Reparação escrita por Luhni


Capítulo 11
Início da convivência


Notas iniciais do capítulo

Yooo! Gente, desculpa a demora (de novo) u.u Fiquei meio extasiada com o final de Naruto que não consegui escrever depois de um tempo (SOMOS CANON!!! UHUULL ~vibrando até agora XD) e bom, depois me apresentaram o anime Fullmetal Alchemist Brotherhood, vocês já viram? É muito bom e já está terminado, então eu meio que me viciei e não consegui fazer mais nada da vida enquanto não terminei de assistir, sorry XD
Mas, hey, tenho uma surpresa para vocês e um aviso, então leiam as notas finais ok?

Muito obrigada a todos que comentaram e as meninas que mandaram mp, fiquei super feliz com as palavras de todos vocês! Vocês são lindas e as melhores leitoras do mundo! *_*

Sem mais,
Boa Leitura!



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Levantou-se cedo e foi para o banheiro do quarto fazer sua higiene, seus olhos estavam inchados e grandes olheiras eram vistas também por causa do choro da noite passada. Lavou o rosto, jogando o máximo de água que podia para amenizar aquele estado, tinha que se preparar para o que estava por vir. Ela havia dormido sozinha naquele quarto e fizera questão de se trancar lá para que Sasuke não o invadisse no meio da noite. Ela não sabia onde ele havia dormido e nem queria saber.

Agora que o medo havia passado estava furiosa com o moreno, porém por mais que sua vontade fosse de socá-lo ela havia refletido muito a noite, ela iria manter a promessa que fez a Sayumi, então a sua abordagem não poderia ser agressiva, tão pouco se mostraria indignada pela forma como ele a tratou, a indiferença e o esquecimento seriam as suas principais armas naquele momento.

Olhou-se no espelho mais confiante e foi para o chuveiro, tentando não pensar que Sasuke havia a visto quase nua, mas aquela tarefa parecia quase impossível e a todo o momento sentia seu rosto esquentar com o pensamento, afinal ela continuava sendo uma garota e tinha certos pudores, pois nunca havia ficado daquela forma com mais ninguém.

Saiu do banheiro enxugando os cabelos e prendeu-os para depois ajeitar o quimono. Era agora. Respirou fundo antes de sair do quarto e observou se não havia mais ninguém no corredor antes de seguir em direção a cozinha.

–*-

Sasuke acordou abruptamente após ouvir um barulho alto e imediatamente pegou a kunai que sempre guardava consigo ao dormir, mas não havia ninguém ali. Passou a mão no rosto para afastar o sono e lembrou-se do que acontecera no dia anterior. Estava casado com Sakura. Voltou a se jogar na cama. Ele havia saído para esfriar a cabeça e ao retornar pode ouvir Sakura chorando dentro do quarto, preferiu então ir para o quarto de hóspedes e ficar por lá, não tinha a mínima vontade de ficar ao lado da rosada, mas ao colocar a cabeça no travesseiro imagens de uma Sakura mais nova e chorosa lhe vieram a mente.

Bufou irritado ao recordar-se disso, sempre que a menina tinha uma briga em casa e fugia, Sayumi pedia para ele ajudá-la, então não pode deixar de pensar em Sayumi mais uma vez lhe dizendo para conversar com ela.

– Dessa vez é diferente... – murmurou para si - ...você não está aqui para protegê-la, e dessa vez a culpa é minha por fazê-la chorar e eu não vou consolá-la, não mais. – fechou as mãos em punho e levantou-se – A partir de agora ela irá pagar por tudo o que fez a você, Sayumi, eu prometo!

Ouviu outro barulho fora do quarto e voltou sua atenção à porta, o que era aquilo? Bufou irritado com o pensamento que lhe ocorreu e saiu do quarto. Desceu calmamente as escadas e escutou mais uma vez o som e seguiu na direção deste apenas para encontrar Sakura na cozinha em uma briga com as panelas. Arqueou uma sobrancelha e a observou escorado na porta. A menina estava com as mangas do quimono presas para dar mais mobilidade a ela, os cabelos estavam em um rabo de cavalo alto, parecia que puxava algo do armário da cozinha e ela não estava nem um pouco feliz em estar ali. Somos dois então, pensou.

– Droga! Porque essas coisas tem que ficar no alto e como a Sayumi-nee conseguia tirá-las? – se questionou enquanto puxava mais uma panela do armário e trazia mais outras duas juntas no processo que caíram no chão em um ruído estrondoso.

