De Outro Ponto de Vista escrita por Biaa Black Potter, Tris Pond


Capítulo 3
Marlene - Safe and Sound


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas sabe quando você escreve mil vezes e não gosta de nada? Pois é, eu estava assim. Até agora.
PS: Tris Pond é só uma nova conta minha. Não uso mais a Biaa Black Potter.



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"Somente feche seus olhos

O sol está se pondo

Você ficará bem

Ninguém pode te machucar agora

Ao chegar a luz da manhã

Nós ficaremos sãos e salvos"

(Safe and Sound - Taylor Swift feat The Civil Wars)

Eu sabia que muitas pessoas não gostam de mim pela minha sinceridade. Eu falava as coisas sem pensar e não era muito sensível, o que sempre me causava problemas. Essa história que as pessoas querem a verdade? Mentira. Todo mundo vive na sua própria versão das coisas e nenhuma está certa.

É cansativo tentar controlar seu temperamento o tempo todo e acho que foi por isso que me atrai por Sirius Black. O garoto tinha aquela aura de perigo e arrogância, que constantemente me irritava, e fazia com que ela perdesse o controle. Ele rebatia. Mas em pouco tempo as discussão não eram mais discussões e só falsas brigas entre amigos. Sirius Black tinha um temperamento igual ao meu e pela primeira vez em muito tempo, eu estava aliviada. Era extremamente confortável poder falar o que eu quisesse. Eu podia me abrir. Podia confiar em Sirius.

Era estranho se eu pensasse racionalmente, porque Sirius era a última pessoa que eu devia confiar. Ele era um imbecil arrogante (e nunca deixou de ser), mas eu sentia que podia confiar nele.

E assim o fiz. Aos poucos, contei tudo da minha vida para Sirius, por quem eu estava cada vez mais apaixonada. Ele era uma pessoa tão maravilhosa debaixo da máscara que ele usa. Depois que você se acostuma com o jeito dele, não pode evitar amar cada um dos seus defeitos e qualidades. Porque ele era uma combinação única.

Olho para a nossa foto do lado da minha cama, mas rapidamente desvio o olhar. Hoje não é o dia para isso e além disso tenho que trabalhar.

Coloco meu uniforme mais confortável e sorrio no espelho, tentando me sentir confiante, para o caso de encontrar Sirius no trabalho. Assim que sinto que estou pronta saio e, honestamente, não me importo com nada até que chega a hora da ação.

Sorrio enquanto finalmente começo um duelo. As regras quando se é uma auror sobre iniciar uma briga são tão idiotas.

Desvio de outro feitiço, sorrindo, mesmo que eu já esteja me cansando. Perdi a noção do tempo. O tempo não existe mais, nada existe. Não enquanto eu não acabar essa luta. Ou morrer. É insanamente divertido ver os comensais caírem, é libertador poder proteger a quem eu amo. Essa foi a razão principal para eu ter me tornado uma auror.

A outra foi a morte da minha mãe. Jaqueline. Eu precisava fazer justiça ao que fizeram com ela. Eu sei que não era um propósito tão bom quanto o de Lily (manter todos a salvo) e era egoísta, mas o que me matinha lutado. Porque eu sou muitas coisas, mas eu sou justa.

Consigo finalmente nocautear o comensal e do um sorriso zombador para ele.

– Você está sendo levado para o ministério, querido. - Falo falsamente, exagerando no querido. Eu estou com humor ruim por causa da briga com Sirius e esse comensal estava ameaçando crianças, o covarde. Esse não escaparia nem dizendo que foi Imperius, eu não deixaria. Observaria o julgamento dele de perto e me asseguraria que ele não faria mal para ninguém mais.

Aparatei com ele algemado para o lugar do ministério que era feito para guardar futuros prisioneiros capturados em flagrante, o deixei lá com o guarda e escrevi o relatório falando do que ele tinha feito, um relatório bem grande pra minha infelicidade. Essa era a parte que eu mais odiava no ministério.

Cheguei em casa e hesitei ao ver as cartas de John – meu pai - e Julian – meu irmão. Os dois eram horríveis comigo e toda vez que eu fazia algo relacionado a eles, acabava me dando mal. Mas já faziam meses que eles tinham mandado a carta e eu não tinha aberto. Sabia que boa coisa não viria, mas precisava saber o que eles tinham a dizer. Suspirando, abri a primeira carta.

“Mar,

Eu estou bem. A Dinamarca é um lugar realmente incrível – é muito diferente da Inglaterra! Muito melhor. Aqui é lindo.

Estou me divertindo muito com os meus amigos, eles são muito melhores que ingleses.

