Reparação escrita por Luhni


Capítulo 19
Re-Nascimento


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Como prometido consegui postar o capítulo hoje! Yeyyy!!
Muito obrigada a todas que comentaram, logo estarei respondendo vocês ;D
E o meu agradecimento especial dessa semana vai para três pessoas que recomendaram a fic: littlespringoddess, Valentina e Saky Valentina, vocês fizeram eu ficar feito uma boba com o que escreveram, a vocês o meu muito obrigada e este capítulo é dedicado a vocês, lindas ;D

Boa leitura.



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– Naruto, você está bem? – Sasuke perguntou ao loiro que ainda estava zonzo.

– O que... o que aconteceu? – e arregalou os olhos ao ver que estava dentro de uma estrutura estranha roxa que lembrava uma espécie de costela. – Onde estamos?

– Houve uma explosão, as paredes caíram sobre nós, mas consegui ativar o meu Susano’o a tempo, o que nos protegeu – falou um pouco ofegante devido ao consumo de chakra – Temos que sair daqui e ver como estão os outros.

– Certo – disse ao se levantar e viu a estrutura sumir, antes de correrem para fora dos escombros. – Sasuke, você acha que isso é um ataque da Nuvem? – Naruto indagou enquanto corriam.

– Acho que sim – falou entredentes, enquanto cerrava os punhos.

Porém ambos tiveram uma surpresa ao atingir a superfície e ver a vila sendo destruída por shinobis da Areia. Civis corriam desesperados, procurando abrigo, enquanto ninjas inimigos lutavam com seus companheiros. Casas estavam destruídas e havia corpos pelo chão, olhou ao redor e viu uma parte da arena de combates destroçada, havia um grande conglomerado de ninjas mais ao longe, pareciam tentar controlar algo com dificuldade. Fogo e fumaça se misturavam a todo lugar e o som do choque de armas era ouvido a todo o momento.

– Mas que droga está acontecendo aqui? – Naruto gritou em um misto de cólera e tristeza pelo o que via a sua frente.

– Não faço a menor ideia, mas é melhor ajudarmos quem pudermos – disse Sasuke ao partir para cima de um dos shinobis que estava prestes a matar um companheiro da folha.

– Droga! – vociferou Naruto, partindo para o combate junto com o amigo.

Em pouco tempo conseguiram dominar alguns inimigos que estavam ali, já se preparavam para partir até outro ponto da vila, quando eles ouviram lhe chamarem.

– Sasuke! Naruto! – e o moreno ficou aliviado ao ver que era seu irmão e que se encontrava bem.

– Itachi, mas que droga está acontecendo? – Sasuke indagou ao ir na direção do irmão que também parecia ter saído de uma batalha e arrastava junto de si outro ninja, Nara Shikamaru.

– Armaram no exame chunin. Parece que Suna nos traiu, eles esperaram que estivessem dentro da vila para atacar, há shinobis espalhados por todo canto destruindo a vila, estamos tentando contê-los. – explicou para os dois.

– Como pode haver tantos? – Naruto estava indignado.

– A culpa é minha – Shikamaru disse enquanto segurava seu braço que jorrava sangue e parecia quebrado, havia também diversos ferimentos pelo corpo. – Eu estava encarregado de ajudar na vigilância, junto com uma kunoichi da Areia, eu não consegui prever o ataque a tempo. Eles entraram por um dos tuneis de Konoha.

– Não seja idiota, se não fosse você dar o alerta, não teríamos a menor chance de nos defender – Itachi retrucou.

– Como conseguiu dar o alerta, Shikamaru? – Naruto questionou, ajudando a apoiar o amigo ferido.

– Quando me dei conta do que estava acontecendo eu fiz a minha sombra se materializar e dar o alerta, mas tive pouco tempo para desviar do ataque de Temari, aquela mulher é muito perspicaz – e suspirou por ter sido feito de trouxa para ela.

– Bom, esquece isso agora, precisamos te levar logo para um hospital – Naruto afirmou e Shikamaru começou a reclamar, afinal ainda podia auxiliá-los de algum jeito.

– Sasuke, tenho que ir ver como estão as coisas no clã, a Hana e a oka-san ainda estão lá. Não sei se houve algum ataque por lá. – Itachi se pronunciou e Sasuke não pode evitar pensar em como aquilo lhe soava familiar.

– Certo, eu vou com você, e Naruto e Shikamaru vão para um hospital.

– Não tão rápido, Uchiha. Antes disso terão que passar por nós. – disse um shinobi, parando em frente a eles com mais dois companheiros.

–*-

Tudo havia acontecido rápido demais. Em um momento estava com Mikoto e Hana falando sobre ela e Sasuke e no momento seguinte, ouviu uma explosão que estremeceu a casa. Ela só teve tempo de puxar Hana para baixo e dizer para Mikoto fazer o mesmo quando outra explosão se fez presente, dessa vez mais perto, destruindo uma parte da casa.

– Vocês estão bem? – indagou ao ver que havia acabado.

– S-Sim – Mikoto disse um pouco assustada – Hana?

– Estou bem – falou com mão na barriga – Estamos bem. Mas o que houve aqui?

– Não sei, mas acho que não é mais seguro ficar por aqui – Sakura disse, ajudando Hana a se levantar – Precisamos ir para um abrigo.

– Mas, sozinhas? – Mikoto perguntou receosa e a rosada aquiesceu.

– Não temos alternativa, se ficarmos aqui podemos ser atacadas novamente – explicou para a matriarca Uchiha.

– Não precisamos ir sozinhas, Mikoto-san – Hana disse, chamando a atenção das outras duas e em seguida assobiou fortemente.

Dois uivos foram ouvidos ao longe e não demorou muito passos rápidos ecoaram pelos destroços da casa até chegarem perto de Hana que afagou a cabeça dos dois cachorros que mais pareciam lobos ou ursos de tão grandes que eram.

– Eles vão nos escoltar até o abrigo, não se preocupe Mikoto-san – Hana disse confiante.

– Ser uma Inuzuka tem as suas vantagens, não é mesmo? – Sakura sorriu ao se aproximar da grávida que também sorriu – Vamos, então? – e olhou para a mais velha que suspirou e aquiesceu.

Saíram acompanhadas dos dois cachorros imensos e se surpreenderam ao ver vila ser destruída. Pessoas corriam por todos os lados, desesperadas em busca de ajuda, enquanto os ninjas de Konoha lutavam contra os inimigos, para proteger os civis. Sakura reparou no emblema dos ninjas e viu que, diferente do que pensara, não fora a Nuvem quem os atacou, mas Suna e ficou confusa e irritada pela traição. Teve vontade de sair dali e lutar ao lado dos outros shinobis, mas estancou. Não podia. Iria ser um fardo se visse sangue e havia outro motivo para não ir. Olhou para Mikoto e Hana que lhe esperavam, angustiadas. Não poderia deixá-las.