Então era isso? Sasuke se questionou irritado e massageou as têmporas antes de se fazer presente.

– O que diabos está fazendo? – indagou entredentes, assustando Sakura que deixou cair todas as panelas no chão, fazendo mais barulho.

– Sasuke! – exclamou ao vê-lo parado na porta da cozinha e imediatamente se forçou a se acalmar – Bom dia! Eu estava planejando fazer o café da manhã para nós – disse com um sorriso.

Sasuke arqueou as sobrancelhas em total surpresa, não esperava que ela fosse tratá-lo dessa forma depois da noite de ontem, imaginara que veria a menina tímida e amedrontada da última vez, mas parecia que ela nem havia se abalado com aquilo. Não, ele sabia que não era isso, viu nos olhos dela ontem o quanto ela ficara sentida com a forma que a tratara e o quão assustada estava por pensar que ele poderia fazer qualquer coisa consigo, mas não era isso que via a sua frente.

– Vamos, sente-se e espere só mais um pouco – pediu juntando as panelas e deixando-as todas em cima da bancada da cozinha, depois arrumaria aquilo, e voltou-se para o fogão, onde uma frigideira estava disposta.

Sasuke manteve-se com o cenho franzido, estranhando toda essa bondade da rosada que não lhe era peculiar, mas fez o que ela pedira e resolveu aguardar. Ela não ousaria aprontar algo ou colocar alguma coisa na sua comida, não é mesmo? Cruzou os braços e observou todos os gestos da menina, se ela ousasse fazer isso era melhor estar preparada para as consequências.

Sakura fez o possível e o impossível para ignorar o olhar de Sasuke nas suas costas e se concentrar em fazer a comida e em pouco tempo serviu a mesa o tamagoyaki, o chá e um pouco de gohan, antes de se sentar na frente do moreno com um sorriso petulante no rosto.

– Vamos Sasuke, prove! – e mesmo desconfiado assim ele o fez.

– Está horrível – disse após engolir um pouco do arroz e Sakura fechou as mãos em punho, não gostando do comentário – Refaça! – mandou.

– O que? Você nem comeu direito ou provou tudo! – reclamou, duvidando que o que fizera estava ruim. Já havia ajudado Sayumi várias vezes na cozinha e tinha confiança em suas habilidades.

– Eu mandei refazer – retrucou, encarando a menina e jogou os pratos no chão antes de dizer – Uma esposa deve fazer as coisas conforme o agrado do marido – e sorriu em escárnio.

Sakura tinha os olhos em chama pelo o que o Uchiha tinha feito, mas ela não daria o braço a torcer, ele queria lhe irritar e não daria esse gostinho a ele, então sorriu e aquiesceu antes de se levantar.

– Como quiser – respondeu controlando a voz. Sasuke mais uma vez estranhou o comportamento da menina, ela não estava agindo como previra, mas se ela estava lhe testando quem se arrependeria seria ela.

Depois de um tempo mais comida estava posta na mesa e Sakura encarou o Uchiha de forma firme.

– Aqui está – e Sasuke tornou a provar a refeição e suspirar antes de afastá-la.

– Continua ruim, de novo! – ordenou e Sakura sentiu uma veia pulsar de raiva, ele realmente iria fazê-la refazer mais uma vez a comida?

– Por que não me diz o que está errado para que eu conserte? – indagou entredentes, sem desfazer o sorriso.

– Não adianta eu dizer por que nada que você faz sai direito. – disse simplesmente e Sakura apertou os punhos com raiva – Mas se sua mãe não lhe ensinou a ser uma esposa perfeita, eu a ensinarei. Agora, refaça! – disse sério para intimidar a menina que deixou escapar um suspiro irritado, mas acatou a ordem.

– Isso foi uma reclamação? Uma esposa não deve reclamar do marido – afirmou com um sorriso de canto ao ver Sakura tensa. Aquilo estava ficando interessante, até onde a menina conseguiria aguentar?

Uma esposa vai dar na sua cara se você não se calar pensou irritada enquanto se concentrava na comida, dessa vez ele não iria falar mal da sua comida.

– Aqui está, segui a receita da Sayumi-nee, então acho que não tem erro, não é? – disse um pouco debochada, mas ela não aguentava mais.