Como vai você? Ainda em Hogwarts?

Seu irmão,

Julian”

Controlei a raiva. Já fazia um bom tempo que eu tinha terminado Hogwarts e eu mandei várias mensagens o avisando! Julian nunca foi muito apegado a mim, não gostava de brincar comigo. Mas mesmo assim, eu o amava. Eu não sei se ele me ama também. Talvez ame, lá no fundo. Contudo, não gosta de conversar comigo. Ou estar junto.

Em todos os anos que passou na Dinamarca, nunca me chamou para ir para lá visitar ou apresentou um amigo ou falou qualquer coisa que não fosse sobre ele mesmo.

Deixei a carta no mesmo lugar que estava e peguei a outra.

“Marlene,

Desculpe-me pelos últimos dias. Eu estava bêbado”

– E quando você não está? - resmunguei.

“Mas queiro que sabia que eu sinto muito. Eu e seu irmão te amamos.

Não esqueça o pagamento da conta.

John McKinnon”

Claro que era sobre dinheiro. Ele nunca falava comigo sobre outras coisas. Se ele não fosse meu pai, já teria falado varias coisas não agradáveis, mas eu não podia fazer isso com ele, apesar do que ele fazia comigo.

Não hesito em queimar as cartas. Não era bom pensar em minha família porque isso me faria pensar em Jaqueline. Ela era a melhor pessoa do mundo. Gentil, educada e divertida. Extremamente inteligente, sempre sabia quando eu estava aprontando. As minhas melhores memórias eram das férias do 1º ano quando as meninas passaram alguns dias aqui e minha mãe ainda estava viva. Naquela época eu não sabia que toda vez que eu pensasse nela, pensaria nos comensais que a mataram. Ela não merecia ter morrido. Nunca vou superar a morte dela e não consigo evitar desejar vingança.

Mas afasto esses pensamentos e mando uma carta para Sirius, o avisando que eu o ia encontrar na lanchonete. Era um lugar simples, mas eu gostava de ir para lá porque me lembrava que o mundo poderia ser um lugar simples, as pessoas que o complicavam. Nem precisei esperar resposta, porque sabia o que trabalho dele havia acabado, já que terminava um pouco antes do meu (turnos diferentes).

Caminhei até a lanchonete e me sentei na mesma mesa de sempre. O garçom – que eu já conheci até de nome – apareceu e eu fui adiantando o meu pedido.

Enquanto esperava a comida chegar, fiquei pensando na minha vida. Muita coisa tinha mudado. Mas eu estava pensando que tinha permanecido constante, um lugar seguro. Claro que tinha sido a família – mas a minha família real, não John ou Julian, mas a minha família de verdade. Lily e Dorcas.

Eu conhecia Dorcas melhor que a mim mesma. Nossas famílias andavam juntas desde antes de eu nascer e me ensinavam que ela é minha irmã. Quando perguntavam quem era ela, era o que eu respondia. Então, a loira sempre abria um sorriso e me abraçava. Eu conversava com Dorcas mais do que com Julian, tínhamos um grupo anti-meninos, por assim dizer. Não era culpa nossa se ele estava sempre mal humorado e não queria brincar com a gente.

Os primeiros segredos que eu tive eu contei para Dorcas. E ela sempre guardou. Lembro-me da empolgação de dividir algo único, secreto, com a minha melhor amiga.

Eu me sentia especial. Mas isso é que sempre me diziam “Você é especial, Marlene”. Diziam-me que eu era especial por causa dos meus poderes. Isso ficou no fundo da minha cabeça por anos. Eu não tinha preconceito contra ninguém, mas achava que os trouxas eram diferentes, estranhos. Mas só eles, não os nascidos trouxas ou qualquer um que tivesse magia.

Aos poucos, pelo que Lily foi me contado, eu acabei com essa ideia, que sumiu de vez quando eu conheci Adam Priori¹. Ele era um garoto trouxa que eu conheci nas minhas férias no terceiro ano. Foi meu primeiro amor, e foi bom enquanto durou, mas eu sempre soube que não ia dar certo. Só que as coisas que aprendi sobre os trouxas com ele vão ficar para sempre comigo e me deram mais uma razão para lutar contra Voldemort.

Voldemort. Esse nome me causa medo. Em outras circunstâncias, eu diria que era tolice ter medo de um nome, mas não nessa. Porque você não temia só o nome. Temia tudo que ele representava. Temia o que ele fazia, o que ele podia fazer com você. Ele era um homem insano, sem limite algum, e com um exército tão cruel quanto ele. Era incrível o que ele tinha capacidade de fazer e horrível o que ele decidia fazer com essa capacidade. Era uma combinação catastrófica.