– Vamos – disse andando na frente e Mikoto sorriu orgulhosa, seguindo-a junto com Hana.

Em um determinado ponto se esconderam ao ver alguns ninjas adentrando as casas como se procurassem algo, mas ficaram mais nervosas ao ver que os shinobis de Suna traziam mulheres e crianças de vários clãs, dentre eles o clã Haruno e Uchiha. Algumas mulheres eram arrastadas pelo cabelo, enquanto outras eram seguradas com forças, assim como as crianças que chorava em desespero. E Sakura arregalou os olhos ao ver que sua mãe também estava ali.

– Precisamos fazer algo – sussurrou para as duas Uchiha’s ao seu lado.

– Não se preocupe. Otoshi, Oashi. – Hana chamou o nome dos dois cachorros que se viraram para ela e depois indicou os ninjas.

Não foi preciso mais nada antes dos cachorros correrem em direção aos ninjas, rosnando ferozes. Os shinobis mal tiveram tempo para notar o que havia os atacado. Otoshi, um grande cachorro negro de presas afiadas pulou em cima de um dos inimigos, enfiando as presas no braço do adversário que gritou de dor. Enquanto isso Oashi, com sua pelagem mais clara, levantou a grande pata, empurrou outro ninja, abrindo o peito deste com suas garras. Sakura fechou os olhos com força ao ver o sangue espirrar por todo lado.

Porém, antes que as coisas se acalmassem, um terceiro ninja surgiu e com receio de que algo pudesse acontecer consigo, correu para pegar um refém. Ao ver que a escolhida seria uma menina, Mebuki correu para tomar o lugar da menor. Sakura ouviu a voz da mãe e abriu os olhos somente para vê-la sendo segurada com agressividade pelo inimigo. Em um ímpeto saiu do esconderijo onde ela e as Uchiha’s estavam, tinha que tentar ajudar a progenitora, mas suas pernas não se mexiam. Os cães ainda rugiam, ameaçando o inimigo e o sangue dos outros ninjas continuava espalhado por ali. “Mexa-se!” ordenou a si, porém seu corpo não a obedecia, estava tremendo e ela não sabia o que fazer.

Foi então que notou que não precisava fazer nada, pois sua mãe, Mebuki Haruno, desferiu uma cotovelada nas costelas do inimigo, que a largou por causa da dor, e em seguida girou sob os calcanhares e desferiu um chute preciso no queixo deste que caiu desacordado. Tudo bem, o que havia acontecido ali? Sua mãe realmente havia feito isso? Ela estava sonhando? Balançou a cabeça, claro que não! Nem em seus mais loucos sonhos poderia imaginar ver Mebuki lutando como agora.

Estava tão estupefata pelo o que vira que mal notara quando Hana e Mikoto saíram de onde estavam e foram até as outras mulheres e crianças, abraçando-as por estarem fora de perigo. Sua mãe sabia lutar? Seu pai havia lhe ensinado? Por quê? Ela nunca quis nem ao menos saber sobre qualquer coisa que envolvesse seus treinos, então... nada que pensasse conseguia achar lógica naquilo. Sakura somente saiu do torpor em que estava quando a própria mãe se manifestou:

– Sakura, feche a boca, não é hora de você ficar parada ai – disse e a rosada piscou duas vezes antes de se dar conta do que a mãe falara. Respirou fundo e se juntou ao grupo de mulheres e crianças ainda sem saber o que falar depois daquilo, procurando sempre se afastar do sangue.

– Mebuki, que bom que estão todas bem – Mikoto disse ao abraçar a amiga que retribuiu o gesto. – Mas alguém sabe explicar o que está acontecendo? Onde estão os maridos de vocês? – perguntou ao soltar a Haruno que suspirou.

– Nós não sabemos o que eles querem, apenas ouvimos explosões por todo lado. Kizashi está a serviço da Hokage por causa do exame chunin – Mebuki disse o que sabia.

– O meu marido também – outra mulher de cabelos negros que segurava uma criança se manifestou.

– Sim, foi a mesma coisa comigo. Estava sozinha em casa quando atacaram e eu fugi – uma senhora um pouco mais velha se manifestou.

– Eles pegaram algo da casa de vocês? – Sakura questionou e todas negaram com a cabeça. Ainda sentia as mãos tremerem, mas era algo imperceptível e no momento era melhor ocupar sua mente com outras coisas, como o que os shinobis estavam procurando.

– Bom, acho que não temos tempo de pensar nisso, agora somos um grupo maior e devemos ir para um abrigo – Mikoto tomou a palavra.

– Mas e nossos maridos? Não devíamos esperar? – uma jovem mulher de cabelos castanhos a contrapôs.

– Se ficarmos aqui seremos alvos fáceis, o melhor é nos protegermos para não preocupar nossos maridos. Ficaremos a salvo e nossas crianças também – Mikoto disse decidida e Sakura observou admirada a sogra, ali ela parecia uma verdadeira líder do clã, o que ela realmente era por ser casada com Fugaku.

Todas as mulheres concordaram e ajudando as crianças passaram a se mover, tendo como proteção os dois cães de Hana. Eram quinze ao todo agora e iam em direção ao monumento dos kages, ali havia uma passagem secreta, feita especialmente para que os civis se refugiassem quando preciso. E naquele momento era a salvação delas.

–*-

Naruto arfava, aqueles caras não estavam ali brincando. Eles eram bons shinobis e tinham um fator que desconheciam e que fazia com que as suas habilidades fossem aumentadas quando o corpo ficava repleto de selos. Lutava contra uma garota de cabelo rosa e, droga, estava odiando ter que admitir, mas ela era boa. Arregalou os olhos ao sentir uma explosão atrás de si e, enquanto a fumaça dissipava, pode distinguir a forma de um monstro que atacava seus companheiros e ele sabia exatamente do que se tratava, pois era como ele.

Cerrou os punhos com força e notou que apenas uma parte do corpo do shinobi estava tomada, sendo possível ver o rosto do garoto da areia com seus cabelos rubros, estava parcialmente descontrolado, mas deixava a sua besta agir a vontade, besta igual a que ele carregava em si. Ele era um jinchuuriki e o garoto da areia também, então cabia somente a Naruto detê-lo antes que toda a Konoha fosse destruída. Pulou para ir em direção do ruivo, mas foi parado pela garota com quem lutava, Tayuya, se não se enganava, havia se esquecido dela.

