela deve receber uma punição, para que nossas esposas não comecem a pensar que são capazes de lutar.

– Esse não é o momento para... – Fugaku tentou amenizar a situação, mas logo mais vozes irromperam.

– Yashiro-san tem razão. Se isso não for feito agora pode trazer problemas para o clã! Além disso, não é a primeira vez que ela nos desrespeita. – outro Uchiha se pronunciou.

– Sim, eu vi quando ela gritou na frente de todos, nos humilhando. E agora isso, daqui a pouco Sasuke não conseguirá contê-la – mais alguém disse.

– Está na hora de colocá-la no lugar dela, Sasuke!

– Ela salvou a vida das suas mulheres... – Sasuke disse entredentes, controlando-se para não elevar a voz – ...e vocês querem puni-la? As esposas, filhas, parentes de vocês só estão vivas e a salvo agora porque Sakura lutou para protegê-las.

– Nosso clã não possui guerreiras, nossas mulheres cuidam do lar e não devem pensar de forma diferente.

– O que queriam que ela fizesse? Que mesmo podendo proteger as mulheres de vocês, ela deixasse todas à mercê do inimigo? – bradou sem entender a cabeça daqueles homens.

Se alguém pudesse ter salvado Sayumi para ele, se fosse Sakura ou qualquer outra mulher, ele não se importaria. Ele apenas agradeceria com a sua vida por ter sua esposa ao seu lado, independente de quem fosse. Por isso não compreendia o porquê de quererem punir alguém que apenas ajudou o clã. Por um momento todos do clã ficaram mudos, sem saber o que responder e surpresos com a explosão de Sasuke. Imaginavam que ele não se desse bem com a esposa e esperavam que não se importasse com o que fora proposto.

– Sasuke tem razão – Itachi foi o primeiro a voltar a falar, precisava apaziguar os ânimos – Minha esposa e minha filha só estão bem graças a Sakura que foi a única que permaneceu ao seu lado durante o parto e eu sou grato por isso. – viu alguns conhecidos abaixando a cabeça, envergonhados pelo comportamento das esposas, e continuou – Acho que a situação pede que determinadas tradições sejam esquecidas, em prol de um bem maior.

– Se fizermos isso o que acontecerá em seguida? Nosso clã sobrevive até hoje por causa das nossas tradições! Isso é um absurdo! – Yashiro retrucou.

– Nossas tradições dizem que o marido tem controle sobre a esposa e Sasuke tem autoridade para permitir que ela lute, se quiser. Sasuke, você deu permissão a Sakura para lutar naquele momento? – Fugaku se manifestou deixando uma brecha para o caçula que apenas aquiesceu. – Então Sakura não deve ser punida se apenas seguiu a ordem do marido. – decidiu, finalizando o assunto.

Sasuke ainda ouviu murmúrios que discordavam da decisão, então sem querer ouvir mais bobagens apenas se levantou e retirou-se do local, antes que prejudicasse o pai ainda mais.

– Seu filho mais novo tem muito a aprender sobre boa educação Fugaku – Yashiro disse e Fugaku o encarou com um olhar cortante.

– E você deve aprender a ser mais respeitoso. Se não sabe a esposa de Sasuke está internada, foi vítima de envenenamento, ela se sacrificou no lugar das esposas e filhas de vocês – disse para a surpresa de muitos Uchiha’s.

–*-

O que diabos estava fazendo? Por que havia dito aquilo? Por que se importou em defender Sakura? Ficara tão furioso com as palavras dos outros Uchiha’s que quando deu por si já tinha retrucado. Mas isso não fazia sentido. Bagunçou o cabelo tentando clarear as ideias. Ele faria isso com qualquer uma que agisse como ela agiu. Tinha certeza disso. Andou sem rumo até escurecer. Não queria voltar para casa, nem sabia se ainda tinha uma casa para chamar de sua e Sakura estava no hospital e ele também não iria para lá. Se recusava a vê-la ou dar a entender que estava cuidando dela. Ele não se importava.

