Konoha sempre foi uma aldeia formada em sua maioria por clãs. Durante a fundação da aldeia diversas guerras civis aconteciam devido a rixas entre estes clãs, muitos não queriam reconhecer o poder de outra família e alguns lutavam sob o propósito de que o seu clã merecia mais do que outro. Anos se passaram dessa forma até que todos chegaram a um consenso no qual laços deveriam ser criados entre estes. Foram pensados em diversos modos, por meio de contratos, troca de mercadoria, mas a que mais se mostrou eficiente foi o matrimônio. Por causa disso, uma lei foi feita e casamentos arranjados começaram a serem feitos entre as mais renomadas descendências.

Por causa disso, o clã Uchiha, um dos mais respeitáveis clãs da aldeia, conhecidos por sua herança sanguínea, o sharingan, acabava de assinar um compromisso com o clã Haruno, famoso por seu exímio controle de chakra, para que seus filhos firmassem matrimônio. Uchiha Sasuke, o filho mais novo de Fugaku, de dois anos, havia sido prometido para Haruno Sayumi, filha de Kizashi, de um ano.

Apesar de ambos serem muito jovens, os pais decidiram que a melhor forma para que tudo desse certo era aproximar as crianças e fazê-las entender o motivo de sua união, desejavam que os jovens se apaixonassem ao longo do tempo. Por isso, quando Sayumi completasse oito anos seria a primeira vez que conheceria o seu futuro marido.

–*-

Anos depois

Um garoto de nove anos andava um pouco emburrado ao lado do pai e do irmão mais velho. Não entendia o motivo de ter que parar o seu treinamento para ir à casa de uma garota. Na verdade, ele sabia que estava indo ver a sua “noiva”, mas ele não compreendia isso! Não queria casar com ninguém, somente treinar para ser um grande ninja como seu pai e irmão.

– Oe, não fique assim, otouto! – Itachi disse, desarrumando os cabelos negros do mais novo que bufou irritado – Todos dizem que Sayumi é a flor mais bonita do clã Haruno!

– Então porque você não casa com ela, nii-san? - indagou irritado, Itachi que tinha quatorze anos, apenas riu antes de responder:

– Eu já tenho uma noiva! Sabe disso! – Sasuke sabia disso, conhecera a garota do clã Inuzuka e sabia que o irmão gostava muito dela, mesmo não entendendo o porquê.

O patriarca somente observava a conversa dos dois filhos, mas nada disse, tinha confiança de que assim que Sasuke visse Sayumi e os dois passassem algum tempo juntos, tudo iria se resolver. Ao chegarem à casa dos Haruno’s, foram recebidos por Mebuki Haruno, a matriarca da família que fez uma pequena referência, antes de indicá-los um lugar para sentar e informar que iria chamar a filha. Por um momento, os Uchiha’s se viram sozinhos naquela imensa casa e Sasuke começou a bufar por ter que esperar. Estava perdendo tempo ali. Foi atraído por um som que provinha de um lado do cômodo e pode ver olhos verdes esmeralda lhe observando. Já ia abrir a boca para indagar quem era quando a porta se abriu e Kizashi passou por ela, revelando uma garota de madeixas rosa claras, completamente coberta por lama.

Franziu o cenho com a aparência da menina que somente ria para si. Não podia acreditar que era essa a sua futura noiva, uma porquinha rosa de orbes verdes!

– Fugaku! Quanto tempo! – cumprimentou o Haruno, fazendo uma leve mesura ao Uchiha que retribuiu o gesto.

– Hai! Trouxe Sasuke como combinado! Parece-me que sua esposa foi buscar Sayumi!

– Claro! Sakura, querida, porque você não vai ver se sua irmã está pronta? – indagou Kisashi em direção da menina-porquinha que abriu o sorriso ainda mais.

– Hai, otou-san! – disse antes de se retirar correndo pela casa.

– Me desculpem, essa é a minha filha mais nova, Sakura! – explicou para os convidados e Sasuke suspirou aliviado ao perceber que aquela não era sua noiva.

– Entendi! Mas porque ela estava toda suja? – indagou Fugaku e o Haruno começou a rir antes de responder:

– Sakura é muito espirituosa! E como eu vivo contando sobre as minhas missões como shinobi, ela colocou na cabeça que também seria uma! Ela estava “treinando” até a pouco! – disse ao se lembrar da filha correndo e fingindo uma luta pelo jardim.