Ele a usava para torturar inocentes, pelo único fato de não serem como ele. Ele queria destruir grande parte do mundo. E estava conseguindo.

Enquanto ele lutava para acabar contras os trouxas, eu lutava contra isso. Porque eu precisava fazê-lo. O que eu pudesse fazer para impedir que outras pessoas inocentes como a minha mãe fossem machucadas, eu faria. Eu faria de tudo para manter Lily Evans salva também.

Lily era minha melhor. Ela sempre esteve lá para mim quando eu precisei, especialmente após a morte da minha mãe. Ela nunca me julgou por nada. Ela sempre me entendeu e se mostrou disposta a conversar. Mostrou que queria ficar na minha vida. Mostrou quem sempre seríamos irmãs.

Não que eu duvidasse disso. Ninguém nunca substituiria aquela ruiva ou a loira da minha vida. Elas sempre seriam a minha família. Sempre seriam tudo de melhor que eu tinha, tudo que eu não estava disposta a perder por nada. Toda amizade que eu precisava.

Eu tentei retribuir. Tentei ser a melhor com Dorcas depois de descobrir o que ela fazia. Tentei nunca jugá-la, tentei mostrar que valia a pena ser a minha amiga. Tentei ajuda-la a sair dessa. Tentei a fazer esquecer Remus, o que era um pouco complicado comigo namorando Sirius e com Lily namorando James. Tentei ajudar a Lily também, especialmente depois de ela começar a namorar e sair de casa. Perdi a conta das vezes que eu acordei no meio da noite com ela chorando lá em casa ou na casa de Dorcas. Eu nunca perdoaria a mãe dela por fazê-la passar por isso, mas tentei fazer Lily conversar com ela. Mas não adiantou. Eu então a ajudei a se manter focada no emprego dela.

Tudo isso exigiu muito de mim, contudo não era nada comparado ao que as meninas tinham feito com mim quando minha mãe morreu. Elas me ajudaram. Cuidaram de mim. Brigaram quando precisaram. Buscaram-me bêbada várias vezes. Disseram-me que tudo ia ficar bem.

A única coisa que eu reclamo da minha vida é a dor que eu vi minhas amigas passaram. Nenhuma delas merecia nada daquilo. E mesmo assim aconteceu.

Eu não sei ao certo quem realmente eu sou. Poderia tentar me definir, mas acho que jamais conseguiria. Ninguém quer ver de verdade quem realmente é. Mas eu tenho uma certeza: Não existe tal coisa de ficar tudo bem. As coisas melhoram e se aquietam e os problemas e as alegrias mudam, porém sempre tem algo de errado. Alguns problemas são maiores que os outros, mas descobri que no fim isso não importa. O que importa é que apesar da situação, você tenha amigos com quem possa contar. Alguém que faça um dia inteiro ruim valer a pena por um minuto de conversa. Alguém que te faça continuar. Alguém que não tem nada a ver com você mas que te entende mais do que você mesmo ou alguém que é tão parecido que chega a ser diferente, porém sempre está lá por você. Alguém que te faça amar as coisas que odeia. Porque no fim não importa se a pessoa te entende de verdade ou não, o que importa é se está disposto a ouvir. Está disposto a fazer das coisas mais idiotas as mais sérias com você.

Se você tem alguém assim não deixe escapar.

Eu já achei o meu. E não vou deixá-lo ir embora.

– Sirius – falo quando ele senta na minha frente.

– Lene – ele sorri preocupado – Desculpa, eu fui um idiota e...

– Não importa – sorrio para ele – O que importa é que você veio.

Talvez o mais importante seja...

Viver cada dia por vez. Nunca olhando para trás.

Talvez o mais importante seja deixar para lá. Talvez o mais importante é somente estar com quem você quer. Talvez o mais importante seja viver a vida, porque afinal foi para isso que viemos. Para viver. Para errar e acertar. Para ser livres. Para nos odiarmos e nos apaixonarmos.

Um dia eu não existirei mais. Só que enquanto esse dia não chega eu tenho que fazer o máximo para ser feliz. Porque qualquer um merece buscar a própria felicidade. Qualquer um merece estar vivo.

E o momento em que eu estou mais viva é quando eu estou com Sirius.

Então não me importo com mais nada. Só sorrio para ele porque sei que vou ser feliz. Não ficar bem. Mas tenho certeza que feliz serei. Porque, afinal, eu tenho amigos e o meu alguém especial.

Marlene McKinnon


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Notas finais do capítulo

¹ - Ok, garoto totalmente inventado, mas ok.