Estava tão perdido em pensamentos que somente se deu conta onde estava quando viu a entrada da vila. Suspirou pronto para dar meia volta e recomeçar a andar quando ouviu um barulho perto de si. Escondeu-se perto de uma árvore e ficou a espera para ver do que se tratava. E qual foi a sua surpresa ao ver Kabuto surgir em meio a penumbra, um manto cobria o seu corpo e parte do rosto, mas mesmo assim Sasuke conseguiu identificá-lo e cerrou os punhos com força ao ver como ele parecia calmo e relaxado por passar a todos para trás. Fechou os punhos com força. Ele não escaparia.

Surgiu na frente do albino, impedindo-o de continuar o seu caminho. A kusanagi em punho, pronta para mais um combate e ansiosa por derramar o sangue daquele cretino.

– Boa noite, Sasuke-kun – Kabuto disse calmamente, nem um pouco surpreso com a aparição do Uchiha, ou pelo menos não demonstrou se ficou.

– É um pouco tarde para sair a essa hora – respondeu ao médico que deu de ombros e sorriu.

– Eu pensei que pudesse dar uma pequena caminhada, sou um homem livre, não é?

– Não quando se é procurado por traição – disse sem aguentar mais aquele joguinho.

– Traição é uma palavra um pouco forte, Sasuke-kun, prefiro dizer que minha lealdade está com outra pessoa – Kabuto deu um passo para o lado e Sasuke aproximou a espada para mais perto do pescoço do albino.

– Quem está por trás disso? – indagou e Kabuto o observou ajeitando os óculos.

– Curioso, Sasuke-kun? Essa pessoa é alguém que está muito a frente de todos.

– Foi ele o responsável pelo o ataque de dois anos atrás? – ignorou o médico e travou o maxilar ao vê-lo arquear uma sobrancelha de forma prepotente.

– Ainda procurando vingança pela morte da noivinha Haruno? – disse antes de sentir a lâmina fazer um corte fino na garganta – Acho que isso é um sim.

– Responda a pergunta – Sasuke ofegava e sua mão tremia de tanta raiva, mas manteve-se firme, precisava daquela resposta.

– Meu mestre não foi o responsável pelo ataque há dois anos, mas ele pode dizer quem foi – e ao ver a hesitação do moreno tentou afastar-se mais uma vez.

– Não ache que vou deixá-lo escapar Kabuto. Você esta sendo procurado e tem muitas coisas para explicar ainda. – voltou a se colocar em frente ao médico.

– E o que pretende fazer, Sasuke-kun?

– Não é óbvio? – indagou com um sorriso de canto – Irei levá-lo às masmorras de Konoha e me candidatar para torturá-lo em busca de informações.

Kabuto gargalhou ao ouvir aquilo, irritando ainda mais o Uchiha, porém nenhum dos dois se movimentou. O albino parecia muito confiante, mas Sasuke sabia que em uma luta o médico não teria muitas chances contra si. Ele só podia estar escondendo algo na manga.

– Sinto dizer Sasuke-kun, mas não pretendo ser capturado por Konoha.

– E você acha que vou deixá-lo ir assim, Kabuto?

– Sim, porque você é como eu, Sasuke-kun – o albino começou a explicar com um sorriso no rosto – Egoísta... sempre pensando primeiro nos seus objetivos, nos seus sentimentos, você não liga se Konoha pegar fogo, contanto que consiga a vingança que tanto almeja. Nem ao menos se importa com o fato de sua esposa estar no hospital agora.

– O que quer dizer? – Sasuke franziu o cenho e apertou ainda mais o cabo da espada. Não tinha como retrucar aquilo, porém algo se contorcia dentro de si para que refutasse. Ele não queria ser um monstro, mas sabia que se fosse preciso ele se tornaria um para realizar a sua vingança.

Kabuto se aproximou de Sasuke sem se importar com a espada perto demais do seu pescoço, arrancando um pouco de sangue, e com a maior convicção do mundo disse as palavras que Sasuke mais desejou ouvir nesses dois anos:

– Meu mestre pode lhe ajudar na sua vingança e ainda trazer Sayumi de volta.