Continuou de pé, esperando pela resposta dele que a encarou de cenho franzido e ela soube ali que havia o irritado, mas a paciência dela também estava no limite. Sasuke fechou os punhos com a menção de Sayumi e nem ao menos se deu ao trabalho de provar, apenas balançou a cabeça e jogou a comida no chão mais uma vez.

– Sasuke, o que você...

– Como se você conseguisse fazer algo igual ou melhor que Sayumi! – bradou, espalmando as mãos na mesa – Você realmente não serve para nada, não é? É melhor eu comer fora de casa ou então morrerei de fome com isso que você chama de comida – retrucou ao se levantar e sair da cozinha.

Sakura suspirou ao se ver sozinha e notou a bagunça espalhada por todo o local, pelo jeito ela teria que limpar tudo, mas ao menos não teria que ver Sasuke por um bom tempo.

–*-

Havia limpado a cozinha e ainda teve que preparar algo para ela comer já que Sasuke havia estragado toda a comida, mas agora o que faria? Andou pela casa e viu todos os móveis cobertos, as janelas estavam fechadas, não havia luz e nenhuma brisa passava pelo lugar, parecia que estava em uma casa abandonada.

– Bom, mas agora tem gente morando aqui – disse decidida a dar um jeito naquele ambiente quase claustrofóbico.

Ela nem acreditava que estava fazendo tantas coisas domésticas em um dia só, mas ela não iria conseguir viver em uma casa como aquela tão... sem vida. Então abriu as janelas, tirou as cortinas para lavar, limpou o chão e os móveis da sala, e quando terminou estava deitada no chão da sala de frente para a porta de correr que dava acesso aos fundos da casa onde tinha um jardim. Levantou-se, cansada pelo esforço, mas sorriu ao ver que mesmo que ainda faltasse ajeitar muita coisa, agora aquele lugar parecia mais habitável.

Andou em direção ao jardim, porém por descuido acabou batendo o pé no sofá. Suspirou lembrando-se daquele odioso móvel e o quanto havia discutido a respeito da posição que Sayumi havia colocado o sofá. Sakura disse à irmã que do jeito que o móvel estava todos iriam acabar por tropeçar ou bater no encosto que ficava muito próximo da entrada da porta, mas a mais velha afirmava que queria sentir a brisa que passaria do lado de fora e por isso o sofá deveria ficar onde estava. Sorriu com a recordação da discussão boba entre elas e como sua irmã ficava engraçada quando contrariada.

– Eu avisei – murmurou para si, nostálgica. Arregaçou as mangas e resolveu empurrar o móvel para que não atrapalhasse mais nada.

– O que pensa que está fazendo? – questionou Sasuke furioso ao agarrar o braço da menina que se assustou.

Ele estava com roupa de treinamento, suor escorria da sua testa e estava sujo de terra, provavelmente estivera todo esse tempo treinando enquanto ela estava ali, brincando de casinha, e ele ainda bramia contra si? Não havia feito nada de errado daquela vez, na verdade estava se comportando muito bem desde que soube que se casaria.

– Nada! – retrucou puxando o braço, mas Sasuke não permitiu que ela se afastasse.

– Como nada? O que é isso? – indagou mais uma vez, observando o local.

– Estava apenas arrumando a casa e...

– Quem lhe deu permissão para isso? – gritou e Sakura se encolheu por um momento, mas logo se recompôs e encarou o moreno de forma firme.

– Não é essa a função de uma esposa? – contrapôs cinicamente, enfurecendo Sasuke que apertou ainda mais a mão em volta do pulso dela.

– Vou deixar uma coisa bem clara aqui, você só irá fazer o que eu mandar e eu não mandei você arrumar nada – disse entredentes e Sakura simplesmente não aguentou mais ouvir aquilo calada.

– E eu iria adivinhar como? Não posso entrar na sua mente como os Yamanaka's, além do mais olhe para esse lugar nem parece o mesmo de antes e...

– Exatamente! Não parece o mesmo e eu não quero que você mude! – a interrompeu e Sakura arregalou os olhos ao entender onde ele queria chegar.

Baixou a cabeça e tentou novamente se soltar do agarre, mais uma vez foi em vão, porém não conseguiu parar de empurrá-lo, estava com raiva pelo o que ele lhe dizia, queria ficar longe dele, mas ele não permitiu e ela não conseguiu suportar calada o que estava preso na sua garganta.