Sasuke arregalou os olhos ao ouvir aquilo, afinal no seu clã não era comum que as mulheres se tornassem shinobi’s, apesar de ele saber que em outras famílias aquele costume era considerado antiquado. Rezou para que a noiva não fosse como a irmã mais nova, não queria ter que lidar com alguém como a garota que acabara de conhecer.

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– Nee-chan, seu noivo está ai! – cantarolou Sakura para a mais velha que corou somente com a menção da palavra noivo e a mais nova riu de si.

– Sakura-chan, me diga, como ele é? – indagou e começou a escovar o cabelo para não demonstrar nervosismo.

– Hum...tem três lá...eu não sei qual deles é, mas todos parecem tão... chatos! – respondeu.

– Sakura-chan! – repreendeu a mais velha e Sakura somente deu de ombros sem se importar.

– Sayumi, ainda não está pron... Sakura! – Mebuki se interrompeu, bradando ao ver o estado que sua caçula se encontrava – Está toda suja! Vá tomar um banho e trocar de roupas, temos visitas!

– Eu sei, kaa-san! Já vi!

– Nani? Eles lhe viram dessa forma? – e Sakura somente meneou a cabeça, afirmando – Por Kami, Sakura, o que eles vão pensar de nós, o que eles vão pensar de Sayumi? – Sakura ficou confusa sem entender o que uma coisa tinha a ver com a outra, mas antes que pudesse questionar sua irmã interviu:

– Okaa-san, não se preocupe com isso! A senhora poderia me ajudar agora? Não quero deixá-los esperando mais! – disse Sayumi, querendo mudar de assunto para proteger a mais nova – Sakura-chan, vá tomar o seu banho também, está bem? – e a mais nova apenas aquiesceu o pedido da irmã.

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Fugaku e Kizashi pareciam se dar bem enquanto conversavam calmamente e bebiam sakê, Itachi parecia entediado, mas não reclamava, pois no fundo estava se divertindo com as caretas que o irmão mais novo fazia e se perguntava o que ele estava achando desse “primeiro encontro”?

Ele ainda se lembrava de como sua primeira impressão de Hana fora equivocada, a menina tinha uma aparência feroz e seu olhar altivo o irritava, mas foi somente vê-la corar ao lhe ver que percebeu que a garota não era nada do que parecia, pelo menos não completamente. Conforme se encontravam, descobriu o quanto a Inuzuka era meiga e amava os animais criados por seu clã, porém ela também era orgulhosa e odiava que lhe dessem ordens, tinha que admitir que gostava de ficar perto da menina. Foi tirado de seus pensamentos ao ver um pequeno borrão rosa passar correndo e se jogar nos braços do patriarca Haruno.

– Otou-san, a nee-chan já está descendo! – disse uma Sakura sorridente com os cabelos pingando água na yukata que usava. Provavelmente havia tomado banho as pressas para avisar o pai.

– Ótimo! E você, agora sim, parece com a minha filha! – falou o Haruno, bagunçando as madeixas rosa da menor que começou a rir – Já falou com os nossos convidados? – indagou, antes de fazer as apresentações, indicando seus convidados – Estes são Uchiha Fugaku, Uchiha Itachi e Uchiha Sasuke!

– Ohayo! Eu me chamo Haruno Sakura e tenho cinco anos! – Fugaku acenou com a cabeça e Itachi sorriu de canto ao ver a espontaneidade da menina, ela era bem engraçada, mas Sasuke somente arqueou a sobrancelha, fazendo uma careta para a menina.

– Ohayo Sakura-chan! – Itachi a cumprimentou e cutucou o irmão para que fizesse o mesmo.

– Ohayo! – Sasuke disse emburrado e virou a cabeça para o outro lado. A menina já ia comentar mais alguma coisa quando notou que o garoto parecia fascinado com algo e olhou em direção para ver o que ele tanto observava.

– Nee-chan! – chamou alegre para Sayumi que descia a escada ao lado da mãe.

Sasuke estava irritado por estar ali e não queria continuar a conversar com aquela garota barulhenta, por isso resolveu desviar o olhar e ignorar a mais nova, porém não pode deixar de se surpreender ao ver aquela menina. Ela descia calmamente a escada ao lado da Haruno mais velha, usava um quimono tradicional, suas madeixas rosa, de um tom mais escuro do que as de Sakura, estavam um pouco presas, destacando seu rosto alvo e delicado. Ela olhou em sua direção e pode ver os orbes da mesma tonalidade que os cabelos, tão puros e tão cristalinos que ele não conseguia acreditar no que via. Ela parecia um anjo!