– Droga, não tenho tempo para você agora ‘ttebayo! – exclamou enquanto criava alguns bushins para se livrar da garota.

– Como se eu me importasse – bradou antes de voltar a atacá-lo com sua flauta demoníaca, porém se surpreendeu ao sentir seu corpo paralisar.

– Kagemane no jutsu concluído com sucesso – Shikamaru falava ajoelhado um pouco mais afastado dos dois, onde era possível ver uma sombra esticada até o corpo de Tayuya. – Naruto, essa é a sua chance, deixa que eu cuido dessa daqui.

Naruto ainda retesou ao ver o ferimento do amigo, mas ao ver a determinação do Nara sorriu para ele, antes de ir atrás do ruivo de Suna.

– Conto com você, Shikamaru! Dattebayo! – gritou enquanto se afastava.

–*-

Expeliu uma grande quantidade de fogo da boca, mas o shinobi desviou com facilidade. Esse cara com certeza era rápido, pensou Sasuke ao desviar de um golpe vindo da sua esquerda. E o mais importante, ele não era um humano comum, nunca havia visto nada como ele.

– Você não vai passar Uchiha, sinto muito – disse o rapaz de pele clara e olhos verdes. Seu cabelo era branco e dividido ao meio e em sua testa havia dois pontos vermelhos.

– Quem é você? – disse tentando recobrar um pouco de fôlego. Seu irmão e Naruto também lutavam um pouco mais afastados. Aqueles adversários não eram como os outros shinobis que enfrentavam.

– Isso não vai fazer muita diferença para você, mas se insiste, eu me chamo Kimimaro – e em seguida se lançou contra o Uchiha.

Sasuke desviava dos golpes com agilidade, mas em determinado momento, aproveitou que o inimigo estava com a guarda baixa e sacou sua katana, mirando na barriga do albino que se protegeu com os dois braços. “Idiota, isso não vai adiantar de nada!” Sasuke pensou ao forçar a katana contra o corpo do adversário, porém se surpreendeu ao ver que Kimimaro nem ao menos sangrava.

– Agora é a minha vez – disse e antes que Sasuke entendesse o que havia acontecido, viu um osso do braço de Kimimaro sair de dentro dele como se fosse um espinho, acertando o seu braço.

Pulou para trás e segurou o braço ferido. Um estrondo foi ouvido atrás de si e arregalou os olhos ao ver um monstro que se parecia com um tanuki marrom com diversas marcas azuis espalhadas pelo corpo. Olhou para o outro lado e viu o ninja com quem Itachi lutava, este era o mais estranho por possuir seis braços. Mas naquele momento ele estava com a aparência de um demônio, havia um terceiro olho em sua testa, sua pele tornou-se visivelmente mais escura, os dentes caninos eram longos, as unhas cresceram como garras, e uma espécie de par de chifres apareceu, seus olhos estavam completamente negros, inclusive a íris e seu cabelo se tornou cinza.

– Quem são vocês? – voltou sua atenção a Kimimaro que apenas observava o que acontecia a sua volta. Parecia que tudo corria como planejado.

– Somos apenas a distração – disse antes de se curvar e Sasuke viu mais e mais ossos aparecem sobre a pele do rapaz e em seguida serem atirados em todas as direções.

Não havia como desviar de tantos ao mesmo tempo, então ativou uma parte do Susano’o mais uma vez para se proteger, e Kimimaro ficou surpreso ao ver aquela defesa, talvez porque de alguma forma eles tivessem uma habilidade semelhante. Pelo menos agora Sasuke poderia lutar em pé de igualdade então, com uma proteção em volta do corpo, correu para cima do albino que passou a utilizar um osso como espada.

Os movimentos rápidos de Kimimaro e Sasuke quase não podiam ser acompanhados, apenas os sons dos golpes ecoavam por onde lutavam. Sasuke ofegava, não iria conseguir utilizar por muito mais tempo o Susano’o, mas parecia que seu adversário também não estava tão bem, ele parecia doente, e quando viu o albino se curvar e vomitar sangue soube que ali estava a sua chance de acabar com aquela luta. Correu com a katana brilhando em mãos pelo chidori, mas Kimimaro conseguiu se recuperar a tempo e foi atingido apenas de raspão, enquanto seus ossos surgiam para fora do corpo em forma de proteção.

– Droga! – disse entredentes ao ver que mais ossos eram expelidos do corpo dele, porém dessa vez o Susano’o se dissipou e ele caiu de joelhos, o jutsu exigia muito do seu controlador e seu chakra estava no limite. Colocou os braços na frente do corpo para se proteger, porém nada o atingiu.

Ao abaixar os braços pode ver uma figura de cabelos em forma de tigela preto em uma espécie de collant verde a sua frente em posição de ataque com um dos braços suspensos a frente do corpo enquanto o outro descansava atrás das costas.

– A besta verde de Konoha chegou, Uchiha-san, nada tema – afirmou o shinobi ao olhar para Sasuke com um sorriso no rosto em uma pose estranha.

– Quem é você? – Kimimaro indagou para o shinobi que apareceu de repente e conseguiu repelir todos os seus ossos apenas com as pernas.

– Eu sou Rock Lee e serei seu adversário – afirmou, antes de se voltar para Sasuke que já se encontrava ao seu lado – Uchiha-san, eu cuido dele, por favor, vá atrás do Naruto-kun, ele pode precisar de ajuda.

Sasuke apenas encarou o rapaz estranho de grandes sobrancelhas, ele parecia focado no inimigo, por isso, mesmo que relutante, acatou a decisão de deixá-lo lutar contra Kimimaro ao ouvir outra explosão e ver Naruto e o monstro tanuki se embrenhando na floresta.

– Ele possui uma kekkei genkai que pode controlar os ossos do corpo livremente. – avisou antes de correr para longe, iria primeiro verificar como o irmão estava, para depois seguir até o loiro.

–*-

Andavam na companhia dos dois cachorros que estavam responsáveis de fazer a guarda. Mebuki ia mais a frente junto com Mikoto, enquanto ela e Sakura vinham atrás, ajudando as crianças ou as mulheres de mais idade. As casas ao seu redor estavam em chamas e alguns corpos, tanto de inimigos quanto de companheiros da Folha, estavam estendidos no chão. Hana percebeu que Sakura fazia de tudo para não olhar na direção dos mortos e que cada vez mais a menina parecia tremer. Arqueou uma sobrancelha confusa, afinal a rosada nunca foi de ter medo, pelo contrário, não sabia como ela ainda estava ali sem ajudar os outros shinobis.