– O que você quer Sasuke? Que eu me transforme em um dos móveis e faça parte da decoração? Quer transformar essa casa em um mausoléu ou em um altar para Sayumi? É por isso que você não quer que nada mude? – gritou sentindo suas cordas vocais arranharem e se debateu nos braços de Sasuke que a segurava com força – Mas as coisas já mudaram e só você não vê isso!

– Cala a boca! Você não tem direito de reclamar, não tem direito a nada! Essa casa não é sua! – bradou, chacoalhando a rosada para fazê-la ficar quieta. Porque Sakura sempre conseguia lhe tirar do sério?

Sakura continuava gritando consigo dizendo que ele precisava abrir os olhos e ver as coisas a sua volta enquanto o empurrava, mas ele já não conseguia raciocinar direito, apenas tentava fazê-la se calar. Quando ele entrava naquela casa ele conseguia sentir Sayumi em todos os lugares, ele tinha boas lembranças ali com aquelas coisas, ele não queria perder aquilo. Porém, com um dia casado com Sakura, não conseguia mais distinguir Sayumi, não eram mais as lembranças que ele tanto preservara. Porque ela estava fazendo isso? Sakura nunca foi de fazer tarefas domésticas, então porque havia inventado de fazê-las agora? Estava lhe punindo pelo que fizera mais cedo?

Foi tirado de seus devaneios ao ouvir a campainha e Sakura também voltou a si. Ela o encarou em um pedido mudo para que ele a soltasse e assim o fez, vendo-a ir em direção à porta. Sakura ainda sentia o coração bater forte e respirava com dificuldade devido a exaltação, olhou para o pulso e viu a marca do aperto de Sasuke, provavelmente seus braços também deveriam estar assim devido a força que o moreno usara para fazê-la ficar quieta. Ela não havia conseguido aparentar indiferença, era esquentada demais e nunca conseguiria agir tão passivamente quanto Sayumi e ao sinal do menor problema, era isso que acontecia.

Observou a porta, respirando fundo, se não tivesse ocorrido essa pequena interrupção se perguntava como aquela briga poderia ter acabado. Balançou a cabeça e atendeu a porta, se surpreendendo ainda mais ao ver quem eram as visitas, principalmente uma em especial.

– Sakura-chan, desculpe incomodar, viemos fazer uma visitar a vocês – disse Mikoto e Sakura apenas meneou a cabeça, dando lugar para as duas visitantes entrarem. – Sasuke, querido! – cumprimentou o filho que ainda parecia claramente irritado.

– Sasuke-san – Mebuki cumprimentou o Uchiha com uma pequena reverência que não foi respondida. O moreno apenas encarou Sakura como se a advertisse de algo e rumou em direção para as escadas sem se pronunciar. Naquele momento ele não seria uma boa companhia.

– Sasuke! – repreendeu Mikoto, mas o filho já havia saído da sala – Gomen Mebuki, eu...

– Você não tem que se desculpar por nada Mikoto, a única que deveria explicar algo seria a esposa dele – respondeu indiferente e Sakura revirou os olhos.

– Não se preocupem, está tudo bem – afirmou Sakura e todas ouviram quando a porta do quarto foi batida com força. Mebuki e Mikoto encararam Sakura duvidando do que a menina dissera enquanto esta apenas sorrira forçadamente e dera de ombros.

– Mas me digam o que as trazem aqui? Quero dizer, não que eu goste da presença de vocês, eu gosto mas... – droga, ela estava nervosa pelo o que havia acontecido com Sasuke e com a presença da mãe que parecia analisar tudo ao seu redor.

– Porque não tomamos um chá primeiro e nos acalmamos? – indagou Mikoto ao ver o estado da rosada que aquiesceu indo em direção a cozinha, deixando as matriarcas sozinhas – Por que não tenta ser mais receptiva com ela? – perguntou à Mebuki que a encarou, mas antes que pudesse responder Sakura apareceu com o chá.

– Aqui está – disse mais calma, servindo as mais velhas que se sentaram no sofá para apreciar a bebida.

– O sofá está torto – comentou Mebuki ao notar que a casa estava um pouco diferente do que se lembrava e Sakura levou aquilo como uma crítica.

– Estava limpando – disse seca sem encarar a mãe que arqueou uma sobrancelha, afinal sua filha não costumava fazer afazeres de casa constantemente.

– Aposto que fez algo errado e Sasuke-san se zangou com você por causa disso, não é? – retrucou com um sorriso debochado e a rosada apertou as mãos em seu colo – Se tivesse se dedicado a aprender não estaria passando por isso e...