– É um prazer conhecer vocês! Eu sou Haruno Sayumi! – ela se apresentou ao se aproximar, fazendo uma leve reverência com o rosto corado.

– É um prazer conhecer tão bela flor! – Fugaku respondeu e olhou em direção ao filho que parecia meio bobo e sorriu – Não é mesmo, Sasuke?

– Linda! – murmurou, sendo ouvido por todos e logo sentiu suas bochechas esquentarem assim como as de Sayumi. Sakura somente riu ao ver aquilo.

– Nee-chan, acho que ele gostou de você! – falou e o jovem casal abaixou a cabeça, envergonhado. Sasuke realmente não gostava daquela menina.

–*-

O primeiro encontro havia sido rápido e somente foi conversado a respeito de formalidades, impedindo que os jovens se conhecessem ou pudessem conversar sobre algo, porém fora decidido que ambos passariam mais tempo juntos, devendo ter pelo menos um encontro por semana. Por causa disso, na semana seguinte Itachi acompanhou o irmão até a casa da sua noiva, mais uma vez eles ficaram esperando por Sayumi na sala da família e foram recebidos pela matriarca Haruno e uma Sakura sorridente que começou a indagar a respeito dos treinamentos e sobre a patente ninja. Itachi sorriu e apenas respondia a curiosidade da menina, mas notava que a mãe dela não gostava do comportamento da mais nova.

Sasuke, contudo, não dera atenção a menina barulhenta ao seu lado, fixando seu olhar somente na escada à espera que sua noiva aparecesse. Não tardou muito e Sayumi apareceu diante de seus olhos, mais bonita do que se lembrava e se sentou a sua frente, cumprimentando a todos timidamente. O silêncio predominou no cômodo após isso, ninguém disse mais nada após a chegada de Sayumi, afinal aquele encontro era para os noivos se conhecerem, no entanto a presença de Mebuki Haruno parecia impedir que uma conversa informal fosse iniciada pelos dois jovens.

Não demorou muito e aquilo começara a ficar chato para Sakura que somente via sua irmã servindo o chá enquanto todos comiam calados. Bufou irritada e brigando consigo por querer participar do encontro da irmã. Olhou para mãe, mas esta parecia concentrada em Sayumi e em como ela se portava e não suportando mais esse silêncio se manifestou:

– Sayumi-nee, você não quer brincar no jardim?

– Bom... – começou Sayumi, indecisa.

– Sakura, sua irmã está em um encontro, ela não pode brincar com você agora! – repreendeu a mãe.

– Mas oka-san eles não estão fazendo nada! – retrucou com um biquinho nos lábios e Itachi teve que segurar o riso ao ver a sinceridade da mais nova e como seu irmão e sua noiva ficaram constrangidos.

– Sakura! Uma moça não deve falar a menos que lhe seja dirigida a palavra! Se comporte! – Mebuki brigou mais uma vez e Sakura revirou os olhos, mas acatou a vontade da mãe. Sayumi até quis ajudar a irmã, mas não sabia o que dizer até que Itachi se pronunciou:

– Não tem problema, senhora Haruno! Eu gostaria de conhecer os seus jardins também! Eles são famosos em Konoha! – disse de pé.

– Bom, se é assim, Sayumi leve o Sasuke-kun e o Itachi-kun para dar uma volta no jardim! – mandou a progenitora e Sayumi sorriu ao se levantar, sendo acompanhada por Sasuke. Sakura já iria fazer o mesmo quando ouviu a mãe murmurar para si – Não atrapalhe os dois, Sakura!

– Hai! – respondeu sorrindo antes de correr em direção aos mais velhos.

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Itachi havia conseguido dar um momento a sós aos mais novos, porém os dois pareciam não conseguirem ter uma conversa simples, pelo menos era isso que ele conseguia observar sentado embaixo de uma grande cerejeira. Suspirou ao ver que Sayumi era muito tímida e recatada enquanto seu irmão não obtinha muito sucesso quando se tratava de interação social, principalmente agora que ele parecia admirado a ponto de ficar sem falar. Aqueles dois estavam fadados ao fracasso se continuassem assim, se pelo menos Sayumi fosse mais extrovertida como a irmã... Foi com esse pensamento que se perguntou onde estava a caçula dos Haruno’s e observou um pequeno ponto rosa em meio as folhas da árvore, perto de onde o casal estava. “Isso não vai dar certo!” pensou ao imaginar a cena que se seguiria.