– Estamos chegando – informou Mikoto ao apontar para o monte dos Kages que já era visível – Se conseguirmos chegar até lá, estaremos a salvo – e ouvir aquilo pareceu estimular as mulheres a continuar.

Sorriu com a perspectiva de encontrar o marido. Só esperava que ele estivesse bem. Sentiu uma pontada na barriga e respirou fundo, seu bebê também estava bem agitado, precisava descansar logo e sair daquela confusão.

– Tudo bem, Hana? – Sakura perguntou ao ver a morena franzir o cenho enquanto segurava a barriga protuberante.

– Hai... apenas estou cansada – arfou, limpando o rosto e Sakura pediu para fazerem uma pausa à Mikoto e à mãe.

– Não podemos parar! – exclamou uma jovem que carregava o filho, estava visivelmente preocupada em terem que ficar no meio do campo de batalha.

– Hana precisa descansar – contrapôs Sakura, mas a ex-Inuzuka franziu o cenho. Não queria ser um peso para ninguém.

– Eu estou bem, vamos continuar – afirmou e Mikoto olhou preocupada para a nora – Mikoto-san, estamos perto agora, devemos seguir em frente – e ao ver a face determinada de Hana, Mikoto aquiesceu.

Sakura apenas suspirou ao ver a teimosia da cunhada e se pôs a andar novamente, atenta a qualquer sinal de problemas, ou pelo menos queria acreditar que o motivo de desviar a todo tempo o olhar se devia a isso e não porque queria evitar entrar em contato com as poças de sangue que se espalhavam pelas ruas. As suas mãos ainda tremiam e ela procurava qualquer coisa para se distrair, por isso cuidar das crianças havia sido a melhor escolha, além de poder ficar de olho em Hana. Mas internamente ela torcia para que corressem o mais rápido possível e saíssem daquele local, e pensar assim a fazia se sentir horrível por não ter forças para ajudar ninguém.

– Cuidado, menino – chamou Hana ao se abaixar para pegar um garoto que havia tropeçado e começava a chorar assustado por estar longe do pai e da mãe. Era uma criança do clã Uchiha e devia ter no máximo três anos – Não chore – pediu Hana ao se abaixar com dificuldades para afagar os cabelos do menor.

– Hey, você está sozinho? – indagou Sakura ao se aproximar dos dois e ver que o menino parecia não escutar a ex-Inuzuka.

– M-Minha avó... – e apontou para a senhora que descansava mais a frente, provavelmente cansada de tanto andar.

– Ah, então você é o nobre cavaleiro da senhora Hitsui? Ela está orgulhosa de você, sabia? – disse Sakura com um sorriso e o menino a encarou curioso, enxugando as lágrimas – Você tem que continuar sendo forte e ficar ao lado da sua avó, está bem? Ela está contando com você – e bagunçou as madeixas negras do pequeno que estufou o peito, feliz com o que fora dito e em seguida correu para perto da avó.

– Você realmente tem talento com as crianças – disse Hana ainda agachada ao lado de Sakura que apenas deu de ombros e a ajudou a se levantar.

– Trabalhei no hospital, lembra? Tinha que lidar com esse tipo de coisa o tempo todo – explicou e voltou a andar até ouvir um resmungo da cunhada – Aconteceu alguma coisa?

Hana respirou fundo e segurou a barriga com os olhos arregalados, não acreditava no que estava acontecendo. Não podia acontecer agora. Mas a dor que sentiu ao se levantar e o líquido que sentia escorrer por suas pernas confirmavam... seu bebê iria nascer. Olhou um pouco desesperada para Sakura que parecia digerir o que acontecia consigo quando sentiu um puxão dentro de si, a primeira contração.

– Não... – murmurou Sakura aturdida ao ver a morena se curvar e segurar a barriga enquanto arfava.

– A-Acho que vai nascer – disse Hana com um sorriso nervoso. Seu bebê não poderia ter escolhido pior hora para vir ao mundo.

Sakura correu para ajudar a apoiar Hana, ambas suavam frio por diferentes motivos, mas ambas estavam preocupadas em como fariam com esse novo contratempo em meio a uma invasão na vila.

– Hana, tem certeza que vai nascer agora? Você não está brincando, não é? – Sakura falou em desespero, meio sem saber o que fazer, aquilo não podia estar acontecendo e começou a olhar para os lados em busca de um lugar seguro para levar a morena.

Hana bufou ao ouvir aquilo da rosada, que tipo de pergunta era essa?

– Não, eu me enganei, estou apenas treinando para quando a minha bolsa realmente estourar – ironizou e Sakura sorriu sem jeito, estava nervosa, que culpa tinha? Sua cunhada de personalidade forte e de senso de humor negro deveria entender o motivo de sua agonia. Aquele não era o local indicado para se ter uma criança.

– O que está havendo ai atrás? – ouviram Mikoto perguntar e Sakura gritou desesperada para a sogra.

– Hana está em trabalho de parto! – e aquilo foi o suficiente para que uma roda com várias mulheres se formassem ao seu redor e da morena que parecia gemer de dor cada vez mais.

– Oh querida! – Mikoto se aproximou da nora para ver como ela estava – Quanto tempo entre as contrações? – indagou preocupada.

– Começaram faz pouco tempo, ainda consigo aguentar – Hana respondeu, sabia que atrasaria o grupo e daria trabalho, mas prosseguiria até onde desse.

– Não podemos continuar com você assim – Mebiku afirmou ao ver Hana apertar o braço de Sakura em busca de apoio – Precisamos encontrar uma casa e nos abrigar – disse, mas logo outras vozes irromperam:

– Não! Se ficarmos aqui seremos mortas!

– Precisamos ir até o esconderijo!

– Não posso arriscar a vida do meu filho! – algumas mulheres bradaram assustadas com a perspectiva de serem atacadas ali.

– Hana não vai aguentar até chegarmos ao esconderijo e nem o bebê! – Sakura contrapôs, irritada pelo fato daquelas mulheres só pensarem em si.

– Se todas ficarmos só chamaremos mais atenção. Um grupo grande de mulheres e crianças... seremos um alvo fácil, vocês mesmas disseram isso – uma mulher mais velha do clã Uchiha se pronunciou.

– Já estamos com problemas por causa das idosas que mal conseguem nos acompanhar e agora isso! – uma moça com um filho no colo argumentou e Sakura franziu o cenho.

– O que sugere então? Que abandonemos Hana para que ela tenha o filho sozinha? – bradou e, ao ver que a maioria das mulheres nada respondeu, percebeu que era exatamente isso que elas queriam – Ficaram loucas?