– Com todo o respeito oka-san, a senhora não veio até aqui somente para me criticar, não é? – interrompeu Sakura de forma dura e encarou a mãe que parecia um pouco surpresa pela resposta da filha, há quanto tempo ela não a respondia dessa forma?

Mas naquele momento os nervos de Sakura estavam a flor da pele devido a discussão de minutos atrás para ficar quieta dentro do que seria a sua própria casa e ainda aturar as reclamações da mãe. Um clima tenso se instalou na sala enquanto olhares denunciavam sentimentos que há muito estavam presos entre as duas Haruno’s mágoa, dor, ressentimento, raiva. Sakura se sentia sufocar com tudo aquilo e estava prestes a explodir mais uma vez, quando Mikoto resolveu intervir:

– Então, na verdade nós viemos ver como você estava depois da noite de ontem – disse um pouco agitada e nervosa.

Sakura arqueou uma sobrancelha se questionando sobre o que Mikoto estava falando porque era impossível que elas soubessem da humilhação que Sasuke a fizera passar e ao olhar mais atentamente a face das mais velhas notou certa expectativa que não condizia com o momento a não ser que... arregalou os olhos e seu rosto esquentou ao entender sobre o que elas queriam saber, mas como falar sobre a noite de núpcias que não acontecera?

Bebeu um pouco de chá para organizar as ideias e limpou a garganta antes de responder. Ela não poderia dizer a verdade, afinal de acordo com a tradição o casamento só se consuma com a perda da virgindade da noiva, então se ela dissesse que isso não aconteceu com certeza haveria consequências. Ela poderia ser obrigada a se deitar com Sasuke sob o olhar dos homens do clã Uchiha para comprovar que não era mais uma menina, ou então, caso Sasuke se negasse, o casamento poderia ser desfeito, o que era uma ideia tentadora para ela, mas ainda sim dependeria da vontade do Uchiha e ela não estava disposta a deixá-lo ter essa decisão em mãos.

Sakura conhecia o orgulho Uchiha e era bem provável de Sasuke preferir deitar-se com ela apenas como uma forma de manter o nome e ainda humilhá-la ainda mais. Suspirou e fitando o chão um pouco encabulada, disse:

– Está tudo bem...

– Tem certeza querida? Sasuke não a machucou? – indagou Mikoto preocupada e Sakura sorriu para a sogra.

Só a minha dignidade, quis dizer, ao invés disso apenas respondeu:

– Até que ele foi... gentil – e se forçou para não fazer uma careta com o comentário.

– Fico feliz com isso e não se preocupe que depois melhora – Mikoto falou aliviada lhe dando uma piscadela e Sakura corou com o sentido daquilo.

– H-Hai – disse desconfortável.

Mikoto continuou a questioná-la sobre mais algumas coisas e Mebuki permaneceu quieta apenas observando os gestos da filha, tinha alguma coisa errada nessa história, sempre soube quando a mais nova mentia e aquela não era uma exceção.

–*-

Suspirou aliviada quando as matriarcas se despediram e não pode deixar de agradecer mentalmente por Ino ser bastante comunicativa quando o assunto era sexo, pois se não fosse por isso não conseguiria responder as perguntas da Uchiha mais velha, apesar de que falar sobre algo íntimo e que não aconteceu com sua mãe e sogra continuava sendo algo constrangedor. Porém, estava mais intrigada por Mebuki não ter se manifestado durante toda a conversa e se questionou se o que falara para ela tinha algo a ver com isso.

Subiu as escadas apenas para ver que Sasuke não estava no quarto ou em parte alguma da casa. Bufou irritada, enquanto ela estava fazendo o papel de noiva desflorada, ele aproveitava e saía mais uma vez. Não que se importasse com ele ou onde estava, mas aquele dia estava sendo muito estressante e ela estava cansada de ficar ali.

–*-

O sol começava a dar sinais de que iria se pôr, as cores alaranjadas se mesclavam no céu e davam um aspecto bastante acolhedor para aquele fim de tarde. Mais uma vez ele estava ali, prestando suas homenagens e relembrando os velhos tempos. Ele sempre a visitava para que não se sentisse sozinha, ou talvez fosse o contrário, ir ali e contar o que fazia da vida era a forma de mantê-los vivos dentro de si. Rin, Obito, fiquem bem pensou ao se despedir e ir em direção à saída do cemitério.