Sasuke se afastou como se tivesse levado um choque e encarou o albino em busca de qualquer sinal de que mentia, mas Kabuto somente o encarava com um sorriso superior. Não, aquilo não poderia ser verdade. Não tinha como reviver mortos, pois por mais que doesse pensar nisso, essa era a verdade. Sayumi estava morta.

– Não me faça de tolo! Sayumi morreu em meus braços, eu vi! – gritou.

– Ora Sasuke-kun, mas quem disse que ela não morreu? – Kabuto riu mais uma vez e Sasuke sem conseguir se controlar ativou o sharingan e socou-o no rosto, segurando-o com uma das mãos na gola da camisa, enquanto a outra apontava a espada para o pescoço do médico.

– Eu juro que vou matá-lo! – rosnou.

– O que eu quero dizer, Sasuke-kun... - tentou afrouxar o aperto do Uchiha – ...é que meu mestre tem poderes que vão além da imaginação.

– Quem é esse mestre? – questionou sem soltá-lo.

– Não posso dizer no momento, mas eu falo a verdade.

– E você quer eu acredite assim, sem mais nem menos? Esqueceu que tentou me envenenar? – franziu o cenho para o médico que mesmo com o rosto sangrando permanecia calmo.

– Nunca foi minha intenção matá-lo, meu mestre apenas pediu que o impedisse de estragar os nossos planos, mas a sua esposinha, Sakura, veio correndo para salvá-lo – ao ouvir o nome da rosada Sasuke inconscientemente afrouxou o aperto na gola da camisa e deixou a espada mais afastada do médico – Por sorte mesmo assim tudo correu como planejado.

– Isso não é o suficiente para que eu deixe você vivo, na verdade estou tentado a matá-lo aqui mesmo para compensar tudo o que fez – voltou a empunhar a espada, mas Kabuto sorriu mordaz.

– Não, você não vai fazer isso. E sabe por que, Sasuke-kun? – indagou para o moreno que mantinha a expressão fechada, porém Kabuto via que os olhos do moreno hesitavam – Porque mesmo que você não confie em mim, sabe que eu sou a sua única esperança de talvez voltar a ver Sayumi e conseguir a sua tão sonhada vingança.

Sasuke fechou os olhos, tentando organizar os pensamentos. Kabuto era um traidor, havia cometido crimes contra Konoha e estava sendo procurado por todos. Ele havia lhe envenenado, matado shinobis e havia machucado Sakura antes de Kakashi salvá-la. Sakura. Por que estava pensando nela de novo? O rosto dela naquela cama apareceu na sua mente e em seguida lembrou-se de Sayumi e a forma como ela morreu. Apertou com força a espada e ao abrir os olhos, negros como a noite, tomou sua decisão.

– Entraremos em contato em breve Sasuke-kun. Você fez a escolha certa – Kabuto disse ao passar pelo Uchiha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Sim, não foi nesse capítulo que vimos a cena do prólogo, porque a nossa Sakura-chan ainda não se apaixonou pelo Sasuke, mas ela está próxima, beeem próxima de ocorrer, então fiquem de olho, ok?
Por outro lado tivemos uma Sakura lutando ferozmente contra alguém bem forte, se você disse Sasori, acertaram! Na verdade, nesse capítulo nós vimos vários personagens da Akatsuki e também descobrimos quem era o traidor. Uma salva de palmas para quem já tinha dito que era o Kabuto!! Yeyy!
Mas a traição não terminou por ali... o título do capítulo se refere tanto a descoberta de Kabuto como traidor, quanto ao Sasuke por ter deixado o Kabuto fugir. E espero que vocês não me matem por isso XD Mas podem ficar com raiva do Sasuke que eu deixo, apesar de que durante o capítulo ele teve várias ações bem fofas com a Sakura, não acharam?
Então, o capítulo foi metade Sakura e a outra metade Sasuke... e acho que agora ficou mais claro as coisas quanto ao ataque, não? Já sabem o que estou planejando? Tem alguma teoria do que vem pela frente? ;D

No próximo capítulo teremos algo bem interessante que tem a ver com a mãe da Sakura. E também teremos uma surpresinha do Sasuke XD

beijos e até mais!