– É muito comum uma mulher dar a luz sozinha e sem a ajuda de uma parteira, além do mais ficarmos aqui não vai ajudar essa criança a nascer – ouviu alguém dizer.

– É da minha neta e da minha nora que estão falando, não vou permitir que abandonemos Hana nessas circunstâncias! – Mikoto se pronunciou, furiosa.

– E se fossem o filho de uma de vocês? O que vocês pensariam se disséssemos que abandonaríamos vocês? – Mebuki disse em um tom de voz tranquilo, mas seu olhar era impiedoso e cortante, e aquilo pareceu ter atingido as outras.

– Sei que é ruim, mas... temos que pensar em nossas famílias também – uma garota mais nova disse envergonhada – Eu também estou grávida e não quero correr o risco de morrer antes de ver o rosto do meu filho – começou a chorar em desespero – Por favor, Hana, entenda, se fosse a vida do seu filho em jogo você ficaria aqui para ajudar outra pessoa? Correndo o risco de perder alguém importante para si?

Hana ficou sem palavras ao ouvir a declaração da menina, franziu o cenho em uma careta por causa da dor e mordeu os lábios para evitar que um gemido irrompesse por sua garganta. Ela queria que houvesse um pouco de compreensão, ela precisava de ajuda, queria que seu bebê nascesse bem e com saúde, mas também entendia que naquele momento era pedir demais que mulheres que nunca aprenderam a se defender e sempre dependeram dos maridos para tudo, ficassem ao seu lado e arriscassem as suas vidas sem ter uma garantia de que tudo ficaria bem. Sorriu em meio a uma careta e disse:

– Tudo bem, podem ir... eu vou... ficar bem.

– Não diga bobagens! – Sakura brigou com a cunhada – Não vou deixar você desse jeito!

– Sakura tem razão, Hana – Mikoto também retrucou – É perigoso deixar você aqui desse jeito, ainda mais sozinha. E se for atacada?

– Eu vou... ainda consigo me... virar – falou entre ofegos e Sakura revirou os olhos, aquilo estava ficando ridículo.

– Então eu fico com você, Hana! – Mikoto se pronunciou, porém isso gerou mais desespero por parte das outras mulheres.

– Mikoto-sama, precisamos da senhora! Não sabemos o caminho! – uma mulher do clã Uchiha pediu com lágrimas nos olhos.

– Mebuki pode guiá-las – disse tentando tranquilizar as outras enquanto enxugava a testa de Hana que começava a suar.

– Mas a senhora é a nossa líder! É seu dever! – exclamou outra.

Mikoto olhou todas as mulheres alvoroçadas ao seu redor e pensou no que fazer. As Uchiha’s eram a maioria ali, junto com algumas do clã Haruno, enquanto as outras eram de clãs menores, e mesmo que Mebuki tivesse a mesma autoridade que ela, sabia que ninguém do seu clã seguiria outra pessoa a não ser ela, mas... olhou para a nora que parecia se esforçar para controlar as dores do parto que pareciam piorar, não podia abandonar Hana em um momento como esse, sua família também era importante.

– Mikoto-san, vá com elas, eu fico com a Hana – Sakura se pronunciou – Vou levá-la para alguma casa vazia e quando tudo se acalmar nos encontraremos depois – afirmou.

– Sakura, tem certeza? – e ao ver a rosada aquiescer, mesmo relutante, aceitou, pelo menos sua nora não estaria sozinha – Por favor, cuide deles, então – pediu antes de se despedir de Hana e se voltar para as outras mulheres – Vamos seguir em frente! – disse com o coração apertado e rezando para que tudo desse certo no final.

– Eu fico com elas também – Mebuki disse, mas Sakura negou.

– A senhora tem que ir também – e a mais velha das Haruno’s arqueou uma sobrancelha com o fato de a filha estar indo contra uma ordem sua.

– Como é?

– O clã Haruno não vai seguir uma Uchiha sem a senhora para intermediar, sabe disso – explicou à mãe.

Haruno’s e Uchiha’s, mesmo com o casamento de Sakura e Sasuke, ainda não tinham uma relação estável por causa da morte de Sayumi, afinal muitos tinham visto a morte da primogênita dos Haruno’s às vésperas do matrimônio como um sinal de mau presságio. Então até que tudo se acalmasse era melhor que Mebuki ajudasse a liderar o grupo com Mikoto.

– Além disso, a senhora pode ajudá-las se for necessário – disse fazendo referência aos golpes desferidos pela mãe contra o inimigo pouco antes – E a Mikoto-san vai precisar de ajuda.

Mebuki refletiu as palavras da filha e, muito a contragosto, teve que dar o braço a torcer ao ver que ela estava certa, precisava ajudar Mikoto, afinal ela era a esposa do líder do clã Haruno, e também tinha um dever para com o seu clã, mas... olhou para Hana que se segurava em Sakura, estava preocupada em deixar tudo nas mãos da filha.

– Certo, mas Sakura você sabe como fazer um parto? – indagou à rosada que sorriu nervosa e aquilo só deixou a Haruno mais preocupada. Sua filha não sabia mentir.

– Não se preocupe, vamos nos sair bem.

–*-

Depois que foram deixadas sozinhas, Sakura conseguiu levar Hana para uma casa abandonada perto de onde estavam, acomodou a cunhada em um sofá meio rasgado e olhou para os lados para averiguar o que mais poderia utilizar até ver a entrada da cozinha.

– Hana, aguente firme eu vou pegar algumas toalhas e um pouco de água quente – informou para a ex-Inuzuka que apenas aquiesceu enquanto gemia de dor.

Retornou com tudo o que precisava e molhou um pouco a testa da cunhada a fim de aliviar o suor que já escorria pelo rosto, ao mesmo tempo em que pensava em como prosseguir a partir de agora. Havia uma coisa que ela não tinha pensado quando se ofereceu para ficar com Hana. Era ela, Sakura, quem teria que fazer o parto e isso implicava em um pequeno, mas importante detalhe: partos continham sangue.

– Está tudo bem... – falou uma Hana ofegante e chamando a atenção de Sakura – Você... vai... conseguir... – arfava com um sorriso cansado.

Sakura mordeu os lábios em dúvida se contava da sua fobia, mas preferiu omitir, afinal aquilo poderia não fazer bem a mulher ou a criança que estava prestes a nascer. Suspirou e aquiesceu para tranquilizar a morena, iria dar o seu máximo para trazer ao mundo aquela criança, essa era a única certeza que tinha.

– Certo, vamos fazer essa menina nascer!