O cemitério de Konoha era simples, apenas as pedras com os nomes dos mortos eram vistas no chão, dispostas lado a lado com um pequeno espaço para queimar incenso e depositar flores e em alguns pontos estratégicos era possível desfrutar da sombra de uma árvore. Quase nunca havia muita gente no cemitério, a não ser que fosse o enterro de alguém ou alguma data comemorativa, mas ele, que era um frequentador assíduo, preferia quando o ambiente estava calmo e podia ficar em paz com os seus companheiros de time. Talvez fosse por causa disso que ficou intrigado ao ver que não estava sozinho ali.

Uma menina de cabelos rosa compridos parecia descansar embaixo de uma árvore, se aproximou um pouco mais e pôde ver que havia uma lápide, então ela estava visitando alguém? Indagou-se e usando suas habilidades ninjas foi para um dos galhos da árvore para observá-la melhor. Não sabia exatamente o porquê de estar fazendo isso, ele não era curioso, mas havia algo na garota que o fazia de se lembrar de alguém ou de alguma coisa, só não sabia o que era.

– Gomen, faz tempo que não venho aqui – lamentou-se a rosada – Queria que estivesse aqui, você saberia lidar com a situação – e riu tristemente – O que eu estou falando? Isso não estaria acontecendo se você estivesse viva.

Ele ouviu quando a menina começou a soluçar baixinho, mas parecia se forçar a não perder o controle, esticou a cabeça para ver melhor o rosto dela ou ter mais alguma informação, porém foi surpreendido pelas palavras da garota:

– Quanto tempo mais pretende ficar ouvindo? Saia daqui! – ordenou com a voz embargada, por mais que tentasse não demonstrar.

Kakashi não imaginava que ela tivesse o percebido, então ela não era uma civil como pensava. Pulou do galho e ficou atrás da garota que continuava a olhar para o túmulo, sem se importar com a sua presença. Foi então que se lembrou, “Haruno” esse era o sobrenome da menina de cabelos rosa que desde criança era ouvida pela vila por tentar se tornar uma kunoichi, indo de encontro às tradições do seu clã. Ela era a garota que tinha uma irmã que fora prometida para Uchiha Sasuke, seu aluno, mas esta morrera as vésperas do casamento. Ela era a garota dos boatos de que fora a culpada da tragédia para tomar o lugar da irmã no casamento com Sasuke.

A menina se virou para ele e pôde vislumbrar os orbes esmeraldas um pouco vermelhos devido ao choro e o rosto inocente, manchado pelas lágrimas e, naquele momento, descartou qualquer possibilidade daqueles rumores serem verdadeiros.

– Qual o seu nome? – indagou despreocupado e ignorando a ordem que ela lhe dera. A menina esfregou os olhos para afugentar o choro e o encarou mais uma vez, agora irritada.

– Não tenho porque responder. Vá embora! – retrucou baixinho.

– Meu nome é Hatake Kakashi, pequena – disse com um sorriso por baixo da máscara ao vê-la crispar os lábios pelo apelido.

– Não sou pequena! – disse em um rompante ao se levantar e ficar de frente para ele como se fosse comprovar isso, mas ela mal chegava aos ombros do homem.

Sakura havia resolvido dar uma volta na cidade para espairecer e visitar o túmulo da irmã, sempre fazia isso quando tinha muita coisa para pensar. Desde pequena, quando tinha algum problema fugia para o colo de Sayumi, e mesmo que ela não estivesse ali fisicamente, de alguma forma estar naquele lugar a acalmava.

Porém, ela não esperava que alguém ficasse a espreita e ouvisse sua “conversa” com a irmã e aquilo a irritou. Sentiu-se vigiada, sem direito a privacidade e a lembrou sua situação com Sasuke que parecia querer tratá-la como um objeto, por isso esbravejou contra o desconhecido e não pôde deixar de se surpreender com o que vira. Ele era mais velho e mais alto que ela, usava uma roupa jounin e tinha metade do rosto coberto por uma máscara e o olho esquerdo tapado pela bandana da vila, porém o que mais a impressionou foram os cabelos prateados...

...iguais ao dele, pensou, recordando-se do inimigo de anos atrás que enfrentara junto de Sasuke. Mas não podia ser ele, não é mesmo? Quer dizer, era difícil conhecer alguém que tinha cabelos prateados, mas aquele homem a sua frente não podia ser ele, podia?

– Você está bem? Parece que viu um fantasma – Kakashi se manifestou e Sakura balançou a cabeça para afastar esses pensamentos.