– Então, o...o...que você gosta de fazer? – indagou Sasuke nervoso, não entendia porque agia assim, e olhou de esguelha para a menina que colocou o cabelo na frente para impedir que o menino visse a sua face ruborizada.

– E-Eu? – disse feito uma boba e respirou fundo antes de continuar – Bom, eu gosto de ler e cuidar de Sakura. E você Uchiha-sama? – perguntou de volta, apertando as mãos uma na outra.

– Não precisa me chamar assim! Pode me chamar de Sasuke! – falou o garoto antes de parar perto de uma grande árvore e se virar para a menina – E eu posso te chamar de Sayumi-chan?

Sayumi arregalou os olhos e imaginou que seu rosto devia estar da cor dos seus cabelos. Fora criada para ser a noiva perfeita de um ninja de renome como os Uchiha’s e sempre ouviu sua mãe lhe falando como deveria ser educada e tratar de forma solene aquele a quem chamaria de marido, pois devia a ele sua vida e tinha que submeter as suas vontades. Por isso não imaginava que ele fosse lhe dizer isso, apesar de estar feliz por seu noivo a tratar daquela forma tão carinhosa.

– H-Hai! S-Sasuke-sama! – respondeu corada com um grande sorriso e aquilo foi o suficiente para o menino não ligar para o sufixo usado. Por um momento, nenhum dos dois ousou desviar o olhar, apenas se encaravam com uma admiração e uma curiosidade infantil em saber mais sobre o outro que esqueceram tudo ao seu redor, até uma voz infantil se fazer presente:

– Oe Sayumi-mee! – gritou Sakura, despertando o casal e fazendo a mais velha das Haruno’s arregalar os olhos.

– Sakura! O que está fazendo ai? É perigoso! – bradou visivelmente nervosa, esquecendo por um momento o Uchiha ao seu lado – Você pode se machucar! Desça!

– Está tudo bem Sayumi-nee! – gritou de volta Sakura, andando em um dos galhos da árvore como se fosse uma acrobata de circo.

Sasuke estava surpreso, não conseguia compreender como alguém tão pequeno quanto sua futura cunhada poderia escalar uma árvore daquele porte, mas com a intenção de agradar Sayumi, resolveu se manifestar também:

– Oe, garota! Obedeça a sua irmã! – Sakura o encarou, franzindo o cenho, não gostando do modo imperativo que o menino havia falado consigo, muito menos o fato dele ter lhe chamado de “garota”.

– Meu nome é Sakura! E eu tenho tudo sobre controle! – retrucou, mostrando a língua para o Uchiha que se irritou. Foi nesse momento que Sakura teve uma ideia genial!

Ela ainda ouviu a irmã pedir para que ela saísse dali, mas já era tarde e ao dar o próximo passo se desequilibrou do galho no qual estava para desespero de Sayumi e de Sasuke.

– SAKURA! – gritou Sayumi, fechando os olhos ao ver sua irmãzinha despencar.

Sasuke correu, assustado, na direção da menina a fim de amparar sua queda, porém, ao estender os braços nenhum corpo foi socorrido. Levantou a cabeça, somente para ver Sakura pendurada de cabeça para baixo no galho, morrendo de rir. Ele não acreditava no que via, aquela garota irritante havia o enganado? Sentiu uma veia pulsar de raiva quanto mais ouvia a menina rir.

– Vocês deviam ter visto a cara de vocês, Sayumi-nee! – disse a menina em meio ao riso.

– Isso não teve graça, Sakura! – repreendeu a mais velha, mesmo que estivesse aliviada pela pequena estar bem – Desça agora ou conto para o oka-san! – ameaçou e no instante seguinte viu sua irmã caindo graciosamente no chão.

– Eu só estava brincando! – disse de forma apologética e Sayumi a abraçou com força.

– Não gosto dessas brincadeiras, sabe disso! – murmurou e Sakura viu que a irmã chorava e se sentiu mal.

– Gomen! – disse arrependida e se virou para Sasuke que lhe encarava mortalmente – Gomen Sasuke-kun! Não vou fazer de novo! – se desculpou com o menino que bufou ainda mais irritado ao ver que a garota era muito abusada ao lhe chamar daquela forma íntima.

Itachi ao longe somente ria ao ver aquilo, Sakura realmente era bastante espirituosa, mas também ficara surpreso ao ver o talento que a menina tinha em controlar o chakra em tão tenra idade. Realmente seria divertido ver como Sasuke lidaria com as irmãs Haruno.