–*-

Ainda estava impressionado com o que acontecia a sua frente, Naruto enfrentava aquele monstro de igual. Sabia que o loiro tinha treinado muito durante os anos e sempre desconfiou que houvesse algo mais no amigo pela forma como ele sempre se recuperava rápido depois das missões que faziam, mas aquilo era algo quase que inacreditável. O Uzumaki invocara Gamabunta, o chefe dos sapos, e tentava a todo modo se aproximar do grande tanuki onde se encontrava o shinobi da Areia, desacordado. Provavelmente a fera havia tomado conta do corpo do rapaz completamente.

Tentara ajudar Naruto uma ou duas vezes, mas seu chakra ainda estava quase esgotado por usar muitas vezes o Susano’o, então apenas pode impedir um ou dois ataques de Gaara em Naruto, e ele se odiou por não estar no nível do amigo e ter que ficar inerte, apenas como um observador. Ele ainda havia ajudado Itachi com o outro shinobi de poderes estranhos, mas agora seu irmão já havia se dirigido par ao clã Uchiha enquanto ele ficara incumbido de auxiliar Naruto.

Talvez tivesse sido melhor ir com o irmão e ajudar sua família do que ficar apenas abrindo caminho entre os dois monstros que lutavam e impedir que outras pessoas intervissem. Foi com esse pensamento que a imagem de algo cor de rosa passou por sua mente e Sasuke se perguntou onde e o quê Sakura estaria fazendo nesse momento, e ele não pode evitar comparar aquele ataque ao que acontecera há dois anos.

–*-

– Força, Hana! – pediu Sakura, empurrando um pouco a barriga da outra Uchiha que gritava de dor.

Suas mãos tremiam e suava tanto quanto Hana, mas não podia deixar aquela criança morrer, era a sua responsabilidade, ela se oferecera e não podia, não queria falhar. Fazia duas horas que estavam ali e as coisas não pareciam melhorar, Hana estava sendo forte mas ficava cada vez mais cansada e Sakura tentava controlar o seu próprio corpo e sua mente para não ter uma crise, afinal o sangue já impregnava suas mãos, mas ela não queria desistir, não quando faltava tão pouco para terminar.

– Mais uma vez! Empurre! - pediu Sakura - Já está saindo, Hana!

A Uchiha resfolegou não tinha mais forças, não aguentava mais essa dor, queria dizer isso a Sakura, mas ao ver a menina tremer e chorar de forma inconsciente diante de si enquanto pedia para empurrar lhe fez perceber que não era somente Hana quem sofria, Sakura também lutava contra algo desconhecido, e ela se envergonhou ao pensar em desistir. Itachi se envergonharia dela se não lutasse, se não fosse a mesma garota lutadora e altiva que sempre fora, além disso era a vida da sua filha em jogo. Poderia morrer, mas sua filha não.

E foi com esse pensamento que reuniu todas as forças que tinha e gritou pela força utilizada, mas logo a dor sumiu e se transformou em júbilo ao ouvir um choro agudo e fino escapar. Desabou no sofá e com a vista meio turva conseguiu visualizar a pequena criança nas mãos de Sakura, conseguira.

Sakura ainda estava paralisada encarando o pequeno ser em suas mãos, a criança estava coberta de sangue, mas a mente da rosada parecia ignorar isso enquanto a enrolava em um pano e entregava para que Hana visse a filha.

– É uma linda menina – disse ao acomodar o bebê no colo da Uchiha que chorava, feliz.

– Obrigada, obrigada... – dizia Hana enquanto acariciava levemente a menina que se acalmava aos poucos.

E foi vendo essa cena que algo finalmente veio à mente de Sakura e ao olhar das mãos sujas de sangue para o rosto da pequena criança que ajudara a trazer a esse mundo, ela compreendeu. O sangue que ela tanto odiara e que manchara suas mãos ao perder a irmã, aquilo que ela passou a temer desde o fatídico dia não representava uma ameaça, pois o mesmo sangue que findava uma vida era também o responsável por trazer uma nova vida. Ofegou com o pensamento e foi como se tudo ao seu redor mudasse.

–*-

A katana transpassou um dos inimigos e em seguida disparou para onde vira Naruto cair junto com o ruivo. Aquela luta havia sido fora do comum, era a forma mais simples de descrevê-la, nunca havia visto Naruto daquela forma e o chakra que o rodeou em determinado momento, Sasuke tinha certeza não pertencer ao loiro, era forte e selvagem demais.

Surpreendeu-se ao encontrar o amigo deitado de bruços no chão, sem se mexer e com sangue escorrendo da testa, além de outros ferimentos pelo corpo, mas ele estava vivo e com um sorriso estúpido no rosto e isso era o que importava.

– Você está horrível – Sasuke disse ao se aproximar do Uzumaki que riu, mas logo se arrependeu ao sentir a costela doer.

– Você também não está muito bem, teme – rebateu e Sasuke deu de ombros.

– Eu pelo menos ainda posso me mexer, dobe – e colocou o amigo nas costas que protestou.

– Espere teme! – pediu o loiro – Gaara ainda está ali – e apontou com a cabeça para o corpo do ruivo jogado mais a frente.

Sasuke tirou o Uzumaki das costas, apoiando-o em uma árvore e seguiu até o outro shinobi, ao ver que ele ainda respirava, sacou a katana, apontando para o inimigo que o encarou impassível, Gaara já esperava isso.

– Faça – mandou e Sasuke franziu o cenho, irritado com a calma dele.

– Depois de tudo que fizeram a nossa vila, eu deveria torturá-lo e esquartejá-lo para servir de exemplo – disse ao encostar o fio da espada na garganta do ruivo.

– Não me importo – Gaara disse simplesmente e Sasuke se preparou para dar o golpe final, mas Naruto o impediu.

– Sasuke, não!

– O que está dizendo Naruto? Esse maldito destruiu a vila, matou milhares de pessoas e você ainda intercede por ele? Por quê? – bradou para o loiro que apenas sorriu.

– Porque ele é como eu... – disse e Gaara arregalou os olhos para o loiro.

– ...Nós não somos iguais – o ruivo retrucou, mas Naruto balançou a cabeça, discordando.

– Eu também tenho um monstro dentro de mim, sei o que é conviver com isso, se sentir diferente de todos, - disse recordando como foi difícil conviver com a Kyuubi na infância e como seu poder era sempre controlado de perto pelo pai – a única diferença é que eu tive uma família para me apoiar, tive amigos... mas Gaara, - e olhou para o ruivo que o encarava surpreso – você é muito mais do que uma arma, eu consegui ser reconhecido por todos ao meu redor, você não precisa se isolar mais ou se sentir solitário, você pode recomeçar...

– Recomeçar? – Gaara repetiu um pouco aturdido e Naruto aquiesceu.