– Hai – murmurou ajeitando o quimono, não podia ser ele, o homem com quem lutara era de outra vila e não a abordaria dessa forma. – Desculpe pelo meu comportamento – falou dando uma breve reverência ao mais velho.

– Acho que eu sou o único que devo me desculpar, não devia ter interrompido esse momento... – Kakashi disse entediado e ela se questionou se ele realmente se arrependia do que tinha feito.

– Haruno Sakura – informou ao prateado que sorriu por baixo da máscara.

– Então foi você mesma que se casou com o meu aluno.

– Como? Você é o sensei do Sasuke-kun?

– Sim, apesar de que agora eu já não sou mais o sensei dele – disse passando a mão no cabelo e a menina retirou completamente a ideia dele ser um inimigo ao ouvir aquilo – As coisas não estão boas entre vocês, não é mesmo?

Sakura desviou o olhar e preferiu não responder a pergunta, afinal mesmo sendo um conhecido de Sasuke, para ela não passava de um estranho.

– Desculpe, estou sendo inconveniente, mas eu entendo Sasuke mais do que imagina, então eu peço que tenha paciência com ele. – disse e a menina franziu o cenho para si, teve vontade de retrucar que ele não sabia como Sasuke estava, até ele continuar a falar – Ele está perdido e parece estar seguindo os mesmos passos que um dia eu trilhei.

– Como assim? – indagou curiosa com a afirmação do mais velho que suspirou.

– É uma história um pouco longa e...

– Eu tenho tempo – interrompeu e Kakashi sorriu com a curiosidade da menina.

– Está bem.

–*-

Era noite quando voltou para casa, havia ficado muito tempo conversando com Kakashi e uma parte dela continuava pensativa sobre a história de vida do sensei. As coisas não haviam sido fáceis para ele também, perdera o pai ainda muito novo, presenciara a guerra, viu seu melhor amigo morrer e não pode salvar sua companheira de time, ele até mesmo admitiu a culpa que lhe corroía por causa daquilo. Ela viu o quanto era difícil para ele se abrir, mas mesmo assim ele lhe contou tudo, como entrou na ANBU, como ficou perdido e por pouco fez escolhas erradas se não tivesse tido o apoio dos amigos e do próprio Yondaime que fora seu sensei.

Inicialmente ela se perguntou o porquê dele lhe contar algo tão íntimo e que claramente lhe era doloroso, mas depois compreendeu que ele estava tentando ajudar, a ela e ao Sasuke. Ele queria que ela conhecesse o outro lado da história, visse que o Uchiha tinha salvação e ela poderia ser a responsável por tal, assim como o Yondaime e seus amigos foram para ele. Kakashi não queria que os erros que uma vez ele cometera se repetissem com o seu aluno.

Sakura tinha que admitir que os dois eram mesmo parecidos, mas havia uma diferença crucial entre Sasuke e Kakashi. Enquanto o Hatake lutou para sair daquele mundo cheio de escuridão, Sasuke se afundava cada vez mais nas trevas e não fazia questão de sair. Ou pelo menos foi isso que pensou de início antes de ouvir as palavras do Hatake:

– Não é essa a questão. Querer e poder são palavras diferentes. Eu tive que passar por muita coisa para entender que podia seguir em frente sem eles, que a minha vida não havia acabado junto com a dos meus amigos.

– Eu também perdi alguém, Kakashi-sensei – ela lhe respondera e ele lhe sorriu por baixo da máscara, afagando seus cabelos como se a conhecesse há anos.

– Cada um sente de forma diferente e, pelo o que eu ouvi, você deve ser muito mais forte para aguentar uma coisa assim. Mas Sasuke nunca havia perdido nada, sempre foi acostumado a ter tudo, e ele provavelmente se sente culpado pelo o que aconteceu também.

Suspirou, será que Sasuke realmente se sentia assim? Era verdade o fato de Sasuke sempre ter tido tudo, ela também sabia o quanto ele sofrera com a morte da irmã, ela vira o estado dele. Toda aquela dor era porque ele se sentia culpado? Mas ele próprio dizia que a culpava pela morte da irmã, então não sabia o que pensar com relação a isso. Além do mais, havia outra coisa a se pesar no caso de Sasuke que o diferenciava de Kakashi. Sasuke estava obcecado por vingança e aquele sentimento havia o mudado demais em dois anos, será que ainda era possível fazer algo a respeito disso? Ela poderia fazer algo? Ou sua vida seria desperdiçada, um eterno castigo?