– Sim, e se você quiser, podemos nos tornar amigos – disse, deixando o shinobi da areia completamente perdido, sem saber como reagir ou responder.

Ele nunca havia visualizado outro caminho a não ser o que o Shukaku, sua besta interior lhe dizia, ele fora afastado da família por anos pelo conselho de Suna e teve que aprender a controlar seu poder sozinho. Não tinha um objetivo claro, apenas fazia o que achava ser melhor para si, por isso se deixava ser usado como uma arma por sua vila, por isso havia concordado com aquele plano, pois assim, pelo menos, poderia lutar com pessoas fortes e acabar com a sede de sangue que sentia, além disso aquela era a única forma de vinculo que conseguira construir com alguém que não fosse Shukaku, era a forma de não enlouquecer dentro da espiral de ódio e morte que pairava sobre si.

Mas agora aparecia esse garoto que durante toda a batalha tentava lhe convencer do contrário e, mesmo sendo inimigos, dissera que poderiam ser amigos. Desde quando ele tinha amigos?

– Não seja tolo Naruto, isso não vai acontecer – Sasuke disse rancoroso e voltou a encostar a lâmina no pescoço de Gaara, arrancando um filete de sangue – Não existe piedade em uma guerra – e o ruivo encarou os orbes ônix cheios de mágoa e fúria que tanto se assemelhavam aos dele.

– Sasuke, não faça isso! – Naruto gritou e forçou o seu corpo a se mover, mas de nada adiantou e o Uchiha ignorou os apelos do Uzumaki.

Mas antes que pudesse dar o golpe final uma rajada de vento forçou Sasuke a se afastar e Temari apareceu diante do irmão com um enorme leque em posição de defesa.

– Não vou permitir que matem meu irmão, seus covardes! – bradou e Gaara se surpreendeu com a presença e as palavras da loira. Ela estava o defendendo? – Não vão fazer a mesma coisa que fizeram com nossos companheiros! Traidores!

– Os únicos traidores são vocês! Nos atacaram depois de deixarmos que entrassem na vila! – retrucou Sasuke antes de se lançar contra a loira que teve dificuldades em acompanhar os golpes rápidos do Uchiha.

– Vocês fizeram isso primeiro, mataram nossos companheiros, mesmo sendo aliados, e tentaram sequestrar meu irmão! – disse furiosa ao se ver encurralada por Sasuke. Teria sido morta se não tivesse usado o seu leque como escudo.

Sasuke franziu o cenho, sem entender sobre o que a loira estava falando e isso deu a chance de Temari se libertar e voltar a atacar o Uchiha que expeliu uma grande bola de fogo, dispersada logo em seguida pela técnica de vento da kunoichi, ela só não esperava haver shurikens escondidas nas chamas, que acabaram por lhe acertar. Gritou de dor, tombando de joelhos na frente de Gaara que não conseguia entender o motivo dela estar ali se machucando para defendê-lo.

– Não sei do que está falando, Konoha não atacou vocês – Sasuke retrucou, mas não se moveu em direção a garota, ela não tinha mais condições de lutar, aquela batalha já estava terminada.

– Mentirosos! – Temari dizia com raiva e com lágrimas no rosto por não poder fazer mais nada, estava à mercê do Uchiha, assim como seu irmão. – Dez dos nossos shinobis foram mortos e todos viram quando um de vocês tentou sequestrar Gaara da vila.

Sasuke olhou para Naruto que parecia não acreditar no que fora dito e começava a fazer um esforço para se levantar. Se o que a loira disse fosse verdade, apenas duas hipóteses passavam pela cabeça do Uchiha, alguém de Konoha havia traído a vila, ou outra pessoa havia armado tudo isso para gerar uma crise entre as duas vilas aliadas. Mas qual o objetivo disso? O que planejavam? Konoha não sucumbiria tão fácil, principalmente depois já terem sofrido um ataque dois anos antes.

– Teme, acho que tem alguma coisa errada aqui, é melhor não fazer nada de cabeça quente – ouviu a voz de Naruto e, mesmo a contragosto, abaixou a katana, guardando-a em seguida.

– Certo, mas vocês virão conosco – decidiu.

–*-

Os cães rosnavam para os shinobis inimigos, avançando sobre eles com voracidade, e dando a oportunidade para elas escaparem. Quanto mais perto chegavam do monumento do Kages, mais inimigos apareciam e mais destruição era vista. Correram até uma pequena praça e se esconderam entre as árvores. Teriam que esperar os cães de Hana lutarem para tentar avançar novamente. “Hana” pensou Mikoto com uma mistura de angústia e frustração por ter deixado a nora em um momento tão delicado. E se algo desse errado? E se elas estivessem em perigo? Ela devia ter ficado com Hana e obrigado as outras a continuarem, ela devia...

– Mikoto, pare! – Mebuki disse atrás de si, segurando seu braço – Não adianta nada se ferir – e ao ver que a morena não havia entendido o que disse, mostrou a palma da mão com pequenos cortes devido a pressão das unhas. Mikoto se surpreendeu, não havia notado que estava cerrando com tanta força o punho.

– Sinto muito – murmurou ao ver a Haruno usar um lenço, enfaixando o pequeno ferimento.

– Sei que está preocupada, mas vai dar tudo certo no final, você vai ver – Mebuki tentava acalentar a amiga ao mesmo tempo em que se convencia disso, temia no que podia acontecer a Hana e a...

– Você também deve estar preocupada com Sakura, não é? – Mikoto a tirou de seus devaneios e Mebuki franziu o cenho antes de bufar.

– Sakura já é bem grandinha, sabe se virar muito bem. – e viu a morena revirar os olhos.

– Você poderia ser mais honesta consigo e com a menina também.

– Esse não é o melhor momento para falarmos sobre isso, temos que ir, Mikoto – desconversou a loira e a matriarca Uchiha abaixou os ombros, rendida, sua amiga era muito teimosa.

Voltaram a caminhar, tentando passar despercebidas em meio à confusão que rondava a vila. Era possível ver mais ao longe os ninjas de Konoha contra-atacando, alguns do clã Akimichi, Yamanaka e Nara lutavam na formação conhecida como “Ino-Shika-Cho” e outros como os Hyuuga e os Aburame se concentravam em proteger os civis, mas todos ainda estavam muito distantes de onde elas estavam, por isso só podiam contar com elas mesmas até alcançar o esconderijo.

Durante um momento foi necessário fazerem mais uma pausa, estavam cansadas e os cães de Hana precisavam descansar também, afinal haviam passado mais de duas horas caminhando. Entraram em uma pequena viela e lá se sentaram no chão para recuperar as energias. Mikoto olhava o semblante abatido e preocupado de todas as mulheres e crianças, no fundo não podia culpá-las por nada, ela mesma tinha vontade de apenas rezar e implorar para que seu marido aparecesse para salvá-la e que tudo não passasse de um pesadelo.

A única que ainda se mantinha calma era Mebuki que tentava ajudar algumas mulheres do clã Haruno, talvez porque a loira já tivesse passado por algo semelhante anos atrás. Mikoto tinha certeza que se a amiga não estivesse ali talvez não conseguisse seguir em frente sem fraquejar e, talvez, fosse exatamente por isso que Sakura pediu para que a mãe a acompanhasse.

– Mikoto, cuidado! – ouviu a Haruno gritar e virou-se a tempo de desviar de uma kunai que vinha em sua direção, mas o susto logo deu lugar ao pavor ao ver uma tarja explosiva presa na arma.

– Abaixem-se! – mandou a Uchiha, correndo para longe a tempo de ouvir a explosão atrás de si.

A parede explodiu e a fumaça dificultava a visão, Mikoto mandou todas saírem de lá e Mebuki foi tentar ajudar as mulheres mais idosas a se locomover. Ouviu-se o ruído de outra arma sendo lançada, mas os cães de Hana interceptaram o ataque, jogando-se em meio à neblina de poeira para atacar os adversários e isso deu tempo para as mulheres correrem.

– Estão todas bem? – Mikoto perguntou preocupada.

– S-Sim... – uma jovem do clã Uchiha foi a primeira a responder e logo mais respostas positivas foram ouvidas para o alívio de Mikoto, até notar que não havia escutado a voz de alguém.

– Mebuki, onde você está? – e ao não obter uma resposta um tremor lhe percorreu o corpo e seus olhos se encheram de lágrimas com o pensamento de algo ter acontecido à amiga – Mebuki! Mebuki!

– Estou aqui Mikoto! – a loira respondeu – Não precisa ficar gritando tanto – disse com um sorriso de agradecimento enquanto trazia junto a si uma idosa e uma criança no colo.

– Graças a Kami! – agradeceu a Uchiha, limpando as lágrimas.

– Acho que devia repensar esse agradecimento – uma voz grave soou acima de si e ao levantar a cabeça vinte shinobis com a bandana da Areia cercavam o perímetro onde estavam, empoleirados nos prédios e árvores ao seu redor – Acho que nós é que devíamos agradecer – o ninja disse com malícia e Mikoto mandou todas ficarem juntas.

– Não vai adiantar de nada – outro deles se pronunciou rindo – Pelo o que vi nenhuma é uma kunoichi, isso vai ser fácil demais.

– E Otoshi, Oashi? – Mebuki murmurou ao se aproximar de Mikoto, precisavam de ajuda e rápido.

– Eu...

– Estão falando dos dois cãezinhos que eliminamos há pouco? – um dos ninjas interrompeu e ao ver a face assustada das mulheres, começou a rir, junto com os companheiros – Chefe, podemos? – questionou para o que parecia ser o líder do bando que aquiesceu.

E dez shinobis pularam em direção as mulheres que se abaixaram e gritaram de medo sem ter como se proteger. Mikoto olhou para Mebuki que parecia tão perdida quanto ela, eram muitos, não tinham como proteger a todas nem como lutar contra tantos inimigos, então apenas fecharam os olhos esperando pelo pior. Mas ao invés disso, ouviram um grito se destacar dentre todos, chamando a atenção das matriarcas Uchiha e Haruno.

– Shanaroo!! – e em seguida viram um borrão cor de rosa atravessar os céus, batendo o punho banhado em chakra no chão, arremessando alguns pedaços e criando uma imensa fissura na frente dos shinobis que ficaram surpresos com a aparição repentina.

Tossiram devido a poeira que se espalhou, mas Mebuki foi a primeira a reconhecer quem era. Com o quimono rasgado nos lados, o cabelo rosa curto esvoaçando, o símbolo dos Harunos cobrindo o leque dos Uchiha’s, não havia dúvidas sobre quem estava ali, mas... foram os olhos que a faziam parecer outra pessoa.

– Sa... kura... – murmurou ao ver a filha lhe direcionar um olhar tão obstinado, tão feroz e tão brilhante como há muito tempo não via.

– Não se preocupem, eu vou proteger vocês, eu prometo. – disse antes de se virar e encarar os adversários.

Ela finalmente estava de volta. Finalmente havia conseguido superar o seu medo.

E agora aquela batalha era dela.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Nesse capítulo muita coisa aconteceu ao mesmo tempo, os focos variaram bastante né? Tive até que cortar um pouco as cenas de ação para conseguir mostrar tudo o que eu queria, mas não se preocupem pois o que não vai faltar é cena de ação daqui pra frente, podem ter certeza u.u
Além disso, o objetivo do capítulo foi justamente o nascimento de uma Uchiha e a volta, ou melhor o renascimento da Sakura, sim povo ela conseguiu superar a fobia de sangue. No caso da Sakura o trauma dela estava ligado a uma lembrança, a morte da irmã, não foi algo devidos fatores genéticos (como pode acontecer também), então assim como aconteceu com a Tsunade no anime/mangá, a Sakura conseguiu ultrapassar esse medo a partir do momento em que ganhou a consciência de que o sangue não representava algo tão ruim como ela pensava, ela enfrentou o medo e o venceu (claro que o tratamento com a Tsunade também ajudou nesse momento, se fosse em outra circunstâncias talvez isso não fosse possível XD), Particularmente, eu adorei escrever esse capítulo, principalmente o final, estava com saudades de ver essa Sakura destemida mais uma vez ^^
Estão entendendo o que aconteceu em Konoha, o plano dos vilões? Gostaram de ver um pouco da Mikoto e da Mebuki em ação? E a Hana? Quis dar um enfoque mais nas matriarcas dos clãs e na própria Hana que ainda não tinham aparecido muito.
Mudei também um pouco a história do Gaara, bem como a relação com os irmãos, afinal Naruto cresceu com os pais nesse caso, então na fic o ruivo foi forçado a abandonar a família, mas isso não significa que os irmãos tenham medo dele, apesar dele não saber disso até o momento em que Temari corre para ajudá-lo.
No próximo vocês vão entender todo o plano e acho que vou desmascarar alguns vilões XD
Bom, é isso... até a próxima!
Beijos

P.S: por algum motivo o capítulo está aparecendo com quase 8.000 palavras, mas no word deu um pouco mais, acho que é algo de contagem de palavras, mas se vocês virem algum erro por favor me comuniquem, ok?