Olhava para a porta da casa sem saber ao certo o que esperar, mal havia se casado com o Uchiha e tinha vontade de jogar tudo para o alto, não sabia lidar com ele e tudo o que fazia criava mais problemas e como aquilo era fatigante. Desistir seria um caminho mais fácil pensou por um instante e uma rajada de vento passou por si, trazendo o aroma de uma flor muito conhecida por ela. Sorriu ao lembrar-se que sua irmã tinha o mesmo cheiro de rosas que sentira. Olhou em volta, esperando encontrar alguma flor, mas não havia ninguém passando pelo distrito naquele momento e nem um botão de rosa, estranhou antes de balançar a cabeça e revirar os olhos com o pensamento que teve.

– Não se preocupe Sayumi-nee eu não vou deixar de cumprir a minha promessa – falou baixinho antes de entrar em casa.

A casa estava silenciosa e escura, pensou não haver ninguém ali e internamente agradeceu por isso. Fechou a porta devagar e foi andando até a sala, onde se deparou com dois olhos vermelhos brilhando no escuro a mirá-la. Abafou um grito por causa do susto e imediatamente acendeu as luzes para encontrar com o marido.

– Sasuke, quer me matar do coração? – falou sentindo o coração bater forte no peito.

– Onde estava? – indagou entredentes.

– Estava preocupado, marido? – rebateu com outra pergunta e logo sentiu as costas baterem na parede com um pouco de força e Sasuke estava na sua frente.

– Pare de gracinhas! Quem te deu permissão para sair? – e ela revirou os olhos “e lá vamos nós de novo” pensou ao ouvir aquilo, mas decidiu responder da forma mais calma possível.

– Depois que você foi embora e me deixou aqui para fazer sala, eu resolvi dar uma volta e comprar algo para jantar – omitiu a parte da conversa com Kakashi, porém ela realmente passou em uma mercearia depois para comprar comida – E não pedi permissão para ninguém porque eu não preciso.

– Você ainda não entendeu que não tem mais vontade?

– E nunca vou entender! – sentiu o moreno apertar seu ombro e suspirou, aquilo não ia terminar bem se continuasse assim e ela não queria brigar, não no momento – Tudo bem, Sasuke, isso não vai mais acontecer, ok?

Mais uma vez Sasuke estranhou a mudança de comportamento da menina, porém aquilo foi o suficiente para abrandar sua raiva, ou talvez estivesse um pouco desapontado por ela ceder tão facilmente. Ao ver que ele parecia mais calmo, o empurrou para longe e foi em direção a escada.

– Agora com licença que eu estou cansada e quero dormir.

– E o jantar? – Sakura parou no meio dos degraus ao ouvir aquilo e se virou para o moreno que a encarava com o cenho franzido.

– Eu já comi e pensei que tivesse dito que não comeria mais em casa, então não tenho mais obrigação de cozinhar para você – afirmou com um sorriso debochado ao ver a carranca do Uchiha aumentar e voltou a subir, controlando-se para não gargalhar.

Não queria briga, mas também não significava que iria facilitar as coisas para Sasuke. Ela tentaria ajudá-lo, mesmo sem saber como, mas não se tornaria um objeto em suas mãos e isso implicava dizer que ela não seria a boa esposa que ele tanto clamava.


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Notas finais do capítulo

Então povo, gostaram? Esse foi um capítulo de transição para vocês verem como a Sakura vai se comportar de agora em diante, não ia fazer ela tão passiva quanto a Sayumi, mesmo com o que aconteceu com a lua de mel, e isso fica bem claro com o fato deles discutirem por qualquer besteira e praticamente o tempo todo, apesar da Sakura querer melhorar a convivência XD
Além disso tivemos a presença de mais um personagem que eu adoro, Kakashi! *_*
Espero que tenham gostado ^^
Bom, mas vamos aos avisos agora! Teve outro motivo para eu ter demorado para postar, eu vou fazer uma pequena viagem semana que vem e não vou poder postar nada, mas eu também queria compensar vocês de alguma forma pelo meu atraso, então eu preparei mais um capítulo e vou deixar programado para semana que vem, ok? Dessa vez não terá atrasos! hahaha E se preparem para fortes emoções ^^

Acho que é só isso, então, nos vemos nos comentários?
Beijos e até a próxima!



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